Can you kill me please? [fechado]

PÉÉÉ!
- Ah, droga - Resmunguei, dando um tapa no despertador. Eu devia ter comprado um que tivesse um barulho menos irritante. Tinha voltado às 4 da manhã na noite anterior e a minha vontade de levantar era igual à de uma vaca para ir ao abatedouro. Nenhuma. Mas eu ainda tinha um pouco de bom-senso na cabeça, e sabia que se não estivesse no aeroporto em meia hora ia perder o emprego.

Afastei as cobertas e fui ao banheiro fazer...bem, o que todos fazem lá quando acordam. Não é preciso detalhes sim? Enfim, depois de tomar um banho frio pra tentar tirar a ressaca de ontem, eu tive que colocar terno. Essa é a pior parte de trabalhar no FBI. Nas missões os homens SEMPRE tem que usar isso. E vou te contar, aquela gravata aperta.

Porém, eu sou a personificação da preguiça e demorei meia hora para sair de casa, contando que tive que catar a minha pasta por aí, já que eu nunca me preocupo em arrumar meu apartamento. Um dia eu faço isso. Um dia bem longe do presente, mas vai acontecer.

O trânsito de Washington não colaborou em nada e eu cheguei ao aeroporto com 15 minutos de atraso. Considerando que meu recorde é 53 minutos, eu não estava tão despontual. Eu acho.

Enfim, quando eu consegui chegar à minha parceira, que devo dizer que era muito mais gostosa pessoalmente(posso estar à trabalho, mas AINDA sou homem, com licença), fiquei pensando que talvez não fosse tão ruim ter missões em dupla. Quer dizer, se todas as minhas parceiras fossem iguais a ela, eu estaria satisfeito. Foi então que Erica abriu a boca, e a partir daquele momento, eu soube que estava lidando com alguém difícil. Muito difícil - Obrigada por me fazer ficar esperando, Castus. Da próxima vez seja pontual, por favor, e se apresse, temos que chegar no hotel em 30 hora, para que possamos ir à reunião do prédio do Governo - Eu, afrouxando a gravata(aquilo é o que conheço mais próximo de uma forca), respondi - De nada srta. Waters. E pontualidade é algo que estou trabalhando, não está disponível atualmente. E por favor, me chame de Matt. Castus é algo...muito incondizente comigo - Terminei a frase com um sorrisinho sarcástico, que eu sabia que iria irritar ela. Era de propósito.

De nada srta. Waters. E pontualidade é algo que estou trabalhando, não está disponível atualmente. E por favor, me chame de Matt. Castus é algo...muito incondizente comigo

Eu suspirei, tendo agora a certeza de que as coisas podiam ficar ainda piores do que já estavam, afinal, meu parceiro gato parecia uma criança irresponsável, e fiquei me perguntando como o FBI deixava entrar esse tipo de gente na corporação. Patético

-Eu não o conheço para que eu possa chamá-lo pelo primeiro nome, Castus, portanto, vamos deixar as piadinhas e o sarcamos para seus amigos de farra, ok? - falei, deixando que o rapaz pegasse minhas malas.

Eu olhei para o rapaz a minha frente, realmente, ele não tinha cara de ser nenhum pouco casto....ri internamente com meu próprio pensamento.

Então entramos no carro, e seguíamos para o hotel, quando resolvi tentar ser um pouco menos grossa do que antes [ou tentar, ao menos]

- O que voce sabe do caso?-perguntei, enquanto agora via que o hotel estava mais perto

A resposta dela não me agradou. Acho que não agradaria nem um ser humano na face da terra, pelo tom agressivo e o olhar petulante - Eu não o conheço para que eu possa chamá-lo pelo primeiro nome, Castus, portanto, vamos deixar as piadinhas e o sarcamos para seus amigos de farra, ok? - Falou, enquanto me estendia suas bagagens. Eu sei que nós, os homens, devemos ser cavalheiros e tudo mais, mas não sou burro de carga. Quer dizer, ela me deu umas 3 malas grandes para carregar, levando em conta as minhas.

