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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Atrama

Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

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 Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]

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Elisabeth Dearborn
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Elisabeth Dearborn


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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Empty
MensagemAssunto: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptySeg Nov 17, 2008 3:23 pm

”Como não estragar o disfarce ‘perfeito’ em três grandes lições... Ou mais.”
Elisabeth Dearborn


Olha, sinceramente... Filmes, livros, ou qualquer outra coisa de teor meramente policial e/ou investigativo deveriam ser terminantemente proibidos para pessoas como eu. Excetuando os limites do aceitável para um jornalista, é claro. Porque nunca se sabe quando a referida pessoa se encontra com tédio o bastante para que, num ato completamente insano, decida do nada dar uma de Sherlock Holmes por se achar competente para tanto só porque viu aqui e ali um ou outro filme/livro em que esses caras se dão bem, além de ter estudado de forma minuciosa a maneira de proceder de cada um deles e achar que pode fazer o mesmo em situações do tipo. Porque, definitivamente, esses livros/filmes dificilmente explicitam que o cara passou por anos e mais anos de treinamento, por um breve período trabalhou com um superior - por sinal, mais experiente –, pegou casos menores no início da carreira... Para só então chegar onde ele estava no momento retratado pela tal história. É claro que isso poderia estar muito bem subentendido na mente das pessoas, não é mesmo? Não na minha, me atrevo a acrescentar. E, com o perdão da palavra, só quando a merda está feita é que você se dá conta de que definitivamente se meteu numa baita enrascada e que... Bem, estúpida, idiota, burra, imbecil e similares parecem ser bem pouco para dizer o que você realmente foi por ter cogitado que teria a capacidade para fazer algo do tipo e sair ilesa... Só porque com o carinha da tal história aconteceu o mesmo.

Histórias como essa, concludentemente, deveriam vir com uma tarja de ‘proibido para Elisabeth Dearborn’. Melhor, darem choque se eu não me manter a uma distância aparentemente segura delas. Elas não me deram idéias muito coerentes... Alguém me tira daqui, pelo amor de Deus e todos os Santos e Anjos e Serafins e Querubins e boas almas que decerto ainda existem nesse planeta e em todo o Universo?

Oh, céus, eu nunca imaginei que o fim da minha vida fosse ser daquele jeito...

***


A história toda começou com minhas malditas férias. Oh, sim, alguém muito certamente pensaria que eu tenho sérios problemas mentais por odiar férias, mas é a mais pura verdade. Quer dizer, férias são boas quando você tem dinheiro suficiente para gastar em uma viagem ou algo do tipo. Ou então tem um namorado, ou um – ou vários – ficantes para curtir aquelas horas vagas. Também serve se você não tem nenhum dos dois, mas não está saturada da sua própria cidade... Ou, sei lá, pensa que é um caramujo e sua casa é uma enorme e aconchegante concha para você passar o resto da vida enfiado nela. Entre outras coisas mais, mas... Bem; eu estava sem ter o que fazer, sem dinheiro – sabe, eu priorizei comprar móveis e afins, para ter um lugar melhor para morar... – sem namorado (ou ficante) e cansada de Carmel. Resolvi, então, optar por virar um caramujo e alugar/comprar mais filmes e/ou livros que eu cogitaria assistir/ler e, enfim, temos explicitadas as bases para essa idéia absurda ter se formado em minha mente.

Eu também não sou uma péssima profissional, já que procuro sempre me manter atualizada e procurar as melhores formas de me aperfeiçoar em meu trabalho (embora, confesse, não se mudou muita coisa nesse lapso de um ano) e, em meio aos estudos, me veio a idéia de voltar ao jornal com uma matéria bombástica, fruto de todo um longo período de sacrifícios e investigações. Um dossiê completo, ou, com toda minha modéstia, quase completo sobre determinado assunto. E, bem, gangues foi a primeira coisa que me veio em mente. Devo dizer que filmes e livros policiais não tiveram absolutamente “nada” a ver com isso, não é mesmo? Bem, em todo o caso, achei que seria bom me jogar em uma investigação dessa...

Só não sabia que, bem, a “dita cuja” resultaria... Hm, nisso.

...

Eu sabia que existiam alguns rumores a respeito do local em que a tal gangue que atuava em Carmel e imediações costumava se reunir e, inspirada na idéia de que toda lenda tem seu fundo de verdade, resolvi seguir essas coordenadas e obter as informações necessárias naquele referido bar.

O lugar tinha uma aparência desgastada e se situava num beco de aparência um tanto quanto duvidosa. Quando adentrei no estabelecimento – que era até meio “jeitosinho” – tentei aparentar que era da área e fiquei satisfeita comigo mesma ao notar que consegui me enturmar com facilidade. Não que eu não suspeitasse que meu rebolado caprichado ao andar, ou estar usando uma roupa tão apertada que até os ossos se sentiam sufocados dentro dela tenham sua parcela de contribuição nisso, é claro; mas, sabe, eu até que estava me dando bem para uma principiante... Isso, é claro, até eu ter começado com as perguntas. Ou talvez eles não confiassem muito em ruivas – ainda que a referida ruiva seja emperucadamente falsa, é válido ressaltar.

Eu tentei parecer discreta em meus questionamentos enquanto os observava jogar uma partida de sinuca, regada a muita fumaça e bebida, logo após uma árdua partida de poker. Eu já tinha analisado um a um dos quatro rapazes e fiquei próxima ao que indubitavelmente era o mais idiota deles; o que, por conexão automática, seria capaz de me dar informações com uma maior facilidade. O que foi um pequeno deslize, é claro.

