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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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What the hell is happening to me? [privado] Atrama

Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

Proibida a Cópia total ou parcial.
Obrigada.

 

 What the hell is happening to me? [privado]

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Debora Mancuso
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MensagemAssunto: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyTer Out 14, 2008 6:58 pm

Manhã de Sexta-Feira, meu dia predileto em toda a semana.
O sol estava claro e quente, perfeito para pegar o bronzeado perfeito na praia.
Meu pai liberou, novamente, o cartão de créditos para mim. Lindo.
Finalmente conseguir a tonalidade que eu ansiava para o meu cabelo. Extraordinário.

Bem, tudo estava indo às mil e uma maravilhas, correto?
Definitiva e categoricamente errado.
Porque eu estava uma pilha de nervos. Meu humor estava em frangalhos. Por alguma razão inócua e estranhamente desconhecida, eu havia desembrulhado dos infernos um tique-nervoso que consistia em uma ação que eu execrei durante toda a minha vida: Morder a tampa da caneta.
Não sou dada a esse tipo de coisa, insisto em ressaltar. Morder tampas de canetas, roer unhas, ficar piscando desesperadamente como uma alucinada... decididamente não.
Mas não era exatamente eu ali na aula de história do professor Walden. Era alguém um pouco assustada consigo mesma e com a mente borbulhando; procurando fervorosamente uma resposta para os estranhos acontecimentos que insistiam em me ‘perseguir’, ultimamente.
Não que eu não goste de fazer coisas levitarem, fazer as plantas agirem de modo meio vivo comigo [eu sei, isso é macabro] ou até mesmo fazer objetos desaparecerem. Mas não é como se eu vivesse em Hogwarts ou algo parecido. Na realidade, estou certa de que existe uma explicação perfeitamente plausível e coerente para todas essas ocorrências adventícias.

Arrumei minha própria postura na cadeira da sala onde eu sentava e balancei a cabeça como se estivesse obrigando minha mente a parar de divagar sobre qualquer assunto referente à anormalidade que me acuava. Aquilo era loucura, nada mais que isso. Talvez fosse uma fase pela qual todo jovem tivesse de passar e a minha, finalmente, havia chegado. Bem, eu realmente gostaria que tudo isso fosse verdade. Mas eu tenho de reconhecer que preciso mesmo de um psicólogo. Foi o que a Kelly me recomendou quando falei para ela que fiz, sem querer, a cadeira de jantar de minha casa levitar. Ela rolou os olhos e disse que era melhor eu parar de usar tanta maquiagem com cheiro e que aquilo causava algum efeito alucinógeno realmente parecido com muitas drogas encontradas em periferias. E eu até tentei acatar aquela pseudo-explicação, mas meu cérebro é um pouco maior que o de um camarão para ter noção de que a maquiagem que eu usava não tinha nenhum teor de crack, ou algo assim.

Balancei novamente minha cabeça, lançando quaisquer pensamentos anteriores para longe. Dessa vez me movi com mais força e motivação, quase com raiva de mim mesma por estar pensando em tudo isso. Consequentemente, tampa da caneta que se mantinha debaixo de meus dentes, caiu no chão. Praguejei baixo. Sabe, eu deveria estar escrevendo todo o texto sobre a Revolução dos Cárceres, ou seja lá o que o professor Walden estava escrevendo no quadro, e não viajando na maionese sobre um assunto referente ao ocultismo ou sei lá. Praguejei novamente e desejei que a caneta não estivesse caído. Levantar de minha cadeira e ir pegar o objeto que havia caído perto de um aluno novo [e bonito, confesso] que ficava, praticamente, no lado oposto da sala, iria paralisar, momentaneamente, a aula. Não que eu não ame chamar atenção, mas não era uma boa idéia ser levada para a diretoria e ter que encarar aquelas freiras virgens e insuportáveis. Além do ma...

