That can't be good... [closed]

James então me chamou para irmos até a praia, o tempo ainda estava claro, mas, estava parecendo que iria fechar, ou, pelo menos, ficar mais ameno, então por prevenção, eu resolvi ir até em casa primeiro.

-Eu vou passar em casa primeiro, okay?

Eu e ele pegamos um táxi, sem falar nada, afinal, eu não queria passar por mais doida do que eu realmente era, chegamos em casa, eu abri a porta com a chave, senti que James estava um pouco tímido em entrar? Eu ri para ele, e peguei na sua mão, o puxando para dentro.

Subi as escadas em disparada, não havia ninguém em casa, olhei para o relógio, era hora do almoço, entrei no meu quarto, seguida de James, sério, se ele pudesse corar, tenho certeza que ele estaria vermelho aquela hora. Até parece que ele não havia entrado no quarto de nenhuma garota antes.

Eu olhei para ele.

-Eu vou trocar a minha roupa por algo mais quente, acho que enquanto espera, a varanda vai ser uma boa pedida pra você- falei, piscando o olho e apontando para a varanda, que dava a vista para o mar.

Eu então fui até o guarda-roupa, e peguei uma calça jeans, uma blusa, um casaco rosa-choque que eu adorava. Fui até o banheiro para vestir. Aproveitei e arrumei meu cabelo, fazendo um rabo-de-cavalo alto, e deixando a franja caindo nos olhos, cloquei um pouco de lápis, e um gloss suave. Patético, Vicky, se arrumando para um fantasma!

Suspirei fundo com o meu pensamento, e saí do banheiro.

-Desculpe a demora, vamos?- falei para ele.

Depois que saímos, passei na cozinha, onde vi a nota de que tinha comida no microondas. Apenas peguei um sanduíche de frango.

Chegamos à praia em pouco tempo, ficamos andando pela areia, até chegar a um lugar mais vazio, onde estava seu barco, então me virei para ele, me perdendo em seus olhos, até que pude recobrar meus pensamentos.

-Erm...e então? Aquilo que você me disse antes...o que você notou?

Victoria me levou até sua casa para se arrumar, me fazendo esperar na varanda, e eu só esperei por educação. Preferia esperá-la na praia, fazia mais sentido do que ficar em seu quarto. O quarto de uma dama é o lugar de sua privacidade.

Ela demorou pouco, e apareceu com roupas um tanto masculinizadas, porém mais decentes do que estava anteriormente, ao menos.

Ela passou pela cozinha pegou um lanche (o que me lembra de mencionar, sinto falta de comer) e fomos caminhando para a praia, até meu navio.

-Erm...e então? Aquilo que você me disse antes...o que você notou?

Oh sim. Aquela bússola... Me era familiar... Mas não era minha.

- Naquela sala tem uma bússola. E bem, não era minha. Minha bússola também foi enterrada comigo, srta Victoria.

Naquela sala tem uma bússola. E bem, não era minha. Minha bússola também foi enterrada comigo, srta Victoria.

Ele falou isso enquanto chegávamos perto do navio, resolvi me sentar em um tronco de árvore que estava próximo, e então falei:

-Bem, eu não creio que seja isso que estamos procurando, James- disse analítica, e depois continuei -As pessoas fazem muito isso, sabe? Colocar coisas de outras pessoas, apenas para dar mais volume, atiçar a curiosidade dos outros...- completei.

Depois suspirei fundo, e continuei.

-Você deve sentir tanta falta...- falei, baixinho, mas não olhando para ele, e sim para o horizonte, o mar..-De tudo, digo...dessa brisa, do mar, da sua vida...e principalemente da Sophie, não?- enquanto falava a última frase, olhei para ele fixamente

-Bem, eu não creio que seja isso que estamos procurando, James. As pessoas fazem muito isso, sabe? Colocar coisas de outras pessoas, apenas para dar mais volume, atiçar a curiosidade dos outros...

