Of Traitorous Teachers and Intelligent Idiots... [privado]

Aula de Fisica-Quimica... Para que serve essa porcaria de qualquer jeito?
Se não sabe a resposta eu digo: Nada... nadica de nada mesmo!

Okay... talvez sirva para muita coisa mas eu a odeio na mesma! Não entendo patavina desse negócio de movimentação dos corpos em função da gravidade terrestre e blá blá blá...
No entanto, a prof. Hills continua tentando explicar-me mesmo que para mim ela esteja falando em chinês.
Pobre mulher; é inútil. Eu nunca vou entender isso... não entendi desde o primeiro ano que tive essa coisa e não é agora depois de uns quatro anos que eu vou entender... Mas ela sempre foi simpática e tudo mais e acho que apenas quer ajudar.
Só que a maneira como ela explica é tão... secante. Ou talvez seja a matéria. Eu sinceramente não sei; o que é certo é que eu detesto essa disciplina e não consigo me concentrar na matéria da dita cuja.
Contudo; eu me esforço para ter pelo menos um básico 11 e conseguir passar -- lógico que com a actividade sobrenatural a aumentar de dia para dia em Carmel eu agora ando sem tempo... e as minhas notas baixaram. De novo.

Dessa vez tive um 7. O idiota do Webber teve um 17. Urgh.
Praticamente me esfregou com o teste no nariz só para se armar em inteligente... desgraçado, safado, idiota, coisa mais... sexy. irritante...

Passando à frente do meu... probleminha de paciência com o Webber; a prof. Hills está vindo na direcção da quarta carteira na fila do meio... a minha carteira.
Já consigo ouvir os risinhos do Webber na carteira de trás -- me pergunto se alguém já lhe disse que ele tem um risinho bastante gay? Ah. Tinha esquecido... EU disse. rsrsrs. -- Sorrio com o pensamento mesmo sabendo que devo estar para ouvir outro dos conselhos da prof. ou até algum puxão de orelhas... desta vez solto um suspiro enquanto vejo a mulher de meia idade parar na minha frente.

- Senhorita Thompson eu estou preocupada com a sua nota à minha disciplina esse período... você teve negativa no teste diagnóstico e nesse primeiro teste...

- Sim professora, eu tenho consciência disso. Eu apenas não estou entendendo bem essa matéria. Só isso. - eu respondo educadamente mas sem sorrir. Webber parece achar algo indubitavelmente engraçado em tudo isso... e o riso dele é agravante.

- Visto que ainda falta um teste e um trabalho eu gostaria de sugerir, ou melhor... recomendar que você tivesse aulas de tutoria com um dos seus colegas... Eu tomei a liberdade de perguntar entre os melhores alunos e há um que está disposto a ajudar. Todos os outros têm actividades extra-curriculares que tendem a ocupar muito tempo e lamentam não poder contribuir para a melhoria das suas notas.

- Posso perguntar quem é esse colega? - eu indago ligeiramente apreensiva.

Estou com um mau pressentimento acerca disso. A professora sorri em qualquer dos casos...

- Claro que pode. É o senhor Webber. - Ela diz em voz doce.

O meu queixo cai.

Ela só pode estar gozando com a minha cara...

Eu adoro o meu colégio, cara.
Ela é grande, bonita, meio velhona, muros que pessoas como eu podem pular e tudo mais. Talvez a única coisa que eu ache nojenta lá é o fato de existir pessoas que não tem nenhum contato significante com o sexo oposto. Freiras, abades, padres e afins. Ao contrário do que eles devem definir, deve ser um verdadeiro inferno.
Hum... se bem que... quem sabe? Digo, quem sabe o que será que esse bando de gente faz aí quando os alunos não estão no Colégio?
Putz, eu vou mesmo pro inferno. É, talvez eu não deveria pensar isso daqueles velhotes e tal, mas eu realmente acho que o sexo não é o pecado da alma ou coisa assim. Realmente acho que eles não deveriam ter nenhum voto de castidade. De que adianta ir para o céu e ser santo, se é um merda o preço disso tudo? Mew, isso vai além da minha imaginação.