Meu queixo caiu quando eu, completamente estupefata, tive o vislumbre da caneta, que antes estava no chão, pousando tranquilamente em cima de minha carteira. Meu pulso acelerou e começou a pulsar cerca de oitenta vezes mais rápido. Olhei rapidamente em volta, procurando algum olhar chocado cravado em mim. Mas nada... Ninguém olhava. Pelo menos era o que eu achava, devo acrescentar. Porque, de repente, senti uma inexplicável sensação de que era observada. Eu adoraria essa sensação em outra ocasião. Afinal, atenção é uma proeza com a qual eu me entendo muito bem. Entretanto, eu estava assustada demais para realmente notar algo significante.

Apenas rezei para o terceiro tempo acabar logo enquanto tentava ignorar a sensação estranha de que alguém me observava.
Talvez haja, mesmo, algum tipo de droga alucinógena na minha maquiagem...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyTer Out 14, 2008 9:15 pm

Escola, a única droga que não viciava. Depois de um ano todo sem fazer nada a não ser aproveitar a vida, acordar cedo e ir para a escola já não fazia mais parte de sua rotina. Só Deus sabe o quanto demoraria para se acostumar com o fato de que Tio Robert ficaria no seu pé e exigiria boas notas. Cá entre nós, que careta, dês de quando Hannibal precisava ir para a escola? Sempre teve uma facilidade para aprender as coisas, bastava ler um livro e já ficava por dentro de tudo. Realmente, era desanimador sentar em uma cadeira dura e ouvir o mesmo cara chato falar por uma hora. Tão desanimador que Hanni acordou sem o menor pique de ir para a aula. Por ele, ficaria ali deitado pelo resto do dia, ouvindo reggae, bebendo coca e fumando alguma coisa. Era difícil abandonar os maus hábitos. De qualquer forma, suas opções não eram muitas: ou ia para aquela merda de escola ou ia para a merda de escola. Assim, lá se foi Hannibal Hoew. Uma cadeira na sala do terceiro ano em Junípero Serra, o aguardava, e antes fosse só isso.

Um banho gelado, roupas limpas e uma caneca de cappuccino; foi isso, e só isso que antecedeu a ida até o estacionamento da mansão dos Hoew. Jogou a mochila no banco traseiro e entrou em seu “xodó”. Estava um pouquinho sem saco para pegar o trânsito, mas graças ao bom Deus não precisaria, não quando podia pegar pequenos atalhos. Com um sorriso animador no rosto, colocou os óculos escuros e pisou no acelerador. O que aconteceu a seguir é impossível explicar com palavras claras; basta apenas dizer que em pouco mais de dois minutos, Hannibal já entrava no estacionamento da escola. E of course... Ele estava se sentindo o bambambam quando tirou os óculos e trancou o carro. Colegiozinho chato e sem novidades, receba seu mais novo e ilustre estudante: Hannibal Ripley Hoew. Era claro que a cidade já o conhecia, bom, foram eles os infelizes que quase o expulsaram dali a pontapés. Podia apostar como eles acharam que se veriam livre de Hanni para o resto da vida, mas se enganaram. Ele estava de volta e a mudança do velho Hannibal para o novo era pouquíssima. A diferença era que sabia que não era muito bem vindo por ali e assim, não custava nada tentar ganhar alguns votos de confiança.

Primeira aula: Química. O Mp4 no último volume, claro. Nunca achou a voz do Bono Vox tão agradável, e olha que nunca gostou muito de U2. O primeiro tempo correu tão tedioso quanto os outros prometiam ser. Daria tudo para poder voltar para cama. Era visivelmente superior que a maioria dos estudantes dali, não precisava se colocar no mesmo nível que eles propositalmente. Os olhares intensos em cima de si começaram a incomodar depois dos primeiros 30 minutos na escola. Seus pequenos “dons” permitia que ouvisse os inúmeros elogios que recebia. *Aquele não é o garoto dos Hoew?* e até mesmo: *soube que ele foi expulso daqui*. Não faltavam boatos sobre sua saída de Carmel e mais boatos ainda sobre seu retorno. Pode ouvir os sussurros de uma das garotas do primeiro ano, era nauseante pensar que aquela pirralha o achava um criminoso.