- Não srta Victoria. Eu conheço aquela bússola. Ela só não é minha... [b]

Disse, suspirando longamente, observando a brisa bater nos cabelos dela, fazendo-os se movimentarem de um modo encantador. Eu, obviamente, não era capaz de sentir taç brisa.

-Você deve sentir tanta falta...-De tudo, digo...dessa brisa, do mar, da sua vida...e principalemente da Sophie, não?

A encarei a analisando, como ela parecia me analisar. Havia algo no modo como ela falava de Sophie que me deixava... Incomodado? Mas não por ser Sophie... E sim por ser ela. Desviei o olhar tranquilamente para o mar.

[b]- Acho que qualquer um quando morre sente falta de sua vida, senhorita. De ser capaz de ter sensações, ou sentir um coração batendo forte ao se ver alguém que se ama... Eu amei Sophie... E logo que morri me revoltei por não ser capaz de viver esse amor... Mas ela foi feliz, apesar de minha morte. Nunca me esqueceu, mas foi feliz. Isso é suficiente para me deixar feliz também... - Suspirei novamente, e a encarei. - Mesmo a senhorita, estando viva, deve sentir falta de algo, não sente?

Perguntei sorrindo.

- Acho que qualquer um quando morre sente falta de sua vida, senhorita. De ser capaz de ter sensações, ou sentir um coração batendo forte ao se ver alguém que se ama... Eu amei Sophie... E logo que morri me revoltei por não ser capaz de viver esse amor... Mas ela foi feliz, apesar de minha morte. Nunca me esqueceu, mas foi feliz. Isso é suficiente para me deixar feliz também... Mesmo a senhorita, estando viva, deve sentir falta de algo, não sente?

Me esqueci momentaneamente do que ele havia dito sobre a bússola. Coloquei minhas pernas de modo que meus braços a abraçassem, ficando ao lado dele, e olhando diretamente para o mar, a fim de responder aquela sua pergunta, depois de pensar sobre tudo que ele havia falado.

-Deve ser bom...sentir um grande amor assim, que deixe você ser feliz, apenas com a felicidade do outro.- pensei alto. -Se eu sinto falta? Acho que sempre sentimos falta de algo...bem, às vezes eu sinto não ser uma garota absolutamente normal, sabe? ser mediadora pode ser cansativo e estressante...mas, quando a gente conhece alguém assim como você, James, todas as outras pequenas coisas ruins são esquecidas.- falei, corando e rindo para ele.

-Deve ser bom...sentir um grande amor assim, que deixe você ser feliz, apenas com a felicidade do outro.-Se eu sinto falta? Acho que sempre sentimos falta de algo...bem, às vezes eu sinto não ser uma garota absolutamente normal, sabe? ser mediadora pode ser cansativo e estressante...mas, quando a gente conhece alguém assim como você, James, todas as outras pequenas coisas ruins são esquecidas.

Ela falou também olhando para o mar. Eu me senti meio mal com suas palavras... Bem, mal talvez não fosse a palavra... Mas... Elas me afetaram de algum modo. Eu era um fantasma. Um morto de 200 anos. Basicamente eu era um cadáver. Um cadáver famoso, mas não por isso menos morto. Por que essas palavras me faziam ressentir esse fato com o qual eu sempre vivi muito bem?

- Eu não sou uma pessoa, senhorita... - Disse, suspirando profundamente.

Eu não sou uma pessoa, senhorita...

Impulsivamente eu peguei na mão dele, e, olhei nos seus olhos, que agoram denotavam uma tristeza recente.

-Para mim você é, James. E é isso que importa.

Meu rosto queimava enquanto dizia essas palavras;

Depois de um tempo permanecendo com o olhar nos dele, eu baixei minha visão, voltando a olhar o horizonte, tirando o meu contato com a mão gélida dele, mas, no local onde ele tocara, estava queimando, e não era de frio.

