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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Bem vindo!
The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.] Atrama

Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

Proibida a Cópia total ou parcial.
Obrigada.

 

 The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.]

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AutorMensagem
Mary W. Bennington
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Mary W. Bennington


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MensagemAssunto: The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.]   The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.] EmptySáb Jun 13, 2009 9:42 pm

Se eu fosse realmente pensar sobre toda a minha vida, ali, deitada naquela cama e me acabando de chorar, a primeira atitude que eu deveria e queria tomar, era a respeito de relacionamentos. Ou a não existência deles nos meus planos futuros. E se eu chegara ao ponto de pensar nas palavras “planos” e “futuro”, ainda mais na mesma frase, era por si só uma coisa alarmante, um aviso. Um aviso simples de que eu deveria parar de pensar sobre toda e qualquer situação a respeito de envolvimentos amorosos. Pois somente pensar me fazia tomar decisões precipitadas, me jogando de encontro a situações que só me infringiam dor. Eu tinha que dar um basta! Mas não agora, não essa noite... Essa noite a única coisa que me restava era tentar impedir, mesmo que em vão, a torrente de lágrimas que não paravam de sair e raiva de mim mesma por achar que fazer as coisas do meu jeito era a solução.

Levantei a cabeça do travesseiro, observando o quanto ele já estava molhado e o quanto era difícil abrir os olhos, de tão inchados. O que me fez explodir em mais uma sessão de choro. Abracei o travesseiro com força, enterrando a minha cabeça ali, sentindo-a pesada e adormecendo lentamente, enquanto as lágrimas ainda insistiam em escorrer dos meus olhos...

***


Eu nunca havia notado o quanto aquele corredor era comprido. Ou o quanto o quarto de Gary era longe do meu naquele momento. Sempre fora assim? Eu não me lembrava... A única coisa que eu queria era chegar até ele o mais rápido possível. E quando isso finalmente aconteceu, eu abri a porta com estrondo, entrando no aposento sem enxergar muito bem as coisas ao redor, devido às lágrimas que embaçavam os meus olhos. Fechei a porta atrás de mim com força, encostando-me nela por algum tempo, me deixando consumir mais um pouco em meio à dor da rejeição.

Depois de alguns minutos encostada ali, sacudindo-me em soluços silenciosos e não tendo sumido por aquela porta, o que seria uma das melhores coisas que poderiam acontecer comigo naquele momento consegui me fazer desencostar dela, caminhando em direção ao meu espelho que ficava no outro canto do quarto.

Eu não sabia o que me atraia nele, e não era só por vaidade, mas eu gostava de me observar por horas, de me ver falar, de ver como eu reagia diante de algumas coisas. Talvez o fato de atuar influenciasse bastante, mas eu sabia que não era só por isso. Portanto, como se fosse parte de um ritual ou então uma rotina depois de decepções ou em meio a decisões, parei em frente a ele, observando meu reflexo quase patético. Sim, a aparência patética de uma pessoa que levou um grande fora, após uma declaração precipitada ou, como no meu caso, tardia.

E como eu já desconfiava, além de patética, eu estava com uma aparência horrível. Não olhei para a camisola que eu vestia e que continuava do mesmo jeito, ou mesmo para os meus cabelos que ainda estavam... Normais. Mas meu rosto estava distorcido pelo choro contínuo, minhas pálpebras já estavam ligeiramente vermelhas e meus olhos um pouco inchados. E eu sabia que ficaria pior. Fiz uma careta muito mais feia do que a que já estava estampada no meu rosto, ante aquela visão tão ridícula.

Mesmo que eu tivesse me preparado muito mais para o resultado de meus atos essa noite, eu nunca poderia imaginar o quanto aquilo poderia me machucar. E por um momento, deixei que outro sentimento tomasse conta de mim, para tentar amenizar o que já me entorpecia. A raiva. Raiva de mim por não ter feito nada quando ainda tinha a chance. Raiva de Chloè, por tomar Gary de mim - apesar dessa ainda ser infundada – e raiva dele, por ter se permitido me amar em silencio, por ter sido egoísta a ponto de não ter dividido comigo o que ele sentia.

