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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Again (fechado) Atrama

Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

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Obrigada.

 

 Again (fechado)

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Jonathan Maldok
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Jonathan Maldok


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MensagemAssunto: Again (fechado)   Again (fechado) EmptyQui Mar 12, 2009 11:56 pm

Ele poderia estar em qualquer lugar do mundo, naquele momento, nada o impedia de se mudar dali, ninguém o impedia. Mas era uma escolha própria e banal, permanecer em um lugar que nada mais traria a não ser lembranças. Talvez estas lembranças o impulsionasse e por isso ele não queria se desvencilhar delas, era a única explicação plausível para ele estar sentado na beirada de um penhasco, refletindo sobre todas as fases de sua vida, até as mais difíceis.

Ele poderia fugir destas lembranças, bastava querer, um passo a frente e tudo estaria acabado, mas ele não achou que merecesse isso, a liberdade era boa demais para servir a ele, talvez, até mesmo, pura demais.

Contudo, uma recordação em especial ocupava sua mente, uma lembrança de alguém, a única que o fazia se sentir frustrado, ainda que procurasse a paz naquele lugar perdido.

Stella, era seu nome, ele não tinha se esquecido, não que costumasse se esquecer, mas agora ele se lembrava por que era marcante e o simples fato de ele não ter conseguido o que queria, desde o começo, o frustrava internamente.

Era simples, só fazer o que fazia com os outros, mas não conseguia refletir com cautela, nem com precisão, tudo o que fazia era elaborar planos e mais planos, ainda que um menos plausível que o outro.

Um arrependimento, mais um dos muitos em sua vida. Mas achou que não fosse o momento certo e ainda teria muitas oportunidades de encontrá-la, ele esperava, assim poderia terminar o que começou, ainda que sentisse que ele era a última pessoa no mundo que Ella quisesse ver.

John respirou fundo e se inclinou para olhar a imensidão escura, a metros de distância da borda do penhasco. Uma distração. O escuro preenchia toda o buraco negro e gigantesco, situado em uma divisão da montanha.
A lua cheia, agora prata, refletia na nesga do rio que atravessava a montanha lá em baixo. Parecia minúsculo e intocável daquela altura, mas o rio era traiçoeiro visto de perto, cruel e mortal.

Aquela altura era normal que estivesse sentindo todo o frio da noite percorrendo sua espinha, ainda mais com o vento soprando forte em seu rosto. Mas de fato não sentia tanto frio que não pudesse se acostumar e como ainda estava com seu sobretudo, apenas ignorou a brisa suave, porém gelada, que percorria seu corpo.

Sorriu, satisfeito, ao se lembrar que, ao menos desta vez, este era um arrepio natural e não proporcionado por um dos seus amigos infelizes.

Estava ali, justamente para fugir deles, ainda que em lugar nenhum do mundo pudesse. Mas, pelo menos naquele momento, ele poderia respirar um ar puro e relaxar por alguns segundos, ainda que temesse que fosse pego de surpresa.

Ele chacoalhou a cabeça e apalpou o bolso de seu sobretudo, constatou, com infelicidade, que havia esquecido o maço de cigarros. Não costumava se esquecer de comprar mais, mas naquele dia havia se esquecido e não restara nada a não ser o pacote e o isqueiro, a única lembrança sólida que ele carregava em todo lugar que iria.

Praguejou um palavrão baixo e se levantou, ficando de pé, perigosamente, se inclinando mais para a beirada. Mesmo assim, ainda não iria embora, apenas se levantou, escondeu as mãos no bolso e deixou que o vento varre-se qualquer pensamento, ou lembrança, ou desgosto...

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Ella Sewall
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySeg Mar 16, 2009 8:30 pm

Uma das piores coisas em se estar morta é o tédio. Você deve compreender meu lado. Quando se está vivo, você pode sair, ver gente, conversar.

O irônico é que eu falo como se tivesse feito isso em vida.

E, como sempre acontece quando lembro da minha miserável vida como a amaldiçoada filha de Stephen Sewall, o buraco em meu coração inicia seu lamurio cortante, só aumentando minha dor por estar, bem...

Morta.

De repente, foi como se eu estivesse naquela maldita fogueira de novo, e tentei fechar tais memórias em minha mente.

Mas eu sabia que uma hora elas voltariam para me assombrar, e eu ficaria um caco. Exatamente como estava naquele instante.

Inspirei profundamente. Não era como se eu precisasse, mas tal ato, por mais sem sentido que fosse, sempre me acalmava.

E eu me permiti relaxar.

Despenquei na areia fofa como talco numa das praias de Carmel, sentindo a escuridão consumir, aos poucos, todos os lugares, inclusive o penhasco acima de minha cabeça.

Suspiro.

Repentinamente, ouço alguém sussurrar em meu ouvido. Ella, diz a voz, causando-me arrepios.

Eu estremeço de medo. Não importa quantas vezes tal coisa acontecesse comigo, creio que ficarei espantada toda vez que um mediador me chamar.