1º Lição: Nunca confraternize com perdedores. Eles podem ser idiotas, mas os outros definitivamente não são. Você chama mais atenção do que se estivesse tentando seduzir o que conseguiu captar como sendo o “manda-chuva” daquele seleto grupo, ainda que ele esteja acompanhado de sua adorável “dama-da-noite”. Ou até mesmo o “braço-direito” do “manda-chuva”, que tentou chamar sua atenção desde o início do caso todo e olhava para os outros como quem diz “Ela é minha!”. Perdedores não servem para ficar nem na última das opções. Eles são praticamente os “pega-ninguém” do grupo e só servem para fazer trabalhos menores e aparentemente inúteis e servirem de alvo de chacota para os outros.

Eu percebi isso a tempo e mandei um passa-fora na criatura, fazendo os outros rirem abertamente da “brincadeira” e fui atrás do “braço-direito”, que se inchou como um pavão e agarrou minha cintura num ar um tanto quanto possessivo. A desconfiança que eles começaram a conjeturar a meu respeito se dissipou de suas mentes, para minha inicial sorte, pois se não fosse por isso eu estaria ferrada a mais tempo. O perdedor, de quando em quando, me lançava olhares irritados, mas eu não liguei muito... E o pequeno deslize virou falha.

2º Lição: Tenha cuidado com idiotas. Eles são mais espertos do que eles realmente aparentam ser e podem te envenenar contra o resto do grupo enquanto você vai buscar bebidas ou outras coisas para eles. Como os bajuladores que são, eles sempre dão com as línguas nos dentes e começam a falar que você perguntou coisas demais enquanto ninguém percebia.

Eu, infelizmente, percebi isso tarde demais. Ou pelo menos a tempo de sair com vida dessa, pensando no lado positivo da coisa toda. Agradeço por ser boa demais em leitura labial para conseguir captar a palavra “cana” saindo da boca do idiota e, pouco antes dos quatro me lançarem um olhar um olhar mais do que desconfiado e estranho que dizia claramente que a minha situação não era das melhores... E a falha virou um tremendo e enorme erro.

E é aí que chegamos à última lição... Que é mais um conselho do que qualquer outra coisa, mas que indiretamente estraga o disfarce, de qualquer forma.

3º Lição: Se notar a palavra “cana”, não entre em pânico ou fuja que nem uma louca, com o sapato em mãos. Se eles tinham dúvida, agora foi criada uma certeza, ainda que você saiba que isso não constitui uma verdade plena. E, além disso, agindo dessa forma você atrai mais atenção do que sair de fininho e com classe e vai ser muito mais difícil para você conseguir um esconderijo viável sem que ninguém te delate para seus perseguidores.

***



Eu não sei por quanto tempo corri até conseguir despistá-los, ainda que parcialmente. Eu sabia, contudo, que havia dado mais voltas do que imaginei dar e que estava irremediavelmente perdida, nos vários sentidos da palavra.

Exausta de tanto correr, eu me enfiei num dos inúmeros estabelecimentos – igualmente velhos – que havia nas imediações e corri (literalmente) em direção ao banheiro... Masculino, para maiores explanações. E, enquanto me escondia em um dos boxes do local, agradecendo fervorosamente o fato de ele estar vazio, eu implorava que eles não entendessem minha jogada e imaginassem que eu tinha fugido pela janela do banheiro feminino, ou algo do tipo. Abaixei a tampa de aparência mal-lavada e me sentei nela, encolhendo as pernas e as abraçando... E é aí que voltamos ao burra, idiota, imbecil e similares, enquanto esperava um sinal qualquer que me informasse que era aparentemente seguro sair dali e voltar para meu adorado quarto-sala em Carmel...

Nota Mental: Eu nunca mais olharei para filmes policiais com bons olhos. Se me atrever a assisti-los novamente, é claro.


Última edição por Elisabeth Dearborn em Qua Fev 11, 2009 4:49 pm, editado 1 vez(es)
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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Empty
MensagemAssunto: Re: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptyQua Nov 26, 2008 12:52 am

Os fantasmas me dão trabalho. Provavelmente não é a frase mais comum para se começar um relato, mas é a mais pura verdade. Você é daquele tipo de pessoa que acabou de ler isso e se desinteressou pelo resto, pensando algo como "Bah, fantasmas... Detesto histórias de ficção!"? Ah, você nem sabe como é feliz. Não que essa coisa toda de mediação seja ruim 100% do tempo. De vez em quando é uma distração e coisa e tal, mas em 95% do tempo é somente um pé no saco. Esse último fantasma então, estava exigindo um esforço especial. Por isso que eu acho que ser mediador deveria ser um trabalho remunerado. Quem disse que eu tenho tempo pra fazer mais coisa? Eu já estava a dois passos de ser demitido por ausências sem avisar e tenho a ligeira impressão de que "Cheguei atrasado porque precisei dispensar um fantasma no caminho" não ia colar.

Enfim, essa foi uma breve introdução para apresentar a minha atual situação. Charles Hardwick era um cara daqueles barra-pesada. Os piores tipos possíveis para vir te atormentar depois. Pelo que eu pesquisei, ele foi assassinado em alguma rixa entre gangues e o meu trabalho era descobrir exatamente o que aconteceu para que eu pudesse me livrar dele o mais rápido possível [e evitar manchas roxas e dentes faltando que eu não pudesse explicar]. Foi isso que me levou ao bar que eu me encontrava naquele momento.

Peguei uma cerveja no balcão e fiquei mais à distância, sondando tudo primeiro para ver qual seria o melhor lugar para obter informações. Quatro caras de expressões nada amigáveis jogavam poker, depois passando para a sinuca. Um deles estava acompanhado desde o início e uma mulher ruiva conversava com um e com outro, de vez em quando parecendo meio deslocada. Eu sinceramente não sabia por que as mulheres se metem com tipos como aqueles. Depois reclamam que não acham homem que preste. Nenhuma dessas aí passou por mim, com certeza!

Andando pelo lugar, notei que uma loira se encontrava no balcão que eu estava antes e achei que fosse uma boa oportunidade para sondar. Aqueles momentos eram alguns dos que eu conseguia me divertir naquele trabalho. Encarnando um papel na sondagem, eu conseguia falar com qualquer mulher abertamente, sem problemas. Vai entender... Freud explica!

