Seven Sins [closed :]

"Meus olhos ardem. É a fuligem do pecar, atacando minhas vistas, pupilas dilatadas. É a luxúria, que invade dentro de mim e pesa feito rocha."

Era meu primeiro dia na nova universidade e eu TENHO CERTEZA que aquele era o lugar que menos queria estar em todo o mundo. Sabe quando você quer ficar na cama até sua vida acabar? Pois é. Eu te entendo.

Eu cheguei a alguns poucos dias da Irlanda e apenas ontem eu consegui sair de casa. Por conta da mudança, tive que resolver alguns problemas, arrumar a casa e tudo mais. Quando consegui sair, acabei bebendo um pouco, cá entre nós. Eu precisava ver que tipo de gente existia em Carmel. Tudo bem que não é em um bar que se vê o tipo de gente e que seria a minha primeira vez na nova universidade no outro dia, mas qual é, quem precisa ir na universidade? Faltar um dia não me faria absolutamente nenhuma diferença. Eu preferia ter ficado em casa descansando, tanto do whisky quanto da... da... da ruiva. Não sei ao certo o nome, minha cabeça doía quando eu me esforçava pra lembrar, mas eu nem veria ela mais mesmo, então que seja. Hoje a noite eu saio e caço mais uma. ...e lembro de perguntar o nome. Ou não, quando mulher dá pra pegar no pé é muito chato e pegar nome é sinal de que eu quero algo. E eu não quero. Mas como eu ia dizendo, só não fiquei na cama hoje até a tarde porque meu pai estava pegando no meu pé; ele me ligava o dia inteiro, sem falar que essa cidade é cheia de amigos dele. Maldição, será que todo lugar que eu fosse eu seria observado pelos capangas do meu pai? Que velho nojento. Até aqui quer me controlar.

Coloquei minha roupa mais cara - mulheres gostam disso; dinheiro -, peguei minha mochila, até meio vazia - eu não tinha tido saco para arruma-la ainda com os livros novos e tudo mais -, e tomei um remédio antes de sair de casa pra aguentar aquela falação toda na minha cabeça.

Mal cheguei e as pessoas daquele lugar já conseguiram me irritar. O lugar estava cheio. Muita gente me encostando. Claro, era de se esperar pra uma segunda-feira em uma universidade, mas isso me irritava profundamente. Meu humor não estava dos melhores e eu ainda tinha que ouvir piadas dos professores que queriam puxar meu saco. Eu simplesmente... ignorava. Ignorar era a opção mais educada que eu tinha.

Fui devidamente apresentado na sala e me sentei. Não quis falar uma palavra sobre de onde eu vim ou sobre como sou. Isso não interessava a ninguém e eu não estava com vontade de falar aquele dia. Busquei o lugar mais no fundo que podia e me sentei, colocando o fone no ouvido. Estava ocupado demais observando todas as mulheres pessoas a minha volta para prestar atenção no que o professor explicava.

Trocava um ou dois olhares e sorrisos com as meninas que me encaravam, mas nada muito pessoal. Todas muito normais, sem falar que eu conseguiria qualquer uma lá se me desse vontade, e, pelos olhares que me deram, elas gostam de um irlandês. Eu por enquanto não tinha visto nenhuma que tivesse me interessado. Por enquanto. Nem todas lá eram... comuns. Havia uma que não deu muita bola pra minha chegada. Ela parecia presa suficientemente no seu mundo pra prestar atenção em qualquer coisa a sua volta. Idiota. Não vai demorar muito a se ligar que tinha um cara novo no pedaço. Aliás, não um cara qualquer, e sim EU. Não era o suficiente pra ela se desligar dos seus próprios pensamentos? Pelo menos as outras demonstravam que era.