O segundo tempo foi de Geografia, mas Hanni aproveitou para compensar a noite mal dormida, afinal, era uma criatura noturna, lembra? Precisava recarregar as baterias alguma hora e aproveitou que a voz da professora era baixa e leve. Como sempre, sem sonhos. Era um pouquinho racional demais para se deixar levar por desejos. Hannibal fazia a sua história. Enquanto os outros sonhavam, ele fazia acontecer, era assim que funcionava. Levantou com certa preguiça e com as mãos no bolso da jeans meia surrada, foi andando para a próxima aula: história. Não era uma aula que despertava muito seu interesse; ao menos, não aquela história. Gostava mais da sua história. Olhar as coisas pelo ângulo real da coisa. Saber que a maioria dos fatos nos livros eram falsos lhe deixava sonolento. Enquanto andava pelo corredor, sentia ainda o peso dos olhares em cima de si. Não pensou que se incomodaria tanto. Geralmente era superior às fofacas e ao comportamento de qualquer um. Mas era normal que o seu ar misterioso causasse intrigas. Podia ignorar aquilo. Sempre ignorava. Só não podia mesmo ignorar a garota que andava para a próxima aula a seu lado. Ela esteve nos dois primeiros tempos junto com Hanni e ela fora até então uma das poucas pessoas naquele fim de mundo que conseguiu prender sua atenção por mais de cinco minutos.

Podia sentir seus “iguais”. E podia sentir algo diferente, algo anormal naquela humana. Sim, humana. Ela andava como uma humana, falava como uma humana, era espalhafatosa e metida como uma humana mas Hanni não tinha certeza se ela era de fato uma. Ele sabia que tinha algo de estranho naquela menina, algo que ela devia suspeitar, mas não sabia bem. E a dúvida que sentia sair daquela menina, o fez sorrir. Ficou intrigado, muito intrigado. E assim, cuidou de sentar mais perto dela naquela aula de história.

E sim, era observador o bastante para notar algo de peculiar naquela garota. Se a visse em qualquer outro lugar e em outro dia, provavelmente a acharia tão chatinha quanto todas as outras humanas por ali. Mas não, ela chamava sua atenção em algo, ele só não sabia no que. Mas a resposta não demorou a chegar. Enquanto aquela maluca mordia a caneta a mesma caiu. Hanni acompanhou o olhar da mesma até o chão. Não era muito bom na arte de ser gentil e geralmente quando uma caneta caía, algum garoto apanhava para a garota. Ele no entanto, mesmo estando ao lado, não se moveu. É, ele fazia bem o tipo nem aí. E estava de fato nem aí, era só uma caneta. Estava mais ocupado tentando entender a menina, algum sinal vindo da mesma. E o sinal... Bom, o sinal que esperava veio justamente da caneta nada interessante, mas que de uma hora para outra passou a ser bem esclarecedora. Hanni abriu um sorriso de orelha a orelha quando suas suspeitas foram confirmadas.

Se observava a menina antes de sua caneta levitar misteriosamente, agora seus olhos pareciam ser incapazes de olhar para qualquer outra coisa que não fosse a menina de cabelos castanhos a seu lado. Sim, ela era bonita, bem o seu tipo de menina para ser mais claro, mas a beleza dela não era bem no que pensava no momento. Estava um pouquinho mais envolvido na reação da garota. Sentia-se preso a ela de um modo interessante. Ela parecia não ter a menor idéia de como fez aquilo e a julgar pelos olhos arregalados aquela não era a primeira vez. A aula de história estava interessante o bastante para o pequeno deslize da garotinha passar despercebido, para a sorte dela. Praticar “magia” em uma sala de aula no meio de mais de 20 humanos não era o que eles chamavam de deixar a espécie em segredo. Aquela garota precisava de uma pequena ajuda e para sua surpresa Hannibal estava disposto a ajudar. Sim, surpresa, ele não era exatamente tão bonzinho assim, ainda mais com desconhecidos e... Humanos. Mas ela parecia valer o seu esforço pessoal.

