Tell me everyting about you! [fechado]

Certo, eu não vou admitir que eu sonhei com James ontem, simplesmente não vou! E também não vou dizer que eu sonhei com o naufrágio do navio dele, e que eu estava lá. Não mesmo!

Depois de me acordar com esses sonhos, coloquei em minha cabeça que isso estava acontecendo só porque ele era o primeiro fantasma gato que eu conhecia, e só, nada mais!

E então agora eu estava o ajudando a tentar achar o motivo dele ainda permanecer aqui na Terra e ajudá-lo, e eu estava totalmente ansiosa em fazer isso, então, logo quando amanheceu, eu me acordei, e tomei um longo banho relaxante. Ao sair do banheiro, olhei para o céu, e, deduzindo que não iria fazer frio aquele dia, então peguei um vestido preto que eu adorava, e saí.

-Mãe, Pai, eu vou dar uma pesquisada no Centro Histórico, volto antes do almoço!

Eu peguei um táxi, porque não havia alma caridosa que me acompanhasse até lá, ao chegar no lugar, soltei um Uau baixinho, o lugar era enorme, e muito bonito também.

Eu entrei, e na recepção perguntei sobre o tal barco e o naufrágio, a recepcionista me indicou uma ala, que havia tudo que era sabido sobre o ocorrido [uau, tem até uma ala especial só para isso!]

Eu entrei na ala, e tinha milhares de coisas, entre elas, uma exposição de artefatos. Antes de começar a pesquisar as coisas propriamente ditas, eu fui até lá. Tinha uma caneta-nanquim, uma abotoadura,e , um...diário de bordo! Olhei para os lados, e, como era muito cedo e não havia ninguém, resolvi fingir não ler o aviso de Não Toque e começar a folhear, até que...

Veja bem, coisas estranhas acontecem. Mesmo considerando o fato de ser um fantasma eu achava estranhas certas coisas que eu simplesmente sabia. Como por exemplo o fato de que poderia sempre dizer quando algum de meus pertences estava sendo "incomodado". Bem, não é como se objetos se incomodassem, mas eu podia sentir isso. Como se estivessem me bisbilhotando durante o banho. Ou aquela sensação de ser tocado quando não se quer.

Estava observando o mar, como faço sempre, desde que morri, quando senti isso. Meu diário que era tão espiado quanto meu barco, meu túmulo e tudo o mais que encontraram do meu naufrágio. E eu simplesmente sabia isso de um modo perturbador mesmo para mim. Sem pensar duas vezes, fui para o Departamento de História, onde mantinham meus objetos.

Não vou negar que a surpresa de ver a Srta Victoria ali não foi tanta quanto a surpresa de ver seus trajes. Senti como se a estivesse violando, e então, me aproximei, para não observá-la por inteiro.

- Sabia que é proibido tocar nessas coisas? - Perguntei num murmúrio.

Eu estava absorta nas primeiras páginas do Diário, me revezando em ler aquelas palavras e olhar de esguelha para a porta frontal,a fim de ver se alguém se aproximaria, comecei a ler.


21/07/1800.

Estamos finalmente saindo da costa Pacífica dos Estados Unidos. O plano é levar as mercadorias até às Índias Orientais, e depois passando pelo Cabo da Boa Esperança, voltar à Inglaterra, onde minha amada Sophie me espera. Oh, Sophie, seus olhos da cor das folhas no outono marcam sempre meus sonhos, assim como seu perfume, mais doce que o da mais cheirosa rosa jamais me deixa o olfato. Mal posso esperar para vê-la e finalmente pedir sua mão em matrimônio, ah, você finalmente será minha Sophie...
Preciso fazer com que papai compreenda minhas aspirações, no entanto. Navegar é minha vida, assim como a dele, mas se for realmente casar e constituir uma família com Sophie, não posso passar minha vida navegando como ele fez. Talvez possamos deixar os negócios mercantes nas mãos de um outro familiar e estabelecer um comércio em Londres, ou talvez... Mas como me engano. É óbvio que Willem Vandervoot jamais deixaria seu único filho varão não tomar conta dos negócios, mesmo que honre os Smith, ele dirá que minha esposa deverá honrar o ofício que nasci para exercer. Mas sempre terei o perfume de minha amada Sophie comigo, não importa quanto tempo se passar.

