Pai Neil de Ogun (?) [fechado]

Ah... Eu não sou exatamente a pessoa mais crente do mundo quando o assunto é o além, ou o mundo sobrenatural e isso inclui aquelas adivinhações, bolas de cristal, tarô e afins... Mas isso não quer dizer que eu não seja curiosa sabe... Eu sei que grande parte do tempo acabo por me contradizer. Mas com tantas coisas mudando agora preciso dizer que eu fico curiosa por saber o que está por vir. Se o futuro é uma caixinha de surpresas dar uma espiadinha nela de vez em quando pode ser bem proveitoso sabe. E no mais, mesmo que eu não acredite 100% nas coisas que esse povo diz, ainda acho divertido as coisas que eles falam. Eu fui uma vez numa benzedeira que realmente parecia saber do que estava falando, mas depois disso não achei mais ninguém confiável. Por isso, quando aquela pacientinha no hospital me falou do tal de Neil Acker (ou seria Pai Neil? haha) Eu fiquei curiosa, ela parecia tão convicta sobre a veracidade do que estava falando enquanto eu a consultava que sério, não me contive e peguei o endereço da pensão onde ele estava hospedado.

Tudo bem que eu tinha que aproveitar o pouco tempo livre que eu tinha para estudar, ou pelo menos fazer coisas mais úteis, mas já mencionei que se eu fosse o gato estaria morta agora? Por que eu sou muito, mas muito, curiosa mesmo! E por mais que em algumas coisas eu duvide, ainda prefiro pagar para ver... Eu fui na tal pensão sem avisar, nem ligar ou marcar hora. Numa cidade do tamanho de Carmel um vidente não devia ter tanta gente assim para atender. O maior problema que eu poderia enfrentar era ele não estar em casa. Assim que cheguei no lugar, não botei muita fé não. Lugarzinho bem mal apessoado sabe, pode até ser um pouco de preconceito, mas parecia aqueles hotéizinhos de quinta em que os caras alugam um quarto para ficar um tempo com as garotas de difícil vida fácil... Ok acho que estou exagerando um pouco, mas...

Acabei indo até a recepção onde um cara até que bem atencioso me atendeu e me chamou o Sr Acker que graças aos céus estava em casa, ou no quarto, como você preferir. Eu não sou exatamente a melhor pessoa para ficar esperando os outros, sou um pouco paranóica, do tipo que se a pessoa demora ou se atrasa já fica imaginando que vão te dar um bolo ou que alguma coisa aconteceu. E o tal cara demorou bem uns quinze minutos para descer. Não sei bem o que estava esperando, talvez um daqueles pai de Santo da Bahia, com um turbante branco e tals. Talvez uma cachaça e uma galinha preta. Ok... eu viajei total! Eu não estava no Brasil e não ia fazer um exorcismo ou qualquer coisa parecida.

Provavelmente o cara só ia ler as cartas e pronto, ou talvez quiromancia... Mas não uma sujeira daquelas. Eu não ia gostar de dar de cara com um bicho morto. Bem, mas quando o tal de Neil Acker chegou era um cara completamente normal e bem lindinho até. Nada a ver com a minhas loucas expectatívas. Em outras circunstâncias um cara totalmente pegável. Claro que nesses assuntos eu só penso e nada faço... Totalmente lerda para essas coisas, mas isso não vem ao caso agora. O que importa é que assim que apareceu ele veio direto falar comigo e veio com um papo totalmente estranho... Será que todos esses videntes são assim? Por que a tal da benzedeira parecia mais a avó de alguém e não uma pessoa de outro nível espiritual sabe...

_ Meu nome é Janaina Sabidussi, foi a Sra. Newmann que me falou de você. Tem um tempo agora? - perguntei um pouco insegura...

Vocês devem estar se perguntando em como acabou aquele episódio no almoxarifado não é? Mas espera ai, a vida de Neil não é um seriado para que todos fiquem acompanhando dessa forma e...*barulho de uma pessoa sendo jogada ao chão. O teclado do computador vai junto, mas a narradora original pega O SEU teclado e o coloca de volta no lugar. Senta, passa uma mão na outra e começa a escrever*. Bom, recapitulando.

Neil estava em seu quarto, deitado, pensando na vida. Sim, para um “Sem Nada do que Fazer” como ele, esse era o seu destino. Ou ele vagava em busca de suas “aventuras” ou ficava ali pensando na vida. Mas dessa vez não era exatamente por opção. Como eu havia dito há algum tempo, ele estava bastante tranqüilo para um mês, portanto poderia abusar dessa mordomia com tranqüilidade, mas de inicio os seus planos eram sair em busca de mais descobertas no campo sobrenatural. Só que uma certa pessoa atrapalhou seus planos.