Passei os dedos mais uma vez sob os olhos, inutilmente, já que esse ato não era suficiente para secar as minhas lágrimas e pensei que o que eu mais precisava naquele momento era sair dali. Olhei para a porta e em seguida para a janela que estava ligeiramente aberta. Sair sem que ninguém notasse não constituía em nenhum problema para mim. E eu não tinha com o que me preocupar. Gary com toda a certeza não viria checar se eu estava na cama essa noite... Disso eu tinha certeza!

Olhando mais uma vez para o espelho por alguns minutos, terminei por tomar a decisão de realmente sair. Desgrudei os olhos dele, com um pouco mais de relutância dessa vez, me encaminhando para a porta para trancá-la. Voltei-me em seguida para o meu guarda roupa, a fim de me trocar. Não era como se eu estivesse me arrumando com intuito de ver alguém ou que eu realmente ligasse para a minha aparência naquele dia confesso que por um momento eu não liguei realmente de sair do jeito que estava, mas consegui recuperar um pouco da razão nos últimos instantes., portanto, mal vi a roupa que eu havia vestido, me certificando apenas de que eu estivesse vestindo algo mais apropriado para sair na rua. Ri sem humor dessa pequena preocupação, ao mesmo tempo em que pensava que eu estava mais mal do que eu realmente pensava estar.

Andei até a janela, abrindo o restante lentamente, olhando para os dois lados da rua. Como era de se imaginar, estava completamente deserta. Nem fantasmas havia na redondeza. E ao pensar nisso, imaginei se seria de todo ruim encontrar qualquer um deles por ali. Talvez eu não estivesse em condições de mediá-los, mas cuidar dos problemas de outros seria interessante para me distrair.

Balancei a cabeça, mandando esse pensamento para longe. Não importava realmente o que eu fosse fazer aquela noite. Eu só queria sair dali, daquela casa. Sem mais devaneios, me impulsionei para subir no parapeito da janela. Montei nela, passando uma das pernas para o lado de fora. Não era como se eu fugisse muito hoje em dia, mas eu ainda sabia de cor os lugares aonde eu tinha que pisar até chegar à calha da casa e poder me apoiar nela para descer para a varanda.

Passei a outra perna para fora em seguida, ficando em pé no telhado de casa. Andei com mais cautela do que o normal, chegando à ponta do telhado, descendo vagarosamente, até chegar ao chão. Me desequilibrei ligeiramente quando pisei no chão da varanda, quase caindo, mas conseguindo me segurar no último minuto, saindo rapidamente dali em seguida.

Caminhei a passos lentos, sem saber ao certo aonde meus pés me levavam. O momento de concentração, para fugir de casa, pareceu varrer por um momento as lágrimas. Respirei fundo, tentando não pensar em nada que pudesse me fazer voltar a chorar, mas só o fato de pensar em segurar qualquer lembrança, fez o pranto ser aberto novamente, só que de forma mais lenta e contida.

Aumentei um pouco a intensidade dos meus passos, após um tempo, começando a reconhecer o caminho que eu havia tomado sem perceber. Eu estava andando em direção ao teatro, e aquilo pareceu me aliviar um pouco, de uma forma completamente estranha. O teatro havia sido desativado fazia poucos meses, e nós migramos o nosso grupo para um complexo cultural da cidade, que não era lá essas coisas. Juntando-se ao fato de que nem todos se dedicavam mais como antes, as coisas acabaram por esfriar e desfizemos o grupo por um tempo.

Mas não era como se todos conseguissem abdicar de vez dessa paixão, e há uma semana, Olivia e Peter haviam me ligado para voltarmos a ensaiar. Eu ainda não havia dado uma resposta concreta, mas ela estava muito mais inclinada para um sim e depois do que me acontecera essa noite, eu sabia que ia precisar cada vez mais me agarrar as outras coisas das quais eu gostava.

