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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

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Alice Dawkeris
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyTer Dez 16, 2008 6:02 pm

[Dados do Player]

Nome: Lívia (Lilo!)
Idade: 16
E-mail: radaeski.l@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..)
MSN: radaeski.l@hotmail.com
YM: lívia.radaeski
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem: Nope

[Dados do Personagem]

Nome: Alice Marie Dupree Dawkeris
Idade: 18
Data de Nascimento: 18/02/1836
Data de Morte: 25/07/1855
Local de Origem: Fremont, Califórnia
Artista utilizado: Ellen Page
Características Físicas: Pele clara com cabelos castanhos. Olhos claros, às vezes verdes ou azuis. Estatura média.
Características Psicológicas: Possui personalidade forte e é bastante segura de si. Inteligente, independente, não aceita o papel de mulher submissa (totalmente o contrário do ‘aceitável’ para sua época) e cansou de esperar pelo amor.

Biografia: Alice Marie Dupree Dawkeris nasceu em uma noite fria de inverno, em 18 de Fevereiro de 1836, na cidade de Fremont, Califórnia. Era a terceira filha de Annie Jean Dupree Dawkeris com John Dawkeris, trabalhador em um rancho no Canyon Nile.

Alice Marie

A escolha do nome partiu da mãe. Poderia ser pior se tivesse partido do pai, isso, é claro, se tivesse vindo um menino. Provavelmente se chamaria John Junior, ou John Paul James. O fato é que nomes compostos estavam na moda.
Alice Marie nasceu duas semanas após o previsto pelo médico da cidade. Annie Jean sorri quando diz que isso mostra a natureza de Alice: ninguém pode apressá-la, se ela quisesse nascer duas semanas após o previsto...feito. Enquanto John olha de canto de olho e balança a cabeça, cansado de todo esse mimo com a recém caçula, Alice Marie dorme tranqüilamente no berço. John estava realmente aborrecido. Era a terceira menina que vinha. Meninas não serviam para trabalhar. Meninas não serviam para trazer comida e dinheiro para casa.
Alice tinha a pele pálida e seus grandes olhos verdes, quando abertos, observavam tudo concentradamente. Não era um bebê calmo, longe disso. Fazia bastante barulho quando estava com fome, e era um escândalo quando a mãe demorava com o leite. A mãe sempre se apressava, e como era a caçula, sempre atendia rapidamente os desejos da criança. Toda essa mordomia acabou em dois anos, quando a nova irmã de Alice nasceu. Ela percebeu que por mais que chorasse e esperneasse, mamãe não viria atendê-la, talvez suas irmãs mais velhas viriam, mas não sua querida mamãe, que antes lhe dava o céu e a terra.
Aos cinco anos, Alice já se considerava esperta. E era mesmo. Sabia que o choro não adiantava.Sabia que se mexesse com qualquer coisa do pai, as conseqüências seriam grandes e sabia também, que se arregalasse bem os olhos, sua vizinha Norma lhe daria mais uma colher de compota.

California Gold Rush

24 de Janeiro de 1848, Coloma, Califórnia. James Wilson Marshall descobre ouro em Sutter’s Mill, uma serraria pertencente a John Sutter. Era exatamente disso que a família Dawkeris precisava: Ouro. A família Dawkeris e todo o resto do país.
A corrida começara. A pequena cidade de Coloma foi infestada por lordes, mineradores e escravos. Prostitutas enfeitavam as ruas, gargalhando e gesticulando. Não era um ambiente muito saudável para se criar os filhos, mas John Dawkeris não dava a mínima para isso. Alice tinha 12 anos quando o pai escancarou a porta da casinha onde morava com as três irmãs e gritou que iriam para Coloma. Ela odiava esse jeito rude e mandão do pai, afinal, quem era ele para mandar nela assim? Ela até aceitaria se fosse mamãe, quem a criou, mas não esse homem que por vezes chega fedendo a bebida e batendo em toda a mobília.
A viagem foi longa e demorada. Annie estava grávida novamente e o balanço da carroça a deixava enjoada constantemente. Norma, a senhora da casa ao lado viajava com elas, já que seu marido e John iam na frente, não perdendo tempo.
“The cat drinks milk...” lia com um pouco de dificuldade Alice. Norma estava tentando ensiná-la a ler entre um solavanco e outro. A idéia partiu da própria Alice. Quando Annie pedia para Senhora Norma cuidar das filhas, Alice sempre a via lendo. Isso despertou curiosidade e fascinação na pequena, que logo sentava-se perto da mulher e tentava compreender aquele amontoado de letras.
“Muito bem, Senhorita Alice Marie!”
“Alice. Só Alice está bom.”

Between Gold and Books

Assim como muitos que não conseguiram nada, houve também o que prosperaram muito. No auge da Corrida do Ouro, a família Dawkeris já estava bem alojada na cidade de Coloma.
A chegada fora tumultuada, não tinham lugar para ficar, as ruas estavam lotadas, os mineradores brigavam por um espaço nas minas. Alice Marie não conseguia entender por que raios haviam se mudado. Grande coisa um pedacinho de pedra amarela. Como se isso fosse nos trazer grande felicidade.
Foi no começo do segundo ano naquela cidade que a vida dela começou a mudar. O marido da Senhora Norma e John resolveram procurar por ouro em um outro local, um riacho mais ao sul do rio. No começo, pensaram ter tido uma má idéia, porém após trinta minutos peneirando, uma pequena pedrinha reluziu.
“John! JOHN!”
O resto é como você pode imaginar. A família mudou de vida. Agora possuíam uma casa um pouco mais afastada do burburinho da cidade, um ambiente melhor para a criação de suas filhas, pensava Annie.
Alice Marie tocava piano, assim como suas irmãs, porém era a única que sabia ler e escrever. Até tentara ensinar as irmãs, mas estas só queriam saber de casamento e bordados.
Estava na sala, lendo, enquanto sua mãe bordava. Annie levantou a cabeça enfeitada com pérolas e ouro. A típica Nova-Rica, pensou Alice.
“Deverias ser como tuas irmãs, Alice Marie. Livros não te trarão um marido.”
Alice. Só Alice.
“Livros me trarão coisas melhores que um marido, Senhora Annie.”
“Então deverias pensar mais em tuas irmãs. Elas só se casarão quando tu te casares.”
Alice fechou o livro num som seco e forte. Levantou-se e em passinhos pequenos que ecoavam pela casa se dirigiu até o jardim.

Let me be your honey!

Coloma estava quase que completamente esgotada por volta de 1855. Os poucos felizardos que conseguiram prosperar estavam muito bem em seus casarões, montados no dinheiro. Mas muitos voltaram para casa com ainda menos do que tinham quando vieram. Alice Marie Dupree Dawkeris – Alice. Só Alice. – e sua família faziam parte da minoria que prosperara.
Ela estava naquela cidade há seis anos. Há três anos que seu pai lhe escolhia pretendentes, um mais diferente do que o outro, e há três anos que ela os rejeitava. John estava ficando farto. Todas suas outras irmãs já tinham pretendentes, apenas esperavam por ela. Duas delas não falavam mais com Alice, e só falariam quando ela se casasse.
Ótimo, era tudo o que eu precisava.
“Alice.”
“Sim, Senhor John.”
“Alice, esse é o último que te darei escolha. O próximo...você o conhecerá no altar.”
Alice abriu a boca, protestando, mas logo a fechou. Dobrou os joelhos em uma reverência e foi para a biblioteca.
Sentou-se perto da janela. Uma abelha, do lado de fora, tentava passar pelo vidro. Alice encostou a mão e fechou os olhos. O zumbido da abelha se perdeu em meio aos pensamentos de Alice.
Onde está meu Mr. Darcy? Onde está meu Lancelot? Eu mereço, não?
Os passos de Annie vieram apressados. Ela parou na porta da biblioteca, ajeitou o vestido e chamou por Alice.
“Alice Marie?! Está aqui? Ah, aí está a senhorita! Não, esse vestido não! Vamos trocar...não, não temos tempo. Venha!”
Annie Dawkeris pegou Alice pela mão e a puxou. Passava a mão pela saia do vestido, tentando desamassá-lo. Era um vestido verde claro, de mangas compridas. Uma fitava verde escuro passava pela cintura, definindo-a.
Annie não parava de falar, mas Alice não estava escutando. Ela se casaria. Sim, estava decidida. Era melhor conhecê-lo agora e saber o que esperar, do que se casar com um total estranho.
“...e esta é Alice Marie. Alice, este é o Senhor Shawn Roday.”
Por um momento parou de respirar. Ele tinha os cabelos mais louros que ela já havia visto. Seus olhos eram castanho claro e estavam fixos nela. Ruborizada, Alice estendeu a mão e logo se sentou.Ficou a conversa inteira de cabeça baixa, lançando pequenos olhares para Shawn Roday, que retribuía com sorrisos. Após um tempo foram deixados a sós por John e Annie, que foram ao jardim.
“Então, diga-me, Sr Shawn Roday, gosta de ler?”
“Não diria que é minha paixão, Senhorita Alice Marie, mas-”
“Alice.Só Alice está bom.” E foi a primeira vez que Alice sorriu para um dos pretendentes.

Look out! I’ts a bee!

Era o terceiro encontro entre os Dawkeris e Shawn Roday. As duas irmãs já haviam voltado a falar com Alice, e tudo indicava que sairia casamento. Annie Jean não se continha e atormentava John, que não agüentava mais.
A mais calma com tudo isso era a própria Alice. Esta ficava a sonhar em seu quarto, ou na biblioteca. Finalmente seu Mr. Darcy estava aqui. Ou melhor, seu Sr. Shawn Roday.
A tarde estava quente. Era mais um dia típico de verão e Alice Marie acompanhava Shawn Roday até o portão.
“Então é verdade que tens uma biblioteca imensa?”
“Sim. E está à sua espera, Alice.” Ele procurou sua mão e logo que a achou, apertou forte.
Ela não sabia exatamente o que fazer. Seu coração batia rápido e sua mão estava suada. Ele se aproximava cada vez mais, até que seus lábios se juntaram. O que se deu em seguida foram os melhores minutos da vida de Alice, que estava prestes a acabar.
Após a calorosa despedida, ela voltou lentamente pelo jardim. Esta era uma temporada quente e seca, e os insetos presentes no jardim nunca a incomodaram. Sentou-se na grama e ficou observando as abelhas. Muitas pessoas só descobrem que são alérgicas à picada de abelha da pior maneira e às vezes acaba sendo tarde demais.

Doeu. E como doeu. A picada foi no pescoço, porém as dores vinham de todos os lugares. Era como se meu corpo tentasse se rasgar ao meio. Aí vieram os tremores, e logo após a febre. Lembro-me de pouca coisa do que me aconteceu nos próximos dias, porém tenho certeza de uma coisa: ele não veio me visitar. E foi isso que fez ser pior. Foi no dia 25 de Julho que me senti bem pela primeira vez. Era como se nada tivesse acontecido. Andei pelo corredor em busca de minha mãe. Ela estava na sala, bordando. Tentei falar com ela, mas ela me ignorava. O que fiz agora? Ela parou de bordar e olhou para frente. Era como se ela olhasse através de mim. Ela saiu apressada em direção ao meu quarto. Ei, eu estou AQUI. Segui rapidamente e foi aí que eu me vi, e não foi num espelho. É, eu estava morta.
Eu passei por aqueles cinco estágios da morte, sabe? E agora aqui estou eu. Acabei com o casamento de Shawn Roday e a bisca da Lily Ann Spencer, vi a I e a II Guerra Mundial, curti os anos 70...pode-se dizer que já fiz de tudo. Nesse meio-tempo, sempre me perguntei por que ainda estou aqui.Por que raios estou presa neste mundo. Não deveria ir para o céu? Ou talvez, pelo menos o limbo? Talvez Carmel tenha a resposta, ou talvez não. Mas é sempre bom mudar de ares.
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Elaine London
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyTer Dez 16, 2008 9:33 pm

[Dados do Player]

Nome: Sofia
Idade: 15 anos e 5 meses xD
E-mail: sofiapedro93@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..) o msn acima
Tem outro personagem no RPG? Sim. Insonnia Thompson (mediadora) e Luke Bertrand (humano)

[Dados do Personagem]

Nome: Elaine Selwyn London
Idade: 17 anos (fisicamente)
Data de Nascimento: 19/09/1987
Data de Morte: 06/12/2004
Local de Origem: Carmel - EUA
Artista utilizado: Emma Stone
Características Físicas: Cabelos com vários tons de ruivo, olhos verdes opacos, lábios carnudos, nariz pequeno e ligeiramente arrebitado e estatura muito baixa (1m 54,5cm). Apesar de não ser gorda, também não é magra e tem curvas, sendo mais bonita do que bela.
Características Psicológicas: Ela é doce, agradável e, principalmente, dramática. Costuma ser tagarela e, por mais que tente, não consegue guardar segredos. Contudo, é boa amiga e em vida sempre defendia os que lhe eram próximos ou os mais necessitados. Hoje em dia, se diverte assustando os garotos e garotas brigões que molestam os mais fracos nas escolas, dando-lhes -- ou pelo menos esforçando-se para isso, já que a sua natureza é mais brincalhona do que maldosa -- um gostinho do próprio remédio. É um pouco insegura em relação a si mesma, sem ter baixa auto-estima.


