bad days can be solved, I think. [fechado]

A praia era o forte de Carmel. Tá, para muitos as galerias eram melhores. Mas para mim o melhor era a praia. Como sempre eu só saia do apartamento com minha máquina Nikon. Ela era a coisa mais barata e parecida com a profissional que eu consegui. Minha mãe comprou para mim a amadora. Ah claro! Para ela eu ainda era uma leiga. Que raiva! Ela achava que eu não era esperta o bastante para utilizar uma profissa?

Foi nesses momentos de raiva que eu chutei uma pedra. Ela era bem maior que meu pé. Pensava que ela se deslocar para frente, mas me surpreendi quando descobri que ela estava rente a areia. Depois que eu terminei o raciocínio veio a dor. OUCH! Droga! Definitivamente aquilo estragou meu dia e meu mês. — Tá, calma Angele. Você consegue suportar! — encorajei-me aos gritos. Eu apertei meus olhos e mordi meus dentes. A dor se aliviava e a brisa me relaxava um pouco mais. Agora não estava doendo tanto. Abri meu olhos e o que vi me surpreendeu. Como estava andando, não via o mar. Mas agora... a vista... era linda. Digno de se fotografar. Sentei-me à areia fresquinha. Devia ser uma 17 horas, pois o sol não era forte. Só brilhava no mar.

Tirei umas três fotos com a minha câmera e atirei-a ao meu lado. Estava com muita raiva daquela coisa causadora de caos. Tirei meus sapatos (que já estavam bem ferrados) e os coloquei do lado da minha câmera. Estava sujando toda minha roupa, mas e daí? Uma lavanderia faria o trabalho por mim. Não que eu fosse preguiçosa, claro. Comecei a ajuntar um punhado de areia na minha frente. Eu sinceramente esperasse fazer um castelinho, pois eu era expert nisso. Depois que eu vi a coisa incógnita e insignificante a minha frente, conclui que não podia ser mais que uma iniciante. Enfiei minha mão aonde eu queria que fosse a porta, mas fracassei e desmoronei aquele "castelo". Terminei de destruir com apunhaladas e logo se desintegrou e se misturou as outras partículas de areia. Qualquer um que me visse fazendo isso acharia que sou louca. Aliás, devo ser mesmo.

[[[ RP fechado: vannile pathgrew e angele white]]

Como a maioria das cidades litorâneas da Califórnia, Carmel também tem sua praia como um dos pontos turísticos mais famosos.
Eu sempre gostei de praias, mesmo nascendo na costa Leste onde as praias de lá não são das melhores, elas sempre me interessaram. Não sei se é pela sensação do mar ser infinito, ou da curiosidade de descobrir quantos grãos de areia existem ou porque o sol é mais estrondoso e radiante...praias são fascinantes.

O sol não estava escaldante como o dos outros dias que eu andara por aqui, talvez seja pelo céu que estava coberto por nuvens ou por terem sido cinco horas da tarde, não importava, estava perfeito.
Eu estava descalça, a vontade de sentir a textura da areia em minha pele era enorme; trajava um short jeans (velho, batido, mas usável) e uma camiseta amarela que continha uma estampa floral, meu cabelo estava solto, e quando a brisa batia, alguns fios vinham se reter à minha face, o que me produzia uma sensação de gastura.
Após andar uns metros, pude avistar uma garota, que socava um monte de areia, estranhei, mas ela devia ter um motivo para comer tal alto. Aproximando-me dela, a brisa bateu fortemente em minha face, fazendo que vários fios de cabelo se pusessem em frente aos meus olhos, com raiva puxei-os para trás com minha mão, será que eles poderiam parar de ser tão rebeldes?! Quando eu estava a uma distância decente para que eu a cumprimentasse e ela me percebesse, sentei-me na areia ao seu lado e recitei em um tom calmo e baixo:
- Oi.- Abri um largo sorriso enquanto ela virasse a cabeça e me respondesse, bom eu esperava que isso acontecesse.
Quando ela virou, seus olhos estavam arregalados, eu teria dado um susto nela? Se eu tivesse, me desculparia até que ela sorrisse para mim em sinal de "desculpada". Ela tinha belos olhos azuis, seu rosto era quase perfeito, sua pele era tão lisa quanto pétalas de rosas, eu não tinha tocado-a, mas parecia ser macia também.