Aceitei as bagagens com um sorriso (ainda que falso, era um sorriso) e começei a caminhar à sua frente. Quando chegamos ao carro, coloquei tudo no porta malas e, tentando recuperar a sensitividade nos braços, abri a porta para ela e em seguida entrei no automóvel.

O motorista começava a virar a esquina próxima ao hotel quando Erica me perguntou, com um tom mais civilizado - O que voce sabe do caso? - Enquanto ela falava, eu remexia na minha pasta e já havia retirado os arquivos de Elizabeth Parrish quando respondi à pergunta - O mesmo que você sabe, provavelmente. O que ainda não me ocorreu é o motivo de aquela mulher ter matado toda essa gente e porque está em uma cidade tão pequena, onde poderia ser facilmente encontrada - Falei, passando a mão nos meus cabelos.

O mesmo que você sabe, provavelmente. O que ainda não me ocorreu é o motivo de aquela mulher ter matado toda essa gente e porque está em uma cidade tão pequena, onde poderia ser facilmente encontrada

Eu continuei mirando a minha frente, enquanto repensava suas palavras que haviam sido as minhas também, durante todo esse caso. As mesmas indagações, e nenhum resposta havia surgido na minha mente, mesmo agora, depois de conhecer tanto sobre Ellizabeth. Eu apenas murmurei um ''sim'' audível para ele.

Poucos minutos depois paramos em frente ao hotel. Era um hotel simples, mas arrumado. Mais do que o necessário para darmos a continuação ao caso, enquanto Matthew colocava o carro na garagem, fui direto ao check-in, onde lá havia um recado para mim, dando coordenadas de que a reunião iria ser no Prédio do Governo, daqui a duas horas, mais ou menos, o que dava tempo bastante para que eu tomasse um banho e descansasse um pouco.

O rapaz entregou minha chave, quarto 37. O outro prontamente levou minhas malas e adentrei no elevador, o que provavelmente não foi uma boa idéia visto que ele parava de andar em andar para que as pessoas pudessem entrar. Levei alguns minutos a mais para chegar no meu quarto. Coloquei as malas, e logo disse que o rapaz podia sair,após a costumeira gorjeta, claro.

Finalmente um pouco de paz. Peguei a chave no meu bolso, quando ouvi um assobio por trás. Olhei para o lado e vi Matthew chegando. Perfeito, ele está no mesmo andar que eu!. Porém, ele não parou antes, muito menos passou direto, ele simplesmente parou no mesmo lugar que eu. Trocamos olhares de interrogação. Eu peguei a chave da mão dele quase que imediatamente, e tive um ataque cardíaco quando vi a numeração: quarto 37

-Não pode ser!- falei, estática.

Ela me respondeu com um vago sim, e poucos minutos depois nós adentravamos no hotel. Tratei de tirar nossas malas do carro e Erica saiu na frente, enquanto eu trancava o porta-malas e dava as chaves do automovél ao manobrista.

Ela já havia feito o check-in quando eu cheguei ao saguão e recebi instruções claras de que haveria uma reunião do Prédio do Governo dentro de duas horas. Ótimo. Odiava horários apertados, e com aquela folga daria para fazer algo que preste e comer algo, visto que eu não tinha tomado café da manhã. O carregador pegou minhas malas e deu a chave de meu quarto, 37. Acabei indo de escada no final das contas, depois de perceber que o elevador estaria lotado.

Os anos de treinamento no FBI haviam feito efeito, e eu não estava tão cansado ao chegar no andar do quarto, como estaria uma pessoa sem preparo físico. Foi quando vi Erica naquele mesmo andar, andando em direção ao seu aposento. Ah, vizinhos de porta. Que coisa linda. Então reparei que nós dois tinhamos parado na mesma porta. Imediatamente, lancei um olhar confuso a ela, que retribuiu com igual expressão. Quer dizer, porque diabos estavamos no mesmo lugar...então eu raciocinei que devíamos ter o mesmo quarto. A loiraça pegou a minha chave e olhou de volta para a própria - Não pode ser! - Disse, com uma expressão de puro pânico.

