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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

Proibida a Cópia total ou parcial.
Obrigada.

 

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Mary W. Bennington
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MensagemAssunto: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptyQui Fev 26, 2009 10:33 pm

Eu estava no hospital com meu pai aquela tarde. Grace estava tendo crises com mais freqüência e isso nos deixava extremamente tristes e preocupados. Eu ficava indignada por uma pessoa como ela ter que passar por tudo aquilo. O mundo era tão injusto... Tantas pessoas que mereciam passar por coisas assim, e por que tinha que ser justamente ela, que me tratava como se fosse a sua filha e era uma pessoa maravilhosa? Era realmente aborrecedor pensar nisso. Mas eu estava mais triste ainda, pois Gary teria que ver a sua mãe naquele estado, em sua volta pra casa. Não posso dizer que não fiquei feliz, quando meu pai disse que ele estava voltando, mas era muito ruim que fosse naquelas condições. Eu esperava realmente que ela melhorasse, por dois motivos: para tê-la de volta em casa e para que Gary não ficasse triste.

Estava sentada na sala de esperas, pois ainda não era horário de visitas. Os médicos tinham restringido mais os horários pra ela, pois Grace estava passando por várias crises nervosas e aquilo poderia agravar ainda mais o seu estado. Mas papai poderia ficar mais tempo com ela, pelo menos nas horas calmas e ele passava todo o tempo possível ao seu lado. Só me restava esperar para poder vê-la hoje e dar mais apoio ao meu pai. Ele estava realmente triste, como eu nunca havia visto.

Pensava ainda na injustiça do ocorrido e na volta de Gary - papai não me falara nada exato sobre a sua volta e tudo o que eu mais queria era vê-lo -, quando alguém me chamou a atenção. Não precisava exatamente do brilho azulado em volta dele pra saber do que se tratava. Eu já tinha certo faro pra isso. Tentei ignorar, só dessa vez, pois não queria sair dali àquela hora, mas não foi possível. Ele queria por tudo me chamar à atenção. A janela atrás de mim bateu com força me sobressaltando, e fazendo duas pessoas que passavam por ali olhar para ela. Lancei um olhar urgente, pedindo que ele esperasse que não tivesse mais ninguém ali, mas o caso parecia ser de vida ou morte. Bem, de morte pelo menos ou vai saber.

Decidi me levantar, ainda sem prestar muita atenção ao tipo de fantasma com que iria lidar. Passei pela recepção e pedi para a moça avisar ao meu pai que estava indo em casa, mas que logo voltava. Sai para a rua e já estava quase escuro. Ele olhou pra trás e pediu que eu o seguisse:

-Mas eu não posso ir muito longe! Me fale primeiro o que você precisa!- Falei baixo e urgentemente, tentando não atrair a atenção de ninguém.

Ele só pediu que eu o seguisse e eu sabia que aquele tipo atraia problemas. Não poderia deixar que ele fizesse qualquer coisa por ali. Andava atrás dele, em silencio, analisando a sua aparência. Aquele era um fantasma, digamos assim, atual e não deveria ter morrido há muito tempo não. Eu via isso só pelas suas roupas e o cara parecia ser novo.

Percebi que ele me levava para o parque da cidade e tentei contato de novo, mas ele pareceu não querer me falar nada, pelo menos por hora. Eu estava começando a ficar um pouco irritada, pois não gostava de não saber onde estavam me levando. Aquela não era bem a hora certa pra me meter em qualquer coisa suspeita.

Entramos no parque e já não havia mais quase ninguém por ali. Estava começando a escurecer. Percebi que ele me levava para o lado mais vazio do lugar e já não agüentando mais de tanta curiosidade mandei que ele parasse:

-Eu não saio daqui enquanto você não me disser onde estamos indo.- Cruzei os braços e parei no meio da pista de ciclismo. Sua feição se fechou totalmente, mas eu não deixei me intimidar.

-Já estamos chegando, só mais um pouco.- Bufei e continuei andando. Minha curiosidade era maior do que qualquer tentativa de exigir alguma coisa. Mas não tardou muito e ele parou, atrás de um ajuntamento de arvores e começou a me explicar o seu caso.

Ele tinha se matado, porque a mulher ia deixá-lo por outro cara e não queria de maneira alguma que o cachorro dele se tornasse mascote do casal. A ex-namorada corria ali todos os dias quase ao anoitecer e levava o cachorro consigo. Minha tarefa era simplesmente roubar o cachorro. Eu não pude deixar de abrir a boca, pois o cara queria que eu roubasse um cachorro, quando estava com problemas maiores? Aquilo era o cumulo.

-Olha, sinto muito, mas agora não é o melhor momento. Posso te ajudar, mas outra hora.- Eu ouvi a tempo o barulho do galho de partindo e pude me jogar pro lado. Ser mediador te torna meio ninja às vezes. -Você está louco? Como você quer que eu lhe ajude se fica tentando me matar?

-Eu preciso que isso seja feito agora! Quanto mais tempo passa, mais o cachorro pode se apegar a ele...- Eu odiava esses fantasmas marmanjões, que exigiam coisa tão ridículas. Mas ele não iria me deixar em paz, pelo jeito. Bom, eu tive que ajudá-lo, pra poder me livrar logo daquilo. O máximo que eu poderia levar era uma mordida. E bem, eu esperava que nem isso acontecesse.

Sentei-me na grama, esperando que a moça passasse. Eu sinceramente não sabia como ia fazer isso. E se o cachorro fosse gigante? Eu estava ferrada. Mas não tardou muito e ele falou que ela estava vindo. Vi a moça passar por mim correndo. É correndo, você não leu mal, e não que eu não estivesse em forma pra correr, mas um vestido e uma sandália não são as melhores vestimentas para esse tipo de coisa. O cachorro era de pequeno porte, mas mesmo assim, aquilo era uma loucura.