-E -e-...então, o que você... estava falando sobre a bússola mesmo?- falei, meio pigarreante, por causa do que tinha feito antes. Idiota!

-Para mim você é, James. E é isso que importa.

Ela disse segurando minha mão. Era estranho ser tocado por alguém que ainda estava vivo. Era estranho sentir a textura suave de sua pele e o calor dela. Eu não podia sentir. Mas ainda assim eu sentia... E observava o rubor que se ergueu em suas faces, achando adorável o modo como seu rosto combinava com aquele fluxo de cor.

Não consegui encontrar palavras para respondê-la, no entanto, ainda surpreso com minhas próprias reações. Ela deve ter notado minha hesitação e se sentido mal com isso, pois soltou minha mão e quando falou sua voz parecia desconfortável em sair.

-E -e-...então, o que você... estava falando sobre a bússola mesmo?

A bússola? Ah, sim... A bússola.

- Eu disse que conhecia aquela bússola. Não era minha, mas me era familiar...

- Eu disse que conhecia aquela bússola. Não era minha, mas me era familiar...

Sim, a bússola. Quem disse que eu estava pensando na bússola? Ah sim, foi minha pergunta.

Eu continuei olhando para o mar, não queria olhar para ele de novo, não confiava nas minhas próprias reações.

-Podia ser de outra pessoa que estivesse no navio, não?-pergunteim distraidamente.

Enquanto ele respondia, uma garoa fina começava a cair, amenizando ainda mais o clima, que já começava a esfriar, e eu agradeci a mim mesma por estar com o casaco.

Eu olhei para ele, e falei, sentindo a chuva apertar um pouco.

-Para dentro?- falei, inclinando minha cabeça em direação aos escombros, e, me colocando dentro do navio.

-Podia ser de outra pessoa que estivesse no navio, não?

Pessoas no navio... Sim... Pessoas no navio... Minha tripulação... Meus amigos... O que havia acontecido com eles?

-Para dentro

Apenas notei a chuva quando Victoria entrou em meu navio, me fazendo seguí-la instintivamente.

Normalmente, quando chovia, eu me afastava do Our Lady Of Sorrows, e nas últimas décadas, encontrava uma residência onde pudesse assistir televisão.

Mas não poderia fazer isso dessa vez. Só que não me agradava em nada ficar ali... A idéia de uma tempestade...

- Srta Victoria... Talvez... Devêssemos ir até sua casa...

Eu disse, tentando afastar o pensamento que me assustava.

Eu estava sentada com James, estávamos conversando próximo a seu navio, quer dizer, aos escombros do que tinha restado da bela embarcação do ''Our Lady Of Sorrows'', começamos a falar de coisas mais profundas, inclusive. Eu não poderia imaginar como seria perder tudo do jeito que James perdeu, e ainda continuar por aqui, continuar a ver a coisa que você mais ama no mundo, e não poder aproveitar nada daquilo.

Eu olhava para o mar, enquanto a conversa fluía. Às vezes nossos pensamentos eram maiores que as palavras, e ficávamos calados, enquanto o que quebrava o silêncio era o barulho da ressaca do mar, e das ondas quebrando perto.

Enquanto estávamos lá sentados, começou uma garoa fina, em primeiro momento não fez muito diferença para mim, mas a mesma começou a ficar mais forte, então, eu pedi a James para entrar. Eu tive a mesma dificuldade em entrar pelo mesmo lugar de antes, mas, ao menos, lá dentro estava seco.

- Srta Victoria... Talvez... Devêssemos ir até sua casa...

Eu sabia o que James queria dizer, afinal, agora a chuva estava começando a ficar realmente mais pesada, e, ao longe, dava para escutar os trovões, e, relâmpagos casuais iluminavam a tarde que estava escurecendo. O meu telefone tocou:

-Filha, onde você está?

-Não se preocupe, mãe, eu estou num lugar seco.