Ficou ali, observando a menina de forma tensa. Até que por fim o sinal bateu. Era a hora do “intervalo” ou em outras palavras, a hora ideal para abordar a menina. Esperou que um pouco dos alunos se retirassem e inclinou-se para perto da mesa da menina. Sim, Hannibal Hoew era atrevido, ousado, estúpido, grosso, sincero e direto. Apanhou o livro de história da mesa da menina e abriu, podendo ver ali o nome da dona do mesmo: Débora Mancuso.

- Debinha – disse em tom convidativo abrindo um sorriso de canto. – Não sei se reparou mas você está em quase todas as minhas aulas. – e aliás, acabou de levitar uma caneta – Bem que podia me mostrar onde fica os armários, se não for te atrapalhar, claro. – disse jogando charme. Era lógico que sabia onde ficava os armários e se não soubesse podia procurar só. Não gostava muito de se envolver com aquela gente mas ao que parecia, Débora pertencia à sua gente, ela só não sabia disso... AINDA. Não tinha forma melhor de começar a ganhar a confiança da cidadezinha. Levantou sem pressa, parando na frente da cadeira da mesma. Olhou ao redor, a maioria dos alunos já tinham saído. Mas calma, teria tempo para falar com a garota, pelo menos era o que esperava. – A propósito, sou Hannibal Hoew, deve ter ouvido falar de mim, mas caso não tenha ouvido, posso te colocar por dentro dos boatos se aceitar dar uma voltinha. Prometo que não se arrependeria...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyTer Out 14, 2008 10:34 pm

Em alguma dimensão que diferia completamente da em que eu estava, o professor Wadel falava alguma coisa que, por mais que eu tentasse, não chegava realmente até a minha mente. “Entrava por um ouvido e saía pelo outro”, por assim dizer. Bem, como dizer que eu sou péssima em Matemática e Química é pouco [sou bem pior], Historia é uma das disciplinas em que eu mais me aplico. Acho interessantíssimo falar da historia e de antepassados; tecendo aventuras passadas cujos criadores tornaram-se pessoas tão admiradas, algumas até canonizadas. É isso o que me prende à história. Tomar conhecimento das eras mais interessantes dos tempos passados.

Contudo, eu não estava exatamente interessada no que o professor dizia. Confesso que já sou despercebida de tudo por si só; mas multiplique isso por mil quando eu me encontro com algum tipo variado de distúrbio ou apreensão e verá que eu tenho uma alta capacidade de entrar em meu próprio mundinho e abstrair quaisquer outros acontecimentos à minha volta. E confesso que só não estava completamente imersa dentro deste meu mundo, por causa da sensação peculiar de que havia alguém me observando.
Como disse anteriormente, eu não sou a mais observadora das pessoas e nem sou lá muito sensitiva. Entretanto, aquela sensação teimava em avassalar todos os meus cinco sentidos.