As aulas começaram com bastante agitação. Eu gosto disso e participo com gosto de todas as atividades extra-curriculares que consigo. Baseball, futebol americano [certo, certo, só não jogo futebol porque aqueles caras grandões tem mania de perseguição comigo], skate, patins, natação...
Pois é. Eu não gosto tanto de estudar. Sou um esportista, fazer o quê? Além do mais, eu naturalmente inteligente.
Em física e Química, por exemplo. Eu sou um gênio, cara. Sem comparação, brow.
A coitadinha da Sonia parece chiar de ódio toda vez que eu balanço algum teste bem feito na cara dela. E eu adoro essas sensações. A sensação de ganhar de Sonia e a sensação de irritá-la. Era praticamente a meta da minha vida, aliás.
E, cara, o nome dela é Insonnia. Sempre falo pro Leo [meu melhor brother e irmão dela] que a mãe deles é meio excêntrica, mas não deixa de ser legal.
Insônnia é bem gatinha e faço questão de ir visita-los frequentemente apesar de ela lançar farpas odiáveis em mim sempre que pode. E ela não pode nem sonhar que eu penso em chamá-la de Insonnia. Para todos ela chama-se apenas Sonia. Mas, vez ou outra, eu faço com que saquem o nome inteiro dela.

Ultimamente eu continuava exercendo minha função de garoto-prodígio em Física-Química. Para o aborrecimento de Sonia, é evidente. Mas quem se importa? Na realidade eu me divertia pencas em e esbaldava com a raiva dela.
Naquele dia, antes de as aulas começaram, eu tive uma conversinha com a feia Srª Hills, a velha que dava aula das minhas matérias prediletas. Tivemos uma boa conversa sobre as deficiências escolares de algumas alunas [uma em especial] na matéria. A Prof. Hills se comoveu com o fato de eu estar sendo tão prestativo e quase derramou lagrimas em cima de mim. Uh, sou um gênio, cara.

Quando a aula começou, eu era todo sorrisos. Sorria até para os pequenos seres microscópicos que levitavam no ar durante a lição. Quando estávamos mais ou menos no meio do quinto tempo e depois de a Prof. Hills entregar as provas [com minhas notas perfeitas e as horrorosas de Sonia] chamou a atenção de algumas alunas. Dentre elas estava a própria Sonia. Eu sorria marotamente enquanto ela falava.

- Visto que ainda falta um teste e um trabalho eu gostaria de sugerir, ou melhor... recomendar que você tivesse aulas de tutoria com um dos seus colegas... Eu tomei a liberdade de perguntar entre os melhores alunos e há um que está disposto a ajudar. Todos os outros têm atividades extra-curriculares que tendem a ocupar muito tempo e lamentam não poder contribuir para a melhoria das suas notas.
Meu sorriso crescia a cada palavra da Professora.

- Posso perguntar quem é esse colega? – Sonia, meio perturbada emocionalmente, perguntou à professora.
Nessa hora meu sorriso alcançou seu limite. Seria impossível dizer que eu não estava me deleitando com tudo aquilo.
- Claro que pode. É o senhor Webber.

De minha cadeira, olhei para ela e lhe mandei um tchausinho cheio de significado. Meu sorriso maroto parecia irritá-la ao maximo. Tão divertido...

- Eu ficaria honrado em ajudar, professora. – Sorri largamente para a Srª Hills. – Tenho tempo vago em quase todos os dias por semana, Soninha. – Pisquei para ela.

Seria surpresa para você dizer que ela estava quase entrando em estado de coma?
Realmente... isso é tão divertido!

Não, não e não... Isso não está acontecendo...
David Webber não vai me dar explicações na disciplina mais horripilante do planeta...

Fecho os olhos momentaneamente.

Calma Sonia. É um pesadelo... Você vai acordar dentro de 3...2...