Bem, o plano que se formou na minha cabeça era o seguinte, correr até ela e puxar com toda a força a coleira do cachorro. Ela seria pega no susto e a largaria na hora. Depois eu teria que correr muito mais rápido e sumir das vistas dela. Eu não iria esperar o cachorro vir até mim, e entregá-lo ao cara. Nãaao... Ele que estivesse preparado para pega-lo. Eu tinha que me salvar depois disso, porque a mulher viria enlouquecida atrás de mim.

Vi ela passar por mim e esperei mais um pouco, até sair correndo atrás dela. Por sorte ela estava com fones de ouvido, o que me ajudaria no caso dela não notar que eu corria atrás dela. Seria bem suspeito que alguém de vestido e sandália estivesse correndo no parque.

Cobri a distancia que havia nos separado e não pude mais pensar. Estávamos na curva que dava para uma das saídas do parque. Puxei com brusquidão a coleira, o que fez com que ela se desequilibrasse e soltasse o cachorro. Mas eu também não levei muita sorte, pois acabei tropeçando em cima dela. Me levantei rapidamente, e o cachorro tinha saído correndo. Ela se levantou também, e estava com o joelho ralado pela queda. Me lançou um olhar mortífero, mas estava divida entre ir atrás do seu cachorro e brigar comigo.

Por fim, ela decidiu ir atrás do cachorro e eu pude fugir dali. Aquele fantasma maluco que se arranjasse agora. Estava correndo para fora do parque quando o ouvi resmungando ao meu lado. -Você deixou ele fugir e ela vai pega-lo de volta facilmente.- Olhei para o lado, ainda correndo e iria mandar que ele se virasse – pra não dizer coisa pior – quando bati com alguma coisa. Cai pra trás e olhei pra cima para ver em quem ou em que eu havia batido. Era uma daqueles guardas a paisana. Me levantei tentando ignorar o fantasma maldito que continuava resmungando.

-Hmm, algum problema?- Como ele não respondeu, eu continuei. -Sabe o que é, eu estou com um pouco de pressa. – Falei, dando um passo pro lado e tentando esconder a culpa que deveria estar estampada em meu rosto, enquanto me fazia de surda as reclamações do idiota ao meu lado. Esperava com todas as minhas forças que ele não tivesse me visto puxar a coleira do cachorro. Eu tinha que me meter em encrenca bem agora?


Última edição por Mary W. Bennington em Sáb Fev 28, 2009 4:27 pm, editado 1 vez(es)
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Garret C Fitzgerald
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 12:49 pm

Carmel. Mais uma vez. Eu não esperava voltar aqui tão cedo. Quer dizer, não que fosse cedo, afinal eu havia passado anos fora. Mas acho que simplesmente não esperava voltar, a não ser que fosse para um feriado ou coisa parecida. Mas como já havia passado diversos aniversários sem que eu viesse aqui, achei que estaria dispensado dos feriados também. Enfim, todo esse rodeio é para explicar como era estranho estar em Carmel outra vez. Não era exatamente como estar em casa, mas tinha um certo ar familiar.

Era estranho que tudo continuasse tão igual, mas ao mesmo tempo tão diferente. Aquela pequena cidade parecia estar exatamente como quando eu a deixei. Mas ao mesmo tempo, eu estava diferente. As coisas estavam diferentes. Eu fui embora, dentre muitas outras coisas, para fugir de algo que agora eu considerava enterrado. Deixei a cidade sozinho e voltei acompanhado. Fui embora com votos de felicidade da minha mãe e voltava para encontrá-la no hospital. Sentia um aperto no coração cada vez que pensava nisso, que era o motivo pelo qual eu havia voltado depois de tudo. Não vim com tempo programado para ficar, estava disposto a continuar em Carmel o tempo necessário para ter certeza de que minha mãe ficaria bem. E só deus sabe se eu teria coragem de deixá-la novamente.

Mas esse não era um assunto que eu realmente queria pensar naquele momento. Chegar naquela cidade despertava memórias por muito tempo esquecidas e que eu preferia que ficassem assim. Por essas memórias eu preferia não pensar na possibilidade de ficar em Carmel de vez. Por essas memórias, eu providenciei um apartamento para ficar enquanto estivesse aqui, ao invés de voltar para a casa de Richard.

Ao chegar à cidade, levei as coisas para o apartamento com Chloè, sem me permitir ficar lá muito tempo. Estava ansioso para ver a minha mãe. Conversei com Chloè sobre isso e concordamos que seria melhor que eu acertasse as coisas e fizesse a minha primeira visita sozinho, para depois apresentá-la à família. Por um momento, pensei que preferia não reencontrar Mary sozinho e por pouco não volto para o apartamento para buscar Chloè. Mas me convenci de que isso tudo era besteira. Meus sentimentos por Mary haviam sido deixados de lado há muito tempo e, além do mais, ela era, apesar de tudo, parte da família. E, quando esse argumento não me convencia, eu pensava que era possível que eu nem encontrasse com ela no hospital de qualquer forma.

Chegando lá, fui informado de que não poderia entrar, pois estava fora do horário de visitas. Encontrei Richard ao lado de fora e a sensação de familiaridade aumentou. Parecia que eu nunca tinha ido embora. A não ser pelo fato de nos reencontrarmos num hospital. Ele pareceu satisfeito com a minha chegada e me inteirou nos detalhes da condição de minha mãe. Não havia sido nada boa quando ela fora internada, mas havia uma melhora e grandes chances de uma boa recuperação. Ansioso para vê-la, fui conversar com a enfermeira, falando-a da minha situação, de como havia vindo da Irlanda para vê-la (e aumentando alguns detalhes para efeito dramático). Enfim, no final das contas, consegui convencê-la e pude ver finalmente minha mãe.