Era bom pensar, nem que fosse por um breve instante, nessas coisas. Mas eu sabia que isso não ocuparia meus pensamentos por muito tempo e ao parar nas portas do fundo do teatro, elas já haviam ficado para trás. Abri-as sem nenhuma dificuldade, estranhando por um tempo o fato de estarem destrancadas. Eu não havia imaginado como as coisas estavam tão abandonadas por ali, mas também não me ative muito ao fato. Era bem melhor que eu não tivesse que me preocupar em entrar ali também.

Encostei a porta ao passar, andando cautelosamente no escuro. Eu conhecia o lugar como a palma da minha mão e não foi difícil chegar até onde eu queria. Subi as escadas até o local onde ficavam os refletores, ligando o do meio no caminho e passando as mãos umas nas outras para limpar a poeira. Andei até o artefato, direcionando-o de forma a iluminar exatamente o meio do palco. Ele estava igualmente empoeirado e fiz o mesmo gesto anterior para tirar a sujeira das mãos.

Desci as escadas um pouco mais rápido dessa vez, pois o local estava ligeiramente iluminado por conta da luz do refletor. Senti mais algumas lágrimas escorrerem, como se elas estivessem prestes a cessar de vez. Passei as costas da mão pelo rosto, pela incontável vez nesse dia, chegando até a escada lateral do palco. Subi vagarosamente, andando em direção à luz, mas parando ao lado dela. E sem saber mais o que fazer ou que quer que estar ali pudesse significar, me joguei no chão, caindo sentada de forma desajeitada, com as pernas jogadas para o lado. Respirei fundo, deixando-me imergir na tênue linha entre a escuridão e luz para a solução do meu problema se é que existisse uma solução para não sofrer com tudo aquilo.. E ao pensar que eu tinha dificuldades de alcançar a luz, mesmo estando a um passo dela, desatei a chorar mais uma vez.
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Ethan J. Riley
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Ethan J. Riley


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MensagemAssunto: Re: The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.]   The Light Always Shine On The Dreams. [Rp fechado.] EmptyDom Jul 05, 2009 9:42 pm

Tem certas ocasiões que nossa mente está tão absorta, tão envolvida por algo que, em meio a parcas limitações, nos mostramos incapazes de captar com precisão onde se inicia a realidade e se encerra o imaginário. Algumas situações são tão absurdas que somos capazes de concebê-las como efetivamente concretas; outras tantas, por sua vez, tornam suas abstrações tão palpáveis e lancinantes que nos mostramos inaptos a considerá-las como simples quimeras.

Nunca houve uma explicação verdadeiramente lógica que me fizesse conceber de forma plena o sentido desse fenômeno psíquico que costumamos chamar de sonho. Muitos costumam dizer que os sonhos são reflexos das nossas próprias experiências, desejos ou temores; no entanto, essa afirmação não se torna completamente eficaz no que tange aos sonhos mais ilógicos. Seriam estes, deste modo, reflexo da fertilidade e criatividade dos pensamentos de todos aqueles que os têm? Eu não saberia dizer, ao certo. De qualquer forma, eu não estou a refletir sobre todos esses fatos para falar destes últimos, mas sim de outros. Dos sonhos quase ilógicos, cuja única lógica existente é constatarmos que se não acabássemos por descobrir com o ato de acordar que tudo aquilo não passava de um sonho eles seriam para nós algo estupidamente real.

Mas, de qualquer forma, seja ele reflexo de desejos, temores, ou fruto daquilo que vivemos, eles não passarão de um sonho... Eu sou apenas um sonho. Ainda que, em algum lugar, seja estupidamente real.

***


Eu estava em Carmel novamente. Era facilmente perceptível para mim o fato de que havia voltado àquela cidade onde por tantos anos construí uma parte da minha existência, ainda que nem ao menos chegasse a me recordar de ter saído daquela que atualmente abrigava minhas experiências de vida. Carmel, no entanto, aos meus olhos parecia a mesma de anos atrás; dos anos que eu ainda fazia parte daquela história; dos anos em que Mary fazia parte da minha história.