- Eu ficaria honrado em ajudar, professora. – A voz da coisa a meio metro de mim me desperta. Webber lança um daqueles seus sorrisos de Casanova barato na direção da coruja velha -- É. Agora ela é uma coruja velha... antes era simpática, mas depois de me meter nessa alhada já não é... -- Tenho tempo vago em quase todos os dias por semana, Soninha. – Ele diz e em seguida pisca pra mim com a maior cara de pau que ele conseguiu desencantar... Espera aí?! Soninha?! urgh... como eu o detesto!

Eu exibo um sorriso amarelo tanto para a professora como para ele.

- Uh... obrigada prof. Eu fico agradecida pela gentileza. E a você também Webber. -- ou não -- Eu pensei furiosa, fazendo questão de demonstrar na minha cara que eu não estava agradecida de todo quando olhei para ele. - Mas eu acho que consigo voltar às minhas notas normais sem a ajuda de ninguém. Como disse, apenas não estou entendendo bem a matéria, mas reconheço que também tenho andado meio distraída. Eu prometo que doravante eu vou tentar me concentrar mais... - Eu termino o meu discurso com aquele ar de menina inocente que os professores gostam.

A professora sorri, novamente daquela forma naturalmente simpática e amável, que me irrita porque não posso odiá-la por todo esse fiasco com o Webber...

- Ora querida, isso já um passo importante; admitir que não é só falta de compreensão. Por isso mesmo acho que seria bom se tivésse ajuda do sr. Webber. E para além disso ele já se prontificou e tudo. Se ele não vê problema, não percebo a sua hesitação... E quanto à falta de atenção, confesso que já tinha reparado que a senhorita e a sua parceira do lado têm andado um pouco conversadoras... talvez fosse melhor separá-las, para bem das notas de ambas. - Ela diz de frma pensativa fitando a classe. Depois o rosto dela se iluminou como se tivésse tido uma ideia de génio. Isso só me fez mais apreensiva. - E que tal se a senhorita se mudasse para junto do sr. Webber? Eu sei que juntos não falariam tanto e ele ainda poderia esclarecer eventuais dúvidas... Sim, é isso! Pode mudar-se já para lá querida. Sr. Jenkins mude-se para o lado da senhorita Jones, por favor.

O meu queixo caiu pela segunda vez em menos de cinco minutos.
Afinal, apesar de toda a simpatia, era possível odiar a prof. Hills.

- Algum problema, querida? - ela perguntou preocupada. Eu respondi que não e arrumei as minhas coisas de forma algo irritada, mas a velha professora não reparou. Ela dirigiu-se para o quadro e recomeçou a passar fórmulas enquanto eu largava as minhas coisas na carteira de Webber intempestivamente. Deixei-me cair na cadeira ao lado dele sem sequer um olhar, sentindo-me abatida...

Maldita a hora em que os maus genes para Física-Química e argumentação do meu pai passaram para mim...

- Uh... obrigada prof. Eu fico agradecida pela gentileza. E a você também Webber. – Nessa hora eu tive de me segurar ao máximo para não explodir em gargalhadas. Ela me lançou uma careta que poderia matar qualquer um outro, mas eu só me divertia com as tentativas vãs de fazer a velha professora mudar de idéia. – Mas eu acho que consigo voltar às minhas notas normais sem a ajuda de ninguém. Como disse, apenas não estou entendendo bem a matéria, mas reconheço que também tenho andado meio distraída. Eu prometo que doravante eu vou tentar me concentrar mais... - Eu quase revirei os olhos quando ela tentou fazer a imitação parca de uma garotinha boa e inocente. Não que ela não o fosse, mas era extremamente comigo essa encenação exagerada.

A velha Hills, por outro lado, não se deixou enganar. Digo, mesmo que ela mantivesse aquele sorrisinho simpático dela, eu sabia que ela não iria mudar de idéia. Sonia estava pega e eu fiz questão de passar isso na cara dela só com o olhar. E sim, isso é o que eu chamo de olhar expressivo, baby!

