Ellie Parrish. || fechado||

Deslocadores Mensagens : 11 Data de inscrição : 23/12/2008

Eu não me importo .Mesmo.
Uma hora ou outra vão acabar partindo, seja ou não por minhas mãos. Seja ou não por meus métodos.Tam’pouco sinto remorso: eram uns completos filhos da puta. Alguns talvez não o fossem, no entanto nunca tive oportunidade de descobrir. E acredite, a responsabilidade é grande: você atende por você e pelos outros, algo extremamente cansativo. A morte...o partir, um último adeus.A morte como deveria ser...causa sensações – como poderia colocar? – agradáveis? O trabalho dignifica o homem. Em geral, me traz paz.

Ah, que se foda.

Por mim poderia lotar até despencar gente da Terra.

Gente,aliás,se estivessem vivos.
Gente, aliás, ,se isso fosse uma cidade.
E não algo chamado Carmel.

O silêncio recobria o lugar, um manto espesso e invisível sob um céu muito negro e de poucas estrelas. Que segredos guardavam cada beco sem saída, que segredos jaziam nas penumbras escuras de ruas desertas? Que segredos....quantos segredos..quem...os passos ecoavam secos, sua sombra projetando-se longa no asfalto gasto, noites quentes. Suspirou. Em algum lugar , as peças não haviam se encaixado e seu quebra cabeças permanecia incompleto. E agora,Carmel. Uau, bem vinda a nova vida. Com os mesmos velhos fantasmas.Meus velhos fantasmas. Fantasmas..ou seriam pessoas? Encobertos pela realidade, pelo ceticismo do progresso. Pela ‘evolução” humana.. coexistindo lado a lado, dia – a – dia.

E que as vezes pagam de filhos da puta.

Os fios de fumaça desenrolavam-se no ar : esculturas etéreas e intocáveis, que desfaziam-se em lugar de outras formas...novas esculturas.Antigos hábitos sempre voltam,, era o que diziam não? Já não fumava. E os filetes finos que escorriam pelos ares traziam a tona páginas viradas. Girou o cigarro e sem mais,deixou escapar por entre os dedos, atenta ao ruído baixo. Varreu o breu desinteressadamente, nenhuma alma viva.

Alma viva.Irônico.

Riu,sozinha.O odor de tabaco se dissipando, levado pelas brisas mornas de carmel.E então os olhos pousaram na coroas de flores,e a julgar pela vivacidade, recente.Uns dois dias,talvez. Califórnia,calor,contato humano,flores tropicais.Um Havaí americano. Sejam bem vindos a Carmel! Muito bem vindos e a coroa de flores ajustou-se perfeitamente ao seu pescoço.

Formosura.
Mas..que merda....era esguia,alta.E o mais incrível.Andava.Como..um ser humano.Vivo.

- Mas que merda...- a mão pousou automaticamente sobre o frio do soco inglês..- Oh meu deus.você anda.

- Devia parar com as drogas,agora anda,sai de cima.- revirou os olhos azuis esverdeados.Um incrível azul esverdeado.E sacou a pistola.

Sim,uma pistola.What porra is that?

- Fantasmas não costumam usar armas.- as palavras tropeçaram,um que de incredulidade. O instinto de sobrevivência: abriu um sorriso simpático.A arma permanecia na altura de sua cabeça.

- Fantasma? Mas que porra garota.- um tom irritadiço permeou as palavras aproximando-se da lápide.

- hn..seu namorado? – o sorriso findou-se em seus lábios, Xum agora voltava os olhos para a lapide de mármore.Nova.

- Não,só o cara que matei ontem – a voz calma, um acontecimento banal. Assassinatos acontecem todos os dias não?

- Ah.- Xum resmungou algo incompreensível.Os sentidos em alerta.Algo dizia insistentemente: me fudi.- Quem é você?

- Interessa..por que? – e pela primeira vez aqueles olhos invejosamente azuis encontraram os seus.Xum sorriu,sacana.

- Fantasmas não costumam andar. Estava pensando em catalogar sua espécie.- piscou – futuros estudos.

- Você é maluca,eu não devia estar falando com você, devia era te meter um tiro na testa, isso sim.- a estranha fantasma caminhante parecia se controlar... e a julgar pelas constantes mudanças nos traços finos, era algo extremamente..difícil.

- Pode pegar encosto. – retrucou com um sorriso irônico, enfiando calmamente as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.

A mulher riu.Um riso..maléfico.E aproximou-se.Instintivamente, Xum abriu um meio passo atrás.

- Você tem estilo garota. Se daria bem se fizesse as escolhas certas.