Olhei para a caneta diante de mim e não a toquei; repelindo-a como se ela tivesse sido mergulhada em algum componente químico altamente corrosivo. Aquilo só estava contribuindo para toda a minha alucinação mental.
Dei graças à Deus pelo fato de que as salas do Colégio Junípero Serra possuíam central de ar. Do contrário, eu estaria suando bicas e minha maquiagem iria toda para o fundo do poço. Logo que pensei nisso, remexi a pequena bolsa que eu sempre levava junto a mim para as salas e capturei um pequeno espelho em forma de retângulo. Analisei meus olhos, pele e boca. Tudo em ordem...
Guardei rapidamente o espelho antes que ele fosse confiscado pelo professor [que parecia começar a notar o fato de eu estar quase completamente absorta à aula] e voltei a lançar um olhar nervoso para a caneta. Quase enforquei a mim mesma quando voltei a sentir vontade de morder a tampa. Eu hein... se isso se tornar um hábito, faço questão de fazer uma lavagem cerebral em mim mesma... – Quase rolei os olhos diante do pensamento. É incrível como os humanos conseguem ser macabros consigo mesmo e com tanta freqüência. Em especial os que estão em crise psicologia porque vêem coisas estranhas e realizam ações que, definitivamente, não deveriam realizar.

Lembrei de minha mãe naquele dia pela manhã. Eu havia acordado com um pouco de olheiras, mas nada que um corretivo não resolva. Quando desci as escadas ela estava alimentando a Betty [sua cadela poodle de um centímetro e meio de altura -_- ] e conversando com ela. Isso é uma coisa normal de se fazer, não é mesmo? Porque minha mãe é uma pessoa normal, que age de acordo com suas crenças e cultura. Sua cultura diz que é importante falar com os cachorros, para eles saberem que mantém a atenção de seus donos; então ela fala com sua cadela. O que tem de irregular nisso? Nada. Então por qual motivo, razão ou circunstancia eu me sinto uma anômala? Ah, qual é, isso só pode ser TPM. Oh, é isso! TPM é uma boa explicação! Tirando o fato de que uma TPM desse tipo nunca havia me acometido, é uma explicação um tanto quanto conexa.

Eu ainda estava meditando sobre o fato de que eu poderia estar com TPM [apesar de que meu subconsciente teimava em dizer que não se tratava disso. Mas quer saber, dane-se meu subconsciente.] quando o sinal tocou, anunciando o intervalo. Bendito seja!
Respirei fundo e analisei as probabilidades de eu estar com uma aparência patética.
90% de probabilidades... você está, indiscutivelmente, patética. – Eram as palavras que retumbavam em minha mente. Desde quando eu tinha baixa auto-estima? Oh, por Deus, eu precisava de ajuda profissional médica! Eu era muito mais linda do que muitas garotas naquele lugar, era mais popular e desejada. Desde quando eu era patética? Desde quando você começou a se tornar uma completa demente.
Não, nada de pensamentos negativos. Eu iria levantar, maravilhosa, daquela cadeira, assumiria minha postura superior costumeira e iria para um lugar onde eu seria adorada. No meio dos garotos, claro.
No entanto, não cheguei a levantar da cadeira. Eu estava quase pegando meu livro no colo quando uma sombra caiu sobre mim, alguém apanhou meu livro primeiro e olhou alguma coisa nele. Okay, Debbie... levante a cabeça e olhe quem é.

Quando levantei a cabeça, todo aquela sensação de que eu estava sendo observada se acentuou. Eu, involuntariamente, franzi o cenho e observei o rapaz bonito que havia sentado na carteira ao meu lado. Ele tinha uma postura presunçosa e confiante. Uma versão masculina minha, porém com muito mais hostilidade escondida. Logo depois de pensar isso, me sobressaltei. Desde quando eu sabia determinar tanto sobre a potencial personalidade alheia? Bem, talvez fosse apenas o fato de que ele exercia um certo domínio com relação à tudo a sua volta.
- Debinha. Não sei se reparou mas você está em quase todas as minhas aulas. Bem que podia me mostrar onde fica os armários, se não for te atrapalhar, claro. – Como é que é? Primeiro: o que foi o “Debinha”? Desculpe, mas isso me lembrou a forma com que minha avó me apelidou. E segundo: Desde quando aquele garoto era tão... atraente?
Eu não soube exatamente explicar o que eu senti. Não foi nada muito físico [okay, foi sim], mas uma parte interna de mim pareceu reconhecê-lo. Ele era atraente para mim de todas as formas possíveis. Não de um jeito apelativo, mas de um jeito que me fazia sentir-se extremamente curiosa quanto a ele.
Como eu não me apressei em responder, ele continuou. - A propósito, sou Hannibal Hoew, deve ter ouvido falar de mim, mas caso não tenha ouvido, posso te colocar por dentro dos boatos se aceitar dar uma voltinha. Prometo que não se arrependeria...