Era como se nada tivesse mudado desde aquele dia. Eram as mesmas ruas, as mesmas casas, a mesma aparência envolta pelo manto da noite. Uma tênue e peculiar diferença, era que Carmel, naquele instante, parecia um tanto quanto morta ou adormecida. Talvez as duas coisas. Não havia sequer uma pessoa a transitar por aquelas ruas, nenhum carro a passar pelo asfalto, ou mesmo alguma luz perdida em algumas daquelas residências em frente à calçada pela qual eu transitava. Concisamente falando, as únicas coisas que me indicavam que aquela cidade ainda respirava eram apenas eu, a luz dos postes e o silêncio quebrado de quando em quando pelos meus passos.

Naquele breve contexto, Ethan Riley, no entanto, seguia a passos sem um rumo específico. Era como se apenas parte de mim trabalhasse voluntariamente; outra dela apenas se limitava a seguir o que inexoravelmente eu poderia chamar de destino. Eu sabia que, de alguma forma, acabaria por descobrir por mim mesmo o lugar no qual eu deveria estar naquele momento e apenas continuava a andar. Ainda assim, eu não podia negar que aquele estado inerte daquela cidade me incomodava, mas não ao ponto de me fazer pressentir que corria algum risco por transitar por ali naquela ocasião específica.

Em algum ponto daquela inusitada caminhada, eu pus as mãos nos bolsos e respirei fundo. O ar se condensou frente aos meus lábios e eu percebi o quanto a temperatura estava fria, muito embora não a captasse pelos meus sentidos efetivamente. Desviei o olhar de leve para o lado, notando o quanto as grades da residência pela qual eu passava pareciam úmidas. Aproximei-me delas, retirando uma das mãos do bolso, deixando meus dedos passearem por entre elas à medida que prosseguia em meu caminho. Soltando um novo suspiro, me veio em mente o fato de que eu parecia ser a única coisa realmente viva em todo aquele cenário ofuscado da cidade.

As grades, aos poucos, foram dando lugar a um muro de aparência considerável, o que me indicou que as coisas pareciam terem se distorcido levemente naquele momento. Em minhas memórias, eu sabia que depois daquela casa e daquela grade havia um muro, mas ele parecia ainda maior do que a última vez que eu passara por ele, ainda que tivesse a mesma cor e o mesmo estilo. Ao analisá-lo, veio em mim o rápido pensamento de que, diferente do que eu pensava, algo havia mudado, embora no fim ainda guardasse algo do seu antigo aspecto. Ainda que parte de mim não associasse por completo a mudança àquele letárgico muro.

Espalmei minha mão sobre a superfície daquele muro por alguns instantes e recordei-me que aquele era o trajeto que eu fizera tantas vezes antes; trajeto esse que me levaria ao teatro da cidade, que eu soubera que havia sido desativado há poucos meses. Coloquei minha mão dentro do bolso, mais uma vez, e recomecei a andar, sem pressa. No que eu julguei serem poucos minutos, deixei o muro e sua aparência parcialmente inovada para trás, distinguindo o contorno do prédio do teatro ao longe.

Sorri levemente ante a algumas lembranças, deixando com que aquele leve riso morresse em meus lábios, aos poucos. De tanto andar naquela atmosfera densa, eu sentia que, em parte, estava sendo absorvido por ela e não era como se eu me permitisse a ter algum tipo de lembrança que considerasse feliz naquele momento. Respirei fundo, subindo lentamente as escadas da entrada principal, não sendo por completo surpreendido com o fato de a porta ter aberto quando eu girei a maçaneta calmamente.

Não houve ruídos ou gemidos quase surdos enquanto eu abria a porta e a fechava lentamente atrás de mim, o que me indicou que até mesmos os objetos pareciam respeitar aquele torpe silêncio. Passei pelo átrio, a passos comedidos, sabendo me situar perfeitamente dentro do recinto, ainda que ele estivesse envolto numa estranha obscuridade. Alcancei as portas duplas da sala principal sem muitos problemas; elas cederam para frente a um leve toque, e eu tornei a empurrá-las lentamente, adentrando o recinto calmamente. À medida que ele se enquadrava em meu campo de visão, eu pude captar uma breve iluminação vindo dele, que de modo quase imediato eu reconheci como sendo de um dos refletores do palco.