Quando cheguei em Carmel juro que não foram muitas coisas que me passaram à cabeça. A frase que meu pai repetia, me jurando que aqui eu iria encontrar algo maior do que lá em termos de relações com bruxos, ficou martelando minhas ideias no primeiro dia. Eu não sabia como seria meu encontro com outros bruxos, se isso era bom ou ruim, se eles iam se aliar ou ir contra mim, eu só sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Contrário ao que eu tinha em mente, conforme os dias passaram, eu não vi nenhum sinal mais forte de magia e acabei esquecendo daquilo. Até... ela aparecer. Loira, magra, corpo escultural, dona de lábios vermelhos que me chamavam. Lembra quando disse que eu iria me divertir hoje a noite de novo? Pois bem. As unicas coisas que mudariam em meus planos era a história de não perguntar o nome. O nome me relembrou por um instante tudo que meu pai disse, mas logo os pensamentos evaporaram.

- Você não chama tanto a atenção assim, se quer saber. Ou pelo menos não a minha. - percebi que ela falara comigo, puxei o fone sem demonstrar muita euforia e a olhei tentando mostrar pouco interesse. Até porque eu tinha pego a fala pela metade - Você terá que ser melhor que isso. - ela se levantou e eu sorri, até meio debochado. Ela não tinha dito aquilo, só podia estar brincando. Essa menina realmente está me desafiando? Ela não imagina com quem está se metendo. Ninguém nunca tinha me afrontado antes. Não é ela, uma perfeita mulher e desconhecida que iria abaixar minha bola. Se ela queria mesmo me desafiar, então eu entraria no jogo dela. - Um Hoew, não? Alexandra L. Carey. Muito prazer. Que tal um café? - ela continuava com o ar arrogante e prepotente dela. Divertido. Ela havia dito um nome... Carey... Familiar. Carey...

Comecei a me lembrar do que minha familia havia me dito anteriormente. Todo aquele estudo ao qual eu fui submetido servira de algo, afinal. Carey... Carey... Carey, Nurse, Wilde e outras, inclusive a minha. As 6 famílias que deram origem a linhagem de bruxos! Sim, ela era uma bruxa! Demorei a encontrar, mas aconteceu. Posso jurar que eu não esperava achar uma bruxa na escola. Mas ela era muito interessante, e, se a magia era o jeito de puxar assunto com ela, eu utilizaria desse meu dom, oras. Mulheres arrogantes costumam ser boas de cama.

- Você ainda não viu nada. Está me desafiando? - sorri a encarando e desliguei o mp4. Arrumei minhas coisas na mochila e a coloquei nas costas - Sim, um Hoew. De nome Diego. Prazer. - continuei a olha-la no fundo dos olhos. Olhos provocantes, que junto com o resto do conjunto só me fazia querer logo aquela mulher pra mim. Se soubesse que Carmel abrigava mulheres daquele tipo, teria vindo pra cá antes. Despertei dos meus pensamentos e continuei - Café, uh? Acho que, para começar, pode ser. Depois te ofereço uma bebida de verdade. - falei sorrindo, oferecendo espaço para ela passar na frente.

Quanto ao sobrenome, eu não me preocupava muito com isso agora. Até porque, caso eu precise dela depois, eu sei que vou poder contar. Nenhuma mulher nega as coisas a um homem que a satisfaça quando necessário. Sim, eu já tinha o que fazer em mente. Eu forneceria a ela uma boa bebida como eu sabia que ela queria, e ela me ofereceria o que EU queria, que não é difícil imaginar. Aposto que ela não era tão difícil assim, e esse joguinho não iria durar muito tempo. Ela fez errado em me desafiar, e vai perceber isso logo.

Mulheres... Ah, as mulheres... Me agradavam aquelas que iam direto ao ponto, sem precisar de preliminares ou qualquer bobagem do tipo. Mas as que eu mais gostava eram as que tentavam resistir a mim. Nenhuma durava tempo suficiente para eu dizer que suei para conseguir, mas o pouco tempo que durava era divertido. Não esperava que com Alexandra fosse diferente.

Apertei a delicada mão de Alexandra. Delicada, uh? As mãos de Alexandra eram suaves, assim como toda a pele parecia ser. Ela aparentava estar ciente do que iria ter pela frente. E eu também.

- Conheço um louge que abriu recentemente, que ofereçem um cosmopolitan decente nessa cidade provinciana. E o bloody mary de lá também não é ruim. - ótimo, ela havia aceitado meu convite. Meio caminho andado. Acenei com a cabeça positivamente. Era até bom ela citar os lugares, já que eu era novo por lá. E também, eu não precisaria gostar do lugar, quem precisaria gostar era ela. Eu ficaria lá só o tempo que levasse até conseguir leva-la pra um lugar mais... calmo.