A idéia de dividir o quarto com ela não me apeteceu nem um pouco. Tenho que ter um tempo para mim mesmo, e não ficar com alguém 24 horas por dia. Quero dizer, eu já teria que trabalhar com ela, dividir o quarto não era um pouco...demais?

Enfim, se não havia outra forma, o jeito era se conformar. Mas aposte que eu iria tentar achar um jeito de mudar aquilo, ah se ia - Com licença - Falei, ainda em estado de choque, enquanto colocava a chave na fechadura e a girava, destrancando a porta. A suíte era suntuosa, com duas camas de solteiro lado a lado, uma televisão de tela plana, janelas que tinham uma vista incrível, e ar-condicionado, além do banheiro. "Um lugar digno, pelo menos" pensei, enquanto colocava as malas ao lado de um dos leitos, tirando a gravata.

Com licença -

Ele foi logo entrando, enquanto eu continuava a arranjar um jeito de sair daquela situação. Enquanto Matt entrava e começava a se organizar naquele quarto, eu fui direto até o telefone.

-Em que posso ajudar?
-Outro quarto, eu preciso de outro quarto, não há como ficar no 37
Senhora , queira me desculpar, mas não há outro quarto vago no hotel
Espera, como assim não há? Impossível isso....eu...eu vou mudar de hotel, francamente...
Creio que isso também será impossível, madame, afinal, estamos em alta estação e todos os hotéis estão superlotados, foi uma sorte vocês terem esse quarto aqui.

Eu desliguei o telefone abruptamente, então, deitei na cama ao lado da que ele estava, lamuriando a minha ''sorte''.

-Ai não...- falei,fechando os olhos. Eu não tinha como mudar aquilo, quer dizer, além de passar horas a fio com ele por causa da operação, ainda tinha que dividir o mesmo quarto? Isso é karma, só pode ser, eu devo ter sido Hitler na outra encarnação.

Eu suspirei mais uma vez, enquanto tentava me levantar, e,comecei a pegar algumas roupas na minha mala, enquanto falava.

-Eu acho que não temos outra opção senão dividir o quarto.- blusa, sabonete, toalha--Todos os outros hotéis estão lotados....lingerie, paciência..ah não, essa outra eu esqueci em casa...

Soltei um grunhido quase inaudível ao ouvir a frase da loira. Eu duvidava que conseguiria passar mais dois minutos com ela, quanto mais 2 horas. Pelo menos não sem tentar me atirar da janela. Ela parecia tratar todo e qualquer ser do sexo masculino como se esses fossem estúpidos e inúteis. O que, para alguns casos, é verdade, mas não no meu.

Parei de pensar no pior e percebi que ela começava a desfazer as malas, e não pude deixar de notar a lingerie rendada. Não que eu nunca tenha visto, tenho experiência até demais com isso. Devo ter ficado olhando tempo demais, já que ela percebeu e se apressou para entrar no banheiro, trancando a porta.

Até parece que eu iria invadir. Ok, talvez. Mas eu provavelmente seria preso por isso, ou, no mínimo teria o pescoço quebrado. A parte consciente do meu cérebro ainda não me deixa fazer coisas assim.

Enfim, enquanto Erica estava no banho, tratei de arrumar minhas peças no ármario. Não eram muitas, de modo que acabei logo, e quando me preparava para "testar" a televisão, uma escultura abriu a porta do banheiro e, enrolada em uma toalha, começou a procurar uma roupa que tinha esquecido.

Certo, da próxima vez eu não quero ficar no quarto com um tarado, fato! Sim, ele pode ser [strike] fofo, lindo, e hot[strike], mas ainda sim, o jeito com que olhou minha lingerie preta foi totalmente inadequado, e tenho dito!

De modo que isso me fez ir apressadamente para o banheiro, a fim de colocar uma roupa e ir logo para meu banho. Ah, o banho, demorei algum tempinho sentido a água quente percorrer todo o meu corpo e tirar toda a tensão que eu estava sentindo desde que entrei para esse caso, era realmente confortante e estava com um novo ânimo.