Estanquei, meio absorto, perguntando-me mentalmente por que motivo apenas aquele refletor estava ligado, sendo que a uma primeira observação não havia no local ninguém que o tivesse ligado, ou que o estivesse usando naquele momento. Não havia lógica alguma na cidade amortecida e sua aparência lúgubre e aquela parca luz refletida naquele palco. Em um breve lapso, julguei em pensamento que ela me parecia mais incômoda do que todo o contexto da cidade em si, porque ela irremediavelmente não parecia pertencer àquele quadro, como parte de mim não mais julgara pertencer até instantes atrás.

Desci calmamente por um dos corredores que separavam as inúmeras fileiras de poltronas que se difundiam pelo local. Meus passos não mais quebravam o silêncio, por mais que eu os forçasse; mas conforme me aproximava do palco, notei que ele dava lugar a pequenos ruídos, não tão esparsos e nem tão contínuos, que me lembravam soluços contidos. A acústica do espaço me fazia crer que eles vinham de toda a sua extensão, inclusive de dentro de mim, ainda que não me pertencessem.

Não obstante, continuei a seguir em direção ao palco. A luz parecia estar ao mesmo tempo intensa e ofuscada Eu tinha plena visão do ponto que ela iluminava, chegando até mesmo captar a poeira que pairava no ar, numa dança silenciosa; mas era irrealizável identificar o que estava em seu derredor, que se encontrava envolto numa penumbra incomum.

Subi no palco através de uma das escadas laterais, só então reparando que todos aqueles soluços que ecoavam em meus ouvidos pareciam convergir naquele ponto. Meus olhos demoraram a se acostumar com a luz do refletor, que agora parecia um pouco mais forte do que outrora, e logo notei, um tanto quanto surpreso, que havia um pequeno vulto do outro lado do palco, sentado de uma forma meio torta no chão. Aquele pequeno vulto soluçava e, ao vislumbrar o seu rosto, não demorei muito para reconhecer nele as feições da Mary.

Senti uma sensação incômoda, quase corrosiva, imergir por todo o meu corpo, tomando-o aos poucos, ao dar-me conta de que era ela quem chorava. Ainda que tivesse imaginado um suposto reencontro entre nós desde que havia saído da cidade, nunca tinha imaginado que seria daquela maneira. Mesmo que em parte eu soubesse que não pertencia de forma efetiva àquele lugar, tal fato não me parecia ser tão relevante naquele momento.

Caminhei a passos lentos em sua direção, ainda sem acreditar por completo na cena que via a minha frente. Passei pela iluminação fornecida pelo refletor, sentindo um pesar ainda maior quando meu corpo obstruíra a passagem da luz, deixando seu rosto ainda mais obscuro, e me agachei a sua frente, notando que ela até então não havia notado a minha presença. Mary se encontrava tão absorta e enclausurada em sua própria dor que sequer parecia ter alguma consciência da realidade ao seu redor.

Estendi minha mão de leve, a fim de tocar o seu rosto, mas desisti a meio caminho, voltando a abaixá-la novamente. Aquele ato não parecia mais me pertencer, e, de certa forma, a percepção de que aquela aproximação de algum modo não me era possível parecia ainda mais dolorosa do que vê-la naquele estado. Intrínseco a todos aqueles fatos, se estendia sobre mim a idéia de que nada que eu pudesse fazer seria possível para ajudá-la, de alguma forma. Eu não aparentava mais ter a mísera capacidade de consolá-la ou protegê-la do que quer que seja... Não sem que ela me desse novamente um pequeno espaço em sua vida. Respirei fundo, optando por chamar-lhe a atenção de outro modo.

- Mary, o que aconteceu? – questionei num tom baixo e comedido. No entanto, aos meus ouvidos, eles soaram mais altos do que qualquer dos soluços dela, qualquer dos meus passos, ou qualquer ruído que pudesse ser produzido naquele lugar quase fúnebre. Entreouvi meu próprio eco em profundo silêncio e esperei.
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