Bem, estava na minha, desmanchando meu lindo castelo digno de ir ao flickr. Tomei um susto quando a garota ruiva me dispersou com um cumprimento. Ela era um tanto bonita sim, olhos cor de mel. Sorri quando a onda de choque me acordou, e a outra sorriu também. - Ah. Oi. - disse olhando para os pés descalços da garota. Olhei para os meus e fiquei mexendo-os, como uma retardada mental. Precisava parar de agir daquele jeito. Poderiam me confundir com um E.T. ou algo assim.

Tá. Hm, eu não conhecia muitas pessoas lá em Carmel e podia ser uma grande oportunidade de fazer uma agora. A menina parecia alegre e talvez um pouco parecida comigo mesma. - Eu sou Angele. - sibilei meu nome e não senti necessidade de falar meu sobrenome. Ah, sei lá, talvez ela quisesse me procurar em uma lista telefônica ou algo do tipo. - Angele White Seehouse. - completei. Esperava que ela não fosse uma ninfomaníaca ou uma psicopata. Eu ri baixinho, sonoramente. Peguei minha nikon e comecei a tirar fotos dos meus pés, do mar, das pedras, da areia. E da menina. Ops. - Ah, desculpa. Ahr, droga. Desculpa. Eu apago a foto. - procurei a foto lá enquanto me desculpava com ela. Apaguei rapidamente a foto para que ela não reclamasse.

A menina não parecia se importar muito. Mas mesmo assim eu não arrisquei em tirar os direitos autorais dela. Percebi ela melhor agora. Seu cabelo era de um tom engraçado, ruivo-avermelhado-amarronzado. Não era assim que as tinturas eram classificadas hoje em dia?

-Ah. Oi.-Ela observou meus pés, depois trocou o olhar rapidamente para os dela, na verdade não pensei que ela agiria assim, talvez a dedução de primeira vista seja sempre uma farsa, como todos os livros, filmes, teatros e vida real deduzem.
A brisa agora batia diretamente em meu corpo, já que agora eu estava olhando para o norte e ela vinha do sul, causando-me frio, meus pêlos eriçaram, arrepiei-me, não estava tão frio, mas estávamos na sombra, e eu estava quase semi-nua.
-Eu sou Angele.- Ela falava tão baixo, ou eu é que falava alto? Estremeci com a idéia de eu parecer um alto-falante.-Angele White Seehouse.- Angele, hum? Que bom não precisar mais chamá-la de você, usar pronomes em excesso me dão enjôo e às vezes começo a chamar os desconhecidos de nomes estranhos, como: pessoa, criatura ou qualquer nome que traduzam a mesma idéia: chamar alguém que não se conhecesse, ou não sabe o nome.
Angele começou a tirar fotos, deveria ser fotógrafa, pude perceber que tirara fotos da pedra que encontrava-se à nossa frente
, da areia...e de mim? Senti um rápida luz branca refletir em minha face, corei quando descobri que ela havia tirado uma foto da minha pessoa.
- Ah, desculpa. Ahr, droga. Desculpa. Eu apago a foto. - Ri de leve, ela não precisava se desculpar.
- Ah, que isso, você pode ser minha musa das pinturas, e eu, apesar de nem parecer uma musa, a sua das fotografias.- Ri em um tom baixo, para que ela não percebesse a intimidade que transmiti pelas palavras que acabara de dizer.
Comecei a enrolar as pontas do cabelo com meu dedo, eu adoraria ter um cabelo ondulado como o de Angele, as curvas, as ondas...ela parecia uma musa de tão perfeita.
Peguei um pouco de areia branca em minha mão e fechei em um punho, depois soltei de leve os grãos, eles caíram em cima do monte de areia que ela havia socado. Apontei para o monte com um olhar curioso, eu queria saber o porquê.
- Então...por que?- meu tom continuava como o de antes, calmo e suave, mas estava mais solto. Ela parecia ser legal, e se ela não estranhasse meu jeito, podia ser minha amiga. Desde minha vinda para Carmel, eu nunca encontrara pessoas interessantes e parecidas comigo, seria bom encontrar uma.