Depois de alguns minutos de conversa vazia, a loira finalmente lembra ter ouvido falar de um "Charlie Hardwick". Eles o chamavam de Hard. Eu realmente não queria saber por que. Sentindo que podia conseguir alguma coisa dali, me ofereci para pagar mais uma bebida para ela. Era um bom plano. Quer dizer, seria se fosse executado cinco segundos depois. Acontece que eu dei o azar de propor a bebida no momento em que o namorado dela passava pelo local. E digamos que a sua reação não foi muito amigável. Não que eu tenha ficado pra acompanhar todo o seu desenrolar, mas eu pressenti que ele não havia gostado muito.

Não que eu tivesse medo de enfrentar aquele cara. Eu não sou um maricas, se é isso o que você está pensando. Mas convenhamos que um olho roxo no meio do bar não ia ajudar em nada a minha investigação. Mesmo se olho roxo fosse o dele. Como o bom estrategista que sou, fui para o banheiro masculino esperar as coisas esfriarem. No meio do caminho, porém, ouvi passos atrás de mim. Em estado de alerta, evitei me virar para olhar e apenas continuei andando. Abri então a porta do banheiro e entrei rapidamente em um dos boxes.

Foi então que eu me virei - depois de ter trancado a porta - e dei de cara com uma mulher. A ruiva que estava antes com aqueles quatro caras. Mas cara... Ela tava sentada em cima do vaso sanitário quieta... Você não tem idéia do susto que eu tomei!

- AAAAH! - Dei um berro. Sério. Foi breve, mas foi... er... meio alto. Ela teve mais ou menos a mesma reação, mas sem o grito. Rapidamente, ela ficou agitada, parecendo desesperadamente pedir para que eu disfarçasse. Isso tudo foi muito rápido, de forma que quase instantanemente, eu continuei. - Jesus Cristo!! - Disse, quase no mesmo tom de espanto. - Alguém teve uma dor de barriga do inferno aqui! Que sujeira, que coisa horrorosa...

Me aproximei dela com uma expressão confusa e ao mesmo tempo acusadora. Que diabos ela estava fazendo escondida em pleno banheiro masculino?? Segurei-a - ela agora estava ajoelhada no vaso - pelo braço de leve e perguntei num sussurro:

- O que você pensa que está fazendo?? - Abaixei o olhar sem querer e notei aquilo que ela estava usando. Wow, aquela roupa era justa! Cara, você não tem noção. Não justa tipo delineando o corpo... Justa tipo... tipo... Mulher-gato mesmo, sabe? É, a Mulher-Gato é sexy. Bom, mas isso não vem ao caso! Sacudi a cabeça tentando voltar ao foco e quando ia continuar, ouvi alguns passos. Me ressaltei ao mesmo tempo que ela também se assustou e tapou a minha boca com uma das mãos. Fiquei apenas a olhando confuso, até que a pessoa saiu do banheiro. Quando ela finalmente liberou a minha boca, eu voltei a questionar.

- O que diabos está acontecendo?? - Mantive o olhar nela esperando por uma explicação. Enquanto isso, no fundo da minha mente, eu achei que aquele rosto era meio familiar. Mas aquela situação evitou que eu me estendesse mais nessa questão.
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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Empty
MensagemAssunto: Re: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptySeg Jan 12, 2009 4:32 pm

Se respirar não constituísse em uma necessidade tão vital assim, eu muito provavelmente cessaria por completo esse ato, receando que ele chamasse a atenção demais para mim mesma. Não que eu fosse uma covarde completa que apenas gritasse quando e se meu fim fosse devidamente decretado... Eu só tenho um senso de preservação muito aguçado para saber que enfrentar quatro caras, ainda que desarmados, é um verdadeiro suicídio. E ainda que eu soubesse que meu salto-agulha de oito centímetros conseguisse fazer um bom estrago na cara de um daqueles retardados, não é como se eles fizessem fila para me atacar, já que não existe evidentemente uma regra específica para “brigas de rua”, e eu duvido muito que esses idiotas tenham algum tipo de cavalheirismo ou honra na hora de partir para cima de uma garota de aparência tão frágil e delicada, assim, feito eu. E não era como se naquele momento em especial eu não cogitasse que meus perseguidores não tivessem um ouvido tuberculoso o suficiente para ouvir a minha respiração ligeiramente ofegante a quilômetros de distância, como se eles fossem um bando de cães selvagens caçando um indefenso preá.

Àquela altura, a adrenalina do momento tinha se esvaído de forma considerável e o medo de toda aquela situação se fazia cada vez mais presente em mim mesma. Eu podia senti-lo percorrendo lentamente todos os meus poros, fazendo-me, de quando em quando, tremer de forma significativa. Era uma reação ridícula, confesso, mas não é como se eu desejasse trabalhar com minha respiração naquele momento específico com o objetivo de me acalmar um pouco, pois ela já estava a chamar a atenção demais sem que eu fizesse o mínimo de esforço para isso. Mordi de leve o lábio inferior e abracei-me a mim mesma ainda mais, buscando algo que tivesse a capacidade de me distrair pelo tempo que julgasse necessário para que eu pudesse reunir a devida coragem de sair dali de uma vez por todas. Acabei por fixar minha atenção na porta do boxe em que me encontrava, observando os mais diversos e variados escritos que havia no local, demonstrando uma verdadeira “antologia pitoresca” dos aspirantes a poetas que chegaram a freqüentar aquele cubículo que me servia de refúgio.

Considerei ser aquele um bom trabalho mental, já que, além de ter me acalmado, fez com que a viagem até aquele maldito lugar não fosse inútil, de todo o modo. Eu já não tinha mais o dossiê quase completo da gangue sem-nome, mas pelo menos tinha uma matéria razoável e um tanto quanto lúdica a respeito da literatura de porta de banheiro. Quase ri quando me deparei com uma particularmente criativa, mas me controlei a tempo, ao me recordar que estava ali por conta de uma grande imbecilidade da minha parte e não era como se eu desejasse chamar a atenção para o fato de que uma mulher estava escondida no banheiro masculino por nenhum motivo aparentemente plausível.