Ela estava sob efeito de remédios quando entrei, então não estava completamente lúcida, mas era suficiente para mim. Abracei-a e, naquele momento eu soube que não conseguiria ir embora outra vez. Ao menos não sem ela. Para a minha surpresa e alívio, ela me reconheceu e conversou comigo bastante racionalmente, dentro das circunstâncias. Não pude, porém, ficar por muito tempo, afinal de contas, não era hora de visitas. Prometi que voltaria logo e deixei-a quase adormecida.

Richard estava indo para casa comer e descansar um pouco para logo voltar ao hospital e me ofereceu carona. Eu então contei para ele que não ficaria em casa e que havia alugado um apartamento. Agradeci pela carona, mas preferia ir andando. Tinha muito em que pensar. Saí do hospital sozinho e decidi cortar caminho pelo parque, que não era muito longe do lugar onde eu iria ficar. Perdido em pensamentos, fui trazido de volta à realidade por uma voz bastante conhecida.

- Hmm, algum problema? Sabe o que é, eu estou com um pouco de pressa.

Meu coração deu um salto antes mesmo que eu visse o rosto dela. Porque eu já sabia que era ela desde o início. Não teria como confundir a sua voz. Sendo invadido por um turbilhão daquelas memórias que eu disse enterradas, tentei focar na situação atual para bloqueá-las. Aquela situação era bastante familiar. Quase como um dejá vu. Com as mãos nos bolsos do casaco, caminhei em passos largos até onde ela estava, chegando pelas suas costas. Notei que o policial não parecia muito disposto a deixá-la ir embora facilmente. Ainda estava a uma certa distância dos dois quando comecei a falar, em tom irritado:

- Mary...gold! – Decidi de última hora mudar o nome, só por precaução. O que eu escolhi terminou não sendo dos melhores. – Como é que você tem coragem de ir embora assim, Marygold?? – Quando cheguei mais perto dela, continuei, numa atuação digna de Oscar. – Eu já conheci os seus pais e tenho que dizer, eles não são as pessoas mais simpáticas do mundo! Mas na hora de conhecer os meus, você já sai correndo depois de cinco minutos de conversa?? – Olhei para ela com expressão irritada e falei, virando para o policial. – Depois elas ainda dizem que nós é que somos os insensíveis! – Peguei Mary pela mão e saí andando rapidamente na direção da qual eu vim. – Minha irmã ficou arrasada, ela estava fazendo de tudo pra você se sentir à vontade, como é que você tem coragem de falar uma coisa daquelas pra ela??

Saí resmugando até que fizemos uma curva. Então olhei para trás e parei de frente para Mary. Respirei fundo. Não tinha idéia do que dizer. Depois de alguns instantes em silêncio (eu sem conseguir olhar diretamente para ela), dei uma risada sem graça e, balançando a cabeça negativamente, me forcei a olhar para ela. – Como nos velhos tempos, huh?

Sabe aquele algo que eu disse estar enterrado? Bom, parece que ele começava a abrir o seu caminho de volta para a superfície.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 4:24 pm

-Você não fez direito! Isso não está certo! Que tipo de mediadora que faz o serviço pela metade? Eu deveria ter procurado alguém mais qualificado.- Quando aquele fantasma maldito, do qual eu não queria nem saber o nome falou que eu não era qualificada, meu sangue subiu. Como assim eu não era qualificada? Ele sabia quantos fantasmas eu já ajudara? Quantas vezes eu me arrisquei para que eles finalmente se libertassem desse plano? Não, claro que não. E só porque ele era um cara manhoso e corno, que ficara preso – ele achava que era por isso, vai saber – aqui por conta de um cachorro e a lealdade do mesmo, eu tinha que me desdobrar para ajudá-lo? Quer motivo mais fraco! Eu não costumava ajudar muitos fantasmas mal agradecidos, quando eles não tinham a intenção de me matar, claro. Mas ele que se virasse agora e fosse procurar um mediador mais qualificado.

Eu estava prestes a me virar e responder, – um ato de loucura que não iria ajudar em nada na minha atual situação - quando a voz do guarda me lembrou que eu deveria ignorar aquele idiota. - O que você pensa que estava fazendo, ao se jogar em cima daquela moça, daquele jeito?- Droga! Ele tinha visto, eu sabia que sim. Senão ele viria atrás de mim a troco de quê? Olhei para o lado involuntariamente, lançando um olhar de raiva pro maldito fantasma, mas o guarda interpretou aquilo como uma pequena artimanha para uma fuga e deu um passo pro lado. Voltei a olhar para ele, ainda sem saber o que responder. Coisa rara para mim!

-E então? Vai me responder ou...- Não cheguei a saber o que ele faria se eu não respondesse, pois uma voz cortou o seu discurso.

- Mary...gold! – Uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar. Me segurei para não abrir o enorme sorriso que insistia aparecer em minha face e tentei ignorar o meu coração que parecia acelerar cada vez que ele dava um passo em nossa direção. – Como é que você tem coragem de ir embora assim, Marygold?? – O guarda se virou e minhas sobrancelhas se juntaram imperceptivelmente, tentando entender aonde ele queria chegar. Era obvio que Gary estava tentando me salvar, mais uma vez! Tentei manter uma expressão neutra, enquanto ele continuava. – Eu já conheci os seus pais e tenho que dizer, eles não são as pessoas mais simpáticas do mundo! Mas na hora de conhecer os meus, você já sai correndo depois de cinco minutos de conversa?? – Me segurei para não rir. Acho que Gary fizera aquilo tantas vezes, que se tornara mais convincente que eu. Cruzei os braços vendo o olhar irritado que ele me lançava e olhei pra baixo como se estivesse envergonhado por qualquer coisa que tivesse feito. – Depois elas ainda dizem que nós é que somos os insensíveis! – Ele falou para o guarda. Arrisquei olhar para ele, que parecia um pouco confuso e ao mesmo tempo compreensivo. Senti Gary me puxar pela mão e me levar na direção a qual ele viera. – Minha irmã ficou arrasada, ela estava fazendo de tudo pra você se sentir à vontade, como é que você tem coragem de falar uma coisa daquelas pra ela??