-Me faça um favor, deixe seu telefone ligado, e fique onde você está, ao que parece, irá ter uma tempestade, e o tempo está fechado, quando tudo se acalmar, ligue e nós vamos te buscar, certo? Beijo, filha.

-Certo mãe, pra você também

Desliguei ao mesmo momento que um trovão ressoava mais perto no céu, me fazendo tremer. Certo, eu era uma deslocadora, minha vida tinha fantasmas, e eu tenho medo de um fenômeno natural? Bem, era verdade. Suspirei.

-Bem, eu não posso sair daqui, ordens superiores.- falei, enquanto apontava para o celular. -Então, continuando..essa bússola, ela..- e foi quando aconteceu.

Enquanto eu terminava a frase, um estrondo ensurdeceu meu ouvido, e um clarão iluminou todo o navio, eu senti um impulso, e caí no chão, batendo minha cabeça em um baque surdo no chão. Tudo escureceu.

Eu estava tentando convencer a srta Victoria a sair do Our Lady of Mercy, no entanto sua mãe ligou, a pedindo que ficasse onde estivesse. Oh céus... Eu jamais havia passado tempestada alguma à bordo do Lady of Mercy desde aquele dia... Não estava prestando exatamente atenção ao que a Srta Victoria falava.

Eu reagi antes que pudesse compreender o que acontecia. Houve um clarão. Um relâmpago. Um raio havia atingido o mastro, o derrubando e fazendo uma tábua se soltar. Pulei em cima da srta Victoria, a empurrando e a tábua atravessou meu corpo, desviando levemente de sua trajetória. Só então notei Victoria caída perto de mim.

- Oh, céus... Oh, céus... - Eu me abaixei o lado dela, colocando sua cabeça no meu colo, passando meus dedos levemente por sua testa, onde um filete de sangue escorria, notando, que não era nada muito sério. - Eu disse para ir embora, Srt Victoria... - Suspirei comigo mesmo. - E eu nem mesmo posso cuidar da senhorita... - Passei os dedos por seus cabelos levemente. - Vamos, acorde Srta Victoria, por favor, acorde.

Estranho... Essa cena me era vagamente familiar.

---

Um navio. Uma tempestade.

Estava presa no porão, enquanto a água começava a entrar. Gritava desesperadamente, enquanto ouvia os avisos de lá de cima.

-James!- era o que eu gritava, eu gritava para ele, mas ele não me ouvia, e eu gritava cada vez mais, mas nada estava indo ao meu encontro. A água já estava na cintura, e as correntes que me prendiam não cediam de jeito nenhum.

-James!- voltei a gritar, mas ninguém aparecia, agora a água estava subindo rapidamente, eu sentia agora.

Era tarde demais, já estava no ombro, eu comecei a chorar, não conseguia gritar, estava paralisada. Os trovões ressoavam fortemente, enquanto os relâmpagos clareavam o porão escuro.

A água agora estava no queixo. Tudo acabado...tudo

---

Vamos, acorde Srta Victoria, por favor, acorde.

Eu abri os olhos, enquanto tentava respirar, eu inspirei profundamente, enquanto me faltava o ar. Olhei para o lado, James estava segurando minha cabeça. Meus pensamentos ainda estavam se confundindo com o pesadelo que eu havia tido.

Então, com as lágrimas caindo, eu, de um modo impulsivo, abracei James.

-Oh James, por favor, não me deixe..- murmurei baixinho, mas de um modo desesperador, que exprimisse o que eu estava sentindo aquele momento. Depois de alguns segundos abraçada a ele, recobrei meus pensamentos e onde estava.

-Oh! Desculpe por isso...mesmo eu...ahn...eu...é que...eu tive esse pesadelo e...- falei, enquanto olhava para o chão,e colocando a mão para limpar o ferimento que encobria minha testa.

-Oh James, por favor, não me deixe..