Certo, eu estava tentando não sentir uma pontinha de raiva de Sophie, mas, tinha que colocar a minha cabeça no lugar, afinal, ele era um fantasma, e um fantasma apaixonado por sua Sophie, e eu, bem, supostamente o que eu devia fazer era mandá-lo pro outro lado, e fazer os dois ficarem juntos de novo, talvez!

Quando eu estava prestes a virar a página, sinto um frio gelado próximo a mim, seguido de um murmúrio

- Sabia que é proibido tocar nessas coisas?

Meu coração começou a bater violentamente, enquanto eu quase derrubava o diário no chão,pelo susto que havia levado.

Meu Deus, James! Não precisava fazer isso, mais um desses e eu fico igual a você- falei, colocando as coisas dele no lugar, e depois, voltei meu olhar a ele.-Foi o diário que te trouxe aqui?- às vezes eu posso ser bem esperta, sabe? -Bem...Sophie , hein? Será que tem alguma coisa a ver com ela? Digo, o motivo para você estar ainda aqui?- falei, com um tom meio diferente do anterior.

- Meu Deus, James! Não precisava fazer isso, mais um desses e eu fico igual a você -Foi o diário que te trouxe aqui?

- Não vamos exagerar senhorita, a não ser que tenha uma condição no coração é muito improvável que morra de susto. E sim, está certa, ele foi... Perurbado.

Eu disse, um tanto confuso, essa situação de eu saber o que acontecia a meus objetos ainda me incomodava. Mas então ela continuou, mostrando que havia lido o bastante.

-Bem...Sophie , hein? Será que tem alguma coisa a ver com ela? Digo, o motivo para você estar ainda aqui?

Não negarei que fiquei incomodado... Não saberia dizer exatamente por que. Mas de qualquer modo, já havia cogitado isso, mas nunca me pareceu provável, se havia algo com o qual eu havia me conformado quando morri, era que não me casaria com Sophie. A não ser que...

- Não penso que seja isso, senhorita... A não ser que seja possível ficar preso aqui simplesmente por nunca ter me casado, mas não creio que isso seja um motivo.

Eu estava no Departamento de História a fim de tentar descobrir tudo que poderia a fim de ajudar James, afinal, era isso que eu fazia, era uma deslocadora, e eu tinha que fazer o possível para ajudr quem precisasse de mim.

Enquanto eu estava ilícitamente vendo o diário de bordo de James, e mexendo em tudo que eu poderia mexer, antes que um guarda ou a moça da ala chegasse [ah é, eu não disse que ele tinha uma ala só sobre o naufrágio, quão legal deve ser isso, hã?]

Então, eu estava lá, lendo as coisas, pensando em tudo, quando de repente James em pessoa[ou seja lá o que isso significaria] aparece do meu lado, bem, não posso fingir que não levei susto, dude, eu posso lidar com espíritos há tempos, mas eles ainda podem me assustar.

Foi quando eu perguntei a ele se o motivo para ele estar aqui teria sido por causa de Sophie, segundo o que havia lido, eles pareciam se amar muito.

Não penso que seja isso, senhorita... A não ser que seja possível ficar preso aqui simplesmente por nunca ter me casado, mas não creio que isso seja um motivo.

Foi o que ele me respondeu sobre isso. Eu fiquei pensativa por um tempo, voltei meus olhos à página do Diário.

. ''Sim, estava passeando pelo centro comercial dessa vila, Carmel, e me deparei com a jóia perfeita para entregar a Sophie. Possui uma inscrição dos nativos do lugar, além de um belíssimo diamante, cujo tamanho deixará seus lábios carmins abertos em surpresa e exaltação. E a lembrará sempre de até onde eu fui, somente por ela. Melhor que eu vá logo ao mercado e então partiremos, darei mais detalhes já à bordo.''