Engoli em seco, não reconhecendo a voz. Infelizmente, eu não prestara atenção, fiquei simplesmente me tremendo de medo.

Suspirando, me concentrei na voz e me materializei, exatamente no penhasco que observara de baixo.

Quando vi a silhueta escura que me aguardava, fiquei confusa. E furiosa logo depois. Mas eu era muito orgulhosa para explodir, mesmo estando realmente detestando estar na mesma presença que ele.

Engoli minha vontade de gritar com ele e estapeá-lo e perguntei, calma demais até mesmo para mim, mas torcendo os punhos:


- Sr. Jonathan. – cumprimentei, os nós de meus dedos ficando mais brancos ainda. – Por algum equívoco, o senhor me chamou?
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Jonathan Maldok
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptyQua Mar 25, 2009 4:03 pm

Seus pensamentos e lembranças se intensificavam e a única pessoa que ocupava sua mente era a fantasma da última noite, algo que o frustrava intensamente.

Não conseguia manter o pensamento centrado em só uma coisa por muito tempo, mas agora ele não conseguia é desvencilhar sua mente de outro nome a não ser: Ella.

Não gostava da idéia de ela ter fugido e nem de ele tê-la deixado fugir, mas de qualquer forma, não iria continuar a remoer aqueles pensamentos, ao menos desejaria não ficar pensando nisso, mas não estava se saindo muito bem nas suas tentativas.

"Maldição, nunca aconteceu antes!" – pensou e olhou para seus pés, vendo uma pedra pequena perto do seu coturno. Inutilmente, ele chutou a pedra e a viu quicar e cair penhasco abaixo, batendo nas outras pedras até imergir na escuridão e não ser mais vista.

Tentou se concentrar na pedra ou na terra de baixo de seus pés ou na floresta logo atrás dele, até mesmo nas estrelas mais brilhantes naquele lado de Carmel.

Mas não conseguiu...

E mais uma vez voltemos a perturbada noite na praia.

John preferia culpar a outra mediadora o que culpar a si próprio, afinal, se ela não estivesse lá e não conhecesse a fantasma tudo poderia ter sido resolvido e ele poderia estar desfrutando de mais um trabalho bem feito.

Ou quem sabe se arrependendo por isso, achou que talvez fosse melhor conversar com ela antes, odiava fazer algo precipitado e por isso, só por isso, se conformara com a idéia de deixar para resolver este problema depois.

No entanto, ainda sim, ele desejou fortemente que a mediadora não tivesse tido um bom dia, por que ele, definitivamente não estava tendo uma boa noite e a situação parecia piorar.

- Sr. Jonathan. - ouviu uma voz feminina e doce chamar - Por algum equívoco, o senhor me chamou? - disse, inteligevelmente, a voz e de tão inesperado que foi aquele som ecoando no silêncio, ele se assustou a ponto de tombar perigosamente para a beira do penhasco e lutar contra o próprio peso para não cair.

John se jogou para trás e deu alguns passos se distanciando e olhando com medo para o escuro do penhasco infindável. Ele chacoalhou a cabeça e olhou na direção que a voz vinha, só então viu quem era e se assustou ainda mais com a presença dela.

A olhou por alguns instantes então desvio os olhos para o nada e soltou um pigarro forçado, voltando a sua postura altiva.
- Não... Não chamei. - disse, tentando um tom frio, mas só conseguindo um som atrapalhado. Ele colocou as mãos no bolso de novo e evitou olhá-la, enquanto ela se preparava para ir embora.

Era extraordinário como somente de pensar nela ela pudesse aparecer, como se ele a houvesse chamado, o que, realmente, não aconteceu.

Era extraordinário, porém, comum, sempre acontecera quando pensava demais em um fantasma, então, de fato, não acontecia sempre. Mas desta vez seus pensamentos alcançaram o ouvido da fantasma e ele, assustado e não querendo assumir que estava pensando nela, naquele momento, apenas voltou a sua antiga postura e tom frio e esperou que ela fosse embora e o deixasse sozinho, meditando.

Mas ela não foi, ele ainda podia sentir a presença dela ali e podia sentir os olhos dela recaídos sobre ele.

John rolou os olhos e olhou para baixo, para o penhasco, seria tão mais simples se ele apenas pulasse e não tivesse que enfrentar o olhar especulativo de uma mulher e ainda mais uma mulher morta.
Mas, com sorte, tudo que conseguiria seria morrer e continuar preso nesse mundo, aliás, de nada adiantaria, continuaria preso ao olhar dela e seria pior, seria eterno. Enfim, tudo que pode fazer foi tirar as mãos do bolso e mexer em seu cabelo nervosamente, selecionando o que dizer.

- Tá, legal, o que quer que eu diga? Eu não te chamei, mas pensei em você sim, certo? - falou, olhando para ela, nervoso. Mas não conseguiu prender seus olhos por muito tempo, então logo se voltou para o penhasco de novo e apalpou os bolsos internos do sobretudo orando para que encontrasse seus cigarros, mas tudo que tinha lá era o isqueiro.