Biografia:

O meu nome é Elaine London -- se bem que todo o mundo me chama de Ali -- e eu tenho 22 anos... ou pelo menos eu teria se eu ainda fosse viva.

A verdade é que eu morri com 17 anos e... meio que estaquei no tempo em termos físicos. A minha mente continua evoluindo, claro, mas o meu corpo tecnicamente não existe... apenas o que resta dele algures no cemitério de Carmel.
Algo que não faço a minima questão de visualizar.
Já imaginou o quão estranho seria para mim, ver a minha própria cara em decomposição?
Estranho para além de traumatizante... Mas enfim; deixemo-nos de conversas mórbidas. Eu estou aqui para falar da pessoa que eu fui em vida e da pessoa que eu sou agora depois de morta.
Porque eu ainda me considero uma pessoa... Mesmo que mais de nove décimos da população mundial não consiga me ver; mesmo que para eles eu esteja na terra dos anjinhos ou ardendo no inferno ou lá o que seja.
Eu ainda continuo aqui. Quero dizer, isso não pode ser verdadeiramente o sitio onde ficamos depois de morrer, certo? Porque se é então onde estão todas as outras pessoas que morreram e que eu não vi por aí?
Num Plano Astral provavelmente...
É estranho que eu, que era humana em vida, saiba esse tipo de coisas; tenho plena consciência. Mas acontece que eu conheci um mediador.
Foi mais ou menos um ano e meio depois de eu ter 'expirado a minha validade de vida'.

Eu ia andando na rua, já acostumada com o fato de ninguém me conseguir ver nem ouvir mais e de que eu conseguia atrevessar corpos/ser atravessada pelos transeuntes. Eu já nem ligava se atravessava pessoas ou não; simplesmente fazia o meu caminho como se não me apercebesse dos arrepios que os humanos tinham quando eu passava por eles. Ou que os cães não paravam de ladrar e os gatos se eriçavam.
Estava até tão acustumada que nem ligava por onde ia, sempre me questionando o porquê de tudo isso estar acontecendo comigo e porque mesmo agora, que estava morta, eu não conseguia deixar de pensar nele.
Foi aí que eu e o mediador chocámos. Eu fiquei um pouco atordoada, afinal, há mais de um ano que eu não tinha contacto com ninguém! E o rapaz estava olhando para mim, esparramado no meio chão comigo em cima. Corei (ou pelo menos tive uma sensação semelhante, já que não tenho corpo e assim sendo também já não tenho sangue) e me levantei. Certifiquei-me que era realmente para mim que ele estava olhando -- estupefacto e meio irritado -- e não através de mim, antes de lhe estender a mão e perguntar:

- Você está bem? - Ele aceitou a minha mão e respondeu que sim.

A partir daí as coisas se passaram tipo um flash... Como se você se lembrasse apenas vagamente do que tinha feito, mas tendo consciência de que era real.
O que eu sei é que, após alguns dias conversando, eu e ele nos tornámos... ''amigos'' (se é que você consegue chamar amigo a uma pessoa que conhece apenas há pouco tempo) e eu confiei nele o suficiente para contar a minha história. Em troca, ele explicou todo esse negócio da morte direitinho para mim.
Como quando morremos andamos geralmente em frente para o Plano onde pertencemos -- de acordo com as acções que tomámos em vida, o karma e etc. -- e que o trabalho dos mediadores -- que fazem parte daquele único décimo de população mundial que pode ouvir, tocar e falar com os mortos -- era ajudar as pessoas como eu a avançar para essa fase que, por um motivo ou qualquer coisa que deixámos inacabada, nos manteve no Plano dos vivos, sob a forma de espectro...

Algum tempo depois, ele teve de se mudar para NY e deixámos de contactar -- fantasma não tem celular, né mesmo? -- mas entretanto eu já tive algum contacto com outros da espécie dele... e da minha.

Mas bem... começando pelo inicio (porque você deve estar bastante confuso): falemos agora da minha vida e da forma como eu morri prematuramente...

Eu nasci numa família de ingleses imigrantes, tanto por parte da mãe como do pai.
Embora a família da minha mãe - os Selwyn - fosse bem mais abastada do que a do meu pai, eles eram muito menos esnobes e eu sempre gostei mais da família da mamãe. Assim, quando meu pai (Simon London) faleceu num acidente de viação quando eu tinha cinco anos, foi para junto deles que eu, minha mãe (Callidora Selwyn London) e minha irmã (de três anos - Amanda Selwyn) nos mudámos.
A cidade em que os meus avós viviam - Carmel - era pacata e proprícia para o inicio da nossa nova vida e rapidamente começámos a nutrir afeição pelo lugar.

Acho que deve ter sido pouco tempo depois da mudança que eu o conheci... quando digo 'o' me refiro ao amor da minha curta vida, Daemon Portman.
Eu tinha seis anos, ele sete. Conhecemo-nos por puro acaso um dia no pátio... e a partir daí nada nos separou...

Excepto Veronica Chambers, uns bons pares de anos mais tarde, no secundário.

Não que eu alguma vez tivesse confessado que sentia alguma coisa por Daemon a alguém que não as paredes e Mandy, a minha irmã/melhor amiga, como é óbvio... Afinal, porque é que ele se apaixonaria por uma garota como eu -- baixinha, que fala pelos cotovelos e nem é assim tão bonita -- ?
Para além de que ele sempre insistia em como eu sou dramática... Ha! Eu? Dramática... só no dia em que um cometa caia sobre a terra e extinga a raça humana por inteiro!... Isso ou a invasão da terra pelos porquinhos cor-de-rosa voadores, aliados de uma seita maléfica de pinguins...
Mas agora falando sério... ele e a minha irmã eram os meus melhores amigos desde sempre e eu confiava praticamente tudo a ambos excepto acerca da minha paixão acelebatada por Daemon... vai daí que eu estragava a amizade lhe contando... morria devido ao transtorno no coração... mas bem, eu acabei morrendo na mesma, por isso... nem sei se não teria valido a pena revelar a verdade das minhas intenções em ser mais do que amiga dele.. Eu tinha mais amigos e amigas, claro. Mas eu evitava ficar próxima para que não me contassem segredos.

Segredos... Urgh. O meu pior pesadelo.
Porquê? Bem, simplesmente porque não consigo mantê-los a não ser que sejam meus... e eu não faço de propósito! A sério que não! Eu sempre tentei guardar mas no fim de contas eu sempre acabava esquecendo que não era para contar e cometia besteira... Houve também aquela vez em que eu falei para todo o mundo que a Mandy gostava do Josh Fields, mas depois de quase me ter esfolado viva, Mandy perdoou-me. Não só porque ela sabia que eu não tinha feito por mal, como também porque Josh acabou por convidá-la para sair.

Mas vamos avançar um pouco no tempo; mais concretamente para 2004.
Eu e Daemon andávamos mais próximos um do outro do que nunca... o problema foi mesmo quando a Veronica se começou a intrometer no caminho.
Veronica não era de facto muito bonita; era até bastante vulgar e um pouco rechonchuda... mas ela e Daemon tinham coisas em comum e numa fatídica tarde de quinta-feira em Agosto, Veronica convidou Daemon para sair aquela vagabunda oferecida £"#&!... e ele aceitou.
Após mais alguns encontros eles começaram namorando e eu fiquei completamente arrasada... Tanto que quando ele me contou eu tive que alegar má-disposição e correr para o banheiro feminino para chorar.
Quando contei a Mandy mais tarde, fizémos uma sessão de filmes com sorvete e no final eu me sentia muito melhor... afinal, eu nunca ia ter coragem de me declarar mesmo, por isso devia ficar feliz pelo facto de Daemon ter encontrado a alma gémea dele, certo?... Ainda que essa alma não fosse eu e que o meu coração estivesse estilhaçado em mil pedaços, que só tendiam a aumentar de cada vez que eu os via juntos.
Com o tempo, eu e Daemon nos fomos afastando um do outro, mas eu notava, sempre que o via, que ele já não parecia feliz e que parecia entender que eu estava evitando conversar com ele...
Na tarde do dia 5 de Dezembro, Mandy me contou que tinha falado com Daemon e que quando ela lhe perguntou por Veronica ele disse que eles não estavam juntos fazia quase três semanas. As razões? Segundo Mandy a resposta foi essa:
'' Eu acho que eu finalmente me toquei de que não gosto nem nunca gostei dela de verdade ''

Eu fiquei radiante, pois poderia voltar a ficar próxima dele... mais ainda quando ele me enviou uma mensagem na manhã de 6 de Dezembro dizendo que precisava falar seriamente comigo, nessa tarde, na escola.

Mas o que ele me queria dizer eu nunca cheguei a saber... nem mesmo hoje eu sei.
Porque a meio do caminho para o centro da cidade, passando pela falésia no meu carro, eu me despistei e caí da falésia em direcção ao mar... Tudo por causa de uma curva mal sinalizada e da chuva abundante no piso escorregadio.

E c'est finit. A minha vida acabou.

Lembro da sensação como se tivesse sido há apenas alguns momentos.
A aflição de entender que ninguém me podia ajudar; a certeza de que eu ia morrer embaixo de toda aquela quantidade de àgua gelada.
Eu comecei a chorar quando vi os vidros a rachar e a àgua a fazer pressão sobre o veículo. Ao mesmo tempo agradecia o facto de Mandy não ter aulas nessa tarde e estar salva em casa, em vez de dentro do automóvel comigo. Pensei na minha mãe e em como era verdade que toda a sua vida passa em frente dos seus olhos quando você está perante a morte... Tudo isto em poucos minutos.
A última coisa que eu lembro de fazer antes da àgua se abater sobre mim e me sufocar foi enviar uma mensagem curta para a minha irmã dizendo 'Eu amo todos vocês'.
E aí tudo ficou desbotado... o sal das minha lágrimas se misturando com o sal do mar enquanto eu engolia àgua sem ter como conseguir respirar ou tentar sair do carro... Finalmente veio o escuro.

A minha primeira memória depois da minha morte foi junto da mesma falésia, na parte de cima, ao pé de uma ambulância. Havia todo o aparato de carros e gruas de resgate e inclusivé jornalistas. Eu estava confusa, não entendendo do que se tratava tudo aquilo.
Ouvi um grito de dor e a voz da minha mãe.

- Não! Não pode ser! a minha filhinha... não, não, não. - corri para a voz da minha mãe e dei com ela prostrada no chão, chorando desalmadamente junto a um saco preto que tinha o aspecto de conter um cadáver.
Me afligi e fui para junto dela.

- Eu estou aqui mãe! Por favor não chore! - eu me ajoelhei em frente dela, do lado oposto ao saco. Mas quando tentei tocar-lhe na face, os meus dedos atravessaram a sua pele. Afastei-me subitamente dela e olhei em choque para as minhas mãos, notando pela primeira vez a sua translucidez... e vislumbrei por um momento o conteúdo do saco preto.

Era eu.

A minha face estava mais branca do que nunca e o meu cabelo ruivo estava molhado. Apesar de tudo, a minha expressão parecia serena, a não ser por um corte de raspão no meu rosto, danificando a paz do conjunto.

Não me lembro de mais nada desse dia... a próxima recordação foi a do meu funeral... de todas as pessoas que eu alguma vez conhecera chorando e depositando flores junto ao caixão - o meu caixão.

A minha mãe, com um olhar vazio e sem esperança chorando silenciosamente. Mandy, chorando tanto que os seus olhos estavam vermelhos e a sua face inchada. Os meus avós. Os meus colegas de turma... e Daemon.

Até aquele dia, eu nunca tinha visto o belo rapaz de cabelo castanho aloirado e olhos dourados chorar... Mas agora ele chorava... e não era pouco.
Tal como a minha irmã, ele estava vermelho de tanto chorar, haviam olheiras embaixo dos seus olhos e uma expressão inconsolável adornava o seu rosto.

Eu me contorci, o meu coração doendo junto com os de todos eles por não puder fazer nada contra a tristeza que eles estavam sentindo; por não puder confortá-los, nem abraçá-los nunca mais...
Mas no final, o que mais me fez confusão, foi Daemon ficando para trás no cemitério depois do enterro.
Mandy fora a penúltima a sair, ainda soluçando fortemente.
Ele aproximou-se da minha campa e eu pude jurar que o ouvi dizer, muito suavemente 'Eu te amo'... só não se se foi real ou apenas imaginação minha, do modo sussurrado como ele falou.
Depois ele saiu dali, as lágrimas retornando aos seus olhos, os punhos cerrados, com uma expressão de dor.

Eu fiquei de joelhos encarando a minha própria lápide, a realização de que estava de fato morta finalmente me atingindo ao mesmo tempo que derramava a primeira lágrima.
Essa é a minha última memória desse dia.

Mas até hoje me atormenta não saber a resposta ao meu dilema; se Daemon disse ou não o que disse, pois já se passaram cinco anos e eu tenho seguido a vida de todos os que me eram chegados de perto.
A maioria avançou (menos a minha família que ainda está abalada)... mas nunca mais ouvi Daemon falar de amor ou sequer o vi arranjar uma namorada... e ele ainda visita a minha campa.
De dois em dois meses passa por lá e me deixa uma rosa branca... e entalada entre a lápide e um pequeno canteiro de vasos está embrulhada em plástico uma carta que ele me deixou no primeiro mês que se seguiu à minha morte... que nunca ninguém leu e que eu também não consegui ver, por causa da minha inabilidade de agarrar objetos concretos.