Ela abriu os olhos de repente, parecendo assustada com algo que eu não poderia imaginar. E em um movimento repentino, as Srta Victoria se assentou e lançous seus braços ao redor do meu pescoço, num abraço cheio de medo. Não consegui reagir... O modo como ela me pedia... Abandonar... Eu não a abandonaria. Não podia abandonar mais ninguém...

-Oh! Desculpe por isso...mesmo eu...ahn...eu...é que...eu tive esse pesadelo e...

Eu a interrompi.

- A srta está bem? Sua cabeça... Como se sente? - Perguntei, ansioso.

- A srta está bem? Sua cabeça... Como se sente?

Eu olhei para ele, ainda envergonhada com o que havia acabado de fazer.

-Eu...estou bem...- mas isso era parcialmente mentira já que minha cabeça estava latejando, e temo que não era uma atriz muito boa.

-Ahn..desculpe de novo por aquilo, é que eu tive um pesadelo e...bem, você estava nele -falei, desconcerta, até que vi o escombro que havia ficado no navio.

-Oh não! Isso foi tudo culpa minha!- falei alto, sim, porque eu sabia que se não fosse por mim nós não estaríamos aqui, e nada disso aconteceria.

Ele respondeu alguma coisa que eu não pude ouvir, pois um trovão ressoou fortemente, como se estivesse dentro do navio. Eu tremi, enquanto sentia as lágrimas correndo pelo meu rosto. Era incrível o sentimento de medo que eu sentia naquele momento, o pesadelo deve ter me afetado muito mais do que eu pensei, pois agora eu estava angustiada, com medo, nunca tinha tido uma sensação dessas antes, de puro descontrole da situação.

Eu percebi que James tinha passado seus braços por mim. Ao invés de sentir frio com o seu corpo gélido, eu apenas sentir como se um peso tivesse sido tirado dos meus braços, eu me sentia muito melhor agora, mesmo que a tempestade não tivesse cedido nenhum pouco. Eu podia sentir sua respiração no meu pescoço, me virei para dizer um ''obrigada''.

Nossos rosto ficaram próximos, muito próximos, minha respiração estava fora de compasso, meu coração palpitava de um modo desconexo. Eu fui me aproximando dele lentamente, enquanto não tirava seus olhos dos meus. Mais perto, cada vez mais perto. Ele parecia um pouco assustado, assim como eu, mas não estava me repelindo.

Meus lábios se encontraram com o dele. Tão gelado, mas eu não estava notando, nem ao menos sentindo isso. Todo o barulho de fora foi cortado por aquele momento, eu não queria estar em algum outro lugar, exceto ali. Estava tudo tão perfeito.

De modo natural nós nos afastamos, nos olhamos por algum tempo, até eu realmente notar o que havia feito. Era loucura, loucura. Ele era um fantasma, e eu uma mediadora. Nós nunca poderíamos ficar juntos, eu tinha que fazer a travessia dele. E então, depois disso, estava tudo acabado.

Mais uma vez aquela noite, eu murmurei desculpas para ele.

-Eu...eu não devia

Eu saí correndo, pegando toda aquela chuva, que se confundia com as lágrimas que escorriam do meu rosto, corri alguns metros, até parar em um lugar onde havia um tronco, lá eu parei, e me sentei, ainda soluçando, encobrindo meu rosto com as mãos.

A srta Victoria parecia muito assustada com a chuva... Ou com o pesadelo que a havia acometido... Provavelmente por causa da chuva. E quando um trovão a fez começar a chorar, não fui capaz de me conter e a abracei, tentando consolá-la. Tentando demonstrar que eu não a deixaria. Que ela não deveria ter medo. Não ia deixá-la como havia deixado meus homens...

Mas não tive tempo de prolongar meus pensamentos, pois ela me olhou ainda meio assustada, e antes que eu pudesse perceber, tinha seus lábios sobre os meus... Suavemente me beijando e eu pude sentir o calor que ela emanava. E era bom sentir o que fosse depois de tanto tempo. Era quase me sentir humano novamente e eu coloquei uma mão em seu rosto, tentando prolongar a sensação de seus lábios. E tão rapidamente quanto havia começado, nos afastamos.