- Maldição, cadê meu cigarro quando eu preciso dele? - pensou alto e pareceu ter ouvido um risinho discreto no fundo, mas não pode afirmar com certeza.
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySex Mar 27, 2009 8:26 pm

Eu permanecia confusa, encarando o homem a minha frente, que quase rolara penhasco abaixo quando me pronunciei.

Quando vi seu corpo vacilar e ir para trás e para frente, meu coração se apertou e, inconscientemente, avancei em sua direção.

Ele firmou seus pés no chão, encarando assustado a escuridão e eu percebi.

Tudo aquilo – a frieza, o desprezo, a distância que ele impôs – era uma máscara.

Senti meu queixo cair com tal constatação e meu ódio por tal mediador diminuir quase totalmente.

Quase.


- Não... Não chamei – disse, tentando parecer distante e frio, como no luau, mas não conseguindo.

Eu suspirei e esperei. Ele tinha me chamado – mesmo que inconscientemente.

O que me levou a confabular... se o Sr. Jonathan me chamou sem intenção, queria dizer que ele estava, de alguma forma, pensando em mim.

Para minha total incredulidade, tal constatação me fez sorrir, e eu olhei para meus pés, encabulada.

Vi que ele caminhava em minha direção e levantei o olhar, encarando-o abertamente. Devo admitir que estava um tanto curiosa em relação a ele. Eu gostaria muito de descobrir quem na verdade era o homem que estava a minha frente. Gostaria de saber quem ele era por detrás da fachada fria e indiferente que construiu para si mesmo.

O encarei nos olhos, e pude sentir que meus olhos brilhavam de expectativa. Eu lutava para não dizer aquilo para mim mesma, mas era impossível negar o fato de que eu gostaria de conhecê-lo.

Esperei pacientemente, certa de que ele falaria mais alguma coisa e fiquei feliz em saber que minhas constatações estavam corretas.


- Tá legal, o que quer que eu diga? Eu não te chamei, mas pensei em você sim, certo? – admitiu, frustrado, olhando em meus olhos para desviar seu olhar um tanto nervoso logo depois.

Sorri internamente ao vê-lo visivelmente envergonhado. As barreiras dele estavam caindo por terra, uma por uma.

E eu tinha um palpite de quem era a culpada.

Senti meu estômago afundar de incerteza enquanto o via se virar novamente para a escuridão, procurando por algo nos bolsos do casaco.


- Maldição, cadê meu cigarro quando preciso dele? – perguntou, e eu não pude deixar de rir. Cobri meus lábios com as mãos, tentando sufocar uma gargalhada.

Era deveras engraçado vê-lo desesperado por causa de algo tão supérfluo como um cigarro.


- Não sabias que fumar não é a melhor escolha para uma vida longa, Sr. Jonathan? – perguntei, uma pontada de preocupação sincera na voz. – Ah, sim. – baixei o olhar, envergonhada, sem acreditar no que estava prestes a perguntar. – Por que o senhor pensava em mim? Não me interprete mal, só estou sendo curiosa. – completei, ainda mirando meus pés, completamente envergonhada. Tenho plena convicção de que, se estivesse viva, minhas bochechas estariam tão vermelhas como meus cabelos.
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySex Abr 03, 2009 10:54 pm

Seu desconforto crescia a medida que sentia sua barreira que o mantinha longe de qualquer tipo de emoção ou demonstração de sentimento ia sendo quebrada pela intimidade que Ella adquiria com ele.

A forma como ela falava e sorria o irritava pelo simples motivo de não conseguir ser frio ou nem mesmo tentar, realmente. Mas ele percebia que ela tentava transpor o limite que ele havia imposto entre eles, um limite que ele impunha à todos e, infelizmente, ela estava conseguindo.

Não sabe se felizmente ou infelizmente, de qualquer modo, não podia negar que ele não conseguia tomar uma atitude para impedi-la e nem sabia se queria de fato. Mas prometia a si mesmo que não permitiria que isso passasse de uma simples conversa, aliás mais cedo ou mais tarde ele teria de fazer com ela o que fazia com os outros mesmo e não queria se arrepender por isso.

Após seu comentário sobre seu cigarro e uma risada discreta ao fundo, a conversa se tornara mais solta e assim, mais perigosa.
- Não sabias que fumar não é a melhor escolha para uma vida longa, Sr. Jonathan? – ela perguntou e ele gargalhou, como se ela tivesse feito uma pergunta idiota e para ele, era mesmo uma pergunta parva – Ah, sim. – ela prosseguiu sem esperar que ele respondesse. John ainda olhava pelo penhasco, mas espiou por cima de seus ombros, vendo de esguelha ela baixar a cabeça como se estivesse envergonha e ele chamou graça disso – Por que o senhor pensava em mim? Não me interprete mal, só estou sendo curiosa. - ela perguntou e ele entendera porque a timidez, o que o intrigava, ela não parecia ser como as outras, era diferente, mais recatada e ele soube, então, que ela não morrera recentemente, aliás, suas roupas já delatavam isso.