Era uma parte do que estava escrito no Diário, eu voltei até onde estava o mostrador, na parte debaixo, numa inscrição, eu li que os objetos ali mostrados eram apenas réplicas. Eu reli aquela parte. Será que ele estava preso ali por causa de algum objeto? Bem, talvez não o anel, porque o anel estava com James, mas outra coisa...

Eu então corri até a recepção.

-Desculpe de novo, mas eu preciso de mais algumas informações, os objetos ali são réplicas, e onde estão os originais?- eu notei James atrás dela

Ela me olhou com um olhar de preocupação e curiosidade, depois de um tempo me analisando, ela percebeu que eu não iria fazer mal nenhum, e resolveu me responder.

-Bem, algumas coisas foram enterradas com o capitão Vandervoot, como o anel de sua Sophie, uma pequena parte permanece no barco e outras estão lá em cima, no terceiro andar e...

Antes que ela pudesse terminar eu já estava voando para o terceiro andar, James, lógico, atrás de mim, sem entender nada.

Eu entrei numa porta, que estava escrita Somente Pessoal Autorizado- Ala 4, era a Ala de James, certamente ali estavam as coisas, e deviam ser valiosas, tanto que havia um guarda na porta, com uma cadeira. Eu tinha que entrar ali, então respirei fundo, e fui fazer uma coisa que com certeza iria me arrepender depois.

Usar o velho charme feminino.

Olha só, eu não era a criatura mais feia da face da Terra, certo? Então, com sorte, ele poderia me deixar entrar ali, só por um instante.

Eu dei um olhar para James, que estava com uma expressão de quem não estava entendendo nada. Respirei fundo, e falei baixo para ele: -Você está me devendo uma...

-Olá...- falei, rindo e me aproximando do guarda com uma voz melodiosa. Ele olhou para mim de cima a baixo [é, talvez o vestido ajudasse em alguma coisa...]

-Oi- ele responde rindo, e se indireitando na cadeira.

-Olha só, estou com um problema enorme, eu tenho esse trabalho da escola, e preciso muito fazer certo, então, será que você poderia me deixar entrar e tirar umas fotos das coisas originais de James Vandervoot.?

Ele negou, eu pedi de novo, ele balançou, na minha última investida, ele, finalmente, cedeu, depois de eu dar o meu celular [errado]

Ele abriu a porta da sala, eu entrei e soltei um olhar furioso a James.

-Rápido, essas são suas coisas, veja se tem algo nelas que o prenda aqui, sei lá, alguma coisa que eu tenha que dar pra alguém, ou algo do gênero.- falei, baixinho.

Ela estava falando comigo e instantes depois estava se deslocando como uma perfeita maluca pelos corredores do Departamente de História, correndo e fazendo indagações sobre meus pertences. Eu apenas a seguia, tentando entender onde ela queria chegar com tudo aquilo.

Quando ela descobriu onde estavam os meus pertences verdadeiros e teve que se insinuar para o vigia, afirmando que eu a devia por isso, no entanto, eu fiquei estupefato! Ora! Eu não havia pedido nada a ela! Como eu poderia estar em dívida pelo papel que ela estava se prestando por vontade própria? Claro que ela estava fazendo isso para me ajudar, mas eu jamais exigiria isso de ninguém.

-Rápido, essas são suas coisas, veja se tem algo nelas que o prenda aqui, sei lá, alguma coisa que eu tenha que dar pra alguém, ou algo do gênero.

Ela disse, quando conseguiu entrar, depois de dar àquele homem desprezível um modo de manterem contato. Eu não consegui esconder o fato de que ainda estava irritado.

- O quê? Acha que eu nunca estive aqui? São minhas coisas como você muito bem disse. Acho que ficou claro que eu estou preso a elas! Mas não sindo falta de nada. Nem precisava entregar nada a ninguém.

Disse, cruzando os braços.