Então ela pediu desculpas, parecendo totalmente desconcertada e saiu correndo na chuva!

- Srta Victoria! Srta Victoria, espere! - Eu fui a seguindo, ciente de que com o barulho da chuva ela não seria capaz de me escutar, até ela parar e se sentar, ainda chorando, em um tronco.

Me sentei ao lado dela e segurei sua mão, a fazendo olhar para mim, um sorriso suave e grato em meus lábios.

- Muito obrigado, Srta Victoria... Por favor não chore... Não por minha causa... Eu só tenho a lhe agradecer... A senhorita me fez sentir vivo novamente...

Eu estava ainda sem acreditar no que havia feito. Gosh, Victoria!

Nem em quinhentos mil anos eu poderia imaginar que beijaria um ...fantasma!, e agora? Ele certamente não queria mais olhar na minha cara, além de tudo, tenho quase certeza de que ele ainda está apaixonado por Sophie...

Mas de uma coisa eu sabia...ele ao menos correspondeu ao beijo, mas, isso não significava nada, afinal de contas, talvez fosse só instindo...ele podia ser um fantasma, mas ainda era um fiel representante do sexo masculino.

Mas isso não encombria o que eu estava sentindo agora...nem ao menos eu poderia dizer o que eu estava sentindo. Não era tristeza, era...angústia, ou algo parecido. A chuva agora não mais estava torrencial, mas ainda chovia muito forte, e ainda havia resquícios de trovões ao longe.

Eu senti alguém ao meu lado. Era James.

Eu um gesto que foi uma supresa para mim, ele pegou na minha mão.

Muito obrigado, Srta Victoria... Por favor não chore... Não por minha causa... Eu só tenho a lhe agradecer... A senhorita me fez sentir vivo novamente...

Eu estava confusa. Não sabia o que pensar....será possível que tê-lo conhecido há apenas dois dias poderia trazer sentimentos tão fortes a mim? Só dele estar ao meu lado já fazia afastar todos os sentimentos ruins que agora brotavam na minha mente.

Eu olhei para a mão de James, segurando a minha. A apertei com mais força.

-Desculpe por isso...quer dizer, eu já não sei quantas vezes eu já te pedi desculpas...na verdade, você provoca isso em mim, James...todas essas atitudes impulsivas.- mordisquei meu lábio, em sinal de nervosismo, o meu tique nervoso, mas, agora que eu já tinha começado a falar, seria sincera até o final. -Bem...ahn...não sei o que dizer, sinceramente, James...o fato é que eu realmente sinto algo por você.- ele abriu a boca,mas eu coloquei meu dedo nos seus lábios, em sinal para que ele se calasse.-Não, não é algo de momento, ou alguma atitute sem nexo. Eu me conheço bem demais para isso, acredite. E bem, não existe só um mediador no mundo, James....se você quiser, eu saio da sua vida para sempre, afinal, essa não é uma situação ideal para todos nós..

Bem, sinceridade sempre foi meu...defeito.

E, para quebrar o clima, ainda tive que dizer uma coisa.

-Bem, acho que as garotas de seu tempo não tinham atitudes como essa, hã?- sorri trsitemente.

-Desculpe por isso...quer dizer, eu já não sei quantas vezes eu já te pedi desculpas...na verdade, você provoca isso em mim, James...todas essas atitudes impulsivas.Bem...ahn...não sei o que dizer, sinceramente, James...o fato é que eu realmente sinto algo por você. Não, não é algo de momento, ou alguma atitute sem nexo. Eu me conheço bem demais para isso, acredite. E bem, não existe só um mediador no mundo, James....se você quiser, eu saio da sua vida para sempre, afinal, essa não é uma situação ideal para todos nós.. -Bem, acho que as garotas de seu tempo não tinham atitudes como essa, hã?