Ele apenas respirou fundo e se virou para ela, porém, se limitando a olhar em seus olhos.
- Bem, sobre a primeira pergunta, não pretendo mesmo ter uma vida longa. Seria ótimo se o cigarro me matasse, morreria feliz. - falou naturalmente, apalpando os bolsos da calça, sabia que sempre escondia um cigarro em sua calças e não estava enganado.
- Há! Achei! - comemorou e apanhou o cigarro que encontrou no bolso da calça e junto do isqueiro o acendeu o tragando e se sentindo mais tranquilo à medida que a fumaça se dissipava no ar. - Sobre a outra pergunta... - ele pensou no que iria responder, costumava ser mais ponderado em suas respostas, mas por fim ele disse algo banal - Você é irritantemente interessante, por isso estava pensando em você. - não soube dizer porque havia dito isso, se era verdade ou se só queria provocá-la, mas no fundo, ele havia pensado nela porque não conseguia desvencilhar sua mente, chegando a conclusão de que ela era mesmo interessante, ao menos ele a julgou mais interessante que os outros, já que foi mais difícil de se lhe dar.

Não iria responder isso - mesmo sendo verdade - se fosse em outra situação, mas ele gostou de ver como ela se intimidava com qualquer comentário mais íntimo por parte dele e de certa forma ela também não parecia querer adquirir algum tipo de intimidade com alguém como ele.

Hum, menos mal. - pensou consigo mesmo, mais um pouco e ele diria isso.

Era melhor assim, realmente, mas ainda sim a coisa parecia fluir naturalmente e não era nada que ele pudesse impedir, ou mudar, então apenas se entregou e prosseguiu com o diálogo.

- Não é tão nova nisso, não é? - perguntou, apontando para as vestimentas dela, características de épocas passadas.
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptyTer Abr 07, 2009 8:42 pm

- Bem, sobre a primeira pergunta, não pretendo mesmo ter uma vida longa. Seria ótimo se o cigarro me matasse, morreria feliz. – disse ele, e eu torci meus lábios em desaprovação.

Quem não gostaria de uma vida longa, plena e feliz? Eu digo que trocaria muitas coisas por uma nova chance de viver – uma nova oportunidade de sentir a brisa fria em meu rosto, de poder ficar molhada na água, de corar de calor ou vergonha (algo que eu fazia com certa freqüência enquanto vivia).

Cruzei meus braços teimosamente na frente do peito, meus lábios formando uma linha tênue. Como uma pessoa poderia ser demasiada infeliz e não dar o devido valor à dádiva dos Céus que é a possibilidade de viver? Era algo que eu simplesmente não conseguia racionalizar.

Ele comemorou quando encontrou um cigarro em seu bolso e eu não me contive ao impulso de rolar os olhos, desgostosa.

- Sobre a outra pergunta... – ele prosseguiu, e eu o fitei com olhos intensos, pronta para ouvir sua resposta. – Você é irritantemente interessante, por isso estava pensando em você. – proclamou, e, novamente, se pudesse, eu coraria intensamente.

Sorri de canto e voltei a mirar meus pés, surpresa com o comentário e prostrando meus braços ao redor do corpo, as mãos torcidas em punhos.

Encarei o padrão de tamanho das folhas de grama, sem subir o olhar, desejando com tamanha intensidade que o chão se abrisse e me levasse para as profundezas que cheguei a tremeluzir, quase me materializando em outro lugar.

Me controlei e finalmente forcei meu olhar para cima, ele se fixando no homem de semblante sombrio a minha frente.

- Não é tão nova nisso, não é? – indagou, olhando-me com uma pontada de interesse, gesticulando para a roupa com a qual morri, e eu engoli em seco.

- Não, nem um pouco, Sr. Maldok – disse, minha mandíbula trincada, meus punhos cerrando-se ainda mais. Como acredito ter mencionado anteriormente, falar de minha morte – ou vida – não é algo que particularmente me enaltece. – Digamos que estou aqui há mais tempo que possa suportar. – complementei, finalizando minha fala com um suspiro.

Fechei os olhos enquanto via chamas imaginárias me cercando, e ouvia os meus gritos ressoarem pela praça principal de Salem, há tantos séculos atrás.

Senti lágrimas imaginárias marcarem o meu rosto enquanto fechava os olhos e virava a face para o lado oposto.

Apesar de excruciantemente doloroso, eu ainda achava incrível que, depois de todo esse tempo, esse assunto ainda causasse tal patamar de dor em mim, se bem que vem diminuindo com o passar dos anos.