Eu então saí do banheiro , e comecei a vestir minha roupa até que.... a idiota aqui tinha esquecido a calça!. Eu saí do banheiro, totalmente vermelha por estar de toalha, e torcendo para que ele tivesse ido fazer qualquer coisa no hall do hotel. Mas não estava. Eu então fiquei mais vermelha do que imaginava ser humanamente possível quando me dei conta que, ele estava perto da cama, onde estava minha toalha, e eu não conseguia achar minha calça.

- Se importa de continuar a assistir televisão? Não tem nada muito importante aqui....- falei, envergonhada e irritada. até que consegui encontrar minha calça, saí correndo para o banheiro.

Vesti então uma calça jeans skinny, que ficava muito bem em mim, e era compatível com o clima e a ocasião, vesti uma blusa branca, perfume, brincos, e saí do banheiro, penteando meus cabelos molhados.

- Humn...você...você vai para o banheiro?- perguntei, tentanto parecer casual

Assim que eu bati os olhos nela, Waters começou a ficar vermelha, muito vermelha. O meu rosto estava em igual tom, se não pior. Com a voz tremida, ela falou, tentando achar uma peça de roupa em sua mala. Dava para sentir a vergonha dela através das vibrações sonoras, acredite - Se importa de continuar a assistir televisão? Não tem nada muito importante aqui... - E eu obedeci imediantamente, mexendo em qualquer botão do controle remoto e mudando para um canal qualquer, ao qual eu não prestei a menor atenção enquanto Erica se vestia no banheiro.

Só ficava pensando o porquê de eu ter ficado tão vermelho quanto ela, já que quem estava claramente em uma situação embaraçosa era a loira, e não eu. Mas mesmo assim senti meu rosto queimar. Estranho, muito estranho.

Quando ela saiu do banheiro, ainda um pouco corada, perguntou se eu iria usá-lo. Foi então que eu percebi que com toda aquela "movimentação", eu havia esquecido de arrumar minhas coisas para o banho. Tratei de pegar o que precisa-va e me mandar para o chuveiro.

A água morna-quase-fria refrescou minha cabeça e quando eu saí do banho ainda faltava uma hora para a reunião. Tempo de sobra para dormir e descansar. O que não significava que eu iria fazer exatamente isso.

Dessa vez que entrou no banheiro foi o Matt. ESPERA! Matt? até há pouco eu não o estava chamando de Castus? OH gosh, há algo de podre no reino da Dinamarca, mas eu não podia pensar nisso agora quando há pouco tinha passado uma das maiores vergonhas da minha vida, sair de toalha na frente de um rapaz que eu conhecia há alguns minutos.....

Então eu deitei um pouco na cama, tentando colocar meus pensamentos em ordem, e passando as coisas do caso em minha cabeça, mas não adiantava, eu já sabia de tudo, não conseguia mais me concentrar sem que a dor-de-cabeça voltasse.Olhei para o relógio, ainda faltava uma hora para a reunião. Peguei o controle remoto e suspirei, colocando em um canal qualquer, que passava a reprise de uma sitcom. Na mesma hora Matthew saiu do banheiro.

-Oh, ao menos você não esqueceu suas vestimentas em algum lugar...- falei, para puxar assunto, mas depois me dei murros mentais por ter falado uma idiotice dessas.

-Ahn...ainda falta uma hora para a reunião, e está próximo do horário de almoço, eu creio que pedirei comida no quarto, você quer comer aqui também, ou vai para o hall?- desde quando eu me tornei tão gentil? Deixe isso, Erica, está aqui para resolver um caso, e não fazer amiguinhps...

Encontrei ela deitada na cama, assistindo algo para que eu definitivamente não ligava a mínima. Enquanto eu estendia minha toalha no cabideiro, Erica disse, em um tom sarcástico - Oh, ao menos você não esqueceu suas vestimentas em algum lugar... - Ao que eu ri, e depois falei, tentando fazê-la se sentir menos desconfortável com a situação - Ah, não se estressa...acontece - Ok, essas coisas não acontecem seguido, já que não e todo dia que você divide o quarto com um loira que aparece só de toalha catando uma calça. Não mesmo. Mas o que mais eu poderia dizer?