Ela deu uma indireta sobre o papo de musa. - Quer trocar de olhos comigo? Sempre quis ter olhos cor de mel. Mas eu odeio lente de contato. - admiti baixo. Aquilo irritava meus olhos até eu descobri que o colírio que eu usava estava vencido. Mas ela me fez uma pergunta que nem eu sabia lhe responder.

Ah... O montinho? Ela estava me perguntando sobre o vácuo? Ou só queria que eu passasse vergonha e ela me achasse idiota o bastante para sair correndo? Tá, nem EU sabia o porquê daquela coisa. - Eu achava que podia construir um. Quando eu tinha uns 7 anos eu queria ser uma princesa fada e ficava construindo meu castelo, sonhando com meu príncipe fado. - disse acabando com toda minha expectativa de ser alguém normal. Marc me achava bonita para ser uma princesa mas ria da minha cara ao fato de ser uma fada. Hm... eu poderia me casar com alguém da realeza britânica. Ri baixinho. - Não sei ainda seu nome. - perguntei-lhe indiretamente. Revertendo o processo... será que ela me achava uma psicopata? Eu preciso para com nóisse.

Passando para o outro lado... Se ela tivesse irmãos com olhos cor de mel... putz. Eu seria muito sortuda mesmo. Ou talvez fosse somente coisa do destino. Eu só pensava naquilo. Ah, srsly! Eu era garota, tinha direito de viver, ok? Bem. Diria que meu sonho era ter alguém ao meu lado. Mas não encontrava ninguém que gostasse de mim nem que eu gostasse dele. Intrigante. Se eu sou uma metade da laranja, jogaram a outra parte fora.

Ela ficara calada, pensativa quando perguntei sobre o montinho. Às vezes ela apenas estava irritada sobre algo ou eu estava sendo intrometida demais para saber do real motivo. Era melhor eu não perguntar demais, talvez ela não gostasse de pessoas tão espontâneas, ou eu era burra demais para perceber o quanto eu era estranha.
Ela abriu um sorriso de leve e começou a abrir a boca para falar, esperei curiosa pela resposta.
- Eu achava que podia construir um. Quando eu tinha uns 7 anos eu queria ser uma princesa fada e ficava construindo meu castelo, sonhando com meu príncipe fado.- Comecei a rir, o motivo era tão simples, e eu imaginara coisas tão além. Quando ela tocou no assunto de 7 anos de idade, me lembrei da época em que eu comia pétalas e queria ser atriz quando crescesse. Sonhos infantis, poucos se realizam - Não sei ainda seu nome.- Arregalei os olhos, como eu pude cometer tal falta! Como fui mal-educada, nem falei meu nome e já entrei em assuntos particulares.
- Me desculpe, sou Vannile Pathgrew.- Estendi a mão em sinal de cumprimento, ela respondeu à meu ato, suas mãos estavam cheias de areia, como as minhas.
Comecei a pensar o quanto éramos parecidas, duvido que ela fosse estranha como eu era, mas eu tinha esperanças de ter pelo menos, duas coisas em comum a ela.
O silêncio interrompeu nossos risos, consegui ouvir as ondas quebrando quando chegavam à superfície arenosa. Pensei em um assunto bobo para puxar assunto.
- Gosta de Baunilha? Eu gosto, herdei da minha mãe esse gosto, não é toa que meu nome é Vannile.- Pus a língua para fora, depois comecei a rir alto, quando percebi a altura do meu riso, bati em minha boca com minha mão direita. Meu nome era estranho, e diferente, talvez isso tenha influenciado na minha forma de vida.