E assim, a pergunta continua ecoando pelo meu espírito:

Será que ele me amava? Será que eu poderia ter tido uma chance de ser feliz?

Acho que nunca saberei... mas gostava que Daemon voltasse a sorrir como antes. A ser feliz como antes... só então terei descanso.
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyTer Dez 16, 2008 11:27 pm

Ótimas bios, queridas!
Estão liberadas. ^^

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Bom jogo!
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySeg Dez 29, 2008 11:56 am

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Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem: Corinne L. Nurse(bruxa); Jonathan D. Mclean (deslocador); Elisabeth Dearborn (humana); Gabriel Lifton (bruxo); Paris Good (bruxo); Jesse de Silva (mediador).

[Dados do Personagem]

*Artista Utilizado: Matt Dallas *

-Hm, olha. Eu sei que, para me livrar de você...
-Por obséquio, dirija-se a mim como ‘Vossa Graça’.
-... eu preciso entender o que raios te prende nessa existência, mas eu não estou muito certo de que essa é a melhor maneira, nem a forma mais eficaz, de se iniciar alguma coisa.
-Ser-lhe-ia correto dizer que eu não estou nem um pouco interessado em saber se, para tu, a situação é ou não é a melhor forma de se iniciar... Hm... Alguma coisa.
-Certo, então. Vamos começar de novo... Eu tenho a ligeira impressão, Vossa Graça, de que isso, definitivamente, não é algo que se encontra em qualquer livraria ou biblioteca. E você...
-O senhor...
-... me parece antiquado demais para entender noções de tecnologia, então, prefiro me manter a uma distância razoavelmente segura disso daí.
-Oh, toma-me por um velho antiquado? – breve riso. – Saiba, senhor, que as conheço perfeitamente, mas não me importo... Teu histórico de vida decerto te considerará como um inimputável; e isso é o que mais importa... Para mim, incontestavelmente. – breve pausa, seguida de um breve riso. – Largue de ser pusilânime, homem! Segure-o de uma vez!
-E se eu não quiser segurar?
-Tu és um verdadeiro covarde, insisto em repetir-lhe... – breve resmungo.
-Há uma grande diferença entre covardia e bom-senso, Vossa Graça.
-Certo. – respirar fundo. – Eu particularmente não estou muito propenso a me utilizar de outros meios para que acate minha ordem de uma vez, mas já que tu insistes... Eu posso explicitar agora muitos motivos para o senhor, hm, ajudar-me.
* breve silêncio *
-Está me chantageando?
-Tu estás a dizer que estou a chantagear-te. Não nego e, tão pouco, estou a afirmar-lhe coisa alguma.
* novo silêncio *
-E então?
-E então, o quê?
-Abre o livro e começa?
-Eu não sei em que mundo você pensa viver, Vossa Graça, mas eu não sou seu capacho.
-Queres que eu te peças por favor, então? Certo, muito bem. Por favor; começas logo antes que eu fique realmente irritado.
-E eu acho que você deveria medir bem suas palavras antes que eu perca a paciência e te mande direto para o inferno, seu protótipo de lorde!
-Isso foi uma ameaça?
-Entenda como quiser...
- Será muito interessante vê-lo tentar esse feito. Se em cerca de quinhentos anos ninguém conseguiu, por que você conseguiria?
-Não me subestime, Vossa Graça, não me subestime...
-Se estás pensando em utilizar esse livro para me exorcizar, deve ser do seu apreço saber que ele não é mais do que uma mera réplica.
-Há outras formas...
-Ah, entendo... – novo riso – Achas, então, que esta tua idéia iníqua pode ter algum êxito? Não suspeitas que muitos outros anteriores a ti não já tentaram?
-O que me indica que o que fala não pode ser considerado um blefe?
-O fato de que eu nunca blefo, senhor.
* respirar fundo. *
- Mas, certo; vou fazer o que me pede, Vossa Graça. Quem sabe assim eu me livro da sua presença irritante e suas frases absurdamente floreadas...?
* gargalhada alta *
-Eu bem sei o quanto te irrita, mediador... Por isso o faço. – tom absurdamente sarcástico. – Mas posso falar “normalmente” com você se der na telha fazer isso, para variar.
* longo suspiro *
-Então, o que eu faço com essa droga de livro?

***


Charles Brand...


-Espere um momento! O que raios você pensa que está fazendo?
-O que quer agora? Você não me pediu uma porcaria de uma biografia?
-Acho que o senhor perdeu uma parte das minhas explanações...
-Ou é isso... Ou nada feito.
-Mais que rapazinho insolente!
-Se estiver achando o serviço ruim, que procure outro mediador, Vossa Graça. Eu não sou nenhum escrivão...
-Prossiga.

Charles Brandon, Duque de Suffolk.
Inglaterra
(30-10-1484 – 22-08-1545)
61 anos


-Diabos! Apague isso!
-Por quê, Vossa Graça? Aqui diz que o senhor morreu aos 61 anos!
-Você está vendo um velho agora?
-Está bem...

Charles Brandon, Duque de Suffolk.
Inglaterra
(30-10-1484 – 22-08-1545)
61 anos


Uma pequena observação a fazer, antes de qualquer outro fato. Os fantasmas possuem uma peculiaridade que talvez lhe seja desconhecida... Ao morrerem, seu corpo físico acaba retrocedendo à forma em que seu corpo era mais saudável e mais próximo da perfeição. Ao que tudo indica, para o Charles, foi no auge de seus 18 anos (segundo suas próprias palavras, foi pouco antes de ter ganhado uma cicatriz considerável no peito por conta de um duelo...). Portanto, tecnicamente, podemos dizer que ele não tem mais 61 anos... Pelo menos não fisicamente. Embora o mau-humor acabe por trair sua verdadeira face...

-Satisfeito, Vossa Graça?
-Minha cara parece ser de alguém satisfeito?
-Hm... Sim? – breve riso. – Por que de repente ficou tão retraído, Vossa Graça?
-Que parte do ‘apague isso’ você não entendeu?
-A parte em que se quer ser irremediavelmente sincero, mas supõe a possibilidade de mentir a idade sem julgar que, sendo uma pessoa histórica, qualquer um poder ter acesso a fatos importantes da vida da referida pessoa. Como ter morrido aos 61 anos e ter se casado quatro vezes, por exemplo.
-Está bem. – longo suspiro. – Continue.

Charles Brandon, amigo mais próximo de Henry VIII, rei da Inglaterra, era filho de Sir William Brandon e Elizabeth Bruyn. Perdera os pais ainda em tenra idade; sua mãe, em decorrência de um parto, e seu pai, no campo de Bosworth, numa batalha em defesa do rei Henry VII no ano de 1485. Com a morte do seu avô, em 1491, com quem até então residia, foi levado à corte real. Este era um costume daquele tempo, mas como Brandon não era herdeiro de um título importante ou de uma grande riqueza, seu caso foi resolvido mais pelos sentimentos do que racionalmente falando. Henry VII, como retribuição à grande lealdade de seu pai, William, educou Charles com suas próprias crianças; e, de começo, ele e o futuro Henry VIII tornaram-se amigos devotos. Ca...

-Espere...
-O que foi agora?
-Não gostei...Formal demais.
-Formal demais... Como você queria que fosse, afinal? É uma biografia, oras!
-Sim; vejo perfeitamente.
* breve silêncio seguido de um suspiro*
-Certo. Vamos direto ao ponto...?
-Pondere os fatos, mediador, solicitar que conte a minha história a alguém não significa necessariamente dizer que eu desejo que transcreva a minha biografia. Se assim o quisesse, dispensaria esse seu trabalho e entregaria o livro diretamente a essa pessoa... Os dois acontecimentos podem convergir em algum ponto, mas, ainda assim, são dois extremos.
-Eu ponderei e entendi perfeitamente os fatos, Vossa Graça. Mas, se prefere algo mais trivial... É lamentável dizer, mas eu não vou fazer essa porcaria de biografia de forma diferente da qual eu venho a fazer até o presente momento... Ainda que ameace explodir o quarto ou algo do tipo.
-É a sua última palavra?
-Perfeitamente.
-Ótimo. Eu mesmo vou escrevê-la.
-Eu... Você vai escrever?
-Per-fei-ta-men-te.
-E por que diabos não resolver fazer isso desde o começo?
-Ah, é que utilizar objetos da “dimensão material” cansa meu, hm, corpo. – breve silêncio seguido de uma folha sendo amassada. – E, sabe, eu sinto que seus parentes não ficariam muitos satisfeitos em entrarem no seu quarto e se depararem com uma caneta “escrevendo sozinha” em um papel. – som de cadeira se arrastando e um livro sendo fechado bruscamente. – E, de fato, eu odeio essas canetas modernas... Elas são de uma péssima escrita. Levo também em consideração que não escrevo há uns oito anos e minha letra deve estar horrível... Além de...
-Mais que velho rabugento... - um ruído abafado de um travesseiro se chocando conta um rosto seguido de uma alta gargalhada se sobrepondo a mais resmungos.

***


Discorrer sobre sua própria existência, não raro, se constitui num ato um tanto quanto intrincado. Não tanto pela inseguridade, ou por alguma falta de tino, mas porque, de fato, a memória do ser humano nem sempre é confiável, ainda mais quando se vive por mais de quinhentos anos. Eu presenciei muitas metamorfoses sociais; muitas das quais, em minha realidade, eu sequer cogitava que seria possível acontecer, um dia. O tempo correu ao meu redor, embora ele nunca passasse realmente para mim. Para ser mais franco, ele retrocedeu... E, muitas vezes, eu ainda suponho absurda essa sensação de ter uma mente tão aprimorada em um corpo tão vivaz e imutável [se é que eu posso chamar isso que eu tenho agora de corpo...]. É uma dualidade com a qual por séculos eu passei a viver e aprendi a ter certa familiaridade, mas que eu nunca havia sentido de forma tão expressiva quanto eu estou a sentir atualmente.

Pensando de forma racional em meio a tantos pensamentos desordenados, há a parca impressão de que esse sentimento parece errado... Ou mais do que parecer errado: é antinatural. Eu deveria estar em outro plano; um plano que me é incógnito, mas que, na verdade, eu não tenho o mais parco desejo de conhecer. E você... Você deveria estar com alguém que, ao menos, pudesse ver e tocar, a princípio. Se é que posso chamar de “estar alguma coisa”, de qualquer forma.

A verdadeira torpeza de toda essa história veio de minha parte; como uma espécie de amor platônico às avessas, eu dei vazão a esse sentimento e não me importei com o fato de deixá-lo se intensificar, desejando reciprocidade. Por mais que racionalmente falando eu entendesse toda a incongruência da situação, a impulsividade e a inconseqüência prevaleceram e eu apenas permiti que tudo chegasse ao ponto que estamos agora. No entanto, eu não me culpo nem me arrependo de todos os meus atos... Embora parte de mim ainda sinta que foi um egoísmo muito grande da minha parte permitir que você também me amasse.

E, não, eu não estou a escrever estas linhas para te dizer o que certamente você deve estar pensando que eu quero dizer. Eu não quero desistir de tudo... De nós dois... Ou o que quer que seja. Em realidade, o objetivo principal dessa carta é contar um pouco da minha história a você... Mas nem sempre temos a capacidade de controlar nossos pensamentos e essas palavras acabaram por surgir sem que eu realmente as desejasse, embora intrinsecamente desejando. Enfim, tudo o que eu queria dizer era que se você não estiver disposta a aceitar toda a singularidade da nossa situação, eu me resignarei a ela, ao meu modo. Talvez continue a te perseguir, desejando que você seja feliz, embora minha parte egoísta continue a dizer que essa felicidade só seria plena se eu estivesse no lugar do seu... Hã... Namorado. Ainda que falar sobre plenitude seja algo muito relativo para explicar o fato de que estamos em dimensões distintas que convivem aparentemente harmoniosamente em um mesmo plano.

E eu acredito que esteja sendo repetitivo demais ao me referir ao fato de ser um fantasma... Mas cerca de quinhentos anos a viver como um não é algo que possa ser particularmente esquecido no presente momento. Ainda mais... Repetitivo, mais uma vez.

Meu nome é Charles Brandon. Acredito que este lhe seja um nome um tanto quanto familiar, já que, pelas minhas observações, você ama história, de uma forma geral. Sou – ou fui – o mesmo Charles Brandon, duque de Suffolk, mencionado nos livros históricos como sendo um dos amigos mais íntimos do rei Henry VIII. O mesmo Charles que desposou a irmã dele, Mary. O mesmo Charles que foi cavaleiro pertencente à Order of the Garter. E o mesmo Charles que morreu em 1545, de uma causa que para os historiadores é desconhecida [ou, talvez, eles sejam idiotas demais para não suporem que eu simplesmente morri por conta da idade avançada...].

Os acontecimentos supracitados sintetizam de forma um tanto quanto significativa a minha vida, embora, como toda aparente sinopse, não faça jus a ela em sua totalidade. Mas a insegurança e o receio prevalecem, já que esses fatos predecessores, dos primórdios da minha realidade, nem sempre estão tão fulgentes, e isso me faz pensar que muitas vezes posso pecar por conta da parcialidade... E eu quero, acima de tudo, ser o mais sincero possível no discorrer destas linhas.