Um silêncio estranho se instalou entre nós dois, em que eu olhava a tevê, fingindo prestar atenção no programa, enquanto na verdade pensava porque havia ficado tão vermelho quando ela tinha saído semi-nua do banheiro. Eu já tinha visto mil vezes coisas até mais...invasivas do que isso, e nenhum rubror tinha subido para minha face. Algo MUITO estranho estava acontecendo.

Enfim, ela falou algo, dissipando a aura desconfortável que havia estado entre nós até poucos segundos atrás - Ahn...ainda falta uma hora para a reunião, e está próximo do horário de almoço, eu creio que pedirei comida no quarto, você quer comer aqui também, ou vai para o hall? - Eu respondi quase imediatamente que ficaria com ela lá em cima, já que não estava com muita vontade de descer até o hall. Pegando o telefone e começando a apertar os dígitos, perguntei - Você vai querer o que? -

Enquanto eu esperava a resposta dele, ele havia me surpreendido com a rapidez de sua resposta e de sua ação, mal respondeu e já havia pego o telefone, e discava para os números...

Você vai querer o que?

-Ahn...não sei, talvez...ahn...escolhe algo aí para mim também, qualquer coisa para mim está bom- porque, afinal de contas eu não estava lá com tanta fome assim.

Então ele fez o pedido, e sentamos , cada qual em sua cama, assistindo sem realmente ver [se isso faz algum sentido lógico] o que estava passando na televisão, fazendo alguns comentários esporádicos.

Logo então a campanhia tocou, e um garoto sardento trouxe a comida em um carrinho, colocou para dentro, e, junto com a refeição, veio uma garrafa de champagne, e outra de vinho.

-Meio cedo para o champagne...- murmurei.

Então nos sentamos em uma mesa, e começamos a comer, em silêncio, situação esta que não estava me deixando confortável, e olhe que para me deixar desconfortável exige um bom esforço físico e mental, mas, por algum estranho motivo, eu estava assim agora. Fui pegar um guardanapo que estava próximo a mim, e, na mesma hora, Matt resolveu fazer a mesma coisa, de modo que nossas mãos se tocaram.

Tá, e nesse momento a gente faz um pause, porque...bem...porque foi realmente igual àqueles filmezinhos românticos e melosos, onde uma onda elétrica perspassa o corpo, mas, o que eu vou dizer? Foi assim mesmo tá? Tirando o detalhe que eu não estava a fim do Matt, porque...bem, porque ele é meu co-worker, horas.

A única coisa que eu pude dizer aquele hora foi...

-Então...o caso...

Assim que perguntei, a loira respondeu que para ela qualquer coisa servia. Quase fiz aquela piadinha do "qualquer coisa não tem", mas fiquei quieto e pedi um filé mignon para nós dois, torcendo para que Erica não fosse vegetariana.

Enquanto a comida não chegava, ficamos assistindo televisão, sem realmente prestar atenção no que o programa relatava. O meu pensamento ia longe, e eu começava a repassar o caso na minha cabeça, mas não adiantava. Já tinha feito isso milhares de vezes, e já sabia tudo o que era necessário.

Até que um rapaz ruivo trouxe a refeição em um carrinho, pondo-a na mesa. Nos sentamos e começamos a comer, e um silêncio desconfortável se instalou ali. Olha, dizem que os homens não percebem esses momentos, mas isso é uma completa mentira. Nós sabemos quando isso acontece, só não ficamos comentando uns com os outros.

Enfim, houve um momento em que fui pegar um guardanapo e Erica teve igual idéia, de modo que nossas mãos se tocaram. Naquele instante, senti uma coisa muito esquisita, algo entre um arrepio e um choque. Ela tirou a mão da minha como se tivesse encostado em ferro quente, e eu tive a mesma reação.

O engraçado era que eu ainda não sabia o porquê de eu ficar assim com aquela situação. Primeiro, o rubor sem nenhuma razão aparente, e agora isso? Tinha algo de errado acontecendo comigo, e eu iria descobrir.