Eu fiquei boquiaberto enquanto ela falava, sem me deixar interrompê-la, as palavras jorrando de seus lábios tão rapidamente que eu me demorava uns segundos a mais em interpretá-las. Quando ela terminou de falar meu queixo devia estar tocando o chão, será que eu havia a compreendido corretamente? Sentimentos? Mal no conhecíamos... E ainda assim, e era capaz de compreender parcialmente o que ela havia falado. Não possuíamos uma relação comum entre médium e fantasma, isso estava claro. Mas até onde isso era correto e até onde era anti-natural?

- Não... Elas não possuiam tais atitudes. Mas também não possuiam tanta personalidade quanto a senhorita, em sua maioria. - Disse, suspirando e passando uma mão pela testa. - Eu não preciso de outro mediador, senhorita Victoria... A senhorita é a única que pode me ajudar... - Sorri, levemente, apertando sua mão, que ainda segurava. - E quando me ajudar, terá sua vida de volta... E vai se apaixonar por alguém por quem possa realmente se apaixonar.

- Não... Elas não possuiam tais atitudes. Mas também não possuiam tanta personalidade quanto a senhorita, em sua maioria. - Eu não preciso de outro mediador, senhorita Victoria... A senhorita é a única que pode me ajudar..E quando me ajudar, terá sua vida de volta... E vai se apaixonar por alguém por quem possa realmente se apaixonar.

Eu olhei para ele. E se eu não quisesse? E se eu não quisesse, mas isso era muito cedo pra dizer,certo? Era quase que impossível que eu sentisse isso por alguém que eu havia conhecido há tão pouco tempo.

-Bem...amigos então? Eu prometo que...nunca... mais vou beijá-lo- mas eu estava tentando parecer desinteressada, coisa que não estava dando certo, pois não queria realmente dizer aquilo, havia algo na minha garganta, que me impedia de falar, e ele havia notado isso.

-Não- falei, enquanto percebia que ele iria falar alguma coisa. -É, eu fui precipitada, eu...ahn...eu...bem, eu nunca iria exigir algo que você não queira fazer, por isso...- -A partir de agora, apenas assuntos relativos a você..

Eu estava sendo desconexa? Completamente!

Será que ele havia entendido? Eu sei que ele não sentia por mim o que eu sentia por ele..

-Bem...amigos então? Eu prometo que...nunca... mais vou beijá-lo Não. É, eu fui precipitada, eu...ahn...eu...bem, eu nunca iria exigir algo que você não queira fazer, por isso...- -A partir de agora, apenas assuntos relativos a você..

Ela balbuciou meio desajeitada, obviamente se sentindo constrangida. Mas... Será que ela achava que eu não me importava com seus sentimentos? E que não haviam sentimentos de minha parte? Pois haviam. Só não era certo que existissem. Num impulso eu me inclinei sobre ela e a beijei suavemente.

- Agora você acredita que eu quis isso? - Perguntei, deixando que ela absorvesse minha atitude. - Só que não importa se eu quero ou se a senhorita quer... Não é... Natural.

Eu estava parada, esperando pela reação dele, que eu com certeza seria de sair de lá, ou de falar qualquer coisa do gênero, me chamar de louca, ou alguma coisa assim, mas, impressionantemente, ele fez outra coisa.

Ele se inclinou suavamente, enquanto meu coração batia cada vez mais rápido, será que...

Ele me deu um leve beijo. Eu fiquei estática.

Agora você acredita que eu quis isso?

Agora é que eu não acredito mesmo...Eu só conseguia piscar.

Só que não importa se eu quero ou se a senhorita quer... Não é... Natural.

Eu abaixei minha cabeça pensativa.