Eu estava tão distraída por causa de uma futura matéria se formando em minha mente que baixei um pouco a guarda de forma inconsciente, permitindo que meus sentidos ficassem um pouco menos aguçados. A noção do perigo ainda estava presente, é claro, mas não é como se eu estivesse mais impreterivelmente atenta aos ruídos ocorrentes ao meu redor e... Eu preciso mesmo dizer que, com um novo perdão da palavra, isso acabou resultando numa nova merda para a coleção de estupidez que eu vinha cometendo ultimamente? Não, não preciso...

Quer saber, eu cheguei à conclusão de que férias, definitivamente, não fazem bem ao meu cérebro.

O caso todo é que alguém tinha entrado no banheiro. E esse alguém, para comprovar que, além de burra, eu era uma completa azarada, optou por escolher – dentre todos os outros boxes, é válido ressaltar – justamente o que eu me encontrava e, para completar, na hora da pressa, eu sequer havia cogitado a possibilidade de trancá-lo por dentro para impedir que alguém entrasse. É claro que eu só fui reparar em todos esses fatos quando a porcaria da porta se abriu com um gemido fantasmagórico e um homem adentrou distraidamente o meu esconderijo.

Ele não me viu a um primeiro momento, mas não podia dizer que isso foi um ponto a meu favor, já que meu cérebro entrou em curto e qualquer idéia mirabolante que eu pudesse ter para escapar daquela nova enrascada ficou obscurecida em algum ponto da minha mente. Eu só consegui olhar para o rapaz com uma mistura de alívio por saber que não era um dos quatros perseguidores, e temor, já que não sabia absolutamente nada sobre o dito cujo e não é como se eu pudesse descartar a idéia de ele ser um maníaco-psicopata-estuprador-matador-de-garotas-ruivas-emperucadas.

Prendi a respiração, instantaneamente, e permaneci inerte; talvez parte da minha mente estúpida pensasse que ele estivesse bêbado ou drogado demais e cogitasse que estava a devanear com uma ruiva estonteantemente assustada, sentada em cima de um vaso sanitário qualquer, e fosse embora para o lugar de onde veio sem quê nem pra quês.

O breve momento que ele levou para se voltar para minha direção pareceu durar uma eternidade completa. Eu sentia que inconscientemente tinha me encolhido contra a parede o cubículo, desejando que ela, a qualquer momento, se abrisse e me sugasse para dentro dela num piscar de olhos. Eu notei o rapaz pousar sua atenção sobre mim e nos encaramos por um súbito instante. Eu tentei dizer algo, qualquer coisa absurda para evitar futuros questionamentos, mas não é como se eu tivesse a capacidade de fazer minhas cordas vocais funcionarem. Foi perceptível para mim as linhas de seu rosto se transformarem numa ligeiramente assustada e então...

-AAAAH! – ele gritou, claro. Um grito não muito longo, mas significativamente alto. O mesmo grito que se formou nos lábios dele ameaçou se transportar para os meus e, céus, eu realmente quis gritar, mas ainda estava atemorizada demais com toda aquela situação para que minha voz saísse em qualquer hipótese. Mas o grito dele serviu para acordar boa parte do meu corpo, já que a adrenalina voltara com força total e eu comecei a gesticular exageradamente, pedindo mudamente para que ele, pelo amor de Deus, emendasse algum comentário qualquer ao grito que ele acabara de dar, para que isso não atraísse a atenção para nós. – Jesus Cristo!! – ele exclamou quase no mesmo tom assustado de outrora e eu continuei com os gestos, completamente desesperada, embora parte de mim soubesse que ele tinha entendido perfeitamente o sentido da minha mímica. – Alguém teve uma dor de barriga do inferno aqui! Que sujeira, que coisa horrorosa... – suspirei em profundo alívio. Não sei se seria suficiente, de todo o modo, mas pelo menos ganharíamos algum tempo... Pelo menos eu acho.

Minha mente começou a fervilhar, pensando que aquele local não era mais seguro e que eu precisava sair dali, a qualquer custo. Talvez o banheiro tivesse uma janela de uma extensão significativa para que eu pudesse pular, ou uma saída de ar, ou algo do tipo... Fiz menção de me levantar por completo e caminhar para fora, quando senti que o rapaz segurara o meu braço de forma gentil, porém significativamente firme, e me observava com uma expressão intrigada e meio acusadora.

-O que você pensa que está fazendo?? – ele questionou num sussurro e eu fiz menção de dizer que estava indo embora, o que, bem, de fato, era o que eu realmente ia fazer, quando meus ouvidos captaram uma movimentação notavelmente suspeita próximo à entrada do banheiro. Permaneci em silêncio, ignorando veementemente que ele observava minha roupa com um olhar aéreo e notavelmente pervertido, tentando escutar se eles estavam dizendo alguma coisa, ou se apenas aquilo tinha sido fruto da minha mente. Os passos recomeçaram e, ainda que fosse parcialmente esperado da minha parte, eu não pude impedir um leve sobressalto. Meus olhos se arregalaram e, antes que o idiota a minha frente dissesse qualquer coisa, eu tapei a boca dele com uma das mãos e prendi minha respiração involuntariamente. Percebi que ele me encarava de forma confusa, mas permaneci atenta ao movimento do lado de fora, sentindo que o coração, a qualquer momento, ia pular pela boca e sair dançando a conga por aí.