Pois veja bem, ela não atrapalhou de forma física e ele não estava debilitado em sua cama. Não, mas ela o colocou para pensar. Epa! Também não é assim, ela não o colocou de castigo como naqueles desenhos em que a professora coloca o seu aluno em um cantinho de costas para todos com um chapéu de burro. Menos hein, beeem menos! Ela não exerce tanto poder assim sobre ele e convenhamos que no ultimo encontro ele saiu ganhando. Se bem que ele não descobriu porcaria nenhuma, apenas ficou mais intrigado, pois alem da moça – a qual ele também ainda não sabia o nome – o ficar perseguindo, ela parecia ter um pezinho no sobrenatural

Mas bem. Vamos deixá-lo achando que ele descobriu sim alguma coisa e pensar que está ali analisando a situação. Porque de certa forma está sim, não é? E pesando os prós e os contras ele já descobriu poucas bastantes coisas. Mas nosso querido Neil estava deitado ali em sua cama, repassando toda a cena como se fosse um filme e parando na parte que ele mais gostou e tentando ver o que havia de errado ali. Primeiro ele sentiu aquele frio característico depois em lugar onde não corria ventilação nenhuma, a estante balança, a porta bate e varias coisas parecem....hmmm... tomar vida e ainda tem todo o fato de que ela parecia estar falando com outra pessoa alem dele. É, esse ultimo fato ele pode ter imaginado só para fazer com que tudo ficasse mais plausível.

Ele estava pensando em tudo isso e tentando achar uma luz no fim do túnel, quando bateram na porta do seu quarto. Neil se levantou para atender. Era a dona da pensão:

-Neil, tem uma mocinha procurando por você!- Ela falou,lançando um olhar maroto para ele. É isso mesmo o que você está lendo, olhar maroto. Neil achava que ela estava mostrando suas garrinhas cada vez mais. Levantou uma sobrancelha e depois de um tempo teve um clique, imaginando que pudesse ser a Louca Sem Nome do Hospital.

-Avise que eu já estou descendo.- ele falou, abrindo um enorme sorriso. Fechou a porta, se trocou rapidamente, descendo logo em seguida. Colocou um sorriso no rosto aquele sorriso dos vitoriosos, pff e foi até o hall de entrada – se é que aquela recepção poderia ser chamada assim – receber quem quer e ele sabia quem que estivesse lá. Mas ao avistar uma moça morena e não loira, achou mais estranho ainda, pois essa ele não conhecia. Olha, essa cidade tinha algum mistério, pois Neil estava se tornando doce da noite pro dia. Primeiro uma loira louca estava atrás dele e agora uma morena linda, que parecia ser super simpática. Sorriu ainda mais e se preparou.

-Você vai acreditar em mim se eu dissesse que sabia que você estava vindo me procurar?-, falou com as mãos no bolso, mas percebeu que não fizera tanto sucesso assim. Ela se apresentou como Janaina Sabidussi e disse que havia sido uma de suas clientes que o indicara. Ah! Então era uma consulta. Apesar de não ter dado resultado, ele agira certo. -Bom, vamos até essa sala aqui por favor.- Levou-a ate outra sala na pensão.-O que você acha de começarmos pelas cartas?Só um minuto que vou buscá-las,-Olha ele realmente estava banhado em mel, porque quando não eram admiradoras, eram clientes que vinham atrás dele. Ele tinha completa razão em ter se mudado para essa cidade.

Será que eu seria muito cruel se dissesse logo de cara que aquele papinho de "eu sabia que você viria" não me convenceu muito? Tudo bem que geralmente é isso o que eles tem que fazer... Mas depois de assistir àqueles episódios do fantástico mostrando o quanto é fácil enganar as pessoas e como eles fazem isso, esse rapaz, Neil, precisaria de muito mais feijão para conseguir me convencer... Interpretar as cartas, ótimo eu realmente achava que seria possível fazer isso, mas vamos ver se realmente ele conseguiria fazer de forma satisfatório ao invés de ficar tentando jogar verde para colher maduro. Claro que estando ali para ter uma consulta com ele eu não deveria estar tendo pensamentos tão desencorajadores, tão desacreditados. Não... eu não ia dar meia volta. com certeza eu ia pagar para ver, o que quer dizer exatamente isso, pagar para ver como era a consulta com esse cara.

Fiquei na salinha indicada enquanto esperava que ele retornasse4 com as tais das cartas. Aquele ambiente não me encorajava muito. O que séra que eu tinha ido fazer alí mesmo? haha! Eu acabava me metendo em cada uma por causa do meu mal de ser tão curiosa... Fiquei olhando para as paredes pintadas em um tom que um dia foi verde-água. Isso definitivamente não era o que eu tinha esperado, talvez uma mesa com uma bola de cristal e um ambiente com luzes vermelhas? Ok acho que estou confundindo as bolas, geralmente as casas com luzes vermelhas costumam ter outros propósitos, que também não são tão ortodoxos, e eu diria até um pouco menos corretos. Se é que vocês me entendem... Sinceramente eu não sei de onde é que surgiam esses pensamentos tão nada a ver, vindo dos recantos mais obscuros da minha mente, pelo menos é só isso o que eu posso supor.

O tempo em que esperei a volta de Neil (nota-se aqui a falta de um tratamento mais formal não? O que você tem na cabeça menina?) mil e uma coisas se passaram na minha cabeça, desde a música nova da Savannah Outen, até o tipo de perguntas que eu poderia fazer. Digamos que apesar de estar curiosa eu queria fugir do clichê quando é que eu encontro um amor? Se bem que depois de estar há tanto tempo sozinha... Não nego que tinha uma pontinha (do tamanho de um iceberg) de curiosidade sobre isso. Eu estava olhando fixamente para um ponto na parede com os pensamento infinitamente longe quando o cara voltou. Só quando ele chegou muito perto e sentou ao meu lado puxando uma mesinha de centro que me toquei de sua presença.

_ E então - falei depois de me virar um pouco em sua direção - Vamos começar então?