-Não, não é natural...- suspirei. -Mas temo que isso não seja uma coisa que ligue e desligue...- olhei para ele, enquanto ainda segurava sua mão. Olhei para as nossas mãos unidas - O que estamos fazendo?- enquanto dizia isso, coloquei minha cabeça apoiada em seu ombro, enquanto sentia a chuva cada vez mais fraca.-Estamos juntos, enquanto o meu destino é fazer com que você vá para longe...

-Não, não é natural... Mas temo que isso não seja uma coisa que ligue e desligue... O que estamos fazendo? Estamos juntos, enquanto o meu destino é fazer com que você vá para longe...

Ela parecia ainda mais triste depois do que fiz e tudo o que falou fazia absoluto sentido, e suspirei profundamente, segurando seu queixo e a fazendo olhar para mim.

- Me diga, Srta Victoria... A senhorita acredita em Deus?

Eu estava angustiada com meus próprios pensamentos, quando James segurou meu queixo, de modo que eu olhasse para ele.

- Me diga, Srta Victoria... A senhorita acredita em Deus?

Eu o olhei curiosamente. Nem precisava pensar muito para responder isso

-Acredito...acho que se eu não acreditasse, eu estaria me colocando contra o que eu faço.- falei, sinceramente.. Por quê?- eu realmente estava curiosa com a pergunta dele.

Enquanto isso, me endireitava, para que eu o ficasse olhando, sem deixar aquela posição, onde o abraçava, aquilo era tão reconfortante, e era o que eu mais precisava agora.

-Acredito...acho que se eu não acreditasse, eu estaria me colocando contra o que eu faço. Por quê?

- Eu acredito em Deus, srta Victoria. E eu acredito que Ele tem um plano para todas as suas criaturas, vivas e creio talvez que mortas também. Não creio que ele nos colocaria nos caminhos um do outro se não fosse por um motivo certo. Acredito também que ele não causaria dor. Não a alguém bom como a senhorita. Isso é o bastante para me confortar... Talvez não seja bastante para a senhorita... Mas para mim... Basta saber que há um caminho certo e a senhorita será feliz de qualquer modo, não importando o que aconteça comigo.

Disse sinceramente, a olhando nos olhos e esperando que ela compreendesse.

Eu acredito em Deus, srta Victoria. E eu acredito que Ele tem um plano para todas as suas criaturas, vivas e creio talvez que mortas também. Não creio que ele nos colocaria nos caminhos um do outro se não fosse por um motivo certo. Acredito também que ele não causaria dor. Não a alguém bom como a senhorita. Isso é o bastante para me confortar... Talvez não seja bastante para a senhorita... Mas para mim... Basta saber que há um caminho certo e a senhorita será feliz de qualquer modo, não importando o que aconteça comigo.

Eu sabia exatamente do que ele estava falando. Eu fiquei olhando a areia molhada, enquanto pensava nas palavras que ele havia proferido. Agora a chuva havia passado completamente..

-Bem, eu acho que estou longe demais de ser uma pessoa boa, James...- falei, rindo. -Mas sim, entendi o que você queira dizer...mas bem, uma coisa eu te digo, seja qual for o meu destino, se não for o que eu achar que seria bom para mim, eu tentarei de tudo para reverter a situação. E bem, se ela não for revertida, aí sim eu sei que é o meu destino...

Falei, pensativamente para ele. Ele respondeu e ficamos olhando para o mar de longe.

-Acho que o dia foi cheio hoje....- falei , rindo, enquanto me desvencilhava dele, mesmo sem querer. Eu espirrei involuntariamente, então dei uma olhada em minhas roupas, e meu cabelo, que estavam ensopados.

-Linda...- murmurei irritada comigo mesma. Olhei para o relógio, estava muito atrasada.

-Oh não..preciso ir antes que liguem para o resgate..- falei, enquanto me abraçava mais forte com ele.

Enquanto ele respondia, falei

-Você não gostaria de ver o mar da minha varanda hoje?- a coisa que eu mais queria era ver que ele estava do meu lado, queria prolongar aquela sensação de segurança.