Os passos tornaram a se afastar depois de longos e eternos minutos. Esperei que o silêncio reinasse em absoluto durante um período considerável e, quando eu finalmente achei seguro, afastei minha mão dos lábios do rapaz e suspirei em profundo alívio, desabando instintivamente em cima do vaso sanitário mais uma vez... Mais um susto desse e eu infarto. Eu sabia que os problemas não tinham cessado ainda, ao contrário, estavam apenas começando; mas alguma parte de mim dizia que o pior havia passado. De todo modo, se o rapaz a minha frente fosse um maníaco e tentasse me matar, eu ainda tinha meu salto-agulha de oito centímetros para me proteger e...

-O que diabos está acontecendo? – ele interrompeu minha linha de raciocínio e eu ergui o olhar para encará-lo. Observei seus olhos esverdeados com um ar ligeiramente desafiador e notei que eles diziam claramente que ele não aceitaria qualquer besteira como resposta. Aquele trejeito não me pareceu estranho, mas eu abstrai o fato de forma quase automática dos meus pensamentos; tinha muito a pensar para me preocupar com isso agora. Com um longo suspiro, me ergui do local em que eu estivera sentada e quase ri quando ele instintivamente se afastara, ainda que sustentasse o olhar intimidador e especulativo. Cruzei os braços calmamente.

-Não me diga que você tem medo de mulher, hã? – falei numa leve sobrancelha arqueada. Ele retorquiu o que eu havia falado e eu ri de leve. – Bem, confesso que foi um encontro inusitado, mas não lhe devo explicações sobre a minha vida, certo? – completei calmamente, não alteando muito a voz. – Mas fico agradecida pelo fato de não ter complicado com ela ainda mais... Agora, será que poderia me dar licença? Eu estava aqui primeiro e vou precisar desse boxe. – ele não fez menção de esboçar qualquer indício de que sairia dali. Respirei fundo e o encarei com um ar ligeiramente irritado. Foi a vez de ele cruzar os braços e acentuar ainda mais sua feição determinada. Revirei de leve os olhos. – Certo. Certo. Saiba que eu posso não estar armada, mas sou perigosa, tenho um par de salto-agulha e não vou hesitar em utilizá-lo se você tentar qualquer coisas contra mim. Você tem esse ar de rapaz sério e cortês, mas não pôde esconder seu ar pervertido ao olhar para o meu corpo... – eu pude observar o olhar estranho que ele esboçou antes que eu me virasse de costas para ele e colocasse minha bolsa e minha sandália sobre o vaso sanitário. E, com um ar determinado, levei minha mão para o zíper lateral da roupa... Se ele fosse mesmo do tipo sério e cortês, iria embora; se ele fosse do tipo tarado e pervertido... Bem, eu tentaria tirar algum proveito da situação, jogando absolutamente sujo. De qualquer forma, não é como se eu não tivesse uma blusa de lycra debaixo daquela produção toda para evitar qualquer tipo de inconveniente... E esse era irrefutavelmente um deles, me atrevo a observar. Aquele "disfarce" já chamava muito a atenção... E não era como se eu desejasse sair daquele boxe com ele.

Afinal, depois de tudo isso, eu tenho que ter um estratagema de fuga mais eficaz do que sair correndo que nem uma pirada, não é mesmo? Talvez eu conseguisse passar despercebida se estivesse com um ar mais comum, por assim dizer...

[off: Sorry a demora homérica, Mi! [ se esconde ]]


Última edição por Elisabeth Dearborn em Qua Fev 11, 2009 4:48 pm, editado 1 vez(es)
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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Empty
MensagemAssunto: Re: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptySex Jan 16, 2009 3:40 pm

Eu me afastara mais da moça e tentava com todas as minhas forças desviar o olhar da roupa justa. Eu não acho justo mulheres usarem esse tipo de artifício. O cromossomo Y faz nós, homens, ficamos muito vulneráveis a esse tipo de coisa. É simplesmente um truque baixo! Passei uma mão pelo rosto, voltando a olhar para ela - para o rosto dela - em seguida. Cruzando os braços, ela arqueou as sobrancelhas.

- Não me diga que você tem medo de mulher, hã? – O sangue fluiu intensamente para o meu rosto e eu resmunguei qualquer coisa não identificável, a qual ela nem sequer deu atenção e continuou falando. – Bem, confesso que foi um encontro inusitado, mas não lhe devo explicações sobre a minha vida, certo? – Aquele jeito independente que pareceria arrogante em outra pessoa mas não nela me parecia extremamente familiar. – Mas fico agradecida pelo fato de não ter complicado com ela ainda mais... Agora, será que poderia me dar licença? Eu estava aqui primeiro e vou precisar desse boxe. – Foi a minha vez de arquear as sobrancelhas e cruzar os braços. Encostei a coluna na porta e cruzei as pernas, deixando bem claro que não tinha a menor intenção de sair sem ter alguma explicação. – Certo. Certo. Saiba que eu posso não estar armada, mas sou perigosa, tenho um par de salto-agulha e não vou hesitar em utilizá-lo se você tentar qualquer coisas contra mim. Você tem esse ar de rapaz sério e cortês, mas não pôde esconder seu ar pervertido ao olhar para o meu corpo...

Ar pervertido?? Eu ficaria novamente envergonhado se não fosse a indignação. Ela me acusava de perversão? Abri a boca para rebater o comentário quando, sem piedade, ela fez menção de abrir o zíper lateral da roupa. Parei a fala no meio do caminho e, com uma tosse desajeitada, me virei de costas. Aquele era um truque extremamente baixo para me fazer ir embora, mas eu não iria ceder! Talvez ficando de costas, o diálogo ficasse até mais fácil.

- Você não quer me falar agora? Sem problemas. Eu não tenho pressa. - Puro blefe, claro. Eu tinha um fantasma pra despachar. - Mas enquanto eu não ouvir uma explicação coerente, eu não saio daqui. - Dei uma pausa, virando a cabeça de lado, sem olhar para ela, somente para me fazer ouvir melhor. - E pra constar, nem você. Então você pode economizar o seu tempo e o meu e simplesmente falar logo. Ou você acha que quem quer que esteja de procurando não vai te reconhecer só por causa de uma roupa diferente? - Dei uma risadinha sarcástica, agora com mais controle de mim mesmo. - Acho que a minha ajuda poderia ser útil.

