Provocação: A armadilha perfeita! (Fechado)

As coisas haviam mudado. Primeiro de forma gradativa, porém bem contínua. E depois de forma absolutamente drástica! Foi assustador. Aliás, ainda está sendo. É incrível como as coisas podem mudar totalmente em um intervalo de tempo tão pequeno. Não, é revoltante! Quando você finalmente pensa que você não é um E.T. ou que não está completamente louca, acontece algo que corta suas asinhas felizes e simplesmente PAM! Tudo volta ao começo, como se tudo houvesse sido uma total perda de tempo.

Tudo começou quando Hannibal Hoew se mudou para Carmel. É, no começo eu juro que o odiei. Mas depois ele até que mostrou um lado mais sociável e menos... prepotente. Ele me ajudou em todo esse lance de... magia (oh Deus, ainda é difícil acreditar!). E eu juro que estava indo bem! Aliás, muuuito bem. Até que... Ele simplesmente sumiu. Sumiu do mapa. Total. E sem dizer uma mísera palavra. É, homens são todos iguais mesmo! Eu não sei porque ainda tenho algum resquício de esperança. Os mais espertos se fingem de difícil, te conquistam e depois “Tchauzinho”, te abandonam e fingem que você nunca existiu. É, acho que tenho mesmo algum tipo de imã pra esse tipo de coisa. Quando acho que as coisas podem dar certo, elas desabam! Olha, eu costumo mesmo ser uma pessoa otimista, mas estava bem difícil manter essa linha de pensamento ultimamente. Principalmente porque os caras primeiro viam o meu traseiro e só muito depois enxergavam a mim.

No começo fiquei meio sem chão. Mas, qual é, eu sou Debora Mancuso eu tenho todos aqui na minha mão, que, modéstia a parte, tem unhas perfeitas. Com um esforcinho eu voltei a me animar. Confesso que foram necessárias várias barras de chocolate Gold Colection para poder eu me sentir bem novamente. Mas eu acabei bem! Er... quase bem. Toda a caloria e carboidrato foram direto para as minhas nadegas, mas nada que uma boa sessão matinal de malhação não cure. No final eu era a boa e velha Debbie de sempre!

E com as mesmas dificuldades em algumas matérias especiais no Colégio. E eu sabia que teria que ralar nesse novo semestre pra poder recuperar todas as aulas perdidas no passado. Eu estivera treinando meus “poderes” arduamente com o Hoew, mas as coisas não poderiam mesmo continuar daquela forma. Foi por isso que eu não dei nenhum piti quando o professor de Historia encomendou um trabalho de duas mil palavras sobre o Iluminismo com Brad Ackerman. É, todo mundo já teve que fazer um trabalho desses antes, é até clichê. Mas fazer um trabalho de historia com o Brad é algo... diferente. Nós já ficamos, ele é gatinho... mas, quer saber? Minha desilusão momentânea com todos os homens da terra ainda não havia passado. Então acho que não haveria problema. Se bem que parece que ele vinha malhando bastante ultimamente.... Êpa! Sem pensar besteiras, Debbie. Você é uma nova mulher agora, deixe o passado pra trás...

Opa, acho que é a campainha tocando! Deve ser o Brad. Eu espero terminar logo o trabalho para poder continuar vendo a comedia romântica que via antes. Eu vestia um short curto. Eu sempre usava em casa, e não me dei o trabalho de trocar para atender a porta. Desci as escadas cantarolando baixamente e finalmente abri a porta.

Meu Deus, ele finalmente malhou bastante esse verão!

Eu não era mais o mesmo garoto de antes, insolente, inconseqüente e infantil. Talvez inconseqüente sim, mas na medida. O menino em mim acabou se escondendo diante a tantas responsabilidades, de tantos deveres e cobranças, não era raro ele aparecer de vez em quando, mas meu objetivo agora era outro.

A luta livre ficava em primeiro plano. Dei duro o verão inteiro tomando shakes horríveis e malhando muito para poder alcançar o físico necessário pra competir no campeonato de Carmel. Às vezes passava fome, algo que se tornou habito devido as refeições substituídas por vitaminas e bebidas, das quais eu não era fã, na verdade achava que comer era a melhor maneira para nutrir o corpo, mas o treinador disse, Brad obedece.
Ele era o único que poderia ‘mandar’ em mim, não havia outra maneira de conseguir o que queria se eu não deixasse o ego de lado e deixar de contrariá-lo. Meu pai me apoiava até certo ponto, ele não gostava que eu deixasse a escola em segundo plano, mas se eu continuasse treinando no ritmo em que estava agora, e conseguisse uma vaga no campeonato conseqüentemente apareceriam bolsas de estudos para mim, só que ele não me entendia. Nos éramos o oposto, ele pensava no lado negativo, enquanto eu somente no positivo. Eu sei que vou conseguir, mas ele pensa “e se você não conseguir?”. Depois dessa digamos que eu fiquei com medo.