Com a educação que recebi, eu iria me propôr a levar suas coisas, mas ela era bem apressada. Antes que eu me oferecesse ela já havia depositado tudo em meus braços. Levei sem reclamar, afinal, eu devia agradá-la. A segui com toda paciencia, afinal, ela andava provocando a todos; essa era a diversão dela. E eu estava entrando na onda. Eu andava apressiando todas as curvas do corpo de Alexandra, o que só me fazia ficar mais apressado, quanto mais ela me desafiava mais me atiçava.

Perdido olhando "tudo aquilo que ela tinha" acho que perdi alguma parte do momento. Não entendi o porquê, mas ela de repente parou e se pôs a me olhar.

- Não se mexa - ela sussurrou. Meio desconfiado acabei acatando. Fiquei parado e ela se aproximou. Se aproximou de tal forma que eu conseguia sentir sua respiração tocar o meu rosto. Cheguei a me preparar para beija-la. Mas não foi exatamente o que aconteceu.

Ela mudou seu curso e soprou uma folha no meu cabelo. Tudo bem. Seria fácil demais se isso acontecesse ali e agora. Eu não queria isso. Não com ela. Se algo ainda me fazia aguentar toda aquela arrogancia (de arrogante já basta eu) era o jogo que ela tentava impor.

- Não, eu não quero te desafiar... - ela se virou e continuou a andar.

Eu nada mais fiz do que sorri. Um sorriso discreto, sarcástico. Voltei a segui-la, dessa vez me aproximando mais dela, de forma que eu pudesse falar sem ser ouvido por quem passasse, somente por Alexandra. Segurei no braço dela para acompanhar o ritmo de seus passos e comecei a falar lentamente.

- Eu sei que tudo isso pra você é um jogo. Pra mim também. Se acha que com alguns olhares ou uma aproximação vai conseguir me fazer cair na tua tentação, está enganada, Alexandra. - soltei o braço dela, completando minha fala - eu sou diferente dos caras que você está acostumada a lidar. Eu sou do tipo que domina, e não do tipo que deixa ser dominado. Você não vai conseguir me seduzir fácil assim. - continuava com minha idéia de que ela era fraca e logo aquele jogo iria acabar.

Aquele lugar era grande. Tanto a universidade quanto suas dependencias, incluso a cafeteria. Grande de forma que se quiséssemos ter um papo mais reservado, era só nos recolhermos a uma das mesas ao canto. Coisa que acho que não estava nos planos da senhorita Carey.

Ela escolheu uma mesa no meio de toda aquela gente, no meio de toda aquela falação, o que tinha feito minha ressaca até então controlada por um remédio despertar. Nada muito forte, só uma leve dor de cabeça. Eu sobreviveria. O que eu não conseguia entender era o porquê daquela mesa ali no meio de tanta gente. Se ela queria mesmo discutir sobre magia, por que não em um lugar mais reservado?

Me sentei e fiquei a observa-la por alguns instantes. Ela estava com um ar ironico que me incomodava. Não que ela não estivesse com aquele ar o resto do dia. Após algum momento em silencio, ela me dirigiu a palavra novamente.

- Quem disse a você que isso é um joguinho, Hoew? Isso é uma coisa completamente diferente... Não pense que eu sou uma garotinha que faz o que você quiser e na hora que você quiser.... Ah, e se eu fosse você iria para a esquerda... - ...Mas hein? Minha atenção ficou presa na parte da "esquerda" o suficiente para eu não conseguir me esquivar como de fato ela disse. Pois é, ela magicamente tinha razão, estranho, não?

O garçom que acabara de sair com café na mão, ao se aproximar de nós, deu a Alexandra o que ela queria. A deixa dela para me mostrar sua magia. Confesso que eu não gostei muito do show que ela havia me proporcionado.

Senti uma ou duas gotas caírem no meu pescoço e na minha roupa. Nada pude fazer a não ser fechar os olhos e amaldiçoar até a ultima geração de Alexandra. Eu não queria chamar mais atenção do que já havia chamado. Jogar um copo nela não era do meu feitio. Abri os olhos e o ar ironico dela se tornou um ar vitorioso.