Esperei que a gente se afastasse o suficiente até dizer alguma coisa. Eu estava tão feliz por tê-lo ali comigo que acho que não conseguiria disfarçar muito bem. Será que ele ficaria mais bravo se eu começasse a rir? Pois a vontade era grande! Às vezes eu tinha noção de que não deveria bater muito bem, mas como eu poderia reprimir a emoção que tomava conta de mim por ter Gary finalmente comigo? Mesmo que em circunstâncias não muito animadoras.

Eu sempre pensava nele quando me metia em encrencas. Não porque não teria alguém para me livrar, mas sim porque eu tentava não fazer isso, só que era quase impossível. Adoraria mostrar pra ele que eu não era mais irresponsável e ele tinha que me pegar justamente em uma situação dessas? Eu tinha que ficar envergonhada, mas outra sensação bloqueava a vergonha.

Quando estávamos fora do alcance do guarda, que provavelmente me olhava pensando se era sensato me deixar ir, Gary parou, olhando pra trás e se voltando pra mim. Ele parecia não querer me encarar e eu também não sabia o que dizer. Por fim, ele quebrou o silêncio, dando uma risada um pouco sem graça. – Como nos velhos tempos, huh?- Olhei para as minhas mãos, tentando tomar um pouco de vergonha na cara, mas não dava. Voltei a olhar pra ele, vendo o quanto ele estava mudado ao mesmo tempo em que ainda era o meu Gary. Seu semblante parecia ainda mais sério e ele estava tão lindo. Ele sempre fora bonito, mas parecia que agora estava muito mais. Gary ainda não me encarava direito. Eu pretendia me desculpar primeiro e tentar me explicar, mas meu lado impulsivo agiu com muito mais força do que o racional e eu joguei meus braços no seu pescoço, abraçando-o com força.

-Poxa Gary! Eu não queria que você me visse justamente em uma situação como essa. Eu não sei se agradeço ou se peço desculpas...- Ainda abraçada a ele, deveria ter agradecido, mas a única coisa que saiu foi...-Estava com tantas saudades de você!- Me afastei, voltando a falar.

-E obrigada, mais uma vez!- Falei, me preparando para o sermão que viria em seguida, com toda a certeza.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 7:06 pm

Estar ali com ela mais uma vez. Depois de um momento foi como se eu nunca tivesse ido embora. E isso não era uma coisa boa. Depois de todo esse tempo enterrando, escondendo e fugindo dos meus sentimentos por Mary, uma ocasião apenas é capaz de trazer tudo à tona novamente. Não, isso não é verdade, eu tentei me convencer. Não era como antes. Agora eu tinha Chloè. E eu gostava dela. Bastante. Tentei mantê-la na cabeça, mas a imagem de Mary ali na minha frente tornava tudo mais difícil. Então ela foi e conseguiu piorar tudo. Depois de alguns segundos sem esboçar reação, senti os braços dela no meu pescoço.

- Poxa Gary! Eu não queria que você me visse justamente em uma situação como essa. Eu não sei se agradeço ou se peço desculpas... Estava com tantas saudades de você!

Fiquei imóvel de início, sem saber como reagir àquilo. Então coloquei meus braços desajeitadamente em volta da cintura dela. Foi aí que um sentimento diferente começou a me invadir. Raiva parece extremo, mas foi algo parecido. Depois de todos aqueles anos sendo o “irmão mais velho”, eu voltava para a cidade para ser exatamente a mesma coisa? E que direito ela tinha de me abraçar como se nada houvesse acontecido? Como se ela não estivesse ali no parque esperando que eu passasse para tirá-la da confusão. Como se ela não estivesse pronta para me seduzir novamente com a sua leviandade e com o seu sorriso infantil.

Eu tinha seguido em frente, mas lá estava ela, como se o tempo não a tivesse alcançado. Como se eu tivesse apenas saído para passar um fim de semana fora. Ela se afastou de mim e eu contraí a mandíbula, tentando conter todos aqueles sentimentos que me invadiam de uma vez só.

- E obrigada, mais uma vez!

Assenti com a cabeça, olhando para baixo. Nem sabia o que dizer. Era como se eu tivesse sido transportado para quatro anos atrás e tivesse apenas tirado Mary de mais uma das suas encrencas rotineiras. E isso era exatamente o que eu não agüentava mais quando fui embora. Quando ainda morava em Carmel, eu esperava que ela fosse melhorar com o tempo, que ao ficar mais velha Mary amadurecesse e ganhasse mais responsabilidade. Mas isso não parecia ter acontecido. Ao contrário, ela parecia exatamente da mesma forma como a deixei. Balançando a cabeça em negativa mais uma vez, olhei para ela sério.

- Era de se esperar que a essa altura você já tivesse desistido dessas coisas, Mary... O que quer que elas sejam. – Suspirei, sem emoção. – Como você conseguiu se virar sem mim por perto? – Não era uma pergunta com humor. Eu estava irritado. Mais do que queria admitir. Mas a minha irritação não vinha inteiramente da falta de responsabilidade dela. Vinha de um lugar bem mais profundo que eu nunca admitiria. Vinha da minha expectativa de que ela houvesse amadurecido. Se assim fosse, ela não precisaria mais de mim. E se assim fosse, todo o vínculo que eu criei com ela poderia finalmente se desfazer. E eu não teria mais que amá-la independentemente da minha vontade toda vez que visse o seu sorriso infantil.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 7:50 pm

Eu sinceramente não sabia o que dizer para Gary numa hora daquelas. Era engraçado como as coisas não pareciam ter mudado, como se ele não tivesse passado tanto tempo fora. Eu queria por tudo poder contar para ele o que me fazia me meter em tantas encrencas, mas mais uma vez era como se eu estivesse voltando ao passado. Como eu poderia explicar que as minhas atividades tão irresponsáveis tinham como intuito ajudar almas perdidas na terra? Eu até poderia ouvir a voz dele dizendo que eu estava sendo ridícula e que só queria arranjar uma desculpa plausível para tudo o que eu fazia. E ai as coisas iriam ficar da mesma forma e não ia adiantar de nada contar o meu segredo. Só faria com que junto com o titulo de irresponsável eu ganhasse mais um: O de Louca! E isso eu também não queria. Achava melhor deixar Gary no escuro, pensando que eu era uma mulher que não crescera.