Arrisquei um olhar para trás e vi que ela já estava composta. Então me virei novamente, agora com uma expressão triunfante no rosto. Ela não tinha saída senão me inteirar dos acontecimentos. Além de eu saber que podia ajudar, não gostava de ver que algo interessante estava acontecendo ali e eu não sabia nada sobre o assunto. O meu olhar então se voltou para o rosto dela. Estreitei os olhos quando a familiaridade dela se completou na minha mente. Será que era...? Mas fazia tanto tempo...

Dei um passo para frente, descruzando os braços e disse:

- Lizzie...? - Sim, era ela, só podia ser. Mas estava tão diferente... Não passava de uma menina da última vez que eu a vira. Havia sido realmente difícil associar a imagem que eu tinha a essa nova forma cheia de... uh... curvas. A última vez que a vira havia sido antes de Lilly, antes de Stella. Era um passado que parecia pertencer a outra vida.
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Elisabeth Dearborn
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Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] Empty
MensagemAssunto: Re: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptyQua Fev 11, 2009 4:47 pm

Dizer que a minha inexplicável maré de azar havia adquirido proporções de uma tsunami parecia a analogia ideal para demonstrar, ainda que abstratamente, o quanto eu estava enrascada naquela situação toda. Quer dizer, eu não era notavelmente experiente em destrinçar todas as possibilidades lógicas que pudesse ocorrer naquela ocasião específica, afinal, era a primeira vez que eu me atrevia a brincar de repórter investigativa, ou até mesmo uma pseudo-espiã. É claro que era perceptível para mim, ainda que em alguma parcela inconsciente da minha mente, que para exercer esse tipo de atividade a pessoa deve ter o mínimo de preparo que não está em nada relacionado a ser uma profunda conhecedora através de ficções de diversos estilos, mas não é como se o tédio não fosse capaz de exercer esse tipo de influência funesta sobre minha pessoa, fazendo-me pensar que qualquer idéia aparentemente absurda parece irrefutavelmente atraente de ser posta em prática. E isso verdadeiramente me leva à conclusão de que eu, definitivamente, devo me manter afastada, não só de filmes ou livros policiais, mas de toda e qualquer coisa de teor meramente fictício que me faça ter esse tipo de alegorias, fazendo com que eu irremediavelmente entre num caminho aparentemente sem rumo... Ao menos, quando perceber que estou profundamente entediada com a minha vida; e, mais ainda, se esse breve fato estiver acompanhado ao de eu me encontrar de férias.

Certo, então, analisemos os fatos. Minhas percepções dos riscos foram incontestavelmente vagas, já que eu não consegui cogita-los em sua plenitude. Ainda assim, não seria incorreto dizer que eu estava disposta a corrê-los, a qualquer custo. Em minha mente, eu já predeterminava alguns fatos e já tinha uma breve noção de como me comportaria em cada um deles. Tudo bem que eram apenas duas hipóteses, mas já era um começo. Se ele saísse do boxe e me esperasse lá fora, eu simplesmente daria um jeito de sair – ainda que correndo – ao menos do banheiro e, quando estivéssemos em público, inventaria algo como briga de namorados, ou que ele era um cara qualquer que estava me perseguindo. Tudo bem que isso chamaria a atenção, mais ainda do que correr, mas eu não conseguia pensar em nada melhor para me safar daquilo do que dizer algo muito próximo da verdade a ele; e eu não descartava completamente a hipótese de ele conhecer aqueles caras – ainda que ele aparentemente não parecesse se encaixar naquele lugar –, o que seria algo ainda mais grave. A outra conjetura seria a de ele me agarrar do nada. E, para ser sincera, não seria nenhum sacrifício permitir que o suposto tarado fizesse isso; confesso que parte de mim de certa forma esperava por isso, já que o problema maior daquela estratégia que eu concebia em mente era o fato de eu não conseguir largá-lo em algum momento para fugir e finalmente voltar para minha casa (o lugar do qual eu nunca deveria ter saído, para começo de conversa; minha mente ociosa é uma ameaça para mim mesma).

Mas, voltando novamente para o fato de que eu estou completamente azarada ultimamente, nenhuma das suposições que eu projetei em mente aconteceu efetivamente. Já que, no lugar do homem tarado ou cortês, eu fui encontrar algo próximo de um meio-termo, afinal, ele não era tarado o suficiente para não resistir aos seus impulsos e desejos de me agarrar (pelo olhar que ele me lançara ainda há pouco, eu julgava que isso não seria tão difícil de acontecer), nem tão pouco era cavalheiro o bastante para me permitir trocar de roupa sozinha dentro daquele cubículo (ainda que eu não necessariamente fosse mudar de roupa, é claro).

Quando eu entreouvi sua tosse repentina, que eu reconheci como um gesto surpreso e aparentemente envergonhado, eu realmente pensei que ele iria sair do boxe e não pude conter um sorriso triunfante por conta do fato. Até mesmo tirei a mão do zíper por alguns instantes e arrisquei olhar para trás, notando que ele dera as costas para mim. Esperei que ele saísse porta afora, mas ele se manteve inerte. Foi então que eu me dei conta de que ele não sairia e reprimi um bufo de raiva. Diabos... Como eu não pensei em algo tão óbvio? Relanceei as suas costas uma última vez e recoloquei minha mão no zíper lentamente, enquanto começava a refletir em novas maneiras de me livrar dele de forma definitiva.

Acredito que se eu tivesse o mínimo de tendência homicida, teria enfiado o meu salto agulha no meio das costas dele impiedosamente, mas eu ainda não estava e nem era ensandecida ao ponto de cometer uma atrocidade daquelas. Mas, bem, confesso que pensar nessa apartada possibilidade me acalmou um pouco.