As aquisições patrimoniais de meu pai não eram magnificentes, o que significava dizer que não pertencíamos à corte, de todo o modo. William Brandon apenas servia o rei Henry VII e em retorno este lhe era eternamente grato por sua notável lealdade. Seria refolho de minha parte dizer que tenho grandes recordações desta época, já que não passam de breves lapsos. Breves visitas de meu pai. A atenção de minha mãe. E brincadeiras infantis com meus três irmãos sobre guerras que eles nunca pelejariam em vida.

Essa, talvez, era para ser minha vida. Um dos filhos do homem que servia o rei, fadado a servir o sucessor deste. Não que esta concepção tenha mudado, de todo o modo. Havia entre mim e Henry a solidez de uma amizade e, ao mesmo tempo, o respeito para com o que a imagem dele representava na Inglaterra. Personalidades destintas convergidas em um único ser. Muitas vezes, para mim era difícil apartar uma da outra e uma vez em específico eu pus à prova a ambas, embora intrinsecamente desejasse que a amizade entre nós prevalecesse, acima de todas as outras coisas.

Não estava errado em pensar nisso, de qualquer forma.

Então, por obra do destino ou um mero acaso, a orfandade acabou por proporcionar a mim e meus irmãos a convivência na corte real; o que acabou por provar a nós a importância e a estima que o rei tinha para com o nosso pai e que a morte dele foi mais honrosa do que a nossa mente ínfima concebeu imaginar.

Crescemos junto com os filhos de Henry VII. Arthur, seu primogênito, e eu, desde logo, tornamo-nos companheiros de brincadeiras. Eu não era muito próximo de Henry, nesse período. O fato de ele ser cerca de sete anos mais novo do que eu era um fator primordial para isso, acredito; mas ele gostava de assistir a algumas das nossas pequenas travessuras – as quais, a maior parte das vezes, eu acabava por ser o executor – e, de vez em quando, tentava participar de algumas delas. Arthur não gostava tanto do fato, entretanto. Coisas de irmãos... Que acredito que você deve conhecer perfeitamente.


(...)


Última edição por Charles Brandon em Seg Dez 29, 2008 12:28 pm, editado 1 vez(es)
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Inscrições - Fantasmas - Página 2 Empty
MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySeg Dez 29, 2008 12:23 pm

(...)

Em 1502, Arthur acaba por contrair núpcias com uma princesa espanhola a qual não me recordo o nome no momento e sua corte se move para um castelo em Gales. Àquela altura, éramos somente eu, Thomas e Robert; William, meu irmão mais velho, acabou por morrer subitamente, cerca de alguns anos após a morte da nossa família. Eu permaneci em Londres; amava demais a cidade para me desvencilhar dela e partir com Arthur. Thomas e Robert, entretanto, seguiram com ele; e eu me lembro que o primeiro acabou por desaparecer no caminho e nunca mais foi visto.

Permanecer em Londres acabou por me aproximar mais de Henry. Tínhamos muitos gostos em comum, entre eles, a paixão única por todos os esportes. A saúde de Arthur era um tanto quanto precária e delicada; o que acabava por restringi-lo na realização de muitas coisas. Foi durante esse tempo que as bases para uma longa amizade começaram a se solidificar.

Com a morte de Arthur, meses depois do seu casamento com a espanhola, Henry sucedeu ao trono do pai, em 1509, herdando o título de Henry VIII. O acontecimento chegou a ser inusitado para mim, já que, ao mesmo tempo em que já concebia em minha mente que isso era uma realidade iminente, quando isso acabou por se concretizar, eu não soube ao certo o que esperar de mim mesmo... Ou de Henry. O poder corrompe as pessoas, é o que dizem. E seria impostura da minha parte dizer que ele não corrompe Henry em diversos períodos de sua existência; e a mim também, em outras hipóteses.

Casei-me quatro vezes, em momentos distintos da minha vida. Mas, de todas as esposas, a que mais devotei amor foi Mary. Mary Tudor. Ela tinha uma personalidade única; encantadora. Era, sem sombra de dúvida, a princesa mais linda da época [e, infelizmente, eu não era o único a carregar essa humilde opinião]... E uma mulher muito à frente do seu tempo. Nós nos conhecíamos desde crianças e, embora não soubesse ao certo, ela já me guardava afetos, desde muito jovem. E eu só fui realmente perceber a extensão dos meus sentimentos quando ela foi prometida a casamento, por Henry.

O noivo dela era um rei francês velhote que tinha enviuvado recentemente. Eu quis questionar a Henry a razão de entregar a irmã dele para um homem daqueles, mas desisti, sabendo reconhecer meu verdadeiro lugar. Questões políticas estavam acima de qualquer vontade, e não era como a mulher tivesse voz naquela época. Nem eu tinha, custo a admitir; embora fosse amigo do rei, estava além das minhas capacidades questionar-lhe a autoridade. Mary, entretanto, surpreendeu a todos, dizendo a Henry que aceitava o casamento, contanto que, com a morte de Louis, pudesse tomar para si quem quisesse ter como marido. Henry prometeu que assim o faria; e, malgrado a maioria do círculo íntimo de Henry ter ciência dos sentimentos que Mary nutria por mim, não houve nenhum escândalo a respeito do assunto.

Então, em 13 de agosto de 1514, Mary se casa com Louis XII, rei da França. O casamento, entretanto, acaba se consumando apenas de forma simbólica. O Duque de Longueville, devidamente autorizado pelo rei, deitou-se ao lado dela na cama e tocou seu corpo com o pé despido, decretando, assim, a união como consumada. Essa simbologia da época não me foi menos resignada do que se ela tivesse sido realizada efetivamente. Irritei-me e frustrei-me com o fato, de igual modo. A idéia de outro a tocá-la me causava repulsa.

Os quatro meses que ela permaneceu casada com Louis foram os mais longos da minha vida. Por tratar de questões diplomáticas da Inglaterra, vi-me obrigado a visitá-los uma vez, antes que a morte chegasse ao rei da França. Àquela época, eu tinha o título de Duque de Suffolk, concebido por Henry. Comportamo-nos conforme versava as regras formais e confesso que fiquei surpreso com seu comportamento digno e discreto; eu cheguei a vacilar algumas vezes, embora não tivesse a devida coragem de retratar o fato quando escrevi a Henry sobre o ocorrido, preferindo-me ater em como achei o comportamento de Mary digno de uma rainha e que ela sabia perfeitamente reconhecer a posição que ocupava agora.

Noticado da morte de Louis XII, eu voltei à França para negociar a volta de Mary para a Inglaterra, a mando de Henry, sob a promessa de que manteria minhas relações com a irmã dele à base da mais rigorosa formalidade. Confesso que não cumpri devidamente a promessa, entretanto. Havia rumores de que Henry pretendia casá-la novamente, embora eu nunca soube ao certo se consistiam em uma irrefutável verdade, ou fora apenas François, o novo rei francês, que implantara aquela idéia em nossas mentes; ainda que, no meu caso específico, ele tivesse sustentado que Mary confessou a ele o que sentia por mim e tranqüilizou-me a respeito do assunto.

Mas, uma vez alimentado por aquela hipótese, fosse ela concreta ou abstrata, consternei-me com a possibilidade de perdê-la novamente. Ainda assim, malgrado tudo o que nutria por Mary, minha obediência e lealdade a Henry pesavam-me na consciência, não permitindo que eu efetivasse o que me era de anseio realizar, desde o começo. Casar-me com Mary.

Eu fui ter com ela logo após a audiência que tive com François. Ela estava desalentada e desesperada com aquela situação e, tão logo me avistou, acusou-me de estar ali para tomá-la de volta para Inglaterra só para vê-la se casar com outro. E o ultimato saiu dos seus lábios... Ou casaríamos agora, ou nunca mais. De qualquer forma, eu não estava propenso a esperar para saber se era mesmo verdade que Henry descumpriria a promessa que fez a Mary, casando-o com outro que não fosse o seu desejo... Também não queria mais insistir para mim mesmo que não me importaria em vê-la contrair núpcias com um outro qualquer, principalmente ao vê-la tão abatida com tudo o que estava acontecendo. Vê-la novamente me proporcionou a coragem que eu tanto buscava em sua ausência, mas não encontrava. Então, casamo-nos secretamente na capela de Cluny, em 1515. E François, nosso grande amigo, exigiu um pagamento considerável pelo seu silêncio a respeito daquele segredo.

Eu não podia esconder o fato de Henry por muito tempo, entretanto. As suspeitas de que Mary estava a esperar o nosso primeiro filho ressaltava a urgência da situação. Pedi para que o arcebispo de York, Wolsey, intercedesse por nós frente a Henry. Pedi-lhe que apenas alimentasse em sua mente a suposição de um futuro casamento entre nós e, logo depois, informaria-lhe a verdade pessoalmente. A reação dele não foi das melhores e os impropérios a mim dirigidos não valem aqui ser mencionados no momento. Eu não lhes tirei a razão, entretanto; eu tinha lhe traído a confiança, da pior forma possível, e sua raiva para comigo era plenamente justificável. Sua fúria não durou por muito tempo, entretanto, e ele não demorou a perdoar-nos. Vários membros do conselho não aprovavam nossa união, mas nenhum deles chegava a guardar ódio ou rancor pelo fato. Casamo-nos novamente, de forma pública, no palácio de Greenwich, agora em presença de Henry e sua esposa, Catalina. A gravidez de Mary não passou de uma mera suposição, mas, anos mais tarde, tivemos nosso primogênito, ao qual batizamos de Henry. Tivemos ainda duas meninas, de nome Frances e Eleanor, respectivamente.

Em 1518, Mary acabou por contrair uma doença da qual nunca se recuperou completamente. O quadro acabou por se agravar de forma lenta e gradativa, levando-a a óbito em 1533. Mantive-me afastado nos últimos tempos, por seu próprio pedido. De todo modo, doía-me na alma vê-la definhar, aos poucos, sem que nada pudesse fazer para impedir isso. Nenhum dos médicos dava esperança e nem ela mesma se mostrava determinada o bastante para lutar com ela; em nosso último encontrou, pediu para que eu lhe prometesse que eu seguisse a vida normalmente, quando finalmente se fosse; e que não fosse vê-la no enterro, para não ter como última lembrança dela algo tão funesto quanto a sua imagem, moribunda e pálida, inerte sobre um caixão.

Eu cumpri a ambas, sem jamais ter dito a ninguém as verdadeiras motivações dos meus comportamentos ulteriores à morte dela. Entretanto, não assistir ao seu enterro materialmente não me impediu que eu imaginasse a cena, tantas e tantas vezes, em pensamentos.

Casei-me mais uma vez, pouco tempo depois de sua morte. Muitos acabaram por me julgar de insensível, ou chegaram a acreditar que eu não a amava realmente, mas acredito que eles realmente nunca chegaram a entender em realidade o que é perder alguém que se ama efetivamente. Casei-me com Catherine com a falsa percepção de que ela poderia suprir a falta que sentia de Mary. É evidente, entretanto, que aquela era uma luta perdida; eu gostava da minha esposa, mas ainda amava a Mary. Não nego que Catherine me fez feliz nos últimos anos da minha vida, entretanto; e que concedi grandes felicidades a ela.

Confesso que o ato de morrer foi uma experiência um tanto quanto surreal para mim; e acredito que o é para todos os que acabam por ficar presos a essa existência terrena, não indo de imediato para o lugar que deveriam ir. Eu recordo-me de ter sentido uma súbita falta de ar, como se estivesse a me afogar dentro de mim mesmo; e, após um segundo que me pareceu ser povoado por uma escuridão eterna, eu tive a percepção de estar a observar o meu próprio corpo inerte debruçado sobre a mesa na qual eu revia os últimos preparativos para uma nova invasão à França. O estarrecimento foi ainda maior quando constatei que estava a me sentir muito mais jovem – e de fato, horas depois, notei que minha aparência se assemelhava e muito à época que eu contava com 18 anos – e que, de alguma forma aparentemente singular, eu não sentia nem a mais parca ligação com o corpo que naquele momento se encontrava a minha frente. Declaro que, a priori, eu gargalhei da situação por julgar que aquele era o mais quimérico dos meus sonhos; mas o tempo correu sem que a situação se alterasse e, gradativamente, a compreensão da morte se acoplou ao meu âmago e eu percebi que aquilo era mais real do que eu anteriormente julgava ser.

Eu assisti, ainda um tanto quanto confuso, à dor e à tristeza dos meus familiares, de Henry e de tantos outros afetos. Irritei-me por Henry ter desconsiderado um meu desejo de ter um funeral modesto e em lugar ter feito uma pródiga cerimônia na capela de St. George; ainda que parte de mim soubesse que ele jamais atenderia a um pedido como aquele por considerar que um amigo de toda uma vida merecia algo mais do que o trivial para o que se podia eufemicamente caracterizar como sendo a última despedida.