Estremeci de pavor, tentando lacrar tais pensamentos, memórias e sentimentos num baú em minha mente, e enxuguei lágrimas inexistentes em meu rosto, respirando tão profundamente quanto me era possível.
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Jonathan Maldok
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptyQui Abr 23, 2009 9:31 pm

Era mais do que óbvio que ela não estava lá a muito tempo, mas apesar disso, parecia não ter aceitado muito bem sua morte, talvez essa a razão por ainda permanecer aqui na terra, ao invés do outro lado da vida... Talvez.
Mas seria um fato muito comum, ninguém aceita morrer - motivo pela qual 80% dos fantasmas que John conheceu, estão presos na terra - e, definitivamente, Ella não parecia ser como os outros fantasmas, além, é claro, do fato de não gostar de falar sobre sua morte. Ao menos ela pareceu não gostar nada quando John constatou que ela não era tão nova, sua permanencia na terra parecia ultrapassar séculos e, no entanto, ainda sim, não gostava de comentar o assunto.

Besteira, John achou, tantos anos e ainda não havia se acostumado? Mas por outro lado, diferente dele, muita gente não gostava da morte, afinal, quem vai gostar de viver num mundo parelelo onde você pode ver todos, mas ninguém pode te ver?
Não que Jonathan se importasse com as amarguras da garota morta, nem sequer tentava imaginar o que se passava na mente dela. Digo, ele tentava não imaginar, mas com certeza, a parte direita do seu cérebro, à qual não atuava a muitos anos sobre seu corpo, parecia querer entendê-la e conhecê-la mais. Só que, obviamente, ele não deu muita atenção ao seu lado emocional, tentando ativar sua parte racional para responder ao que ela disse:
- Não, nem um pouco, Sr. Maldok – ela disse e por um momento ele quis ver sua expressão, mesmo tendo certeza de que ela não parecia nada contente, ou sorridente, falando sobre quando morreu. Só mesmo alguém frio e ligeiramente louco como ele para não se importa em falar sobre tal assunto e até mesmo invejá-la, por pelo menos ter descansado em paz. Ou quase isso... – Digamos que estou aqui há mais tempo que possa suportar. – Ella complementou, suspirando e, finalmente, ele virou seu corpo por completo para encará-la, enquanto ela parecia distante, de olhos fechados, como se imaginasse algo.
Ele sabia o que era e por um momento, um breve momento, ele quis fazer com que ela desviasse sua mente, para não sofrer ou só esquecer, mas esse momento passou rápido e o que ele fez foi ignorá-la, se sentando em uma pedra, um pouco distante da beira do penhasco, esperando que ela também se sentasse.

John ainda tragava seu cigarro, desgostoso por já estar quase acabando, mas ainda sim se entretendo na fumaça que sumia pelo ar. Sorte da fantasma não sentir aquele cheiro terrível de cigarro, nem mesmo ele suportava.
Sentando, ele passou a imaginar como ela havia morrido. Não era muito normal, "naquela época" garotas na sua idade morrerem. Poderia ser uma doença, morte natural, mas daí ela não estaria presa aqui, então, pensando se forma racional, não deveria ser este motivo e John se intrigou, querendo saber porque, afinal, ela estava ali, morta, ao seu lado e relembrando seu passado. Sentiu vontade de perguntar a ela, mas a garota parecia ainda concentrada nas suas lembranças, mergulhada em um torpor de recordações e chorava. Não compulsivamente, um choro quieto, como se tentasse conter. Não que fantasmas realmente chorassem, era mais como se eles pensassem que pudessem e imaginassem que estivessem mesmo chorando.
John sentiu pena dela, algo que, desta vez, ele não pode conter e mais uma vez se punia por estar tendo emoções que a tanto tempo ele continha, como pena ou compaixão.

- Alguém uma vez me disse... - ele falou, também tendo suas lembraças, sua voz era distante, como se pudesse ouvir a pessoa dizendo, como se pudesse vê-la novamente. Quem dera pudesse. - ... Que o melhor a se fazer é esquecer e sorrir. Então poderá se lembrar e ficar triste. - John não sabia porque estava dizendo aquilo, mas era com se não tivesse controle sobre suas palavras e agora quem se perdia em lembranças era ele, se lembrando da última coisa que ela disse quando foi definitivamente embora a única frase que ela havia decorado e tinha caído perfeitamente bem naquele momento.

Isso pareceu chamar a atenção de Ella, à qual enxugou as lágrimas e o olhou, curiosa.

Sim, claro, era difícil imaginar que ele estava demonstrando emoções. Acho que haviam avançado um pouco, afinal.
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySáb maio 16, 2009 5:30 pm

Choque. Foi exatamente o que passou por minha face assim que as palavras do deslocador saíram de sua boca.

- ... o melhor a se fazer é esquecer e sorrir. Então, poderá se lembrar e ficar triste – disse, e eu o encarei, estarrecida.

Passei minhas mãos pelo rosto, como se enxugasse as lágrimas que eu achava que estavam ali. Estava convicta de que, algum dia, o Sr. Maldok não fora tão amargo e deprimido como era, ali, a minha frente, no penhasco escuro.