"Como eu disse, meu querido... O jogo é muito mais perigoso... falta saber se você consegue acompanhar..." - o ar vitorioso dela voltou a ser um ar sarcástico, enquanto me entregava um guardanapo com seu cinismo barato. Passei no meu pescoço, amassei e joguei de volta na mesa.

Olhei para a parede do local. Havia um quadro lá. Perfeito.

- Vai querer mesmo envolver magia nisso? - me concentrei no quadro que havia avistado antes, fazendo-o cair. O vidro que protegia a tela do quadro se partiu e os pedaços se espalharam pelo chão. Eu devia faze-los atingi-la... pensei comigo mesmo. Mas resolvi voltar atrás. Eu não queria um duelo de quem quebrava mais coisas na cafeteria. Só fiz aquilo pra ela ver que eu não vou ficar com medo diante de uma xícara quebrada. Precisa mais que aquilo pra me tirar do jogo. - O que você quer, afinal? - eu já tinha sacado que o interesse dela não era só naquilo. O interesse dela no meu sobrenome era exagerado, e ela não fazia questão de disfarçar.

*ficou podre, tenho que editar u,u''*

Complicado estar num lugar totalmente novo, com pessoas totalmente novas. Todos ao meu redor me olhavam como se eu tivesse vindo diretamente de um circo de fora do país e eu não me sentia muito bem com isso. Em minha compania eu não tinha exatamente uma pessoa comum; era uma bruxa. Não era só um bruxo normal, mas uma bruxa fêmea, entende? Mulheres comuns já são complicadas de se entender, estressadas e tudo mais... Imagina aquelas que ainda são.. MÁGICAS?! Ela é poderosa demais, não sei como Carmel ainda está de pé, ela deve sair de Carmel quando está de tpm, se não é capaz de explodir tudo aqui só se receber uma ligação por engano ou uma moça de telemarketing insistindo em vender-lhe um produto qualquer.

Bom, Alexandra não era exatamente o que uma pessoa comum chamaria de 'agradável'; mas pra mim, que não me considerava muito comum - e não era de fato -, ela era a perfeita pessoa que eu posso ter aqui em Carmel como aliada - pra muitas coisas - por enquanto. Primeiro porque é bruxa, depois porque aparenta ser poderosa, inteligente e... 'boa'. Heh. Eu acho que tenho um radar que demonstra quem realmente pode me agradar de qualquer forma, tipo um sensor aranha. E esse radar estava apitando desesperadamente desde que a vi, algo nela era diferente das outras pessoas. Aliás, não só o radar se manifestava, outras coisas mais também, mas isso não se comenta. Não por enquanto.

- O que eu quero? Eu quero muitas coisas... Porém tem coisas eu não posso falar agora - respirei fundo, meio decepcionado com a resposta -, entretanto, eu preciso saber: o quanto você sabe sobre a sua família, e sobre a nossa ''classe?'' - ela indagou, me olhando de forma séria, como se aquela informação fosse mudar muito a vida dela. A obsessão dela por isso estava me deixando irritado já, que coisa mais estranha.

- Por que a curiosidade? E por que eu deveria te responder isso? - Eu não tinha problema nenhum em contar sobre o que eu sabia como ela queria, aliás, ela era uma bruxa também, o que seria tão mal? Por que eu esconderia?! O fato é que eu poderia me aproveitar dessa 'curiosidade' absurda dela. - Não tenho porquê confiar em você ainda, Carey. Nem sei porquê seu interesse absurdo no meu nome; a unica coisa que sei de você é que é uma bruxa. Se recebi um aviso, - que eu não seguia quase nunca, mas ela não precisava saber - foi não sair contando essas coisas para desconhecidos. - Afirmei já me levantando. Eu não queria realmente ir embora, mas esperava que ela fizesse alguma coisa, como, por exemlo, me contar o porquê de estar interessada no meu sobrenome que eu estava tentando descobrir a algum tempo já.

Dizem que os opostos se atraem, não é? Mas será que realmente são só os opostos? Acho que está na hora de reverem conceitos...