Nos primeiros anos nessa nova existência, limitei-me a ser espectador do percorrer da vida dos meus familiares e de Henry; embora despendesse boa parte do meu tempo em me cientificar com as questões políticas da corte, procurando descobrir como ficara a situação após a minha pseudo-partida. Numa dessas ocasiões, encontrei o primeiro de muitos mediadores que cruzaram meu caminho ao longo desses quase quinhentos anos de vivência como fantasma. Ver espíritos era um explícito e evidente tabu da época, e devo aqui ressaltar que não foi uma experiência particularmente agradável. O referido sentinela não tinha nem o mais parco conhecimento dessa sua indefinível habilidade e a abominava com todas as forças do seu ser. Quando nossos olhares se cruzaram, ele desviou subitamente o olhar; mas ele não foi ágil o bastante para fazer com que eu não notasse que ele era o único que podia me ver naquela sala. Eu subitamente saí de perto de Henry e o abordei; havia, inicialmente, dentro de mim um desespero evidente por alguma espécie de interação direta com alguém que não fosse eu mesmo. Mas ele me evitou a todo custo e não houve nenhuma espécie de comunicabilidade entre mim e ele... A não ser, claro, uma ameaça evidente de minha parte de que eu voltaria do inferno diretamente para buscá-lo se ele chamasse um padre para me exorcizar ou algo do tipo, quando foi perceptível para mim as suas reais intenções de fazê-lo.

Após a morte de Henry, em 1547, eu passei ainda cerca de trinta anos naquele pseudo-convívio antes de me desgarrar de vez de uma vida que jamais pertenceria a mim novamente. Eu não mais fazia parte daquele lugar, embora constantemente construísse dentro de mim a idéia de pertencer. Quando ouvi a notícia do falecimento do meu amigo, esperei que acontecesse com ele o mesmo que acabou por acontecer comigo... Contudo, não o encontrei em lugar algum. Com o tempo, ao presenciar outras mortes, acabei por descobrir que nem sempre isso acaba por ocorrer e as pessoas terminam seguindo o curso natural da sua existência, seja ele qual for. Aprendi a lidar com o que sou agora por mim mesmo. Conheci outros horizontes; outros lugares. Identifiquei ser possível transitar por entre os dois mundos e que era igualmente praticável desmaterializar-me e materializar-me em lugares apenas por conta da força do meu pensamento... Que minhas emoções mais brutais poderiam mover ou destruir os objetos terrenos, e que eu poderia, por mim mesmo, controlar essa habilidade com o tempo... E também compreendi, através de um mediador, que o que decerto me prendia a esse mundo era algo que eu deixara em aberto antes de ter morrido.

Pouco me importava o fato, entretanto.

Nos séculos que se seguiram, eu tive muitos nomes. James... William... Robert... Alfred... Leonard... John... Não sei ao certo o que me levava a ser tão dissimulado, mas confesso que me era um tanto quanto desconcertante a maneira de proceder de alguns mediadores que acabei por encontrar; eles chegavam a medidas extremas apenas para se verem livres dos fantasmas que viviam a “assombrá-los”, principalmente quando julgavam serem eles um caso perdido. Talvez você se pergunte por que eu simplesmente não ia embora de imediato, deixando-os reclusos em sua própria tentativa de resolver aquele caso considerado insolucionável... Eu não sei dizer, ao certo. Há todas as espécies de pessoas nesse mundo; com os mediadores, que antes de o serem são humanos, não seria diferente. Tornei-me próximo de alguns, embora evitasse falar muito de mim mesmo, já que seria uma perda de tempo, para ambos, tentar solucionar algo que eu não gostaria de solucionar realmente. Outros, entretanto, despertavam em mim certo anseio pulsante de aprontar com eles. E eu não me negava a fazê-lo nem negava isso a eles... Poltergeist, era como eles costumavam me chamar [ algo que eu, invariavelmente, deprecio que o façam... Embora não chegue a negar que meu comportamento não destoe por completo dessa qualificação].

E não que eu tenha medo do que me espera “do outro lado”, mas procuro sempre evitar me permitir pensar nesses fatos. Acredito que o que me prende a esse mundo não seja uma questão mal-resolvida, como todos esses mediadores que encontrei costumam supor. Talvez eu seja simplesmente alguém apaixonado pela vida – por essa vida terrena – para pensar em renunciá-la de modo tão ordinário. Estou convicto de que, no momento em que idealizar que eu não pertenço mais a esse lugar – ainda que literalmente não pertença por completo –, que pretenda dispor de tudo o que ele representa e representou para mim um dia, talvez eu conseguisse partir. Embora, atualmente, haja um motivo a mais para me fazer ficar... Você.

E aqui encerro estas linhas...

Afetuosamente,

Charles Brandon.


Última edição por Charles Brandon em Seg Dez 29, 2008 12:30 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySeg Dez 29, 2008 12:23 pm

***


* um ruído abafado de uma caneta caindo sobre uma superfície de madeira, seguido de folhas sendo passadas calmamente. Um longo suspiro. *
-Mediador...
-Hm...
-Qual a sua impressão sobre a minha pessoa? – murmúrio pensativo. – Quer dizer, definir a si mesmo é parcial demais e eu queria ter o ponto de vista de outrem...
-Você é ridículo... – leve resmungo. – Agora posso voltar a dormir?
-Você me acha mesmo ridículo, ou só está de gracejos? – ar ligeiramente intrigado.
-Bem, o que você acha?
-Eu, de fato, não sei o que esperar de você, mediador.
-Céus, por que vocês, fantasmas, têm de ser tão chatos e insuportavelmente sentimentais? – breve resmungo. – Sua ironia se perdeu em algum ponto da sua carta para... – frase interrompida por uma travesseirada.
-Acredito que seja porque nossas emoções estão mais afloradas do que quando estamos arraigados ao nosso antigo corpo. – breve silêncio. – Então, você não me acha ridículo? – mais um resmungo seguido de um breve riso. – Mas, de fato, estou falando mesmo sério a respeito da opinião.
-A biografia só não basta? Você também quer que alguém te descreva físico e psicologicamente a ela? – longo suspiro. – Ah, pelo amor de Deus, são quase três da manhã! Será que você não poderia deixar isso para depois e fazer o favor de, sei lá, passear um pouco e me deixar dormir? – uma longa gargalhada.
-Agora és tu quem me parece um velho rabugento, de igual modo, mediador! – novos risos seguidos de mais resmungos e um respirar fundo. –E queres mesmo que eu responda à tua pergunta?
* breve suspiro *
-Não, obrigado... Se eu fizer isso, você me deixa descansar de uma vez...?
-É evidente que sim.
-O.k.; eu faço.

***


Interpretando Charles Brandon – Uma breve versão dele por olhares quase inscientes.

Olha, para ser humildemente sincero, eu não estaria a discorrer estas malditas palavras se eu tivesse o mínimo de escolha. Eu, inclusive, posso mencionar que não tenho nem a mais parca idéia de como posso aqui descrevê-lo – pelo menos psicologicamente, porque, como você sabe, ser psicólogo nunca foi uma prioridade absoluta em minha vida, embora algos fatores adversos mencionem o contrário a olhos alheios – e não me é muito agradável falar de alguém que eu acho que não conheço o suficiente, por conta do pouco tempo de convívio, e principalmente porque o espírito humano é algo que está além de qualquer um entender em sua totalidade.


-Realmente... Antes de tê-lo conhecido, ilustre mediador, eu pensava que entendia muito da mente humana. Hoje, contudo, confesso que preciso rever meus conceitos a esse respeito.

Mas, bem, de qualquer forma, posso expor, através de breves e superficiais análises, que Charles é uma pessoa irritante, sarcástica, manipuladora, egocêntrica e chantagista; e eu, definitivamente, não sei como você o suporta. Aliás, sequer consigo conceber o fato de que você se encontra irremediavelmente apaixonada por ele; mas talvez ele só mostre esse aspecto mais aborrecedor e intragável quando em presença de mediadores ou deslocadores, então, acredito que isso lhe é desconhecido até o presente momento.

* gargalhadas *
-Oh, me era desconhecido o fato de que reservavas tantas estimas por minha pessoa, mediador.
-Você quer parar de espiar?
-Vais deixar estas últimas linhas?
-Oh, desculpe-me se estou destruindo a sua imagem de “príncipe encantado”, Vossa Graça, mas alguém nessa história toda precisa ser realista.
-Ou extremista demais... Mas, enfim, prossiga.

Para um fantasma de quase quinhentos anos, Charles não se mostra ser alguém muito antiquado. Embora a sua constante rabugice acabe por revelar os seus séculos de existência, que se encontram indefinidamente obscurecidos pelo seu rosto excentricamente chistoso. Ele também não mede esforços para conseguir seus propósitos, o que me faz crer que ele é obstinado, corajoso e determinado em tudo o que faz. Sua linha de raciocínio é aparentemente prática e instantânea... Por vezes, estrategista; o que mostra certo teor de inteligência.

-Não mostra. Eu sou inteligente.
-O que eu falei sobre interrupções ou espiadas?
-Desculpe-me... É impossível evitar. Mas... Tu me tens como um ranzinza?
* silêncio em resposta *

Ah, sim; acredito também que ele tenha algumas dificuldades no que tange à disciplina. Ele não chega a ser um rebelde por completo, mas, em algumas hipóteses, se abstém a obedecer regras que, a uma primeira reflexão, não lhe são favoráveis. No entanto, é leal e solidário para com aqueles por quem tem consideração e os estima tanto quanto a sua própria vida. Não que eu esteja querendo com essa última frase fazer uma comparação evidentemente egoísta – embora seria hipocrisia da minha parte dizer que não o acho egoísta, às vezes – mas, acredito que no que diz respeito a Charles, não há comparação melhor do que esta para falar acerca dos sentimentos dele.

Bem... Há muitas outras coisas para falar sobre Charles Brandon, mas sinto expressar que é tudo o que eu posso dizer até o presente momento. Ainda existem diversas facetas da sua personalidade a serem analisadas e desvendadas, algumas delas ainda parcialmente inscientes, mas que não cabe aqui analisá-las.


-Em outras palavras, ‘terminei de uma vez para poder ir dormir’?
-Se quiser interpretar desta forma, não faço objeção alguma.
-Hm, certo.
* silêncio. Som de uma cadeira se arrastando e do bico de uma caneta se atritando furiosamente contra uma folha *

Interpretando Charles Brandon – A versão dele por ele mesmo.

-Você... Mas o que é que você tem na cabeça, afinal? – breve riso seguido de mais um resmungo. – Eu tive o maior trabalho para escrever essa droga de descrição e você risca quase tudo depois?
-Mudei de idéia.
-Eu... Como uma pessoa tão insuportável como você pode foi amigo de um rei durante toda a vida e conseguiu a proeza de ter se casado quatro vezes? Aliás, como alguém conseguiu aturá-lo, para começo de conversa?
-Ora, mediador, assim você fere os meus sentimentos... Eu não sou tão insuportável assim. – tom de falsa mágoa seguido de um breve riso. – Mas, como você deve ter notado, a vida nesse plano em que me encontro é um tédio e eu acho divertido torrar a sua paciência.
* murmúrios ininteligíveis seguidos de gargalhadas *

***


Interpretando Charles Brandon – A versão dele por ele mesmo.

Devo confessar que meu objetivo primordial era apenas ilustrar-lhe sobre minha vida e existência; porém, antes mesmo que a carta anterior fosse selada, insurgiu em mim um profundo anseio de enunciar um pouco acerca da minha pessoalidade.

Refletindo sobre os fatos, acredito que seja injusto o fato de que eu saiba tudo – ou quase tudo – sobre você e que você não saiba tanto a meu respeito. Não por seu efetivo querer, é claro. Mas, no que tange a certas minúcias, não é como se eu pudesse negar que meu atual estado acaba por particularmente me conceder alguma vantagem.

E, ainda que haja um interposto na linha tênue que nos separa, é inconstestável expor que a boa parte da essência se perde quando comparada a um contato direto e preciso.

Descrever a si mesmo, no entanto, acaba por recair aos mesmos riscos que se corre ao relatar a história de sua própria vida. É algo igualmente intricado, pois tanto se pode exaltar absurdamente as qualidades, quanto assoberbar miseravelmente os defeitos.

Procurarei me esforçar ao máximo para não cometer a ambos, buscando sempre o meio-termo.

Evidenciando abandonar uma modéstia que nunca me foi plena, devo insinuar que, ao rever antigos quadros com minha imagem, os pintores não foram capazes de me retratar com completo esplendor... Ou talvez eu só esteja preso demais a esses eternos 18 anos para guardar sequer uma vaga lembrança de meu aspecto débil ou plenamente senil. Os cabelos alegórios me são mais claros do que os espectrais; se antes me eram num tom acastanhado, ligeiramente amendoado; agora se encontram num matiz escuro, quase negro. As feições são mais suaves; não havia toda aquela robustez e imponência que um membro da cúpula real acabava por exigir. Talvez retrate um pouco de uma inocência que não tenho mais, mas o tinha naquela época (pelo menos em parte). Os olhos são esverdeados e diligentes; muitos já me disseram que guardam certo fulgor de alguém que já viveu e presenciou muitas coisas, embora se mantivessem constantemente tenros. O que gera certa contradição, no entanto, mas não posso confirmar ao certo se há ou não falácia nessas palavras, pois sou incapaz de julgar esse aspecto sem ter em mente essa idéia que me fora pré-estabelecida. Possuo uma estatura consideravelmente alta... Para os padrões da época, pelo menos. Nossa diferença de estatura pode ser um pouco mais do que quinze centímetros. Ou quinze, efetivamente. Quanto ao aspecto físico, considero-me um tanto quanto robusto, sendo apenas ligeiramente esguio.