O quê? Acha que eu nunca estive aqui? São minhas coisas como você muito bem disse. Acho que ficou claro que eu estou preso a elas! Mas não sindo falta de nada. Nem precisava entregar nada a ninguém.

Idiota! Foi a única coisa que passou pela minha cabeça, lógico que ele já havia estado ali antes, ele era apegado a essas coisas , e era lógico que ele já havia visto tudo isso mais de uma vez...eu era absurdamente burra!

-Não acredito...- falei, irritada comigo mesma. Quem disse que trabalho de mediadora seria fácil?

Antes que eu pudesse falar com ele, o guarda entrou

-Pronto linda? Eu não posso deixar você aqui por mais tempo, as pessoas estão começando a chegar e...

Eu então saí irritada, batendo as portas atrás de mim, fazendo com que o guarda não entedesse nada, e ainda me chamasse de louca.

Enquanto descíamos as escadas, eu falei:

-E por que toda essa irritação pra cima de mim? Não foi você quem teve que fazer isso pra entrar naquela maldita sala!- falei, baixo, afinal, pra um pirata cavalheiro, ele tinha sido bem grossinho.

A senhorita Victoria pareceu irritada consigo mesma, e enquanto ela resmungava eu dei uma olhada por minhas coisas novamente, um sentimento meio nostálgico me invadindo, quando meu olhar se deparou com uma bússola. Aquela bússola... Não era minha... Ela sempre estivera ali?

Nesse instante aquele ser imundo que supostamente guradava meus objetos apareceu, chamando Victoria de linda e falando que ela deveria sair e a jovem saiu batendo os pés. Eu a segui imediatamente obviamente, depois poderia voltar e ver aquela bússola novamente.

-E por que toda essa irritação pra cima de mim? Não foi você quem teve que fazer isso pra entrar naquela maldita sala!

Ela resmungou, irritada. Mas oras! Eu não pedi...

- Eu não pedi que se sujeitasse a esse papel! Se tivesse simplesmente me falado a sua idéia estapafúrdia eu poderia ter lhe poupado!

Não consegui nem lembrar daquela bússola, na minha irritação.

Eu não pedi que se sujeitasse a esse papel! Se tivesse simplesmente me falado a sua idéia estapafúrdia eu poderia ter lhe poupado!

Eu não queria realmente ter que dizer que ele tinha razão, mas ele tinha, então a única coisa que eu fiz foi ficar calada, enquanto descia as escadas, quando chegamos lá embaixo, sentei nas escadas, aproveitando um lugar que tinha sombra, e que era deserto, assim, poderia falar com ele sem que ninguém me levasse para o Hospício.

-Erm...Desculpe..- falei, baixinho, brincando de fazer ondinhas na areia, com um graveto.-Eu fui meio insensível com isso tudo...

Enquanto falava, desenhava impulsivamente o mar, o navio, a lua, e, depois notei que estava desenhando exatamente o ''Our Lady Of Mercy''

Suspirei.

-Erm...Desculpe..- Eu fui meio insensível com isso tudo...

Ela disse meio tristemente e eu me sentei ao seu lado observando o desenho que ela fazia do meu barco.

- Eu reagi de modo exagerado. Acabei notando algo enquanto estávamos lá senhorita Victoria. Não fique assim por favor.

- Eu reagi de modo exagerado. Acabei notando algo enquanto estávamos lá senhorita Victoria. Não fique assim por favor.

Eu olhei atentamente para ele.

-Como assim você notou algo?

Agora tinha me virado completamente para ele, ficando mais próximo a ele, notando a sensação gélida que emanava de seu corpo.

-Como assim você notou algo?

Olhei ao redor, ainda passavam pessoas por ali, então me levantei, notando então que ela estava muito próxima. Oh, que Deus me abençoe.

- Senhorita, vamos para o Our Lady of Sorrows, por favor? Não é segro ficar falando com um fantasma assim tão publicamente.

Ela concordou e se levantou, parecendo meio... Decepcionada.



[rp finalizado]