Observei um pouquinho chateada, Gary assentir ao meu agradecimento, sem ao menos olhar para mim. Aquilo doía bastante, mas acho que o fato de fazê-lo pensar que eu não mudara também tinha o mesmo efeito. Na verdade, não, eu não mudara e não poderia negar que sempre gostara de fazer isso. Mas eu queria que ele me visse de uma forma diferente e não como quem sempre salva o meu dia. Queria que ele me visse como mulher e que eu fosse digna de ser mais do que uma irmã para ele. È claro que depois de todo esse tempo sozinha, eu tentara me convencer de que muitos dos seus gestos mostravam que ele sempre gostou de mim, mas agora, estando na sua frente eu já começava a vacilar.

Ele balançou a cabeça negativamente e finalmente olhou para mim. Suspirei, ainda prendendo as fortes ondas de emoção. - Era de se esperar que a essa altura você já tivesse desistido dessas coisas, Mary... O que quer que elas sejam. – A forma como ele falou, cansada e um pouco resignada com o fato de que eu não mudaria, me deixou ligeiramente abalada, fazendo com que um pouco da euforia por sua volta fosse acalmada. –Como você conseguiu se virar sem mim por perto? – Respirei profundamente, mordendo o lábio inferior e abaixando os olhos para as minhas mãos em seguida. Era sempre nessas horas que eu ficava a beira de lhe contar a verdade, mas percebia a tempo que era uma loucura.

O que eu poderia responder? Que eu sempre fizera isso antes dele entrar na minha vida e que depois eu apenas ficara bastante confortável sabendo que ele estaria ali pra me salvar? E que quando ele fora embora eu percebi que muitas de minhas ações eram deliberadas para que ele pudesse me salvar, porque eu havia percebido que gostava dele e que queria que ele se importasse comigo? Eu queria muito poder responder isso, mas acho que seria informação demais e eu não estava preparada. Tentei responder com uma brincadeira, o que não me livraria por completo daquela situação.

-Bem, talvez o fato de você ter voltado possa ter despertado meu lado irresponsável e eu fiz isso só pra você pode me salvar!- Dei um meio sorriso, mordendo o lábio e esperando que ele entrasse na brincadeira. -Eu apenas me virei, Gary e não quero que você ache que eu senti a sua falta por isso... É só que... Tem certas coisas que eu não posso evitar, e acabo fazendo, mesmo que não seja da minha vontade. Acredite, eu não queria que elas fossem assim.

Falei, voltando a olhar pra ele, mas vi por cima de seu ombro a mulher correndo com o cachorro na nossa direção. Não notei se ele havia começado a responder. Agi rapidamente, puxando-o comigo para trás de um ajuntamento de arvores. Ele se assustou e ia me perguntando o que fora aquilo, quando coloquei o dedo nos lábios pedindo silencio e espiei por entre as arvores até ela passar. Não duvidava nada que aquele maldito fantasma pudesse aparecer por ali para piorar ainda mais a minha situação.


Última edição por Mary W. Bennington em Qui Mar 05, 2009 12:34 am, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 8:20 pm

Okay, já havia passado o tempo em que eu achei que a minha volta a Carmel fosse ser simples. Quer dizer... Eu nunca achei que seria simples, mas achei que já tinha tudo sob controle para conseguir ir até lá e não... Bom, me sentir como eu estava me sentindo naquele exato momento. Doce ilusão. O que fazer dali em diante que era o maior problema. O melhor seria ir para casa e simplesmente refrescar a cabeça, tentar pensar objetivamente sobre tudo aquilo. Arrisquei levantar o meu olhar para Mary. Grande erro. Eu não queria ir embora. Não com ela estando tão perto depois de quatro anos. Mas isso tudo estava errado. Eu não queria voltar à situação de antes e estava plenamente satisfeito com tudo o que eu tinha na Irlanda. Então porque não conseguia deixar toda essa nova confusão de lado?

- Bem, talvez o fato de você ter voltado possa ter despertado meu lado irresponsável e eu fiz isso só pra você pode me salvar! - Ela sorriu, mas eu não consegui retribuir. Tentei, pelo menos, mas acho que o resultado parecia mais uma careta do que um sorriso. – Eu apenas me virei, Gary e não quero que você ache que eu senti a sua falta por isso... É só que... Tem certas coisas que eu não posso evitar, e acabo fazendo, mesmo que não seja da minha vontade. Acredite, eu não queria que elas fossem assim.

Não queria que elas fossem assim? Eu simplesmente não conseguia imaginar como alguém poderia entrar nos tipos de confusão que Mary entrava “sem querer”. Nunca consegui entender o motivo que ela tinha por trás de cada desculpa esfarrapada que dava. No início, eu acreditava que era apenas uma forma que ela encontrava de chamar atenção. Me irritava, mas comecei a aceitar. Até o dia em que uma ocasião dessas provocou um aborto. A partir daí eu não pude mais acreditar que era simplesmente para chamar atenção. Ou pelo menos não fazia sentido. Mas, por outro lado, nenhuma das minhas outras teorias fazia mais sentido. Então eu me conformava em simplesmente me ressentir dela. Me ressentir por ela me deixar preocupado todos os dias até que chegasse em casa. Não conseguir dormir muitas vezes quando ela não estava em casa, pensando se dessa vez chegaria inteira. Era uma preocupação quase paternal, eu sabia, mas simplesmente não suportava pensar naquelas possibilidades.