No que tange às minhas faculdades psicológicas, muitos já indicaram que eu possuo uma personalidade forte e estritamente magnética e carismática. Revelo que a possuo, quando sinto evidentemente disposto para tanto. Costumo ser relativamente prudente e racional em minhas ações, embora ambos os traços se apartem do meu caráter quando se trata de questões amorosas, assumindo um aspecto mais arrebatador, de um indivíduo notavelmente movido pelo impulso das suas paixões. Não há qualquer espécie de precedente em meus pensamentos e deixo-me apenas seguir simples e singelos estímulos sensoriais; a irreflexão está constantemente presente em minha vida, nesse sentido.

Acredito que tenha certa tendência ao perfeccionismo e ao metodismo; era uma singular e irremediável característica que me era de grande importância enquanto bolava estratagemas em batalhas. Também me vejo como alguém autoconfiante, possuidor de uma coragem peculiar... Embora parte – ou por completo – se esvaia quando me encontro verdadeiramente apaixonado por alguém, fazendo com que a insegurança e a hesitação prevaleçam, às vezes; como presentemente vem acontecendo desde que me dei conta de que estava a te amar. Entrementes, consigo constantamente ocultar esses singelos traços, preceituando em meus gestos e atitudes uma imagem agraciadamente deleitável e deslumbrante.

Sou leal e fiel aos meus princípios. Para mim, juntamente com tantas outras, a honestidade e a honra são uma das principais virtudes da humanidade. Um homem jamais possuirá a última se lhe é plenamente desconhecido os desígnios da primeira. A franqueza, aliás, sempre teve meu apreço. Primo pela sinceridade, embora, por vezes, admita que a ironia é a melhor forma de atingir seus verdadeiros objetivos, porque as palavras ditas desse modo podem até ferir de forma menos gravosa do que se fossem ditas diretamente. E, igualmente contraditório, a ambigüidade me fascina tanto quanto a lhaneza.

Creio que a complexidade e o contraditório estejam invariavelmente presentes em minha personalidade. Talvez eu tenha me tornado um fantasma atormentado por crises de instabilidade, gerada pelo próprio caráter intrincado do meu espírito. Admito que gosto dessa minha característica; isso não me torna alguém plenamente volúvel, no entanto. Às vezes, minhas emoções chegam a ser tão rijas e delimitadas que custo a crer que elas puderam ser tão inconstantes em outros tempos. Contraditório, mais uma vez.

E, por fim, mas não menos importante. Sou alguém seguramente espontâneo, otimista, perspicaz e expansivo. Admito que sou um tanto quanto presunçoso e matreiro, às vezes. Além de, como você pôde perceber das linhas pretéritas, apaixonado pelo conhecimento e pela vida, de uma forma geral.

Tudo o que aqui foi exposto sintetiza bem vários dos meus aspectos primordiais. Meu ar inseguro custa a admitir que essas informações podem ser consideradas válidas se comparadas a tantas outras que eu sei a seu respeito, mas palavras nunca serão suficientes para me descrever com precisão... Muito menos para eu descrevê-la, quando aqui julgasse necessário fazê-lo. Eu a vejo como pequenos mistérios a serem descobertos no âmago dos meus pensamentos... E eu estou irremediavelmente ansioso por descobrir cada um deles meticulosamente.

Com amor,

Charles Brandon.


***


-Acabou, afinal?
-Em absoluto, acredito. – breve pausa. – Mas acho que...
-Ah, me dá essa droga de carta de uma vez! – leve grunhido seguido de um riso. – São quase cinco da manhã, eu tenho um pouco mais de duas horas de sono...
-Sinto pelas suas parcas limitações fisiológicas, caro mediador. – tom levemente irônico.
-Então, que tal você ir passear no mundo dos espíritos agourentos e finalmente me deixar em paz?
* leve gargalhada *
-Sei que sentirá muito a minha falta, mediador, mas prometo voltar a tempo do café-da-manhã. – breve pausa. – Hm, mas se quiser, eu posso pedir para a...
-Obrigado, mas já tive muito de seres ectoplasmáticos para uma noite só.
-Hm, se é o que diz... Então, até mais.
* um longo silêncio. Um breve ruído de papéis sendo revirados e gavetas sendo fechadas *

Sério, não sei como você conseguiu se apaixonar por um cara desses...

-E eu li isso! – breve riso segundo de um grito abafado e um livro caindo pesadamente sobre uma mesa.
-Diabos... Você não tinha ido embora?
-Quase... Mas ouvi os papéis lá no mundo dos espíritos agourentos e resolvi checar o que está acontecendo. Está armando um complô contra a minha pessoa, mediador?
-Não exatamente. Eu apenas estou ressaltando informações corretas e precisas que foram humildemente riscadas por um fantasma um tanto quanto temperamental. – breve silêncio. – E ele ainda obstina-se a falar em sinceridades...
-Não estou ocultando informações. Apenas, como disse, acredito que você tenha uma visão extremista demais da minha pessoalidade. E, de fato, utilizando-me de suas próprias palavras, nosso curto período de convivência é um impedimento notável para que se tenha uma interpretação razoável da personalidade de uma pessoa...

Mas ela se apaixonou... e é isso o que importa.

-E tenho uma teoria a respeito da sua impertinência e mau-humor para comigo, meu caro mediador... – um riso levemente irônico. – Dor-de-cotovelo.
-Ora seu...
* longos e intermináveis impropérios seguidos de gargalhadas que sumiram gradativamente antes de silenciarem por completo *
-Poltergeist estúpido.


[ Lety se esconde da titia Shadow por conta da bio homérica... ]
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyQui Jan 15, 2009 3:50 pm

Bio aceita!! =)
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyQua Fev 11, 2009 9:36 pm

[Dados do Player]


Nome: Ayla
Idade: 15
E-mail: ayla_mendonca@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..): ayla_mendonca@hotmail.com
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem:
Sim. Angelique Bruni (mediadora), Jonathan Maldok (deslocador), Josh Fuller (fantasma), Henry Raavi (bruxo), Juliene Roxe, Ellie Parrish e Andrew Compton (humanos).

[Dados do Personagem]


Nome: Mabelle Smith
Idade: 24 anos
Data de Nascimento: 12/05/1985
Data de Morte: 13/04/2007
Local de Origem: Sydney, Austrália
Artista utilizado: (gente, sério, eu não sei o nome dela, é uma modelo da Victoria Secrets e eu procurei em tudo que é lugar mas não achei, prometo, que assim que achar me manifesto.)
Características Físicas: Cabelos lisos e pretos, assim como seus olhos. Pele alva e estatura mediana, corpo com curvas sinuosas.
Características Psicológicas: Apesar da morte conturbada, não é alguém com um psicológico afetado. Sempre foi tranquila e paciente, mas suas atitudes sempre tiveram consequências extremas. Uma personalidade sensível, porém, uma mulher forte que conseguiu tudo o que queria apenas com esperança e persuasão.

Biografia
:

Falar sobre morte não é algo que as pessoas gostem de fazer, ainda mais quando o assunto for sua própria morte. Chega a ser até intrigante, já que todos têm a certeza de que vão morrer um dia, mas ninguém gosta de pensar sobre isso.
Eu nunca me importei em pensar ou falar sobre o tema. Morrer é tão natural quanto viver para mim e talvez este tenha sido um dos motivos que me levou a pular daquela janela num dia de chuva como aquele.

“Sabe aquela velha expressão: ‘vou me suicidar´; que as pessoas costumam usar quando está um dia chuvoso, numa cidade pequena, sem nada para fazer?
Pois bem, eu levei-a muito ao pé da letra e acabei tendo meu corpo arremessado a 30 metros num piso cinza e maciço do pátio daquele prédio.

Eu não pretendia me matar um mês antes que acontecesse, pelo contrário, foi à única vez na vida que tive medo de morrer, de morrer e perder tudo o que tinha conseguido. Trabalho, família e amor. Mas a vida de uma pessoa muda muito dentre um mês e foi isso que aconteceu quando tive aquela briga com meu noivo e, até então, meu chefe, de quem eu esperava um filho.
É claro que eu sabia que ele me traia e ele não fazia questão de me negar isso, mas não foi o principal motivo para que eu me matasse. Ele foi um dos, mas, jamais, o razão especial.

Naquela tarde de chuva, uma chuva que não pausava fazia uma semana, eu saí aos berros da sala de Ben e apanhei meu casaco, sem olhar para trás e encarar seus olhos azuis tentando me dizer o que a boca já falara: “Acabou!”
Eu teria colocado um fim naquilo no momento em que o encontrei aos beijos com a secretária, minha colega de trabalho, mas não foi isso que fiz por ainda acreditar, por ainda sonhar e esperançar, que poderia haver mais uma chance. Descobri que não havia quando me joguei em dos sofás vermelho de meu apartamento e chorei
Eu chorei o que tinha que chorar e gritei o que tinha que gritar nos dias que se seguiram. Eu perdi meu noivo, meu emprego de jornalista, publicitária e agora tudo o que me restava era um filho sem pai, mas também o único que me dava ânimo para viver, já que nem meus pais – os que me expulsaram de casa e da Austrália – eram capazes disso.
Estava grávida de quatro meses de uma perfeita e saudável menina e o que estragou isso e o resto de vida que eu ainda tinha foi aquele maldito tombo naquela maldita escada.
Eu sabia que eu deveria usar o elevador, mas não quis ouvir quando minha vizinha sugeriu e preferi me arriscar a descer todos aqueles degraus numa pressa imensa à procura de um emprego que eu já mais teria por ser gestante. Desci os lances com o cuidado de me escorar no corrimão e olhar por onde eu pisada, mas um infeliz escorregão fez tudo desandar e só o que me lembro foi de meu corpo rolando dez degraus a baixo, depois as luzes do hospital e o vazio.
Um vazio que eu senti quando, ao notar meu corpo diferente, descobri que não tinha mais meu bebê, que ele estava morto. Meu único pedaço de vida tinha morrido e eu já não precisava carregar um corpo vazio e pesado num mundo insolente e covarde.
Foi por isso que, dois dias depois de receber a licença médica, eu me aproximei daquela janela e não pensei em mais nada, com medo de desistir.
Eu abri a vidraça, o vento forte açoitando meus cabelos e a chuva lavando minhas lágrimas, corri os dedos pela grande, a única que me impedia de prosseguir, e passei minhas pernas por cima dela, tudo que me mantinha suspensa eram minhas mãos, que se esforçavam para não escorregar no cano frio e molhado. Deixei que meus dedos escorressem e desprendessem do encosto, meu corpo indo para frente imediatamente e se debruçando em um turbilhão de lembranças que invadiram minha mente como uma enxurrada selvagem e violenta.
Fechei os olhos e deixem que a dor viesse, mas o pacto foi tão grande que a dor não veio, só a morte instantânea”


E foi esta forma que acordei aqui.
Depois de me levantar do pátio molhado e não sentir mais meu corpo sólido.
Não tive medo. Eu sabia o que era e sabia que era a morte e só ela.

Sempre suspeitei que a única razão para eu ainda vagar, perdida no mundo dos mortais, era o fato de eu ter propositado minha morte.
Eu não tenho escolha ou solução, eu continuarei aqui, talvez décadas, séculos, milênio.
É algo com que me conformei, depois de ter minhas dúvidas respondidas e depois de ter passado dois anos, somente andando, sem rumo ou destino.
Não procurei saber o que fizeram com meu corpo, ou se meus pais choraram sobre meu caixão, tive medo dessas respostas.
Não teria motivos para querer viver de novo ou morrer de verdade.
Afinal, eu escolhi isso e eu nunca me arrependi.

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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyDom Fev 15, 2009 2:38 pm

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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyDom Mar 08, 2009 7:04 pm

Dados do Player]

Nome:Lore
Idade:14
E-mail:lore_kf94@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..) lore_kf94[MSN]e [Y!M]
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem:Muitos...Alice Hoew,Johny Hoew,Scarlet Wilde(bruxos),Loren Simon(deslocadora) e Anne M.Hoew(fantasma)

[Dados do Personagem]


Nome:Sophia Cook
Idade:18 anos
Data de Nascimento:27/05/1989
Data de Morte:28/05/2007
Local de Origem:Carmel,Califórnia
Artista utilizado:Michelle Trachtenberg
Características Físicas:vide avy
Características Psicológicas:Uma pessoa que adora falar,mas sabe ficar quieta e ouvir também,esquecida, vaidosa as vezes,mimada,extremamente corajosa,mas tem pequenos medos que a afetam profundamente,extremamente amiga e muitas vezes,irresponsável,ainda mais agora que não se machuca nem pode morrer,já que já o está,é do tipo que adora assustar os outros.

Biografia:
-Sinceramente,porque eu vou falar da minha vida,se eu nem estou mais viva?
Acho isso tão estúpido....mas,vamos lá...
Posso fazer uma biografia da minha morte...o que acha?