Agora, após de parecer esboçar emoções, ele parecia mais humano. Envergonhada, senti meus olhos brilharem. Ele estava certo, afinal de contas. Era terrivelmente ilógico que eu me apegasse de forma tão intensa a minha morte. Sabia que deveria deixar tal lembrança esvair-se de mim, e, talvez eu poderia seguir meu curso e saísse de vez desse mundo cruel, onde poucos podem me ver, e tais poucos vem a me maltratar, como o que jazia a minha frente.

Engoli em seco, pensando em como replicar tal declaração. Não fazia idéia do que falar, portanto, resumi-me a suspirar pesarosamente, despencando até sentir as folhas de grama cheias de orvalho espetarem-me as pernas.

- Deveras, estás certo, Sr. Maldok. Mas receio de que estou demasiadamente apegada a meu passado para que possa seguir conselho. – admiti, a mim mesma e a ele, suspirando. Contudo, desta vez pensar da maneira hedionda que morri não doeu como costumava doer. A dor apaziguou-se um pouco, e eu fechei os olhos, inspirando fundo e me permitindo relaxar.
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySeg Set 28, 2009 11:12 pm

Parecia ter passado horas, desde que John foi surpreendido no penhasco pelo fantasma daquela garota. Não sabe ao certo quanto tempo passou, mas não havia sido tanto assim.
Era estranho que ainda estivessem conversando e nenhum tomasse uma distância maior, principalmente ele, que tentava de todas as formas reprimir qualquer tipo de emoção que viesse a sentir em relação a ela ou qualquer outra pessoa, motivo pelo seu afastamento e grosseria.
Não que a vida toda fosse assim, mas as coisas mudaram um pouco a algum tempo e ele tentou se adaptar de todas as forma possíveis, a mais provável seria que se mantivesse isolado, motivo pela qual se parecia tão frio aos olhos daquela garota. Só que, com um pouco mais de conversa, ela poderia ver que ele estava se entregando. Mesmo que ele justificasse sua atitude como que para poder ganhar a confiança da fantasma e talvez assim se livrar de uma vez por todas desse problema. Ela não precisava saber das suas intenções.
Até ele mesmo as ignorava, por hora, só queria agir sem mais ponderações e era exatamente isso que estava fazendo, seus atos não estavam limitados e nem calculados, ao menos aquela noite ele seria natural. Não que fosse se expor e ser ele mesmo, afinal, não sabia mais o que era "ser ele mesmo" a muito tempo, mas não iria fingir ou agir com cálculos. Dessa forma, sem intenções, iria conquistar a confiança dela e poderia, depois sim, pensar no que fazer.
Ali, na frente dela, a garota já não chorava como antes, pensou que talvez seu conselho tenha servido para alguma coisa afinal, porque, para ele não havia funcionado quando lhe foi dito, foi apenas tranquilizante, mas de forma alguma reconfortante.
Ella, como ele lembrou que se chamava, calou-se por um momento, depois de secar as lágrimas e o olhar estarrecida. Claro, afinal, já devia estar imaginando que ele não era humano, com tão poucos sentimentos humanos além da amargura, mas ele não explicaria para ela o motivo, assim como ela não gostava de falar sobre sua morte, John não gostava de falar sobre sua vida, ainda mais com fantasmas, logo eles, que ele passou a vida toda ignorando e praguejando.
A garota suspirou pesadamente e, como se seu corpo estivesse pesado, ela se jogou sobre ao chão e ficou de joelhos sobre a grama molhada, antes de responder a ele.
- Deveras, estás certo, Sr. Maldok. Mas receio de que estou demasiadamente apegada a meu passado para que possa seguir conselho. - admitiu, como se pensasse consigo mesma, então suspirou e não disse mais nada, apenas fechando os olhos e se deixando relaxar.
John fez o mesmo, fechou os olhos, mas não relaxou, apenas fechou os olhos e inspirou o ar pesado, a nuvem tensa que cobria o penhasco aquela hora da noite. Não sabia que horas eram, mas não era tão cedo, não que fosse um empecilho para ele e com certeza não era para a fantasma, afinal, fantasmas não precisam sequer ter noção do tempo, certo?
Era cruel pensar dessa forma, não para ele, apenas achava natural, mas com certeza deveria ser cruel para um fantasma pensar que nem a noção do tempo lhe serve mais.
- Tolice... - ele murmurou de si para si, antes de responder a Ella.
Na verdade, ele considerava uma tolice toda essa auto flagelação da maioria dos fantasmas que conheceu, se considerando infelizes por levarem uma vida de eternidade, sem poder ser visto ou ouvido. Bem, eles podiam, por isso ele estava ali, certo?
Ele também tinha sua parcela de auto flagelação, as vezes também se considerava infeliz, nas raras vezes que se permitia ter sentimentos de fraqueza, mas até a ele mesmo considerava um tolo.
- Não acha isso uma idiotice? - perguntou retoricamente, para ele e para a garota a sua frente - Se apegar ao passado? - John se levantou e caminhou alguns passos em direção ao penhasco, sem olhar para Ella, seus olhos estavam concentrados no negrume da noite, enquanto ele continuava falando - Eu também me apego ao passado às vezes, mas às vezes penso que é besteira, só que, de qualquer forma não posso seguir em frente. Já você poderia, garota. - disse se virando para olhá-la - E no entanto prefere ficar aqui. - era uma filosofia barata, mas considerava verdadeira.
Afinal, o que a prendia aqui senão o próprio passado? E o seu passado era tão distante que não tinha como impedi-la de seguir em frente, ela mesma se impedia e só ela poderia se livrar disso.
Não eram tão diferentes, ele continuava repugnando a "raça" dela, mas tinha que admitir que no fundo os dois acabavam por ter a mesma vida e morte infelizes por se prenderem ao passado. A diferença era que ela tinha uma escolha.
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Ella Sewall
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptyDom Out 04, 2009 4:57 pm