Eu estava prestes a falar sobre isso, entrar realmente em um dos já tradicionais sermões, quando ela me puxou para trás de um conjunto de árvores bruscamente. Arregalei os olhos, mais irritado, e já estava prestes a pedir explicações quando ela fez um gesto pedindo silêncio e espiou por entre as árvores. O que diabos estava acontecendo dessa vez? Esperei um tempo e, não acontecendo nada, me distanciei dela (o espaço entre nós estava pequeno demais para que eu me sentisse confortável) e perguntei:

- Que diabos foi isso? – Passei a mão pelo rosto, impaciente. – O que você aprontou agora, Mary Wendy? – Dei um passo para trás na impaciência, logo me voltando para ela. Abaixando os olhos, vi que ela havia se arranhado nesse movimento brusco. Seu braço estava marcado por uma linha vermelha. Segurei-o levemente com a mão abaixo do lugar do arranhão e disse, num tom baixo, mais calmo. – Olha o que você fez... – Não estava sangrando, estava apenas um pouco vermelho e em alto relevo. Passei um dedo da outra mão levemente por cima do local. O toque da pele dela me deu arrepios. Pisquei várias vezes e engoli em seco, o coração disparado. Soltei então o braço dela e passei a mão no rosto mais uma vez. – É só um arranhão, acho que você vai poder manter o braço. – Disse, forçando uma piada, mas sem conseguir rir. O que estava acontecendo comigo?
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptySáb Fev 28, 2009 9:27 pm

Eu não sabia se espiava a mulher passar com o seu cachorro – o fantasma deveria estar possesso com isso – ou se deixava o fato de Gary estar consideravelmente perto de mim tomar conta do meu cérebro e guiar minhas ações. Tentei me controlar e observar ela correr, até que estivesse um pouco longe para poder falar com segurança. Tudo o que eu menos queria agora era ter que inventar uma historia. Mas eu sabia que teria que fazer isso logo, logo. Ainda mais depois de ter puxado Gary de forma brusca.

Gary se afastou um pouco de mim e para o meu alivio a mulher estava tomando uma boa distancia agora. - Que diabos foi isso? – Ele falou, passando a mão no rosto. Um gesto já tão conhecido que eu tive que me segurar mais uma vez para não sorrir. Tudo bem, podem me chamar de doida, mas era reconfortante poder ver assim ao vivo, mesmo que fosse um gesto que dizia que Gary estava irritado e ao mesmo tempo cansado com o que se passava, sem contar a impaciência. – O que você aprontou agora, Mary Wendy? – Fiz careta quando ele falou meu nome todo. Ele tinha que sempre começar as broncas desse jeito? Maldito nome. Vi seus olhos baixarem e ele olhava para o meu braço. Fiz o mesmo percebendo que tinha arranhado, na pressa de puxá-lo para trás das arvores. Acho que eu estava começando a ficar imune a pequenos machucados, pois eu não havia sentido, não até que o arranhão tivesse me chamado a atenção.

– Olha o que você fez... – Ele falou, de forma mais calma, pegando o meu braço e examinando o arranhão. Estava mais para um vergão ou algo assim, mas não fora nada demais. Eu ia falar isso quando ele passou o dedo com leveza no machucado. Senti minha pele arrepiar a esse toque e prendi a respiração. Ele soltou meu braço e passou a mão no rosto mais uma vez, logo em seguida e eu comecei a respirar fundo, tentando me recompor. Agora, só porque eu havia notado o arranhão, ele começava a arder.

– É só um arranhão, acho que você vai poder manter o braço. – Ele falou, tentando fazer piada. Dei uma risada leve e curta, e suspirei mais uma vez. Ele também parecia desconfortável com alguma coisa, alem da vontade de continuar a me passar sermão. Mas porque não havia começado ainda? Gary jamais desperdiçava uma oportunidade de falar poucas e boas para mim.

Encostei na arvore, pensando em como eu deveria começar a me explicar. Eu poderia aproveitar esse momento de distração e desviar do assunto, dizendo que deveríamos ir embora, mas não achei justo. Seria tão feio não explicar nada para Gary, mesmo que não fosse a verdade... Olhei para baixo e vi que meus joelhos estavam sujos e igualmente arranhados e levantei a cabeça para que Gary não percebesse, pelo menos ainda. Mas era um pouco tarde e ele olhou na mesma direção. Bem, eu definitivamente não conseguiria deixar aquilo pra lá, não agora.

Respirei fundo mais uma vez e tentei fazer minha cabeça raciocinar de forma rápida. Eu estava de vestido, não poderia correr no parque desse jeito. Também não tinha o costume de fazer cooper e não sei se ele acreditaria que eu passara a fazer isso depois que ele fora embora. De toda forma, algumas coisas poderiam mudar, mas ainda tinha o fator do vestido. Só havia uma desculpa e era das piores possíveis.

-Bom, eu estava no hospital até uma hora atrás, antes de liberarem o horário de visita de Grace...- Comecei com a verdade, isso era bom. -Então, eu lembrei que tinha que pegar uma blusa pro meu pai, pois estava esfriando e sai de lá com o intuito de voltar logo.- Ok, meia verdade agora. -Daí, eu decidi cortar caminho pelo parque...- pronto, começara a mentira deslavada. Era incrível como eu não sabia atuar fora dos palcos. Comecei a torcer as mãos, ainda encarando-o. - E na minha distração, eu tropecei nessa moça que passou, fazendo o cachorro dela se soltar e fugir.... – A ultima parte era quase verdade. Ponto pra mim! -Por sorte ela se preocupou mais em ir atrás do cachorro, só que aquele guarda desocupado...- Apontei com a cabeça. -Deve ter achado que eu fiz de propósito!- Mordi o lábio com mais força. Como eu conseguia ser tão mentirosa assim? Aliás, uma péssima mentirosa.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptyDom Mar 01, 2009 12:08 am

Depois da minha demanda por explicações, houve uma pausa bastante sugestiva. Esse seria o momento em que Mary estaria construindo a sua explicação mirabolante. Eu quase podia ouvir o barulho da maquinaria processando as idéias. Havia sido sempre assim. Por anos eu engoli as suas desculpas. Argumentava inicialmente, tentava fazê-la dizer a verdade, mas após algum tempo percebi que era simplesmente inútil. Por mais que eu desejasse que ela confiasse em mim o suficiente para me dizer a verdade sobre tudo o que estava acontecendo, não poderia forçá-la e em algum momento, parei de tentar.

