Florzinhas e Abelhas ~D [fechado]

Um dia de sábado. Finalmente todo o estresse da semana havia passado, já ansiava pelo dia que eu não tivesse que trabalhar todas as horas livres que eu tinha. Naquele sábado em especial estávamos eu e Summer sozinhas em casa. Dave havia ido sair com os amigos, para a praia, e provavelmente ficaria fora o dia inteiro. Eu, sinceramente, não gostava nada daquilo, e ficava angustiada toda vez que eu ligava e ele não atendia o telefone. Só de imaginar em um lugar como Carmel, cheio de penhascos, e adolescentes soltos por aí, me dá arrepios, porém, querendo ou não, eu ainda confio em Dave, e eu sei que ele não iria fazer uma besteira dessas. E, juro, se um dia eu desobrir estar errada, não vai sobrar nada do meu filho para contar qualquer história que seja.

E John havia ido trabalhar. Sinceramente, eu não fiquei nenhum pouco chateada por ele ter ido trabalhar. Era um sentimento estranho, mas eu realmente não ligava para essas coisas de ''casamento'', como os sábados familiares, com o John. Talvez fosse porque eu não considerava o que eu tinha com ele como casamento. Eu tinha um grande afeto, é verdade, mas não chegava a ser amor. Ao menos não um amor de homem/mulher.

Summer estava meio estranha desde o dia de Andrew...eu não sabia ao certo porquê, mas creio que mais cedo ou mais tarde eu iria descobrir o motivo disso. Ah sim, Andrew. Nós nos falávamos mais regularmente agora na faculdade, quer dizer, ao menos naqueles dois dias depois que nos conhecemos, na quinta e na sexta, por algum motivo bizarro nos econtrávamos em locais que nenhum de nós havia visto o outro anteriormente. Mas eu sabia que não devia ocupar minha cabeça com Andrew....isso certamente não seria o melhor a fazer.

Enquanto eu acabava de arrumar a cozinha [depois do desastre em Dave tentar fazer panquecas], eu fui procurar Summer para brincar, e, quem sabe, tentar conversar certas coisas com ela...

Summer tinha alguma coisa em mente. Eu conhecia minha filha bem demais para que certas atitudes dela passassem despercebidas, e, honestamente, Summer não sabia nenhum pouco esconder facilmente as emoções dela. Não de mim, ao menos. Sendo mãe, eu deveria ter algum ''sexto sentido'' com relação a isso.

Porém, o que me fez pensar foi o que ela falou no momento em que me sentei ao seu lado para brincar.

-Posso ir pro trabalho com você na segunda?

Eu estava ainda pegando as Barbies, e colocando as roupinhas nas bonecas certas (criança tem um mania incrível de trocar todas as roupas, e me dava muita agonia ver a Bela Adormecida vestida na roupinha da Barbie Veterinária), quanto ela me perguntou isso. Imediatamente eu dei um suspiro, enquanto sabia exatamente que a resposta era não. Eu ainda não tinha esquecido do susto que ela havia me passado....susto...isso me lembrava de....

Eu preciso falar com Andrew

Imediatamente eu parei o que estava fazendo. Não era possível que Summer também sentisse a necessidade de falar de novo com Andrew, porém, aquilo que eu sentia estava reprimindo, apenas por achar que não era certo.

- Falar com.... - parei um pouco antes de falar-- Andrew?- o nome dele surtiu mais efeito do que eu esperava.

Mas é claro que eu estava imaginando coisas. COm certeza aquilo tudo era apenas um reflexo da minha relação com John, que não era nada do que eu esperava em uma relação com meu marido, mas, imaginar que minha filha estava querendo que eu me juntasse com o Andrew era simplesmente inconcebível. Quer dizer, ela era uma bruxinha muito inteligente, mas não sei se teria a ''malícia'' necessária para isso. Certo?

Sim mamãe.Estou com saudades dele.Você diz que encontra ele todo dia,mas pouco comenta.Então preciso vê-lo mesmo.- eu suspirei, enquanto pensava no que significaria eu manter algum tipo de amizade com Andrew. Em minha cabela, além de não ser muito aceitável, poderia ser um pouco ''periogso'' demais.

Ah,ele perguntou de mim?

Eu olhei para ela, rindo com sua carinha.

- Bem, querida, os nossos assuntos sempre começam e terminam com você- falei, sinceramente, enquanto pensava em minha cabeça que devia tentar manter uma postura mais distante de Andrew, antes que as coisas mudassem para um rumo que eu não gostaria.

Eu vi como Summer me olhou, e a alegria que ela ficou ao ver que Andrew havia falado dela. Eu resolvi que Summer era inteligente demais para que escutasse o que eu tinha a dizer agora.

-Summer querida, venha até aqui, no colo. Escute agora, amor. Você é uma menina inteligente, e, por isso, eu tenho que dizer que simplesmente não posso ficar andando para todos os lados com Andrew, ele só é um colega, e, não seria bom que ele e eu tivéssemos mais um grau de amizade, afinal, eu sou casada, e, com certeza Andrew deve ter alguma namorada, então, é melhor que não fiquemos tão juntos- eu olhei para Summer, que, por sua vez, não havia gostado nada do que eu havia falado.

Eu não devia ter dito isso.

Ele não tem namorada.

Foi o que ela me falou. Eu arqueei a sobrancelha, e, antes que eu pudesse adentrar no assunto de como ela sabia disso, ela foi direto ao assunto que a importava.

– O que seu coração diz?

O que meu coração diz? Eu a olhei supresa. O que estávamos falando certamente era uma conversa para daqui há dez anos, no mínimo, e com os LADOS CONTRÁRIOS. Era eu que devia dar conselhos para ela, e não o contrário.

Acha que vale a pena fazer o que você disse que é melhor fazer?Já aprendi que são os adultos que colocam erros ou dificuldades nas coisas,enquanto as crianças simplesmente fazem ou dizem a coisa certa.Aprendi que a maioria das vezes os adultos só erram porque tem medo de errar,enquanto as crianças não erram porque não enxergam as coisas ruins.Com isso digo que não acho a sua amizade com Andrew errada...você só diz isso por medo.Não tenha medo de arriscar,mamãe.

Eu olhei para ela, enquanto a ninava. Meus olhos enchiam de lágrias, enquanto pensava em tudo o que ela havia dito. Como eu a amava. Como eu amava o Dave. Mas eu não amava o homem que estava casado comigo. Algo me dizia que aquilo estava errado, eu sabia, lá no fundo, que Summy havia me dito a coisa mais certa e sincera do mundo. Uma coisa totalmente verídica e principal, mas que , de certo modo, eu havia perdido do meio de tudo aquilo.

O que eu queria era uma boa vida para eles, e, negligenciando a mim, não percebi que havia negligenciado a eles também. Agora eu chorava abudantemente, enquanto me abraçava mais forte com Summer.

- Oh meu amor....eu sei que você está certa, querida! Eu não sabia que você se sentia assim, que você tinha a idéia concreta do que está acontecendo. Minha querida, como que queria que você não se preocupasse com essas coisas, apenas em brincar...Mas você é inteligente demais para isso, não?- falei, sorrindo para ela- - Entenda que às vezes as coisas não são tão simples como parecessem, às vezes não podemos mudar aquela cor do quarto no momento em que achamos que a cor não presta mais. Não é simples assim. Temos que ter dinheiro para fazer, tempo, e outros fatores. Mas o importante não é desistir de mudanças, não é mesmo? Eu prometo que pensarei no que você me disse, Summer....eu tentarei mudar a cor do nosso quarto- disse, rindo, e pegando-a no colo.