A vista embaçada por lágrimas não me incomodava mais. O que me deixava curiosa, alerta para algo que poderia acontecer brevemente ou não, era a presença do mediador a minha frente. Jonathan Maldok era uma incógnita; sua personalidade deveria ser dissecada e analisada em muitas maneiras. Não o conhecia há mais de um mês, mas poderia afirmar, com convicção, que ele apresentava mais de uma faceta a ser explorada. Se algo comprovava, de fato, minha constatação era a forma que me tratava de uma forma diferente desde nosso último encontro. Creio que a indiferença de meu interlocutor transformou-se em algo que poderia ser chamado, facilmente, de preocupação.

Isso me espantou. Não estava acostumada, nem de longe, com pessoas se preocupando comigo. Nunca fui mais do que um fardo; algo com o que minha família deveria se preocupar. Eu era a maldição, a que não deveria ser nomeada. Ficar tão próxima assim de um ser do sexo oposto que não fosse um de meus familiares há muito mortos me dava medo, muito medo. Na verdade, a palavra que mais certamente descreve meus sentimentos não era medo, mas sim receio. Receio de, além do fato de não sermos unidos por laços consanguíneos, e isso ser extremamente desrespeitoso, voltando ao tempo em que eu vivia, me envolver com ele. Eu não poderia, e nem queria me aproximar demais de qualquer mediador. Já fiz isso uma vez, e não cometeria o erro de repetir a dose. Ademais, eu não valia a pena tanto preocupação. Estava morta, afinal de contas, e parecia-me que não iria para o Céu tão cedo.

- Não acha que é uma idiotice? – ele perguntou, enquanto eu me levantava calmamente. – Se apegar ao passado?

Eu pisquei, claramente confusa. Eu não me apegava ao passado. Era o passado que me apegava em mim, marcando-me com ferro quente, deixando-me incapaz de esquecer. Maria Santíssima, eu morrera na fogueira, queimando até virar cinzas. Não é algo que lhe é permitido esquecer com facilidade. Sei que sou deveras repetitiva quando se trata de minha morte, mas acho que este foi o acontecimento que feriu minha alma, e deixou presa nesse lugar tão diferente do que era quando eu nasci.

Suspirei, frustrada, passando as mãos pelos cabelos. Quem Jonathan achava que era para me decifrar tão bem assim?! Ele praticamente expressou o que eu sentia desde que as chamas tomaram conta de meu corpo e eu perdi a inconsciência. Apesar de minha relutância em admitir – ou constatar – eu era, de fato, mais do que apegada à minha vida. Meu anseio por ter uma nova chance era imenso, mas eu nunca o compartilhara com ninguém. Era algo nas profundezas do meu ser; eu gostaria de uma oportunidade. Quem sabe se eu tivesse outra chance, as coisas poderiam ser diferentes...? Estava, há muitos e muitos anos, descontente com minha morte, e não negarei isso. Todos os fantasmas devem estar infelizes com sua condição, mas eu era a pior de todas. Fadada à caminhar pela Terra, raramente sendo vista por alguém.

Eu ouvi atentamente o discurso, como posso descrever?, “estimulante” do Sr. Maldok e assenti, dando um sorriso que, eu serei a primeira a admitir, triste.


- Acredite-me, não é de meu desejo permanecer muito mais aqui. Mas o senhor está certo, estou demasiadamente ligada à época em que meu coração batia. Ademais, eu não prefiro ficar aqui, Sr. Maldok. O faço porque não tenho escolha, e porque não tenho ideia do que me prende à este lugar. – finalizei, falando para a grama, e depois encarei o céu menos estrelado do que era quando vivia.

A verdade é que ser um fantasma é maçante. Principalmente quando você não faz ideia do que é que te prende à Terra, e vaga por aí sem um objetivo, somente esperando o dia em que o mistério será resolvido e você será levado desse mundo leviano. Porque tudo, até mesmo a minha estadia pós-vida aqui, é efêmero. Seria impossível que eu vagasse por aí até o fim dos dias, não é mesmo?


- O senhor está errado. Eu não tenho escolha.