A professora decorreu em um discurso, falando que alguém admitir que também tem falta de atenção, já é um grande passo. E que era por essa razoa que era importante que Sonia tivesse a minha ajuda, pois eu poderia livrá-la de eventuais duvidas. E eu novamente quase gargalhei quando Sra. Hills “obrigou” Sonia a sentar-se ao meu lado.
Encarar o queixo caído e a expressão chocada [e indignada] de minha nova “companheira” era extremamente divertido. É incrível como as coisas que quero sempre acabam acontecendo. Incrível mesmo. Mas, veja bem, é algo decorrente de muito tempo de pratica, sacou?

Sonia arrumou suas coisas com certa brusquidão e muito mau-humor. Eu estava fingindo brincar com o meu lápis enquanto ela sentava na cadeira ao meu lado.
Como a professora era bem profissional [tsc, tsc] simplesmente virou-se e iniciou a passar as formulas que estávamos estudando anteriormente e ignorou a carranca de Sonia.
Ela sentou ao meu lado com um baque surdo.
Olhei para ela e fiz questão de mostrar o quanto eu estava satisfeito com isso.
- Juro que não tive nada a ver com isso. Olhe, foi só o meu talento e inteligência que chamaram a atenção da professora, sabe? – Pisquei novamente para ela, com um sorriso maroto e, em seguida, virei minha atenção para as formulas escritas pela Srª. Hills.

Eu não estava nem ouvindo quando Webber falou comigo.
Na verdade, eu não ouvi mais nada do que foi dito nessa aula, fosse por quem fosse.

Porque eu fiquei aérea...

Eu limitei-me a fixar um ponto qualquer na mesa, o lápis suspenso na minha mão congelada no tempo a meio de um movimento, enquanto a aula decorria.
Não passei uma única fórmula das que a prof. Hills passou no quadro e não respondi a ninguém que falou comigo.
Até porque, eu só soube que tinham falado comigo depois, no intervalo, quando alguns colegas reclamaram que eu os tinha ignorado. Eu limitei-me a encolher os ombros e seguir caminho.
Não sem antes notar o olhar peculiar que Webber me lançou... é... eu acho que estava a comportar-me de forma estranha; até mesmo para mim.

Afinal de contas, eu tinha-me sentado ao lado dele furibunda e nem segundos depois eu estava tão quieta e calada como se tivesse entrado em hipotermia ou sido mordida por algum bicho altamente venenoso.
Eu não fiz soar um único som da minha garganta, eu não olhei para nada nem ninguém excepto pontos fixos na madeira da secretária ou na janela.

Sim... eu sei. Temperamentalidade é comigo. Mas eu fiquei assim porque eu comecei a pensar... e quando eu começo a pensar não há quem me agarre.
Eu me isolo no meu próprio mundo. Pensando e pensando e pensando...
Cheguei à conclusão de que eu me sentia triste. Triste e cansada de tudo.
Poxa, eu ia ter de aguentar o meu pai me dando um sermão -- e acredite, um sermão do meu pai é muito pior do que qualquer sermão dado pelo mais entediante dos padres... -- por causa da nota medíocre que tinha tirado, ia ter de passar umas duas horas extra por semana com um garoto que eu não acreditava ser a melhor companhia... -- Sim, extra... porque com a frequência com que ele está na minha casa é praticamente como se vivesse lá... -- é por isso que eu quero uma porta no quarto. Para a poder bater de forma irritada quando ele aparece, de forma a deixar bem claro que não quero estar na presença dele... O que de momento é impossível, tendo em conta que a minha mãe não me deixa colocar uma droga de porta no meu quarto e também não me deixa utilizar o computador lá porque acha que eu ia criar hábitos de ''toupeira''; sempre fechada no quarto.
Então eu tenho de me resignar a usá-lo na sala e aturar um pouco mais o Webber depois da escola.