Sem falar nada, Mary abaixou a cabeça. Eu fiz o mesmo e acabei vendo algo que ela também parecia ter acabado de constatar. Seus joelhos estavam sujos e ralados. Conseqüência provavelmente de uma queda. Queria ver qual seria a explicação dessa vez. Lancei para ela um olhar significativo, que ela convenientemente evitou. Preferi não falar nada e apenas esperar até que toda a confabulação terminasse.

- Bom, eu estava no hospital até uma hora atrás, antes de liberarem o horário de visita de Grace. Então, eu lembrei que tinha que pegar uma blusa pro meu pai, pois estava esfriando e sai de lá com o intuito de voltar logo. Daí, eu decidi cortar caminho pelo parque... E na minha distração, eu tropecei nessa moça que passou, fazendo o cachorro dela se soltar e fugir.... Por sorte ela se preocupou mais em ir atrás do cachorro, só que aquele guarda desocupado... Deve ter achado que eu fiz de propósito!

Prestei atenção a toda a explicação em silêncio, apenas assentindo com a cabeça em alguns momentos para mostrar que eu estava entendendo. Entendendo o raciocínio, mas não necessariamente acreditando em toda a história. Quer dizer, provavelmente tinha a sua verdade ali dentro, mas... Tropeçar na mulher com o cachorro? Alguma coisa aí não cheirava bem. Por um momento, pensei em confrontá-la, em demandar a verdade de uma vez por todas. Acabar com todas aquelas desculpas de uma vez. Mas desisti logo no momento seguinte. De que adiantaria? Mesmo se ela cedesse e me contasse a verdade... De que adiantaria saber? Não a faria desistir do que quer que fosse que ela estava fazendo e no final das contas ela teria me contado apenas por efeito de pressão. E acima de tudo, eu não queria estar mais envolvido com Mary Wendy Bennington do que eu já estava. Eu já passava bastante do limite do saudável do jeito que estava.

Assentindo com a cabeça mais uma vez, disposto a concordar e aceitar tudo, olhei para o relógio no pulso. Estava na hora de eu inventar uma desculpa e voltar para o apartamento. Já fazia bastante tempo que eu havia saído e Chloè estava sozinha. Porém, antes que eu pudesse maquinar a desculpa, senti o celular vibrando no bolso. Peguei-o imaginando que deveria ser ela e pensei em como seria constrangedor falar com ela na frente de Mary. E então pensei em por que seria constrangedor. Quer dizer, eu estava com Chloè agora e mais cedo ou mais tarde Mary saberia disso. Chloè seria a minha proteção. Ela evitaria que eu caísse no mesmo erro duas vezes.

Mas não era ela, no final das contas. Era Richard. Avisando a Mary que era o pai dela ligando, atendi. Falei com ele por uns dois minutos e depois desliguei. Havia sido conveniente; agora eu não precisava mais inventar um motivo para ir embora. Me senti mais leve naquele momento. Mais confiante de que poderia deixar tudo de lado. Uma vez que voltasse para casa, poderia pensar sem estar sob os efeitos de Mary e poderia racionalizar tudo aquilo, deixar o passado de lado.

- Seu pai estava preocupado porque você ainda não tinha chegado em casa. – Comecei, colocando o celular de volta no bolso da calça. – Você deixou o celular lá... – Suspirei, dando uma pausa meio embaraçada. – Ahm... Acho que... Você deveria ir pra casa agora. Eu te acompanho até lá... O... guarda pode achar estranho se você sair daqui sozinha... – Acrescentei a última parte para ter um motivo para levá-la. Apesar de não ser o único motivo, eu simplesmente não podia arriscar que ela arranjasse mais confusão no caminho pra casa. Tinha que ter certeza de que ela chegaria em casa. E inteira, de preferência.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptyDom Mar 01, 2009 12:49 am

Olha, eu sabia que Gary não acreditava exatamente em minhas historias, mas das vezes que ele tentou arrancar de mim a verdade, não dera muito certo. Eu meio que acabava deixando a historia tomar conta da minha mente, para que não caísse na tentação de falar a verdade. Você pensa que eu já não tive vontade de contar para ele o porque de tudo isso? Claro que sim, mas não vou voltar a dizer que eu tinha medo e que ele poderia me chamar de doida pra baixo.

Eu mordi o lábio com tanta força, esperando a sua resposta, que chegou até a doer. Vamos dizer que se ele não soubesse que eu fazia coisa suspeitas, até seria fácil de acreditar nessa história, mas mesmo assim, esperei ele falar alguma, começando a ficar apreensiva. Pois em nenhum momento do meu relato ele disse alguma coisa, ou mudou a sua expressão. Eu talvez até pudesse imaginar que ele estava pensando que era sempre da mesma forma.

Pode até ser imaginação minha, mas eu senti bem de leve que ele iria indagar, me fazer dizer a verdade de uma vez por todas, pois como ele vivia me salvando, nada mais certo do que ele saber do quê ele estava salvando. Mas por fim, ele pareceu desistir e se resignar de que eu não tinha mesmo jeito. Olha, era bem ruim perceber que ele meio que estava desistindo de mim, como se eu fosse um caso perdido e isso me deixou chateada. Mas muito mais chateada por não poder resolver aquilo, sabe.