Nisso, Waters falou, tentando parecer normal, o que não estava dando muito certo, se quer saber a minha opinião - Então...o caso... - E foi aí que uma cabeça feminina apareceu no meio do filé. Eu já devia estar acostumado, porque sabe, tenho esse dom desde que nasci. Mas não pude evitar dar um pulo na cadeira e olhar assustado para aquilo, que começou a falar, em uma voz estridente e irritante - Cara, você tem que me ajudar! Eu tô atravessando coisas do nada e... - Não deu mais que dois segundos até eu olhar com raiva e tampar o prato. Uma fantasma que não sabia que tinha batido as botas? Ninguém merece. Juro, tem vezes que ser mediador me ajuda um bocado, mas naquela hora tudo o que eu queria era ser alguém normal.

Até ali eu não tinha notado o olhar incrédulo de Erica sobre mim, mas não poderia culpá-la, afinal, ela não sabia que eu podia ver espíritos. E se eu falasse pra alguém, a primeira coisa que ia fazer era me mandar para um sanatório. Tentei dar um sorriso e agir com naturalidade - Poisé...acho que Parrish está sendo paga por alguém para cometer tantos crimes, não é possível que ela tenha tantas inimizades...a não ser que seja doente mesmo -

Certo, eu estava colando coisas na minha mente de que eu e Matt estávamos estranhos por problemas de fuso-horário, mentes inclinadas somente para o caso, ou coisas assim,nada mais do que isso.

Então começamos a comer falo isso esquecendo o '''episódio do guardanapo'', porque até hoje eu não sei o que foi aquilo..., mas outra coisa aconteceu... Sabe, eu não costumo criticar as pessoas, porque cada um tem seu hábito, e sua maneira de agir, de ver as coisas, e tudo, mas, eu notei uma coisa potencialmente estranha em Matthew.... ele simplesmente estava comendo, ou fazendo algo parecido, quando começou a olhar para a comida [sim, para a comida], como se houvesse alguma coisa lá. Eu juro que olhei também, pensando se tratar de um bicho, ou uma parte mal-assada, mas, juro, que não vi nada, mas que Castus parecia ver.

Estranho. E eu tinha que conviver com isso.

Os minutos restantes não demoraram a passar, e, ao fim do almoço, já era praticamente a hora de irmos para a reunião, então, eu peguei meusoculos escuros enormemente grandes, e a chave do carro. Sim, a chave do carro.

-Eu dirijo-disse, enquanto não esperava nem por uma resposta dele --Apresse-se Castus, não temos o dia todo.-esbravejei.

O resto do almoço correu normal, pelo menos no quesito de atividades paranormais. Os minutos correrram como água, e em pouco tempo, já era hora da reunião.

Foi aí que Erica colocou seus óculos, e não pude evitar fazer um comentário sarcástico, enquanto procurava meu paletó(prometi a mim mesmo que não iria mais colocar gravata) - Se queria chamar minha atenção era só ter falado Waters, não precisava colocar um par de olhos de abelha na cara - Terminei, dando um sorriso para a moça, que me encarou como se eu fosse um verme. É, eu tinha que me acostumar.

Ainda um pouco irritada, falou que iria dirigir. Eu não me opus, mas aquela provavelmente seria uma boa hora para renovar meu seguro de vida, porque, se ela dirigia do mesmo jeito que tinha paciência, meu Deus.

-----------------------------------------------------------------> CUT HERE ;

. jump to the night

Finalmente a reunião havia acabado. Eu já estava quase dormindo quando ela tinha me dado um cutucão. Francamente, se era para falar o óbvio, eu nem teria ido. Bom, finalmente eu estava em casa. Quer dizer, no hotel. Enfim, era umas 11 da noite e eu sabia que teríamos que começar a investigar amanhã cedo, de modo que eu não poderia ficar madrugando.

Eu estava escovando meus dentes quando aquela fantasma do almoço apareceu novamente. Ai Jesus. Bom, eu não gritei com ela. Mesmo porque ia ser MUITO estranho um cara no banheiro berrando com algo inexistente.

Eu pude reparar melhor nela. Tinha os cabelos escuros e lisos, que faziam um belo conjunto com os olhos azuis. Emanava aquele brilho já típico de fantasmas, e vestia calças jeans, com uma blusa preta, e parecia ter uns vinte e poucos anos.