Como ela fez desde que chegou, me surpreendi com sua pergunta. Fazia muito tempo que eu não comia um doce. Tanto que me fez parar em um hospital. - Ah, não. Assim, nada contra. Mas... Eu não gosto de doces. - falei só isso. Não precisava tagarelar sobre minha dura infância que não podíamos comer doce nem carne. Quando eu vi chocolate eu comi tanto que eu desmaiei. Aí foi a visita a um médico.

- Hm, seu nome é bonito, Vannile. Incomum. Não sei o porque do meu nome. Angele vem de anjo, que significa... mensageiro, eu acho. - estava confusa sobre o significado do meu nome. Minha mãe falou que pensou que era um menino, e iria por o nome de Ângelo. Daí quando descobriu que era menina resolveu modificar o nome para Angele. - Aliás, seu sobrenome também é incomum. Não diria que todos tem meu sobrenome White, mas é estranho. Diria que os sobrenomes mais estranhos são os de cores: Black, Gray, Red, Green, Brown, etc... - eu disse rindo da minha cara. A garota era bastante parecida comigo. Ela era legal, tinha um visual divertido e seu cabelo era engraçado, parecido de nascença. Era bonita até, com sardinhas invejáveis e bonitinhas. Era bochechuda, e dava muita vontade de apertá-la. Cute.

- Você nasceu com esse cabelo? - perguntei-a examinando um pedaço das minhas mechas loiras. Elas eram onduladas, mas se eu passasse a mão elas alisavam. Comecei a imitar por um momento Vanille e enrrolei meu cabelo. Depois o joguei para trás e sacudi minha cabeleira. Estava pensando em cortar ele, em fazer um chanel ondulado. Não saberia do resultado, portanto, estava com medo de dar algo errado.

- Você nasceu com esse cabelo?- Estremeci o corpo com a pergunta. Era engraçado pensar nisso, eu era a única ruiva da família, meus pais tinham o cabelo preto. Eu e meu irmão nascemos bem distintos.

- Sim, nasci ruiva. Meus pais têm cabelo preto, meu irmão é loiro...Pode me chamar de ovelha negra da família.-Comecei a rir bem baixinho, eu não tinha dúvidas sobre isso, o fato do meu nome, meu cabelo e meu jeito ajudaram totalmente na idéia de que eu talvez tivesse sido trocada no hospital. Me lembrei de quando minha avó estava com raiva de mim e gritava: "Olha que vou te levar para ser destrocada, e vou lhe pôr na pior família possível!", depois do dia que ela falou isso pela primeira vez, tomei medo dela.

- E você? Já fez luzes, mecha, mudou a coloração...?- Perguntei de forma desnorteada à Angele, o cabelo perfeito dela talvez tenha sido adquirido de outra forma, mas eu não acreditava tanto, ela era perfeita, e devia ter nascido assim, Angele não tinha jeito de mulher que se enfia em clínicas estéticas para fazer plásticas. Quando trabalhei em Nova Iorque, lidei com muitas modelos que faziam plásticas, e podia se notar a diferença.

O frio começara a aumentar, talvez porque estava tarde e porque estávamos em um local úmido; arrepiei, minha pele ficou cheia de bolinhas, como geralmente fica quando se está arrepiado, meus dentes trincavam e meu lábio estava começando a mudar de rosa para roxo; a brisa se tornou vento, meu cabelo voava em direção ao sul, meu nariz já se encontrava gelado, eu com certeza ficaria resfriada depois desse dia.

Eu ri. Tá, eu gargalhei com a pergunta. - Muitas pessoas me perguntam isso. Mas não, nunca pintei meu cabelo. Ele é tão artificial assim? - mexi em outra mecha para deixá-la atrás da minha orelha. Aquilo era um pouco incômodo porque coçava feito o cão. Talvez eu devesse passar máquina zero no cabelo. Observava ela. Parecia sentir frio. Eu fiquei um pouco mais solidária naquela hora. Tirei meu casaco de lã branquinho e a entreguei. Não sabia se aquilo iria resolver algo, mas mesmo assim eu insisti para ela aceitar. Suas bocas já estavam roxas. - Está com muuito frio? - franzi o cenho enquanto ela vestia a blusa.