É lógico que a mediadora olhou para mim com cara feia...caramba....a culpa não é minha se eu simplesmente não me lembro de nada da minha vida.....é tudo escuro.....caramba,não sabia que fantasmas tinham amnésia....nem sabia que existiam fantasmas....
Na verdade,eu até lembro da minha vida,mas,eu não...ah,vou falar a verdade,eu sinto falta,muita falta da minha vida....porque....bom,minhas memórias são bem vagas....é,sempre tive problemas de memória..mas,eu até que me lembro que tinha ótimos amigos,tinha uma irmã,tinha meus pais....
Era cercada por todos....e agora?
Só mediadores podem me ver......isso é horrível.....não posso nem desabafar...mentira, eu posso,mas a maioria cansa de me ouvir....é triste.....por isso,não gosto de falar de quando estou viva...deu pra entender?
E outra,quem vive de passado é museu.....e estou bem longe de me tornar um....
Ok,muita enrolação e pouca fala me virei novamente para a mediadora e comecei a história,não precisava contar desde o começo,só o final seria suficiente..
-Qual é o sonho de todos os jovens senão ficarem maiores de idade?E depois desse,vem o de ganhar um carro. Quando fiz 16 anos meu pai me prometeu me dar um carro quando eu fizesse 18,e os dois anos se passaram como uma tortura para mim....eu ia ganhar um carro e o melhor de tudo,seria o que eu quisesse.
É,todos ficam felizes com isso....
-E então chegou o dia tão esperado,eu ganhei o meu carro....e para comemorar eu e meus dois melhores amigos,Alicia e James fomos para uma boate.....foi a pior e a última irresponsabilidade que cometi..Todos bêbados..todos saltitantes de alegria,nem caiu a ficha que seria um perigo dirigir assim,não,nos queríamos aproveitar o meu presente..
Se eu pudesse chorar,com certeza as lágrimas começariam a cair agora..
-Foi de madrugada,no dia 28 de maio,que um carro caiu do penhasco..e nesse mesmo dia o jornal local falava que uma jovem tinha ficado paraplégica,impossibilitada de andar,o outro ficou em coma por duas semanas e logo saiu ileso...e a terceira jovem....teve...ou não,tudo depende do seu ponto de vista...um final que deixou muitos para baixo....o seu corpo foi encontrado....
E dei uma pausa...eu nunca superei minha morte nem a maneira como morri....Foi a pior sensação que já senti....quando o carro começou a sair e aquele vento batendo sobre nossos cabelos..não,aquele dia não tinha sido legal sentir os cabelos voando...você só escutava os gritos e eram gritos de terror..de medo...,e,estávamos conscientes de tudo aquilo,do erro cometido.
Uma dor muito forte no meu coração...não,eu ainda não tinha nem chegado ao chão...aquilo parecia que estava em câmera lenta....eu tinha a sensação que não tinha feito nada que prestasse com a minha vida...sabe aquele filme que todos dizem que passa?Realmente passa,e eu vi toda a minha vida,resumida ali,na minha morte e pior..na morte dos meus amigos..eu era a culpada por aquilo,eu merecia o pior castigo de todos..e eu ganhei,as vezes acho que não,já que sei que ambos carregam uma imensa culpa....sem nem desconfiar que eu também...são eles que ainda me prendem aqui...enquanto eles se sentirem culpados,mais pior eu me sinto....E logo uma dor muito forte me atingiu e ficou tudo escuro...eu sentia frio,mas ao mesmo tempo quente,eu me sentia sozinha...
Eu pensava que tudo tinha acabado,eu não sabia que tinha vida depois,eu nem acreditava em Deus...e logo me vi ali,ninguém me via,ninguém me ouvia...e eu sofria com isso...até que tudo veio para cima de mim...como..como,bom esqueci a palavra certa,mas,eu lembrei de tudo,e caí em desespero,queria saber o que tinha acontecido com os outros e depois que descobri...eles estavam tentando viver novamente,uma paz momentânea brotou no meu coração já morto e eu fui ver o que os mortos fazem...
-Foi encontrado coberto de sangue e...e,bom,ela morreu e eu sou essa terceira jovem.....e no mesmo jornal saiu que um carro foi encontrado amassado um pouco antes do penhasco,quase caiu também.
Eu dei uma pausa e olhei para a mediadora,ela não poderia mudar o pensamento deles,ninguém nunca conseguiu. Eu sabia que James era mediador,mas,apesar de sempre ser corajosa,eu tinha medo de vê-lo.
Eu me levantei,mais por impulso do que por necessidade.
-Foi bom desabafar. De novo..
E sumi dali.....teria que achar outro mediador....mesmo que eu soubesse que eles não poderiam fazer nada...mas,eram os únicos com quem conversava...conversava com fantasmas também....eles até que eram legais também....

Sophia não sabe,nem desconfia,que o carro que foi encontrado amassado,tinha empurrado o carro deles,com uma tentativa clara de assassinato,já que o pai dela,era um dos homens mais ricos da região,e ela só irá embora do mundo,quando descobrir isso e se livrar do peso do que tinha acontecido aos amigos.
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyTer Mar 10, 2009 2:23 pm

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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySáb Mar 28, 2009 12:00 am

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Nome: Angel
Idade: 19
E-mail: darkangel-da@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..): darkangel-da@hotmail.com
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem: Sim. Shannon Lutoskin (humana) e Sammea Silverstair (deslocadora)

[Dados do Personagem]


Nome: Kristen Bler
Idade: 20
Data de Nascimento: 28/06/88
Data de Morte: 05/03/2009
Local de Origem: Carmel
Artista utilizado: Reese Witherspoon
Características Físicas: Olhos azuis opacos, cabelos muito loiros e aparência atraente.
Características Psicológicas: Orgulhosa, teimosa e, por vezes, convencida, possui um temperamento forte que muitas vezes resulta em brigas sem motivos, mas assim que pára para pensar volta a se acalmar. É leal a todos àqueles que gosta.

Biografia:
As coisas pareciam as mesmas, pelo menos ali. Meu quarto, ou o meu antigo quarto, acho que era melhor considerar dessa forma já que agora eu não podia mais habitar de verdade aquele local, assim como nenhum outro. Minha família, meus amigos, todos passavam literalmente por mim e não me viam, alguns apenas sentiam um friozinho, um arrepio, mas eu via todos, eu queria falar com eles. É, eu sou um fantasma há algumas semanas e ainda não me acostumei ao fato de não conseguir tocar nas coisas direito, de não
ser ouvida nem vista por ninguém quando antes, em vida, muitas vezes eu acabava por ser o centro das atenções, pelo menos entre amigos e família. O lado bom, se é que há um lado bom, é que agora eu possuo um brilho natural em volta do meu corpo.

Olhei para o porta retrato que ficava ao lado da cama, uma Kristen de seis anos sorria para mim, segurando a nova boneca recém descoberta na noite de Natal. A árvore piscava ao fundo, dando um colorido extra à foto. Sorri ao lembrar daquele Natal, daquela boneca que eu tanto
adoro e que, no momento, se encontra guardada dentro do roupeiro, escondida entre minhas roupas. Levei a mão ao roupeiro, queria ver a boneca, pegá-la, abraçá-la, mas minha mão passou direto pela porta. Meu sorriso murchou. Eu nunca mais vestiria aquelas roupas, minha
família nunca mais me elogiaria, as garotas que não gostavam de mim nunca mais me olhariam torto, não sairia mais para comprar meu vestido de formatura com minhas amigas, meu tão sonhado vestido de formatura... O som de passos no corredor atraiu minha atenção, me fazendo sair do quarto para ver quem estava em casa àquela hora da tarde.

-Mamãe... – Sussurrei assim que reconheci as costas de minha mãe, mas ela não me ouviu, é claro. Eu podia gritar tudo o que quisesse, o quanto quisesse que ela não viraria para mim. Olhei para ela, possuía minha almofada preferida nos braços, ela não a soltava para nada havia duas, quase três semanas – longas semanas.

Ela entrou no próprio quarto e eu a segui, sentia falta de entrar lá, mesmo que agora pudesse entrar sempre que me desse vontade, ainda era o quarto dos meus pais. Sentei na beirada da cama enquanto minha mãe dava uma volta, procurando alguma coisa. Eu até pensei em perguntar o que ela queria, mas lembrei que não adiantaria em nada, ela não me ouviria mesmo, certo? Certo. Bem, olhei em volta, até que meus olhos pararam numa manchete de jornal, a folha estava dobrada ao meio, mas a manchete era visível, quase do meu lado. "Acidente mata jovem na volta para a casa", um pouco mais abaixo era possível ver o começo de uma foto minha em preto e branco. Antes que pudesse se quer pensar, minha mente voltou no tempo, voltou àquela noite, a minha última noite...


A música enchia o carro e eu cantarolava as minhas partes preferidas enquanto dirigia pela estrada, em pouco tempo chegaria em casa. A tarde havia sido um tanto agitada, diferente do que eu e Cath, minha melhor amiga, imaginamos que seria, já que tínhamos combinado de fazer
o trabalho chato dado pelos nossos professores mais chatos ainda, mas no final ele acabou esquecido em algum canto da sala, trocado por pipoca, refrigerante e música. Quando percebemos as horas, acertamos de fazer o trabalho na próxima tarde e, dessa vez, faríamos mesmo. Uma chuvinha chata começou a cair no final da tarde e já estava mais fortinha quando saí da casa dela, eram só trinta minutos até minha casa, um pouco mais em dia de chuva devido à pista molhada, mas eu já estava acostumada a percorrer aquele caminho.

Meus olhos estavam focados na estrada a minha frente, a chuva aumentava a cada instante e eu diminuí a velocidade, acidentes aconteciam com freqüência nessas circunstâncias e eu ainda tinha muito a viver. É, eu tinha...

Cheguei a curva que tão bem conhecia, mais uns dez minutos no máximo e estaria sã, salva e seca em minha casa, então subiria, tomaria um banho e iria inventar algo para fazer, no entanto meus planos foram interrompidos. No rádio, a cantora soltou um agudo, devo dizer que o meu foi parecido com o dela, só que aterrorizado, pois a claridade de um grande farol me cegou e eu só ouvi o barulho dos freios do outro carro. Fiz o mesmo, mas a batida foi inevitável. A música sumiu no meio do barulho de metal sendo amassado, o meu grito foi abafado, minha cabeça bateu em alguma coisa, senti o carro girar algumas vezes, então não vi mais nada.

-Ela está respirando?

-Está, mas está fraca. – As vozes chegavam aos meus ouvidos, mas não faziam sentido algum. Haviam outras vozes, mais longes, confusas e pude reconhecer outros sons, sirenes talvez. Sirenes? O que havia acontecido? Tentei me mover, erguer um braço, mas poderia dizer que só de pensar, doeu.

-Moça? Está me ouvindo? - Sim, eu estava ouvindo, mas quem disse que eu conseguia responder? Algo pressionou meu pescoço. Dedos? -Pegue a maca, precisamos tirá-la daqui.

Outras vozes se aproximaram, algumas faziam sentidos, outras não, mas eu não ligava, estava cansada, queria ir para a casa, descansar, dormir. Minha cabeça girava, será que havia bebido muito? Não, eu estava na casa da Cath, não havia bebido nada. De repente a pressão que sentia contra meu abdômen sumiu e ficou mais fácil respirar. Alguém me deitou, abriu meus olhos e passou algo claro na frente deles, aquilo me irritou. O que eles pensavam que estavam fazendo? Tentei protestar, mas não consegui, parecia que minha boca havia se esquecido como se falava.

-Consegue me ouvir, moça? - A voz estava mais próxima, urgente. Tentei responder, mas doeu. Fiz uma careta, "Dói", tentei dizer, mas não saiu nada. Por que eu não conseguia falar? -Dói? Onde? - A voz ficou mais urgente, ele havia me ouvido, eu só não sabia como que eu havia falado algo. Respirei fundo, mas uma forte pontada no abdômen me fez parar na metade do ato. Droga, eu só queria dormir!

As coisas pararam de se mover, fui levantada e tudo ao meu redor ficou claro, aquilo me irritava profundamente. Haviam outras vozes, novas, urgentes também, como aquela de antes. Será que eles não podiam apagar a luz, calarem a boca e me deixar dormir? Colocaram algo em minha boca e nariz e respirar ficou fácil de novo, mas algo me espetava o braço. Espetava? O que estavam fazendo!?

-Precisamos estabilizar a pressão, rápido!

Minhas pálpebras estavam pesadas, eu não conseguia mexer meu braço, o que quer que tivessem colocado nele me machucava, mas eu não conseguia mais falar para avisar. Com muito esforço, abri os olhos e vi a claridade do local, uns vultos estavam em volta de mim, algo apitava, fechei as pálpebras novamente, estavam muito pesadas para mim. Eu queria dormir, só dormir...

É, meu desejo foi atendido, eu dormi... Para sempre.
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySex Abr 03, 2009 6:09 pm

bio aceita, pode começar a jogar!
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Charlotte Starkey
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySáb Abr 18, 2009 6:18 pm

[Dados do Player]

Nome: Hannah
Idade: 16
E-mail: british.candy@yahoo.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..)
Hannahcori@hotmail.com
british.candy (Y!M)
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem:
Angele White Seehouse (humanos) Amanda Good (bruxa)
[Dados do Personagem]


Nome: Charlotte Starkey
Idade: 15 (fisicamente)
Data de Nascimento: 31 de março de 1964
Data de Morte: 16 de julho de 1979
Local de Origem: Yorkshire, Inglaterra.
Artista utilizado: Olivia Bee
Características Físicas:
Seus cabelos são de um tom castanho ruivo, um pouco ondulado, tratados e volumosos. Com sua aparência de espectro, é extremamente branca. Sua face angelical e redonda, aparenta ser mais nova que a sua idade. É magra, e baixinha.
Características Psicológicas: gentil, frágil, fraca, muito educada e muito tímida. Ingênua, doce, quieta. Bondosa, adora ajudar os outros, faz as coisas de boa vontade e gostava de aventuras. Adorava cantar e tocar violão com sua amiga Lillie.