Enfim, falei que havia vários mediadores pelo mundo, e porque ela não procurava outro. A morena, que pelo que vi já tinha descobrido que tinha morrido, falou que não havia achado mais ninguém que pudesse vê-la.

A minha vontade era mandar ela para aquele lugar, eu não podia me preocupar com espíritos naquela hora, estava no meio de uma missão - Olha moça, não é por nada, mas eu não tenho tempo para lhe ajudar - E virei as costas, indo para o quarto, sem olhar mais para a garota. Peguei no sono em poucos instantes, até, que, no meio da noite...

Um grito. Um grito MUITO alto. E adivinha de quem vinha? Se você disse a fantasma, acertou em cheio. Sonolento, peguei o relógio e o mostrador digital marcava 4:52. Sendo que eu teria que acordar dali à mais ou menos duas horas.

Tapei a boca da morena com a mão e pedi calma a ela. Suspirei fundo e pedi seu nome, enquanto tirava minha palma do rosto dela - Monnique McKinnon. E você é...? - Ao que respondi - Matt, agente do FBI e sem mais detalhes. Olha, eu só ajudo fantasmas que me ajudam, algo como solucionar crimes. E você é justamente o que eu não preciso certo? - Falei, virando de lado. Eu começava a conseguir dormir quando senti que não tinha mais travesseiro. Este, por sua vez tinha ido para o chão com violência(se é que isso é possível).

Pelo resto da noite discuti com Monnique, insistindo para que ela procurasse outro mediador para atazanar. Quando finalmente consegui dormir, era 6:09. Sonhos povoaram minha mente, e eu tinha um merecido descanso. Estava tudo ok até eu sentir algo molhado na cara e os raios de sol batendo no meu rosto.

Se queria chamar minha atenção era só ter falado Waters, não precisava colocar um par de olhos de abelha na cara

Eu só fiz olhar para ele com a cara de quem havia falado besteira, depois fui logo para o carro.

A reunião transcorreu muito bem, melhor do que eu pensava, mas ainda não tínhamos pistas concretas sobre Ellizabeth, de modo que de manhã bem cedo teríamos que trabalhar no caso com muito afinco. Dessa feita, eu resolvi ir para a cama cedo, seguido de Matt logo depois.

Confesso que demorei muito tempo para dormir, pegar no sono, e, quando estava finalmente dormindo...eu ouvi uma voz. Sim, uma voz, e que, lá no fundo do meu inconsciente, estava discernindo que era do meu parceiro.

Parei. Ouvi mais atentamente.

Mas que diabos....?

Eu me virei, ele estava falando sozinho? Por favor, ele pode ser tudo, mas acho que a esse estágio de loucura ainda nãi chegou, deve estar resmungando com alguma namorada por fones de ouvido.

Eu juro que pensei em brigar, mas....bem....eu sou vingativa, e a vingança...é um prato que se come frio...ah, e como...eu respirei fundo, e tentei dormir o máximo que eu pude. Meu telefone despertou na hora certa. Sorri internamente. Fui até a cozinha, abri a geladeira, peguei a jarra mais gelada de água que eu tinha, fui até a cama de Matt e ......

Joguei. Simples assim.

-Da-próxima-vez-seu-idiota-pense-bem-antes-de-ficar-brigando-com-suas-namoradinhas-enquanto-tem-outra-pessoa-querendo-dormir....

É Castus...você vai se ver comigo...

- AH CARALHO! - Berrei, quando senti a água gelada bater no meu rosto. Afinal, o que ela pensava que estava fazendo? - Da-próxima-vez-seu-idiota-pense-bem-antes-de-ficar-brigando-com-suas-namoradinhas-enquanto-tem-outra-pessoa-querendo-dormir.... - Ao ouvir aquilo, eu fiquei confuso ao cubo. Namorada? Eu não tenho uma desde o colegial e olhe lá! - Quê? - Naquela hora, foi tudo o que meu cerébro conseguiu formular.