Enquanto esperava sua resposta, resolvi enterrar meus pés na areia. Só enfiei meus pés na areia e ia afundando os mesmos. - Eu gostaria de cavar e cavar... Até chegar na parte da água. Daí cobrir de folhas e sair correndo para ver se alguém caia. - ri. Eu fazia muito isso quando era pequena. Fiz o mesmo com as minhas mãos na areia. Era tão gostoso, apesar da areia estar gelada. Mas a sensação era gostosa, e a brisa espalhava meu cabelo inteiro, para todos os lados.

Ela parecia ter se esquentado, mas não muito. Ainda parecia com frio. Mas, se ela estivesse com frio, teria me avisado, certo?

- Na verdade nunca imaginei que ele fosse artificial, mas resolvi perguntar, já que estávamos falando de cabelos...- Suspirei, não tinha motivos para ficar explicando porque eu perguntara aquilo.

Ela reparou que eu estava sentindo frio e me entregou sua blusa de lã, eu não sou do tipo que incomoda os outros pelas minhas reações, prefiro ficar quieta.

Quando vesti sua blusa, seu interior estava quente, foi ótimo sentir-se dentro de um forninho, reparei no cheiro que tinha, era lavanda ou algo do tipo, seja o que for, cheirava bem. Relaxei os braços, que antes devido ao frio, estavam tensos; eu me sentira bem melhor agora, meus dentes pararam de trincar e não estava mais arrepiada. Apesar do esforço de Angele, meus lábios ainda estavam um pouco roxos, e meu nariz ainda estava gelado, o casaco aquecia o meu corpo, mas o vento continuava a bater em meu rosto.

Angele começou a enterrar os pés e as mãos na areia fria, eu não entendia como ela suportava o frio, talvez porque eu sou a sensível em relação à clima, não ela.

- Eu gostaria de cavar e cavar... Até chegar na parte da água. Daí cobrir de folhas e sair correndo para ver se alguém caia.- seu tom era descontraído, além, comecei a rir imaginando a cena.

- Eu não era de aprontar quando era criança, mas eu comia flores, isso serve?- Ri de leve, depois apontei para uma ave negra que procurava insaciavelmente pelo alimento.

- Daria uma bela foto, não?- Eu sabia o quanto ela amava tirar fotos, bom, pelo menos eu percebi. Uma coisa em comum entre nós: a arte nos fascina.
Apesar de muitas pessoas acharem que fotografia não é arte, é sim, existem várias técnicas de luz, efeitos, além de que só a fotografia em si é arte, a expressão, o sentido...

Ela comia flores. Hah! Que engraçado! Ela me deu uma idéia genial de fotografar o pássaro preto à nossa frente. Estava procurando o melhor ângulo para fotografá-lo. Me levantei de vagar para não assustar o pobre bichinho e tirei a foto no meu ângulo perfeito. Vannile me olhava transbordando curiosidade. Será que ela queria tentar? Passei minha máquina a ela. - É divertido. Eu quero me formar em fotografia porque é nelas que você se expressa. Eu acho que toda arte é assim. - sorri amigavelmente para a ruiva. Ela parecia se divertir com aquilo. Talvez algum dia a ensinaria a revelar fotos. Mas antes eu precisaria de uma máquina antiga.

A arte é o que você é. Boa definição para quem pratica arte. Mas e para quem não é do ramo? A menina parecia bem criativa, pelo que pude perceber por suas roupas. Mas não sei se ela era do ramo de modas. Parecia que ela fazia algo muito mais do que fazer roupas, ela parecia querer mais. Well, isso era só a minha impressão sobre a pessoa. Não que eu achasse que ela não poderia ser advogada ou médica, but, ela parecia ter uma mente espontânea para tais profissões. Ela era uma artista.