Mas sabe o que me irrita mais no meio disso tudo?
A facilidade que Webber tem em me irritar.
De estar sempre a fazer coisas que eu nunca -- nem nos meus sonhos mais doidos -- sonharia que ele faria.
Sempre sendo inesperado e completamente insuportável. Sempre virando a minha vida de pernas para o ar e me fazendo querer trepar as paredes e arrancar os cabelos do couro cabeludo um a um.

Eu não sei mais como me sinto em relação a ele e eu não sei o que fazer.
Porque eu acho que até gosto das nossas pequenas discussões, das provacações e da adrenalina de lhe responder à letra... das nossas conversas sérias ocasionais quando ele resolve ser normal comigo e não um idiota com um monte de bobagem pré-concebida para me jogar em cima...

E é por essa razão que já não sei sequer se eu gosto que os deuses não o permitam ou não daquele imbecil. Seja como pessoa ou como amigo ou até mais que isso...

Porque eu não posso gostar dele de mais modo nenhum...

Ou será que posso?

Esse pensamento fez-me parar subitamente na minha marcha pelo corredor até à sala onde iríamos ter Inglês e o meu coração começa a bater mais forte.
Sinto alguém chocar contra mim nesses poucos segundos e viro-me à velocidade da luz para ver quem fora, ainda que para mim tudo estivésse a acontecer em câmara lenta.

Era Webber. O meu coração começa a bater ainda mais depressa enquanto eu o vejo mexer os lábios e dizer algo, ainda com aquela expressão no rosto.
Mas eu não sei o que foi e eu não o deixo terminar.

Porque não foram precisos mais de 5 segundos para eu cometer a maior parvoíce da minha vida...

Eu puxo Webber pelo colarinho da sua camisa e beijo-o. A sério.

Por mais que você goste de uma coisa, ela pode ser bastante aborrecida as vezes. O que não era o meu caso, é claro.
Passar todo o horário da minha matéria predileta ao lado de Sonia era simplesmente... impagável. Não só pela expressão chateada ou nervosa dela, mas porquê eu mostrava, novamente, para ela que eu podia conseguir o que quisesse, independente de que assunto se tratasse.
Participei com gosto da aula. Um pouco por mim mesmo e meu agrado pelo que a professora passava no quadro, e outro pouco porque eu sabia que isso irritava minha companheira de mesa. Esporadicamente eu a olhava com sorrisos marotos e ela somente ignorava. Bem, na verdade ela fingia ignorar, fato. Porque se tem uma coisa que Sonia não faz é me ignorar, por mais que ela tente ou negue.

Toda a aula seguiu tranquilamente. Eu exerci meu papel de gênio insuperável na matéria e Sonia continuou parecendo uma lunática bizarra. Eu não me importava, é obvio. Tanto faz se ela queria bancar a louca. O problema era dela, certo? É, eu acho que sim.
Só que eu não sou assim tão insensível. Eu gosto de irritá-la e a sensação é incrível, mas eu acho que vai além disso. Porque ela é a irmãsinha do meu melhor amigo, saca? Eu também tenho de ficar de olho nela de vez em quando, mesmo que eu sempre acabe sendo tapeado [por ela] nessas horas. E ela podia ser legal também, quando não estava bancando a melhor para cima de mim. Porque, convenhamos, ela consegue ser bem chatinha quando quer. E olha que ela parece sempre querer, hein?

Quando a aula terminou [e minha “companheira” parecia ter suspirado de alívio com isso], peguei minha mochila de maneira displicente e saí fora. Bem, não exatamente. Eu não pretendia assistir mais nenhuma aula naquele dia. Eu precisava treinar um pouco com o skate e depois só queria dar um passeio por aí. Não me preocupei com que modo eu usaria para “fugir” da escola, mas eu iria nem que fingisse estar com um ataque epilético ou algo do gênero. Dane-se, dude. Se eu não queria estudar, ninguém iria me forçar.

