I'm sorry. [fechado! õ/]

Eu sou estúpido.

Esse é um fato que não posso negar, tenho de admiti-lo.

Quero dizer, foi a maior idiotice já cometida. Eu não deveria ter beijado Anne.

Então aqui estava eu, na frente da porta da casa dela (o endereço estava no iPhone), com um buquê enorme de rosas e seu celular no bolso.

Toquei a campainha, e limpei o suor que teimava em brotar em minhas mãos na calça. Uma mulher um pouco parecida com Anne atendeu.

- Oi, Sra. McRish. – cumprimentei-a, com meu melhor sorriso. – Sou um amigo da Anne, e soube que ela torceu o tornozelo, então... – parei, incapaz de continuar.

- Ah, querido! – ela abriu um grande sorriso. – As flores são para ela? – ela perguntou, e eu confirmei com a cabeça. – Que gentil de sua parte! Entre, querido. Qual seu nome?

- William, senhora. – disse, depois que ela fez um gesto para que eu entrasse.

Então, eu vislumbrei Anne, esparramda no sofá, o pé engessado para cima, e um ar de entediada, zapeando os canais na TV de plasma.

- Anne, querida, você tem visita! – a mãe dela anunciou. – Vou deixar vocês a sós. – ela disse para mim, com uma piscadela, disparando para um lugar da casa.

Será que essa é mesmo uma boa idéia?, perguntou uma vozinha em minha cabeça.

Com certeza, não.

- Oi. – consegui murmurar por fim.

O olhar que ela me mandou não foi nada gentil.

Já havia passado mais ou menos uma semana desde que o episódio do beijo tinha acontecido.

Mas ainda assim eu não havia conseguido esquecer aquele rosto, aquela voz, aquele gosto...Talvez eu não devesse ter dado um tapa nele e sair em disparada. Mas eu conhecia ele nem a um dia...suspirei, me perdendo naqueles pensamentos, longe do programa que passava na televisão à minha frente.

Porque, bem, eu não poderia mesmo sair de casa por um bom tempo. Um mês, pra falar a verdade. E ainda tinha perdido meu iPhone. Que lindo.

Eu tinha chegado em casa pingando água no carpete, e Sarah só não me trancafiou em casa de castigo por causa do tornozelo machucado, que, por sinal, teve que ser engessado. E meus dias dali em diante se resumiam a ficar pulando de canal em canal na tevê. E claro, comer muita porcaria. Eu ia ficar uma baleia se não parasse com aquilo.

Enfim, lá estava eu, com cara de tacho, procurando algo de bom, ou melhor, tentando encontrar House nos canais da TV a cabo.

Quando a campainha tocou, mamãe se levantou das contas do mês para atendê-la. Eu nem dei muito bola, provavelmente era um daqueles vendedores ambulantes. Sarah estava demorando demais para sair do hall e bater a porta na cara do sujeito - Anne, querida, você tem visita! - Visita? Mas que...eu não conhecia praticamente ninguém naquela cidade.

Até que ouvi uma voz conhecida. Conhecida demais para o meu gosto - Oi - Falou, com um murmúrio. Era quem eu menos esperava. Afinal, eu tinha batido nele, lembra? Deu vontade de pular no pescoço dele e falar algo como "Porque você demorou tanto seu panaca? Eu gosto de você, desculpa ter te batido, eu estava de TPM!" mas eu ainda tinha amor próprio, e eu só olhei para ele, reprovadora - Como você tem coragem de vir aqui depois do que fez, Bennett? Saiba que... - Então eu olhei o enorme buquê de rosas que ele trazia na mão, e derreti ali mesmo - Aww, essas flores são pra mim? - Perguntei, com o meu tom de voz mudando bruscamente. Porque ele tinha de ser tão fofo?

Ela parecia querer voar em meu pescoço.

E eu, sinceramente, só acho que ela não o fez por causa do pé engessado.

- Como você tem coragem de vir aqui depois do que fez, Bennett? Saiba que... – ela começou, e parou repentinamente, os olhos de uma cor bonita se fincando em minha mão.

A que eu carregava o buquê.

- Aww, essas flores são pra mim? – ela perguntou, sua voz assumindo um tom mais gentil quase que imediatamente.

- São sim. – respondi, indo até ela. – Espero que goste... – divaguei, sem ter muita idéia do que falaria a seguir. – Olha, Anne, me desculpe, ok? Eu... – me interrompi, passando as mãos nos cabelos, suspirando. – Foi mal. Será que você pode me desculpar? – pedi, olhando-a nos olhos.

Eu não sei o motivo, mas aquela garota significava algo para mim. Algo especial. E eu queria muito que ela me perdoasse.

Onde estávamos? Ah, na parte que eu pedi se as flores eram pra mim.