-Você não quer me falar agora? Sem problemas. Eu não tenho pressa. – ele começou a falar, ainda de costas para mim. Comecei a abrir o zíper num gesto gradativo, pretendendo adiar aquela ação o máximo possível, sem responder àquele comentário. Sua forma prática e quase impassível em lidar com a situação não me surpreendeu e, com certa surpresa, notei que ela me era facilmente esperada e um tanto quanto reconhecível; mas ignorei aquela sensação novamente. Bem, se ele não tinha pressa, eu também não. Vamos ver quanto tempo ele me agüenta em profundo silêncio, embora irritá-lo não me parecesse ser uma boa idéia. – Mas enquanto eu não ouvir uma explicação coerente, eu não saio daqui. – oh, você vai esperar que ela caia do céu, então, porque não vai ser eu quem dará ela a você... – E pra constar, nem você. Então você pode economizar o seu tempo e o meu e simplesmente falar logo. – o rapaz prosseguiu na fala, sua voz soando um pouco mais clara agora. Acredito que ele tenha virado um pouco o rosto e tirei a blusa num gesto rápido, mexendo na bolsa de forma estrategicamente barulhenta para informar que não estava pronta ainda. Respirei fundo. Ele, definitivamente, estava disposto a descobrir o que estava acontecendo, mas eu não me renderia assim tão facilmente... – Ou você acha que quem quer que esteja de procurando não vai te reconhecer só por causa de uma roupa diferente? – ele questionou, soltando uma risadinha sarcástica. Eu não pude evitar revirar os olhos e reprimir um bufo de raiva por conta disso. Sério, ele achava que eu era tão burra ao ponto de não pensar em algo tão óbvio? Tudo bem que tirar a peruca e a maquiagem pesada não vai mudar minha fisionomia, mas não chamaria tanto a atenção, pelo menos a priori. E, de qualquer forma, aquela era minha única opção... – Acho que a minha ajuda poderia ser útil. – fora aceitar a ajuda que ele acabara de me oferecer, é claro.

Para ser sincera, eu confesso que me desarmei parcialmente ante aquelas palavras. Quer dizer, se esquadrinharmos os fatos, eu não estava em uma posição consideravelmente vantajosa. Tinha quatro integrantes de uma suposta gangue atrás de mim; um tarado-cortês barrando a única saída que eu tinha daquele boxe; e uma desvantagem definitivamente física e íntima. Talvez eu não tivesse nenhum remorso em atacá-lo com meu salto-agulha de oito centímetros se ele estivesse a me fazer algum mal, mas, bem, o que aquele rapaz fizera a mim até agora a não ser tentar buscar me persuadir com palavras a contar o meu suposto problema? Eu não podia simplesmente investir contra ele sem que sentisse certa inquietação depois; se eu saísse ilesa daquela luta corporal, é claro.

Suspirei e me voltei lentamente para ele, percebendo então que ele estava de frente para mim, mais uma vez. Eu ainda não estava completamente convencida de que iria permitir que ele me ajudasse, ou se chegaria a contar algo para ele, mas isso não me impedia de sondar um pouco mais. Talvez inventasse algo quase real; apelando um pouco para a comoção, quem sabe. Eu não sei o quanto ele sabia sobre a minha, hum, personagem e não é como se eu descartasse a possibilidade de ele ter me visto rodeada daqueles caras, tempos atrás.

Nossos olhares se encontraram por um tempo que me pareceu ser indefinido. Eu me empenhei em estudar suas feições, sustentando um ar um tanto quanto defensivo e desconfiado, enquanto pensava no que diria a ele efetivamente. Pelo jeito que ele se portou e a maneira com a qual discorreu e encerrou suas palavras, eu supunha que ele não desejasse nada em troca da minha parte, mas nunca se sabe... Reprimi um suspiro, ao pensar que seria indelicadeza da minha parte questionar-lhe essa suposta dúvida, mas, ao mesmo tempo, isso de certa forma condizia bem com o papel de mulher-coitadinha-que-foge-do-namorado-gângster-sádico-espancador que eu pretendia passar. Mas talvez não desse tão certo assim; inspirada nas experiências anteriores, acho que eu morreria de fome se resolvesse abandonar jornalismo para seguir uma carreira artística. Só que... Diabos, chega de reflexões. Eu não tenho muitas opções, é válido ressaltar novamente. E acredito que já tenha feito merdas suficiente para uma vida inteira. E, bem, levando-se em conta o local no qual me encontro agora, isso parece bem condizente com a coleção delas que eu venho adquirindo desde que tive aquela idéia estúpida. De qualquer forma...

-Lizzie...? – uma voz irrompeu meus pensamentos e eu pisquei diversas vezes para voltar à realidade. Num breve lapso, devaneei que tudo isso fosse um sonho e eu estava, naquele exato momento, acordando no meu sofá estúpido, em meio a filmes mais estúpidos ainda, devido a visita repentina de minha mãe. Tudo bem que aquela voz foi definitivamente masculina, mas não é como se os sonhos tivessem desses absurdos. Tornei a piscar, esperando que tudo sumisse, mas notei que o rapaz ainda estava lá e continuava a me encarar como se me conhecesse de algum lugar (se encontrando relativamente mais perto, eu pude perceber). Franzi o cenho, um tanto quanto confusa e tentei me recordar de onde o conhecia... E por que raios ele me chamara de Lizzie, e não Liz, Beth, Lisa, ou seja lá o que fosse? Quer dizer, são poucas pessoas que me chamam de Lizzie... Amigos mais próximos e familiares, para ser mais clara.

Respirei fundo e busquei na memória quem ele poderia ser, embora meu forte não fosse realmente fisionomia. Eu estudei o que me lembrava das suas expressões e o modo de agir um pouco mais a fundo e uma sombra de reconhecimento perpassou meus pensamentos. Minha face se contraiu ainda mais e eu arrisquei um sorriso meio inseguro.