Minhas notas não estavam tão ruins, incrivelmente resolvi me dedicar e, como um milagre, nenhuma nota ruim nas primeiras provas! Isso acabou me motivando a estudar mais, mas sem revelar esse meu lado ‘preocupado com o futuro’ para meus amigos, pois ao invés de “popular” viraria “nerd”. Tinha que manter a pose de inconseqüente de qualquer maneira, esse lado reinava em mim de algum jeito, às vezes até mais forte que meu lado certinho, mas tinha que me esforçar agora.

Meninas continuam sendo meu fraco, meninas ainda se descabelam por mim e, modéstia parte, eu adoro. A melhor coisa do ensino médio são os hormônios a flor da pele, é incrível como elas perdem a linha tão rápido, e é incrível como eu amo isso, e seria muito burro se não amasse. Estou aumentando meu autocontrole e minha seletividade agora. Pegar Brad Arckman nessa atual conjuntura é luxo.

Hoje seria um dia totalmente dedicado aos estudos. Historia não era meu forte, alias uma das matérias em qual fiquei com a nota muito abaixo do meu esperado. O complicado seria fazer um texto sobre iluminismo, com duas mil palavras e Debora Mancuso como parceira, definitivamente o terceiro ponto seria o mais difícil.
Havia tempos em que não nos encontrávamos assim, dês da ultima vês vez em que tivemos um rolo, só nos encontrávamos na classe ou andando pelos corredores. Dessa vez era um trabalho, e ainda por cima em sua casa. Ainda bem que ela é boa em história.

Toquei a campainha ainda com receio se estava mesmo tudo certo com minha aparência, eu estava simples, e o tempo estava quente, então não pude deixar de ver de manga curta, os músculos a mostra e um short jeans claro. Eu não queria mostrar o que ela tinha perdido, e sim o que ela ainda poderia ter. Chega Brad, com nota baixa e ainda pensando bobagem, foco!

Ela atendeu a porta e automaticamente meus olhos foram pra coisa mais curta que ela vestia, o short, droga de reflexo masculino! Recuperei logo o foco e tratei de me recompor.

- Oi Débora! – disse, em um tom tão animado que até eu mesmo assustei quando completei a frase. – Cheguei um pouco atrasado, né?

Tentava manter meus olhos e minha mente longe de tudo o que eu considerava pecado no momento, o importante é estudar Brad, estudar.

Definitivamente, ficar longe do pecado quando você esta perto da Débora é muito difícil.

Redundâncias e tapas na cara da gente são realmente inevitáveis, vez ou outra. Não literalmente, é óbvio, mas sabe quando você afirma algo e logo depois se contradiz sem perceber? Pois é, Brad sempre acaba despertando isso em mim. Ou melhor, ele já despertou em mim uma vez. Uma vez! Mas agora seria diferente. Afinal, eu havia mudado. Eu já sabia que era um pouquinho superior que bastante gente por aí, mas ter dons míticos e incríveis... Isso me torna bem melhor! Meu ego é meu melhor amigo, de fato. Para quê negar? Estarei fazendo um favor para mim mesma me sentindo assim. Er... apesar disso creio que não posso negar que morro de chorar todas as vezes em que assisto uma boa comedia romântica, onde o casal clichê sempre acaba junto no final. Nem que sejam mortos, como em Romeu e Julieta. Nos últimos dias eu estava gastando tardes inteiras dedicadas a romances Hollywoodianos. Mas não porque sou uma romântica boba e incurável. Muito pelo contrario! Meu complexo não é conhecido por muita gente. Afinal, o Hoew não despertava o agrado de muitos caras no Colégio. As garotas suspiravam, mas juro que temi pela saúde de Justin (meu ex), um dia. Briga de homens não é uma coisa bonita de se ver. Principalmente quando um tem poderes fantásticos e o outro não.