Alexz riu divertida.

- Te exorcizar?

- Posso te pagar um café? – a julgar pelo fato de estar caminhando a um local desconhecido, com uma fantasma que caminhava E suava armas e que aparentemente eliminava humanos por diversão,a pergunta fora retórica.

Havai não? Onde estavam as havaianas simpaticas?

- Creio que sim..- os portões do cemitério ficaram para trás,a luminosidade amarelada dos postes de luz enchia a rua de grandes placas negras.

- Quantos anos você tem,menina? – a voz da mulher soava perfeitamente..humana.Aceitável.Talvez pelo fato dela ser humana.

Sociopatas eram pessoas comuns.

- Interessa..por que? – Alexz lançou um olhar breve e tornou a mirar a rua que alguns carros cruzavam,voados.O ronco do motor longe morrendo ante a gargalhada.

- Sabe, garotas não vão a cemitérios.Tava pensando de que espécie você é..Futuros estudos.

- Do tipo que trafica rins. Dá um bom dinheiro.

O tráfico de carros aumentou consideravelmente, já não se ouvia o ruído dos passos.Carmel adquirira uma coloração amarelada e reconfortante, o cheiro leve de maresia encharcava o ar com os ventos mais frios e agora,mais fortes.Pessoas ganhavam as ruas, carros importados dominavam o asfalto.Paz..

Sua nova casa.
Minha nova vida.

Humanos Mensagens : 26 Data de inscrição : 01/12/2008

Mais um. Ele era só mais um.

Ellie andou pelas ruas, naquele silêncio inócuo e indefeso. Ficou satisfeita por não ver ninguém, seria mais simples assim.

O céu estava masjestoso em seu manto azul celeste da noite, sem nenhuma estrela o salpicando. O vento ainda batia forte no rosto desprotegido de Ellie e tudo que a cobria era um sobretudo negro, combinado à sua bota de couro.
Seus cabelos voavam em um rabo de cavalo bem preso na altura de sua cabeça e a passos apressados ela andava como um vulto.

Ela se deteve por um momento, ao se aproximar do portão enferrujado de um marrom cobre. Se realmente acreditasse em fantasmas, estaria condenanda entrando naquele santuário. Seria como um policial encarcerado em uma cela, cheia dos presos à qual julgou.

Mas ela não acreditava, seu ceticismo era mais forte que suas dúvidas, então, sem mais delonga, empurrou o portão com uma facilidade visível e adentrou o caminho de pedra, em direção aos túmulos, já conhecidos.

Cada um daqueles mortos, cada um daqueles túmulos.

De cada dez mortes ela foi a culpada de pelo menos três. Não é como se sua consciência pesasse por isso, não sentia pelo seus crimes, era um costume, quase uma religião.

Aprofundou os passos, verificando cada lápide até encontrar a daquele, áquele que procurava.

Ainda podia sentir o fervor do sangue dele escorrendo por entre o piso marmorizado e branco daquela saleta. Um tiro na cabeça bastaria, mas a crueldade insana fez os tiros alongar-se dês de seu pé até sua testa, deixando um rastro de sangue por onde as balas perfuraram.

Ela riu-se ao lembrar de que ao menos pode proporcionar um pouco de prazer ao rapaz antes de matá-lo. Será que isso descontaria um pouco dos seus pecados?
Duvidava.
Mas achava tão pecaminoso àqueles que se escondiam atrás de uma mesa, apenas apertando um botão para resolver seus problemas.

Andou mais algumas fileiras, passando pelas lápides e túmulos, até que reconheceu o mármore cinza e a cruz preta, num dos cantos afastados do cemitério.

Tinha alguém lá.

~~~~~~~~~~

Ellie não achou que encontraria alguém ali, nem que terminaria a noite em uma boate conversando com uma completa estranha que não parecia ter mais de 17 anos, mas em seu íntimo, achou que no fim das contas não foi de todo mal encontrá-la. Um elo de simpatia se formava entre elas.

- Então, é Xum né? – perguntou sem interesse, só por apresentação – O que estava fazendo no cemitério àquela altura da noite? – Ellie se divertia e ria, se interessava pela história da garota e achou que ela poderia ser uma boa companhia, uma boa pupila quem sabe.
Por mais assustares que estes pensamentos parecessem, ela o achou interessante, por mais solitária que se mantivesse era como se tudo fosse acabar de repente, então ela precisaria de uma substituta, alguém que continuasse seu servisse e proclamasse seu nome como uma lenda. Uma lenda misteriosa, assim como Ellizabeth Parrish.

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