-Céus, Greg? Gregory Connor? – perguntei, ainda perplexa, e comecei a rir da excentricidade do momento. Ele costumava passar as férias em Carmel, na casa dos avós, mas acabou sumido quando eles morreram. Greg não tinha muito tato em lidar com meninas quando mais novo, o que eu achava irremediavelmente engraçado e me divertia muito com isso... Até ele se acostumar com minha presença e começar a se mostrar indiferente antes de começar a revidar – ainda que de modo meio estranho – meus gracejos. Nós nos tornamos bons amigos... Eu não o via há quanto tempo? Dez anos? Mais ou menos isso... – Diabos, eu nunca desconfiaria de imediato que era você, apesar de suspeitar que conhecia esse jeito irritantemente determinado de algum lugar... – gracejei num meio sorriso. – Mas, nossa, eu jamais cogitaria a hipótese de encontrá-lo depois de tanto tempo, ainda mais numa situação tão peculiar como essa! Como você está? – completei, abraçando-o num gesto espontâneo e me afastando um pouco em seguida, para encará-lo melhor. Arqueei uma sobrancelha calmamente, antes de sorrir meio de lado, mais uma vez. – Ficou gatão, hein...? Aposto que andou arrasando muitos corações por aí... – ah, certo, eu não poderia deixar passar essa. – Mas o que raios você está fazendo num lugar desse? Você nunca teve pinta de bad boy, que eu me lembre... – hm, tenho a ligeira impressão de que seria eu quem deveria esclarecer os fatos primeiro, mas, bem, não importa... Eu acho.
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MensagemAssunto: Re: Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado]   Como não estragar o disfarce ‘perfeito’... [Fechado] EmptyQui Mar 12, 2009 5:49 pm

Era mesmo Lizzie. Definitivamente. O jeito como ela me olhou depois que a reconheci, me deu toda a confirmação que eu precisava. O franzir de testas, o jeito desconfiado de olhar. Ela sempre teve vocação pra detetive ou coisa do tipo. Será que tinha seguido a vocação? Definitivamente esclareceria bastante dando a situação que ela se encontrava naquele momento. Lizzie Dearborn, a Veronica Mars de Carmel. Por incrível que pareça, não soa estranho. Esse era exatamente o tipo de coisa que eu poderia imaginar Lizzie fazendo da sua vida. Quando éramos mais novos, ela era uma das raras meninas (será que havia alguma outra?) com quem eu conseguia interagir livremente. Nós saíamos juntos e muitas vezes sozinhos, e já entramos em várias frias por causa do jeito curioso dela. Mas muita coisa havia mudado desde então, pelo menos para mim. Ela parecia igual. No olhar e no jeito de ser, eu quero dizer. A Lizzie-mulher havia tomado o lugar da Lizzie-menina, isso estava claro. E o jeito dela estava definitivamente mais maduro do que antes. Okay, ela estava completamente mudada.

- Céus, Greg? Gregory Connor? – eu sorri diante do reconhecimento dela e, quando começou a rir, eu a acompanhei espontaneamente. A vida é uma coisa engraçada. Quem diria que eu voltaria a encontrar Elisabeth Dearborn no box de um banheiro masculino? – Diabos, eu nunca desconfiaria de imediato que era você, apesar de suspeitar que conhecia esse jeito irritantemente determinado de algum lugar... – eu ri, divertido. O jeito teimosamente irreverente dela também poderia me fazer reconhecê-la em qualquer lugar. Ou com qualquer disfarce. – Mas, nossa, eu jamais cogitaria a hipótese de encontrá-lo depois de tanto tempo, ainda mais numa situação tão peculiar como essa! Como você está? – o gesto seguinte dela me pegou de surpresa. Lizzie me abraçou e me soltou antes que eu pudesse parar para processar a primeira ação. Não pude deixar de rir, apesar de ficar levemente vermelho com a abrupta demonstração de afeto. – Ficou gatão, hein...? Aposto que andou arrasando muitos corações por aí... – Levantei as sobrancelhas e abri a boca – agora sim, corando completamente -, tentando pensar em algo decente para falar, mas sem conseguir agarrar nenhum dos vários pensamentos que corriam pela minha mente. Por sorte, ela mesma me poupou o trabalho. – Mas o que raios você está fazendo num lugar desse? Você nunca teve pinta de bad boy, que eu me lembre...

Okay, eu havia acabado de escapar de uma pergunta difícil pra cair em uma pior ainda. Essa parte era sempre a pior. Você sai pra resolver o problema dos outros (outros esses bem inconvenientes, vale ressaltar), se acaba pra conseguir alguma informação mixuruca e no final é pego por alguém conhecido, que lhe faz a velha pergunta: “o que você está fazendo aqui?”. Nessa hora, você pode dar várias desculpas, uma mais esfarrapada que a outra. “Eu estava só de passagem.”. “Vim buscar um amigo.”. “Estava num encontro.”. Essa última pareceria ainda mais absurda se viesse da minha boca. Eu sou a favor de um manual para mediadores. Tipo um “tudo que o mediador deve saber”, contendo as melhores formas de fazer com que o cachorro da ex-namorada não se afeiçoe ao novo namorado ou que a mãe queime um diário pra que ninguém saiba que o cara macho escrevia poesia. É, vou te contar... É cada caso que me aparece...

- Eu estava... – Tentei escolher a desculpa menos esfarrapada no meu repertório. Apesar de não vê-la por mais de dez anos, ainda tinha afeição por Lizzie e mentir para ela não seria fácil. – Eu vim... – Simplesmente não saía nada! Foi então que eu parei por um instante. Quando foi que os papéis se inverteram? Porque até onde eu lembrava, ela era quem deveria me dar explicações. Esse não havia sido todo o objetivo de eu não ter saído do box em primeiro lugar? Estreitei os olhos e aos poucos abri um sorriso de quem pega outra pessoa no flagra. – Espere aí, mocinha. Acho que você deve começar com as explicações... Afinal, eu ao menos estou no banheiro que foi feito para o meu gênero!


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