Spoiler:
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MensagemAssunto: Re: Again (fechado)   Again (fechado) EmptySeg Out 05, 2009 2:50 pm

Gradualmente as coisas começavam a fazer sentido, acho que não só para ele como também para ela que passava a tratá-lo com talvez um pouco menos de repugnância e só uma parcela de receio.
Ao menos era isso que ele poderia reconhecer no turbilhão de emoções que ela parecia demonstrar, cada uma diferente, mas não oposta da outra. Nenhuma, porém, era uma emoção boa, assim como as dele, as poucas emoções que ele esboçava e só naquela noite que ele havia decidido agir por impulso com poucas ou quase nulas limitações.
Isso clareava-lhe um pouco a mente e o fazia perceber - mas não admitir - que Ella parecia ser uma boa garota, diferente dos muitos outros fantasmas que ele conhecerá, alguns que ele deu a oportunidade de se mostrarem realmente como são e que ele se arrepende infinitas vezes por isso.
Ella não o havia atacado ou agredido de alguma forma, nem mesmo verbalmente, apesar de no começo parecesse demonstrar desprezo por ele. Pelo contrário, ela pareceu sempre calada e ouvinte, exatamente como exigia a educação da época. Mas não havia mudado em nada o plano que John tinha para ela, ao contrário, só havia aumentado sua certeza. Não que precisasse ter mais certeza, só que supôs que o melhor, tanto para ela quanto para ele, seria se tudo isso tivesse um fim e a única forma que poderia ser seria se ele provocasse a passagem dela desta "vida" para a outra ou deste lugar para o lugar em que ela e os todos outros fantasmas realmente deveriam ficar. Não sabia se ela concordava com sua idéia, mas nunca tinha pedido permissão antes e não seria agora.
No entanto, ainda sim, não podia deixar de sentir, mesmo que bem no fundo, mesmo que escondido por debaixo de tanta convicção, uma pontada de algo que ele não sabia definir bem, nem sequer havia reconhecido, mas se havia uma palavra que pudesse designar isto, a palavra seria: dúvida.
Uma dúvida que ele não admitia, nem mesmo sentia superficialmente, era algo além do interior dos seus sentimentos, algo profundo. Já havia sentido isso antes, talvez de forma até mais forte que essa, mas aprendeu a ignorar as incertezas e por isso esta dúvida fosse tão opaca, quase indistinguível. Junto dela vinha um sentimento novo, algo que ele nunca sentiu antes ou depois de tudo que fez, algo como culpa ou receio.
Mas de novo as ignorou, enquanto se concentrou no que ela dizia e analisou cada uma de suas palavras.
- Acredite-me, não é de meu desejo permanecer muito mais aqui. Mas o senhor está certo, estou demasiadamente ligada à época em que meu coração batia. Ademais, eu não prefiro ficar aqui, Sr. Maldok. O faço porque não tenho escolha, e porque não tenho ideia do que me prende à este lugar. – respondeu-lhe cortesmente, como ele imaginou que seria.
De fato, imaginou que ela não queria estar ali. Nenhum fantasma queria, acredita que até mesmo nenhum - ou quase nenhum - humano queria, mas supôs que o desejo da fantasma fosse impossível. Voltar a viver, talvez fosse o que ela mais queria, mas isso era completamente impossível, improvável, inadmissível, se formos mais longe.
Embora, porém, ela pudesse seguir outro caminho que não fosse a eternidade ou a mortalidade, algo que ela encontraria do outro lado desta vida, do outro lado da vida humano e da vida fantasma, algo que John não sabia o que era, algo que ninguém, nem mesmo os mortos, sabiam, pois quando se descobre é para nunca mais.
- O senhor está errado. - disse - Eu não tenho escolha.
As palavras mais enfatizadas e que ele fez questão de se lembrar, foram estas. "Não tenho escola". De fato, talvez não tivesse mesmo, afinal, não poderia voltar a viver e ir para "o outro lado" era um caminho distante, já que ela primeiro tinha de ter conhecimento do motivo para qual permaneceu aqui. Mas, ele poderia proporcionar a ela uma terceira possibilidade, se ela permitisse - e mesmo que não - ele poderia mandá-la para o outro lado da forma com que estava acostumado, como sempre agirá.
John deu alguns passos na direção dela, voltou a esconder a mão dentro dos bolsos do sobretudo e parou alguns metros a frente da garota ruiva.
- Bem... - começou - ...Então acho que estamos no mesmo barco, minha cara. Você esta fadada a ser um fantasma por toda a eternidade e eu a ser um mediador pro resto de minha vida e nenhum dos dois gostam das condições impostas. - esclareceu em seu ponto de vista - No entanto, há uma opinião adversa. Eu não me importaria nenhum pouco em estar no seu lugar, enquanto a você, tudo o que deseja é voltar a viver, como eu. - dito isso, seus olhos estavam fitos nos dela.
Não pretendia lhe contar sobre a alternativa, não por enquanto, a conversa bastava a ele e estava sendo satisfatória, embora não dissesse a ela ou não demonstrasse isso.
Por enquanto, era o suficiente.
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