Ele assentiu com a cabeça mais uma vez e olhou no relógio. Céus! Papai deveria estar super preocupado e eu nem tinha visto Grace aquele dia. Esperava que ele não tivesse ficado bravo comigo e que ainda não estivesse em casa. Eu estava realmente cansada para ter que dar mais explicações. Eu ia pedir que Gary me ajudasse só mais uma vez e dissesse que nós havíamos nos encontrado, quando ele enfiou a mão no bolso, pegando o celular. Gary me avisou que era meu pai, antes de atender. Mordi a língua e esperei que ele terminasse a ligação.

A chamada foi rápida. - Seu pai estava preocupado porque você ainda não tinha chegado em casa. – Ele falou, guardando o telefone no bolso. Bem, não era novidade que quando as coisas começavam meio mal, o restante corria ainda pior. Mas eu tinha esperanças. – Você deixou o celular lá... – É, como eu nem havia ido em casa depois do hospital, acabei me esquecendo desse detalhe. Ahm... Acho que... Você deveria ir pra casa agora. Eu te acompanho até lá... O... guarda pode achar estranho se você sair daqui sozinha... – Gary falou, meio hesitante, mas eu estava pensando em como me livraria de meu pai.

- Hmm... Gary, posso te pedir mais um favorzinho? Diga pro meu pai que eu estava com você esse tempo todo? Por favooor! – Implorei e enquanto saiamos do parque que eu me toquei das palavras dele. Ele tinha dito que ia me deixar em casa? Como assim? Ele não ia ficar na casa de Richard? Me virei pra ele rapidamente. -Espera ai? Se você não vai ficar em casa, pra onde você vai?- Minha voz transparecia pura ansiedade. Será que ele ia ficar por pouco tempo? Esse pensamento me desesperou um pouquinho e esperei ansiosamente por sua resposta, pois eu não poderia deixar que ele fosse embora de novo.
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MensagemAssunto: Re: It will always be that way? - rp fechado   It will always be that way? - rp fechado EmptyDom Mar 01, 2009 1:20 am

Eu começava a ficar mais confiante. Sim, eu deixaria Mary em casa, voltaria para o apartamento e tudo voltaria a ser como na Irlanda, simples. Lá tudo parecia tão mais fácil. Era um bom lugar para se viver. Várias vezes eu desejei levar minha mãe de volta, mas eu sabia que, independente de onde estivesse, ela ficaria melhor com Richard. Ele era mais devoto a ela do que qualquer outro homem – exceto eu, claro – já foi na vida dela, incluindo o meu pai. Esse foi um ponto importante para que eu pudesse deixar Carmel razoavelmente tranqüilo. Eu sabia que ela seria bem cuidada. Mas ainda assim, não podia deixar de me culpar por não estar por perto quando ela teve a crise. Ela estava acostumada com a minha presença e, como qualquer coisa pode contribuir para causar suas crises, a minha ausência pode ter muito bem sido um fator.

Tentei deixar esse pensamento de lado e me focar no momento atual. Acompanhar Mary até a sua casa. Sua casa. Esse já era um conforto. Saber que eu iria vê-la, mas não voltaria à rotina de me preocupar com o horário em que ela chegava ou com quem ia sair. No final do dia, eu poderia simplesmente ir para um lugar sossegado e esquecer o que quer que houvesse acontecido anteriormente. Mas aquela casa com certeza traria lembranças. E eu teria que enfrentá-las mais cedo ou mais tarde, era inevitável. Coloquei as mãos nos bolsos da calça e me coloquei andando ao lado de Mary.

- Hmm... Gary, posso te pedir mais um favorzinho? Diga pro meu pai que eu estava com você esse tempo todo? Por favooor!

Suspirei. Não tinha jeito, nada mudaria. Só deus sabe o que Mary esteve fazendo esse tempo todo, mas mais uma vez cabia a mim fornecer o seu álibi. E o pior era que Richard confiava em mim. Se eu dissesse que Mary estava comigo, ele acreditaria e confiaria que ela estava em boas mãos. Confiaria em mim mesmo que eu não tivesse absolutamente nenhuma idéia do que ela estava aprontando. Isso me perturbava, mas eu não podia simplesmente negar aquilo a ela. Nunca pude e certamente não poderia agora. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, porém, ela pareceu processar o que eu havia dito antes e disse, com uma certa ansiedade:

- Espera ai? Se você não vai ficar em casa, pra onde você vai?

Abaixei a cabeça, sem querer encará-la naquele momento, por algum motivo. Não sei por que, mas contar para ela que eu havia alugado um apartamento não me pareceu uma idéia muito agradável antes. Não sabia exatamente porque isso a incomodaria, mas por um momento tive a impressão que a idéia de que eu não voltaria para casa a afetou profundamente. Alguma coisa no tom que ela usou. Mas eu logo deixei de lado essa questão. Com certeza era apenas mais uma manifestação da sua índole dramática.

- Eu aluguei um apartamento... Não muito longe daqui, na verdade. – Disse, tentando usar um tom casual. – Já estava na hora de eu desocupar a casa de vocês e arranjar o meu próprio espaço. – Forcei um sorriso. Mary ficou em silêncio por algum tempo e eu não consegui decifrar o que ela estava pensando. Alguma coisa estava diferente nela, eu achei. Não sabia exatamente o quê e não tive muito tempo para refletir, já que chegamos à casa dela em menos de cinco minutos. – Aqui estamos. Você está entregue... Sã e salva. – Voltei o olhar para os joelhos dela e depois para o braço arranhado. – Ou quase isso. – Ri, um pouco mais relaxado agora. As coisas iriam se acertar com o tempo. – Eu... Vejo você depois, então. – Meio sem saber como me “despedir”, me aproximei de Mary e lhe dei um abraço desajeitado. O cheiro do seu cabelo me fez me distanciar rapidamente. Melhor não forçar a barra nessas horas. Sorri para ela e me afastei, dizendo a mim mesmo que simplesmente iria sair dali sem olhar para trás.

Mais uma doce ilusão. Ah, metáfora irritante...


[off: Concluído! =)]
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