Olhei em volta para ver se encontrava Sonia com o olhar, mas ela já havia saído em disparada e andava pelos corredores. Apertei o passo e me aproximei dela. Afinal, tínhamos de acertar os horários que usaríamos para as aulas “particulares” que eu daria a ela. Eu ainda caminhava rápido e me aproximava dela agradativamente. Quando estava praticamente tocando-a, ela simplesmente estancou no lugar. Como se fosse de propósito, pra me fazer dar de cara no chão ou algo assim.

Nós nos chocamos com uma força considerável, e, na verdade eu é que quase fiz ela desabar no chão. Ela se virou para mim muito rapidamente e ficamos literalmente cara à cara. Só que, pelo olhar dela, deu pra ver que ela não sabia que eu estava ali. Aliás, eu nunca vi olhar tão estranho vindo dela. Era maconha, cracke ou algo assim? Estranho... estranho mesmo.

- Hey, Sonia. Se liga ou vai acabar caindo, hein? – Dei um meio sorriso para ela. Pensei que ela fosse me dar alguma má resposta acida, mas ela continuava me olhando daquele jeito.
E eu ia falar mais alguma coisa. Talvez perguntar se ela estava bem ou algo assim. Mas ela não deixou. E fez a ultima coisa que eu esperava que ela faria em qualquer momento de nossas vidas.

Me beijou.

Pude notar o quão estupefacto Webber ficou quando os meus lábios se colaram nos dele.

Mas como é que eu o podia censurar? Eu própria não sabia o que estava fazendo!
Eu acho que alguém deve ter me lançado uma daquelas maldições do Harry Potter... Imperius ou algo assim... porque por mais gato que o Webber seja, por mais inteligente e interessante que ele possa ser por vezes que Deus não permita que ele me escute admitindo uma coisa dessas, para mim ele nunca passou de um idiota que, por um acaso infeliz do destino, se tornou o melhor amigo do meu irmão.

Ele me irrita, provoca, xinga, entorpece e faz a cabeça andar à roda.

E não.
Não é amor.
Não pode ser amor.

Eu não posso amar alguém que é tão imprevisivel quanto o tempo olha quem fala, né? A temperamentalidade em pessoa criticando o Webber por fazer a mesma coisa, tsc tsc, que me tira do séro tão facilmente que parece até que nem se esforça, que traz ao cimo as partes mais recônditas da minha personalidade.

Então esta é a parte em que aquela vozinha na minha cabeça, que geralmente atende por conselheira/consciência se bem que também consiga ser a coisinha mais chata desse mundo e do outro pergunta:

Insonnia Fortunato Thompson, o que raios você está fazendo, garota?

E aí, ainda que o beijo esteja sendo bom Bastante bom até... Amén ao fato de o Webber não puder ler pensamentos que pareça de certa forma acertado estar beijando David -- tão acertado quanto um beijo entre duas pessoas que aparentemente se detestam pode ser -- eu empurro Webber pelos ombros antes que ele tenha oportunidade de aprofundar o beijo.

Eu sei que para ele eu pareço uma lunática -- ele faz questão de mo dizer numa base regular, o que torna dificil esquecer esse elogio (qualquer filha de italiana que se preze considera que ser lunática é no bom sentido, para além de que nos torna diferente das outras pessoas) -- mas eu sinceramente não estou nos meus dias e assim sendo, não me sinto normal. Estou até meio avoada.

Olho para ele de olhos arregalados, apercebendo-me pela primeira vez do que eu estava realmente fazendo.

- Eu... eu... desculpa... eu não sei o que me deu... - Eu murmuro de forma estupidamente aparvalhada sem o encarar.

E sem esperar nem resposta eu começo a correr pelo pátio em direcção à saída, me sentindo uma babaca.

Eu precisava fugir dali e reflectir um pouco acerca do que acabara de acontecer.
Eu precisava conversar com alguém.
Eu precisava da Suze.


[off] Desculpe pela demora madrinha... Eu estou tendo uns problemas familiares algo graves e a escola não me tem dado muito tempo. [/off]