Isso dispersou minha curiosidade. - E você? O que você faz? Quer dizer, você é universitária, não é? - fiquei constrangida pela enxurrada de pergunta. Eu falava muito com as pessoas que tinham afinidade comigo e vice-versa. Eu gostei da menina, mas não sei se a menina gostou de mim. Anyway, iria saber já já.

Eu a observava enquanto tirava a foto, procurava o melhor ângulo, a luz, depois de um instante se arrumando, vi um flash de luz diante dos olhos.

Ver Angele fotografar me dava nostalgia, me lembrei dos meus cursos de fotografia, as seções de fotos com as modelos, a preocupação com o resultado...tudo passava tão rápido, talvez por serem momentos agradáveis. Sempre quando estamos fazendo algo que gostamos, mesmo que passemos o dia inteiro fazendo aquilo, achamos que ocorreu em meia hora, e isso acontece quando me envolvo com a arte.

- E você? O que você faz? Quer dizer, você é universitária, não é?- Ri fraquinho, com os olhos semicerrados e um largo sorriso estampado em minha face respondi em um tom alegre:

- Pode rir com a coincidência mas, eu sou artista. E já fiz curso de fotografia, já fui estilista, mas descobri que artes plásticas é minha vida. E hoje em dia, faço Artes Plásticas na Junipero Serra, talvez possamos nos encontrar lá.- Abri meus olhos, deixando aparecer melhor a cor caramelada da minha íris, meus lábios formavam um sorriso apertado para o centro, como se eu estivesse me segurando para rir.
Olhei para ela com um ar curioso para ver como reagiria.

Eu sou um tanto anormal neste sentido, sempre espero o mais radical das pessoas, por isso sempre me preparo antes.
Posso me lembrar das muitas vezes que quebrei coisas da minha casa, eu me escondia no armário pensando que minha mãe iria me bater, pelo contrário, ela apenas dizia: "Não quero que isso aconteça de novo", mas sempre acontecia, e ela sempre dizia a mesma coisa. No máximo quebrei uns dez vasos de vidro, e os potes de biscoitos...incontáveis.

Eu esperava que Angele risse até ficar branca (mais do que ela já é), apesar de que ela não pareça uma pessoa desse tipo, eu sou uma pessoa desse tipo, ela não. Eu tinha uma impressão que ela era tímida, fofa e sociável, bem diferente de mim, que nem consigo habitar em uma cidade sem fazer um trote no vizinho.

Ela me olhou com aqueles olhos dark hazel. Eram lindos, fato. Ela olhava com os lábios para dentro, um aspecto engraçado de se observar. Será que ela topava fazer umas fotos? Como ela dissera, ela poderia ser minha musa, ya?

Ela parecia pensativa enquanto esperava minha resposta. Confirmo, fiquei surpresa com ela me dizer que era artista plástica, e muito mais quando ela me falou que fez um curso de fotografia. Sabe, posso dizer que conheci muitas, muitas pessoas. Mas não lembro delas dizerem que queriam ser artista plástica. Acho que porque a maioria falava que ia ser veterinária pra fazer um mundo melhor e talz. Depois viraram tudo publicitários. Ri enquanto completava em meus pensamentos que tudo é arte. Até mesmo um cachorro que morre em uma exposição artística.

- Pois é. Talvez eu esbarre em você lá. - disse enquanto o dia estava caindo e o crepúsculo se aproximando. O pôr-do-sol no mar era lindo, e mais lindo seria com a pessoa que você amava. Tá tá, admito que isso é muito clichê. Mas não seria foooofo? - Você é de Carmel? Por que... sério, seu cabelo me lembra a Irlanda. - frase sem nexo ALGUM. Sou péssima para puxar assuntos. Devia ser péssima pra tudo, mas ok. Vanny me corrigiu e disse que era da Flórida. Devia ser legal lá. Adoro praia, sol e calor, e Jacksonville, na Flórida ia ser "mara".

Pensava no que faltava em Carmel, o que faltava para ser totalmente perfeita. E eu sabia o que era, mas não queria admitir.
Duas coisas completamente diferentes.

[rp finalizado ^^]