Falando em briga, acabei ratificando as afirmações de Brad aquele dia. Digo, ele falava muito sobre Luta livre e coisas do gênero. Eu até que adoraria conversar sobre isso em outra época, mas acho que ele irá se surpreender bastante se realmente enxergar por dentro da Debora Mancuso que desfila todos os dias no pátio da Junipero Serra. Não é querendo desvalorizar a imagem. Não, ela é tudo! Mas poucas pessoas haviam percebido a minha mudança. Me perguntei se meu acompanhante de trabalho de Historia seria capaz disso. Talvez não, Brad nunca enxergou muita coisa que não seja partes do corpo alheio. Pelo menos era assim na época em que nós nos envolvemos. Mas, vendo por esse ângulo, se eu mudei, ele também pode. Vai saber...

Nós dois ficamos nos olhando por um momento. Se ele pensa que eu não percebi aquele olhar pervertido que ele lançou para as minhas pernas ele está completamente enganado! Haha, mas eu perdôo, o que é bonito é pra ser mostrado mesmo. E eu faço questão de mostrar, é válido ressaltar. Ele logo se recuperou do surto de perversão e começou a falar.

- Oi Débora! – Era estranho ele não me chamar mais pelo apelido... Eu sorri para ele, abrindo a porta para que ele passasse. – Cheguei um pouco atrasado, né?

Que bonitinho ele estava com aquele short e a camisa... E também aquele cabelo, que estava totalmente na moda. E o tom de voz que ele usou também foi legal... Er... Meu Deus, acho que acabo de descobrir que estava com saudades dele. Ewww. Qual é, é o Brad Ackerman! Ele é um gato, mas uma de minhas regrinhas para caras mulherengos é nunca ficar com eles duas vezes seguidas. Certo? Certo.

- Hey Brad! Não, o seu timing foi perfeito, querido! Vamos subir, os materiais para o trabalho estão no quarto. – Sorri o mais encantadoramente que eu pude para ele e comecei a andar em direção à escada. O que foi? Isso não foi um flerte! Gentileza é gentileza!

Talvez não seja tão difícil quanto você pensa, Brad. Só porque você precisa se dedicar cem por centro neste trabalho para garantir uma boa nota e não ser reprovado, fazendo ele justamente com sua maior distração. Isso só pode ser um teste contra meus instintos masculinos. Não, eu mudei! Progredi bastante até agora e é assim que vai continuar. Talvez ela ainda pense que sou o mesmo menininho de antes, é difícil mudar a opinião das outras pessoas. Talvez ela ainda pense que estou só de brincadeira, que continuo não levando nada a sério. Bom, conheça o novo lado de Brad Ackerman, Debbie.
Agora tudo está em jogo, tudo o que se passa na minha cabeça nesse atual momento é a De... luta livre, definitivamente não estou tão focado em outra coisa como nisso. Querendo ou não, meu futuro depende disto. Não tenho capacidade mental suficiente como meu irmão David, mesmo melhorando nas notas, não conseguiria ir tão longe como ele ira, e não quero trabalhar na pizzaria como Jake. Já tenho a minha chance, então tenho que dar o melhor de mim.

Tive muito tempo pra amadurecer, confesso que ainda não entendo esse lance direito, mas acho que estou indo bem, me tornei mais... Romântico, e não esqueça que seletivo também. As meninas ainda são loucas por mim, devo acrescentar. E não reclamo, meus relacionamentos ficaram muito melhores a partir do momento em que resolvi não dar nome aos bois, digo, as va... mulheres, a coisa ficou mais fácil. Digamos que eu não estou em um momento muito bom para relacionamentos sérios, então procuro não me envolver. Alias não me lembro da ultima vez em que me envolvi seriamente com alguém, e para ser franco, eu realmente não me importo. Minha prioridade é meu futuro, o que agora consegui anexar com o meu vicio, sem prejudicar nenhuma das partes, pelo menos as minhas partes.

Depois de me desculpar pelo atraso, tentava controlar qualquer instinto que fosse despertar no momento, eu tinha que me controlar e parar de ficar reparando em todas aquelas curvas, nas pernas, a ... Chega! Você é um homem agora, Ackerman! Controle-se e foque-se no seu objetivo!

Hey Brad! Não, o seu timing foi perfeito, querido! Vamos subir, os materiais para o trabalho estão no quarto. – ela disse, sorrindo. É impossivel não perder a fala ao ouvir a voz dela. Retribui o sorriso e assim que entramos fechei a porta e a segui para o quarto. Justo o quarto.

Confesso que ainda estou meio cego, aquela quantidade de rosa, estrelas, enfeites e coisas de meninas embaçavam minha visão. Seu quarto conseguia ser maior do que minha sala de visitas. Ela sentou em sua cama, cruzou as pernas e foi folhando os livros, procurando a pagina certa.

Um quarto, Debbie e eu. Qual era o objetivo mesmo?