- São sim – Ele respondeu, chegando mais perto – Espero que goste... – Continuou. Mas afinal, que garota não iria gostar de um buquê enorme de rosas? Eu respondo. Nenhuma - Olha, Anne, me desculpe, ok? Eu... - Will deu uma pausa e passou as mãos nos cabelos, suspirando, aflito – Foi mal. Será que você pode me desculpar? – O loiro terminou, olhando fundo nos meus olhos.

Eu me ajeitei no sofá, dando espaço para ele sentar - Will...quem deve desculpas a você sou eu. Não devia ter te dado um tapa, muito menos fugido daquela maneira - Que? Adrianne Jolie McRish admitindo a culpa? Tem caroço nesse angu! Quer dizer, eu nunca, sobre hipótese alguma, havia falado que tinha feito tal coisa errada. Sempre colocava a culpa em outra pessoa.

Eu devia estar hipnotizada por aqueles olhos verdes. Ou então ele era especial para mm de alguma maneira que eu ainda não havia descobrido. Vai saber.

- Will... quem deve desculpas a você sou eu. Não devia ter te dado um tapa, muito menos fugido daquela maneira – ela se desculpou.

Eu acho que fiquei chocado com o pedido de desculpas.

- É, o tapa doeu mesmo. – falei, rindo.

Eu esperava de verdade que ela não estivesse chateada comigo.

- Ah, – me lembrei do iPhone – você esqueceu. – disse, tirando o celular do bolso.

Me sentei no sofá, e pus o aparelho na mão dela.

- Como vai o tornozelo? - inquiri, olhando para o gesso azul. - Eu não sabia que teria te engessar... - completei com uma careta.

Spoiler:

- É, o tapa doeu mesmo – Falou ele, rindo - Ah, você esqueceu - Continuou, enquanto tirava do bolso um iPhone azul...o meu iPhone! Sentou ao meu lado e o colocou na minha mão. A minha vontade era abraçar o Will, mas me controlei e apenas falei um obrigada, enquanto guardava o telefone no bolso da bermuda.

- Como vai o tornozelo? - Perguntou, olhando o gesso que ia da metade do meu pé até um pouco abaixo do joelho - Eu não sabia que teria te engessar... - Terminou, fazendo uma careta. Dei uma risada - Acredite, nem eu sabia. Deu vontade de gritar com o traumatologista quando ele disse que eu iria colocar "um gesso bem bonito aí". A única coisa boa é que, hm, o pessoal pode deixar a marca - Falei, enquanto pegava uma caneta na mesinha de centro da sala - Quer ser o primeiro a assinar? - Inquiri, estendendo-a para Will.

Spoiler:

- Quer ser o primeiro a assinar? – perguntou Anne, me estendendo uma caneta.

Eu engoli em seco. Não estava certo do que escrever, então escrevi na minha melhor caligrafia: “Quer ir ao cinema?”

Eu esperei que ela se virasse e lesse o que eu havia escrito, para então perguntar:

- E aí, o que acha?

Spoiler:

Quer ir ao cinema?

É. Acho que ele teve um jeitinho especial de deixar sua marca. O meu coração deu um pulo esquisito quando eu li aquilo. Quer dizer, eu não estava gostando do Will daquele jeito. Então não há razão para o meu músculo cardíaco ficar tendo seus pileques. Ceeeerto?

É, eu acho. Enfim, eu dei meio que um sorriso e...

Augh. Porque diabos eu estou fazendo isso? Ele atrapalhou uma luta minha, me fez torcer o tornozelo e me beijou sem permissão. Porque ele acha que vai ter meu perdão com rosas e um sorriso de derreter qualquer uma, os olhos verdes e....acorda Adrianne!

- E aí, o que acha? - Perguntou o loiro, olhando para mim.

Aquele simples gesto fez meu rosto simplesmente pegar fogo. O que estava acontecendo comigo?

O que aconteceu a seguir deixou a mim mesma espantada, de um modo que eu não sabia que poderia acontecer. Eu simplesmente peguei a mão dele, e, entre aquelas linhas fundas da palma de Will, um "Sim" foi escrito, com a letra mais caprichada que eu possuía, lentamente.

Voltei a olhar o verde faíscante dos olhos do loiro que até aquele momento estava fixado em mim. Um sorriso se abriu devagarzinho no meu rosto.

Não acredito que fiz aquilo.

Ela ficava linda corada.

Seu rosto estava de um vermelho encantador, enquanto ela pegava a minha mão e escrevia sua resposta. Um “Sim” no que pude descobrir, era a sua caligrafia mais bonita.

Ela levantou a cabeça e me olhou nos olhos, ainda vermelha.

Eu dei um sorriso de lado e a puxei para mais perto de mim.

Quando dei por mim, nós já estávamos nos beijando de novo.