Até que eu me toquei. Eu havia passado metade da noite discutindo com Monnique. Tive vontade de contar a Erica, mas sabia que não podia. Enfim, eu havia acordado com treze pés esquerdos naquele dia. Com uma puta raiva, esbravejei - Olha, você não tem nada a ver com a minha vida e nem com o que eu faço. Mais uma dessas e eu esqueço que você é mulher - Terminei, lançando um olhar desaprovador para ela e me trancando no banheiro. Ah, eu iria me vingar. Ah se ia.

Quando terminei o meu banho, estava, hm, feliz por não ter que usar algo muito formal. Vesti uma calça jeans escura e camisa pólo preta, e deixei meus cabelos naturalmente bagunçados. Coloquei minha arma dentro do jeans, onde ela não pudesse ser notada. A carteira do FBI se encontrava no bolso da camisa, e desci para o saguão do hotel, onde Erica já me esperava, impaciente - Vamos? -

Olha, você não tem nada a ver com a minha vida e nem com o que eu faço. Mais uma dessas e eu esqueço que você é mulher

Arrhn...eu sinceramente tinha a vontade de pegar no pescoço dele e esmagar todos. Agora eu sabia o que a Ellizabeth estava fazendo. Céus! Como ele era incrivelmente irritante.

Eu então resolvi trocar a minha roupa enquanto ele ia ao banheiro, como ia ser uma coisa em campo, decidi por deixar minhas roupas casuais de lado, então vesti um vestido floral, com uma meia-calça por baixo, com a arma prendendo na cinta-liga, estava perfeitamente normal.

Então eu desci, a fim de esfriar minha cabeça, mas os minutos foram passando, e passando, e a raiva só serviu para aumentar.

Vamos? -

Eu saí de trás da pilastra onde eu me encontrava, o esperando.

-Chave do carro, por favor, do jeito que você demorou, se dirigir vamos chegar muito atrasados.-disse, irritada.

Ela me olhou irritada e com uma cara de poucos amigos - Chave do carro, por favor, do jeito que você demorou, se dirigir vamos chegar muito atrasados - Até parece que eu dirijo como uma tartaruga. "Pior é você, que guia que nem uma louca e faz com que até uma saída até a esquina se torne algo perigosos para os pedestres", pensei. A vontade de falar foi grande, mas a de não levar patada foi maior e eu mordi a língua na última hora.

Enquanto andávamos em direção ao estacionamento, eu tirei a chave do bolso e joguei para ela. O problema foi que, hm, esta, em vez de parar nas mãos de Erica, se "alojou" no decote do tomara-que-caia e tomara mesmo. Quando entramos no carro, ela fechou a porta com um estron do medonho e me lançou um olhar do tipo "Se você fizer uma piadinha, morre"

Eu tive a prudência de ficar calado, não queria ter minha cabeça decepada naquela manhã. E a loira novamente repetiu o que havia feito na tarde passada, enquanto íamos para a reunião. Talvez fosse uma vingança pela chave, mas o fato é que ela quase nos matou. Cheguei no lugar arfando e não pude deixar de comentar - Da próxima, EU DIRIJO - Falei, enquanto abria a porta do carro.

[OFF: ALEH DESCULPA A DEMORA. Eu admito que foi preguiça mesmo x.x Mas não me esfaqueia, please]

Tudo bem, eu resolvi que não ia matar o Matthew, ao menos não naquela hora, afinal, se seríamos parceiros, era necessário que os dois permacessem vivos, certo? ERRADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Quaando um idota, retardado, filho de uma..... mãe joga a chave em um certo lugar, as coisas tendem a ser um pouco mais violentas d que o necessario, e eu tive que respirar trinta mil vezes para não arrebentar a cara de Matt com a minha .38, mas eu respirei fundo, lembrei que poderia ir presa.

Mas descontei TUDO no carro. Ah sim, como era bom vê-lo se segurando como se fosse morrer, e, confesso, que dirigi um pouco imprudente, mas valia a pena vver a cara dele, mesmo que morrêssemos

Da próxima, EU DIRIJO

Me limitei a lançar um olhar para ele.

E fomos para a reunião.

[rp finalizado]