Biografia:

- Ela está nervosa. - murmuraram os outros da sala. Ela ficou no meio da sala, tímida, e corada. Segurava três folhas de papel na mão, lindas, sem nenhum rabisco ou amassado. Ela pigarreou uma vez, colocou a franja atrás da orelha e começou.

"Nasci e cresci em Yorkshire, meu nome é Charlotte Starkey. Inglesa, vim de uma família religiosa e pobre, meus pais sempre tiveram que trabalhar duro para me sustentar. Minhas irmãs, Elsie e Emily já trabalhavam e moravam em Londres quando eu nasci. Eu sempre quis me mudar para Londres com elas mas meus pais não queriam.
Queriam que eu crescesse aqui, não queria que eu seguisse o rumo delas. Ele queria que eu criasse raízes aqui. West Rinding.
Minha moradia é aconchegante, não muito grande, mas é uma boa casa para morar. Eu amo meu quarto e é lá que eu vivo enfiada com minha melhor amiga Lillie." ela terminou seu pequeno resumo de sua vida. Ela voltou para o seu lugar tímida e outro tomou a frente da turma.
Isso em 1972.

Depois daquele dia, Charlie resolveu criar um diário; Era bonito, azul, na capa ela com Lillie e escrito "Better & more". Azul marinho, felpudo. Às 21:30 ela escrevia seu dia, sem nenhum resumo. Nada era despercebido por ela. Até mesmo quando, nas férias de verão, convidam-a para uma viajem para Brighton.
Isso em 1978, já.

"Aqui é muito lindo. Não sabia que Inglaterra abrigava tantas praias assim. Eu preciso contar para meus pais sobre isso! Preciso falar para minhas irmãs, e vamos ver se ela não se mudam para cá... " escreveu na primeira noite da viagem. Esperanças faltavam sair da sua garganta e atropelar todos que estivessem em sua frente. Como as palavras que não parava de sair do seu diário. Fechou o objeto azul e deu boa noite para Lil.

O sol brilhava forte naquele dia, como aquela menina nunca tinha visto antes. Todos acordaram e enfim saíram para a praia. Bem, Lillie e Charlie foram para algumas pedras à diante. Tinha uma leve brisa, mas mesmo assim a maré estava forte e subindo. E rápido. Lil pulou para outra pedra, a fim de sair dali. Charlotte estava preste a pular, quando uma pedra acertou suas costas, e no mesmo momento um ponto gelado em seu corpo, que parecia que alguém havia atravessado-a. Era fato para ela, caiu de joelhos em cima de uma pedra pontiaguda. Lillie a chamava mas ela não conseguia responder, e no mesmo momento bateu sua cabeça quando afundou mais ainda no mar. Ela só conseguia ver seu sangue tingindo o mar e as pedras borradas pela sua imagem. Conseguiu ver a face triste e desesperada da amiga e tentou reagir. Mas cada vez ficava mais fundo, e fundo, e fundo. Embaçado. Ela morreu.

Charlie parecia desesperada quando todos, em volta do seu caixão, estavam de preto. Lil parecia a mais abatida, seus olhos azuis abatidos e inchados. Viu seu caixão, branco, e no meio grafado um pedaço da letra de Give a peace a chance, de 1972.

"All we are saying is give peace a chance"

John Lennon não era uma pessoa que sua mãe gostaria que Charlie ouvisse, mas Lillie implorou para grafarem a letra ali, debaixo da janela do caixão. Ela respirou fundo, se aproximou de seus pais.

"Eu só queria uma chance. Teríamos paz em Brighton". Sua mãe teve um leve arrepio. Lillie estava cantando um pedaço da música, baixinho, só pra ela. Charlotte entendeu que agora era só um espectro que vagava sem rumo para cima e para baixo.
Sem um propósito.
Decidiu sair para sempre da Inglaterra após saber mais sobre deslocadores e mediadores. Eles poderiam libertar a sua alma para o Céu. Agora só faltava encontrar alguém.

Paris tinha uma grande população na época. Talvez lá ela encontrasse algum disposto à ajudar. E foi isso que aconteceu, em 2005, conheceu Louis, deslocador e totalmente disposto a ajudá-la. Mas como ele era novo demais para ajudar, com apenas 11 anos, o homem de quem Louis herdou os poderes ensinou-o a arte da deslocação.

Ele teve que se mudar para os Estados Unidos por motivos não conhecidos por Charlie. Ela resolveu continuar em Paris para ver se algum outro deslocador poderia ajudar, mas ainda fraca, frágil e nem um pouco contente. Não conseguiu ninguém, pois não queria qualquer um. Queria Louis. Mas não pelo fato dele ajudar a sua alma subir para lá, mas pelo simples fato...

De amar. Ela mesma ainda não acreditara que um fantasma, que seria ela, se apaixonou pelo seu deslocador. Seu deslocador favorito.

Ele havia ido à Califórnia, mas precisamente Carmel. Faziam 4 anos e meio que Charlotte não o via.
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptyTer Abr 21, 2009 12:42 pm

Bio aceita, querida! Só gostaria que você diminuisse um pouquinho (no maximo 211px) seu avatar. Assim evitamos parciais deformações no board.
Bom jogo!
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySáb Jun 13, 2009 11:33 am

[Dados do Player]

Nome: Gabi
Idade: 16
E-mail: biin.z@hotmail.com
Comunicadores (MSN, YM, AOL..) o mesmo.
Tem outro personagem no RPG? Se sim, cite-os, e também a espécie a qual pertencem: Brad Ackerman (humano)

[Dados do Personagem]


Nome: Willa Mackenze
Idade: 25 anos
Data de Nascimento: 02/04/1965
Data de Morte: 19/07/1990
Local de Origem: França
Artista utilizado: Katharine McPhee

Características Físicas: Morena, de estatura mediana, não passava de 1,67. Com sorriso largo, suas feições do rosto ainda muito jovens, seus traços eram marcantes. Cabelos ondulados até a altura do busto.

Características Psicológicas: Teimosa e completamente decidida, disposta a se sacrificar por aquilo que quer e não há quem tire de sua cabeça quando ela decide fazer. De um sorriso e humor extremamente cativante, é fácil você se envolver e confundir seus próprios sentimentos com o dela. Por traz de seu sorriso e sua alma de criança, ainda esconde a magoa da perda de sua filha, que procura a fim de poder ir em paz para o outro mundo.

Biografia:

Não dependia mais de mim dizer o que iria acontecer, já não conseguia mais prever o futuro como previa a oito meses atrás. Antes tudo já estava arrumado, agora eu só enxergava borrões, borrões de um futuro completamente incerto, borrões de um futuro pelo qual eu queria participar, mas mal sabia que eu já não estaria mais lá.

1990, o tempo parecia passar tão rápido quando o que eu mais queria é que ele se movesse lentamente. Como a mudança das estações, minha vida foi exatamente um passo por todas elas, andando lentamente e sem pressa, curtindo todas as flores alegres da primavera, que desabrocharam quando eu achei que seria impossível, surpreendendo a cada pétala, a cada cor, a cada textura e perfume. O verão trazia os frutos que eu acreditava que nunca viriam, os frutos que me alegravam por terem aparecido. O outono com a queda das folhas, a queda de uma vida inteira pra chegada de uma nova. E o inverno frio, o inverno que até hoje não tem fim para mim.

Primavera


A paixão me conduzia, era o que me fazia viver. O amor que me mantinha viva e o que conduz minha alma a vagar até hoje, mas isso não vem ao caso agora. Tristan foi uma de minhas maiores paixões, meu gênio é completamente difícil de lidar, teimosa, inquieta e inconseqüente, entre outros defeitos incalculáveis, ele parecia se moldar a todos, seu amor se moldava a todos os meus defeitos, dando-me a ilusão por alguns minutos de que não tinha nenhum, ele não tinha nenhum. Eu não chorava, não sofria, era como se me sentisse completa, ele era como uma flor com cores tão vibrantes que chegava a cegar, daria vontade de chorar sob suas pétalas diante a tanta perfeição. A maneira em que ele me envolvia em seus braços, aquele calor indescritível, aquela sensação do primeiro namorado, dos arrepios, dos primeiro beijos, todo dia era como um novo dia, uma relação nova, uma relação que o tempo não conseguiria corroer, uma relação que o destino achou perfeita demais para continuar.

Verão


Estávamos juntos há três anos, talvez os melhores da minha vida. Mudamos para Carmel devido a uma proposta de emprego que Tristan tinha recebido, então mudamos da França para cá. A mudança foi difícil, sabia que ver minha família ficaria cada vez mais complicado, pelo menos nesse começo de vida nova, ainda estávamos no estabilizando, o dinheiro não era muito e economias eram necessárias, ainda mais com planos de aumentar a família. O plano já vinha de tempo, não foi por falta de tentativas e sim por falta de sorte, eu simplesmente não podia ter filhos, isso foi o que todos os médicos disseram para mim, mas às vezes a perseverança pode ir alem da medicina, muito além do que todos poderiam imaginar. Quando recebi a noticia foi como se tivesse ganhado aquele presente que você espera há anos, que você tem o maior cuidado em desembrulhar o pacote, que veio com um laço e um papel tão bonito e colorido, que você pensa em deixar assim por mais algum tempo e ficar admirando-o.
A expectativa era grande, a minha alegria automaticamente contagiava todos ao redor, já tínhamos um quarto preparado, mesmo sem moveis, esperávamos completar cinco meses para saber o sexo, e ai tudo estaria perfeito.

Outono


Minha alegria fazia Carmel ser a cidade que mais me acolheu, a cidade onde meu filho iria nascer. Tristan trabalhava muito por mim, ele tinha uma atenção por mim e nós dois tínhamos um amor imensurável por esse ser que estava por vir.
Fomos os medico no quinto mês, Tristan ficava inquieto na sala de espera até que finalmente foi a nossa vez de entrar. Meu olhar era inquieto para a expressão da medica, e aquela pequena tela em preto e branco, logo ela apontou para a tela cuja poucos minutos atrás eu não conseguia distinguir os borrões, até nitidamente conseguir enxergar o que ela disse ser uma linda e saudável menina. Minhas lagrimas foram cessadas com um grito de dor soltado involuntariamente por mim, o olhos da medica denotavam algo sério, o que foi conformado quando Tristan segurou minha mão.
Eu tinha uma doença, não iria agüentar o bebê por muito tempo sem que isso me desgastasse, eu tinha que escolher entre a minha vida e a dela.

Inverno


Eu sabia que iria agüentar ate o ultimo minuto aquele sopro de vida que havia dentro de mim, eu lutei tanto por isso, eu tinha um amor tão grande tão indestrutível por ela, ninguém iria partir, erraram uma vez, vão errar de novo.
Tristan não conseguia ficar comigo sem que em seu rosto não aparecesse feições de dó, tudo o que eu menos precisava no momento é que sentissem dó de mim. Ele não queria que eu fosse, em sua mente ele já sabia o que iria acontecer, o que mais doía em mim ve-lo segurando todo aquele sentimento, ele não derrubava nenhuma lagrima, por mais que por dentro ele estivesse aflito, pois talvez perdesse seus dois amores. Agia com a cabeça erguida, não mudando os planos que já estavam prontos a tempo, o quarto pintado delicadamente de rosa, em cima de seu berço, seu nome escrito, Angie Mackenze.
Com sete meses e meio fui internada, pois a bolsa estourou antes do tempo, ainda em casa. Tristan tentando passar calma para mim me levava para o hospital com urgência. Cheguei e logo deitei na maca, todos com muita pressa e eu não demonstrava nenhuma expressão, Tristan segurando minha mão, deixou a lagrima escapar, foi forte esse tempo todo, ele realmente sabia o que ia acontecer. Ele só podia ir até a porta, segurou o meu rosto e com um beijo foi como nos despedimos, ele sabia que eu não iria voltar.
Foi minha ultima palavra antes de dormir, para sempre. Acordei ao lado de Tristan na sala de espera, com a cabeça baixa, quando o medico veio, nas mãos o meu anjo, a minha Angie. Com uma disposição que antes não tinha, fui abraçá-la, senti-la pela primeira vez, quando minhas mãos passaram sobre ela, sem nada tatear, enquanto o medico havia dito que eu não havia sobrevivido.

Depois o que me lembro foi que não estava mais lá. Tristan e ela sumiram, a casa foi vendida, minhas memórias ele tentava apagar, sempre achou que o deixei sozinho, acho que nunca aceitou minha perda. Já não sei mais se estão em Carmel, mas preciso dela, da minha Angie só mais uma vez, para finalmente ir em paz.
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 EmptySeg Jun 15, 2009 9:20 pm

Bio aceita, queridinha!
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MensagemAssunto: Re: Inscrições - Fantasmas   Inscrições - Fantasmas - Página 2 Empty

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