Oh, o típico garoto bonito e paquerador? Poupe-me. Desses ali eu já tinha carteirinha assinada de associação e sabia tudo sobre o tipo. Pelo menos foi o que eu quis pensar. Se toda a postura do rapaz que agora eu sabia chamar-se Hannibal não exalasse puro poder e intensidade, eu poderia compara-lo a todos os outros. Mas como não é o caso, eu me vi com bastante relutância em tomar uma decisão.
- Desculpe-me, mas quem te educou? O Maníaco do parque? – Certo, eu não resisti. Não costumo ser tão rude, mas não creio que ele tenha levado a indagação como má. Ele deu um sorriso maroto que era absolutamente desconcertante e respondeu. – Como você bem viu, eu sou Débora Mancuso. E sim, posso te ajudar a achar o caminho. – Como se eu fosse recusar. A força daquele olhar era forte demais para que eu simplesmente dissesse não e panz. – Creio que já ouvi falar no seu nome, mas não estou muito a par de todos os rumores. Se você definir “voltinha” eu posso considerar. – Ao final, dei um meio sorriso que variava entre maroto e enigmático. Quase um reflexo do sorriso dele, devo ressaltar. Além de absurdamente bonito, ele era absorvente e misterioso.

Me levantei e comecei a andar sem nem mesmo esperá-lo. Fiz questão de andar de forma marcante e orgulhosa, fazendo-o saber que eu não era tão facilmente intimidada.
Por mais que eu estivesse completamente afetada por sua presensa...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQua Out 15, 2008 12:09 am

Débora Mancuso era o tipo de garota que você não precisava exatamente conhecer para saber sobre ela. Conseguiu defini-la dês de que ela pegara o espelho e começou a se admirar no meio da aula. Aquilo certamente a entregou. Uma atitude digna de uma garota fútil. Era a filhinha de papai mimada e presunçosa que se achava a dona do mundo, aquilo estava estampado no rostinho de boneca, que aliás era lindo, mas o que tinha de lindo, tinha de clichê. Ela tinha um amor próprio maior do que o normal; achava que podia ter tudo e todos quando bem quisesse. Uma daquelas meninas que achava que tinha o rei na barriga, achava, mas na verdade não tinha. Débora se achava amada e querida por todo mundo, mas a verdade é que não era bem assim. A popularidade sempre tinha um preço, e ele sabia melhor do que ninguém. As pessoas que a rodeavam seriam as primeiras a chutá-la quando ela caísse. Se perguntou se ela sabia daquilo ou se vivia em uma cúpula de vidro. Ela se achava a rainha da cocada preta e o pior de tudo era que ela podia se comportar daquela forma. Podia sim, pois afinal era muito bonita e a julgar pelo modo como remexia os cabelos, tinha uma personalidade e tanto. Traduzindo: era orgulhosa, teimosa e dura na queda. Enquanto tentava defini-la Hannibal sentia-se falando de si mesmo no sentido feminino da coisa. Aquilo o fez fazer uma pequena careta. A garota parecia a versão feminina e menos perigosa de Hannibal, que coisa bizarra. De uma forma que não conseguia entender muito bem, sentia-se ligado a ela de uma maneira estranha, enquanto falava e ela não dava resposta, sentia que podia ficar falando o resto do dia, o que não era muito de seu feitio. Hanni não costumava ser tão falante, ainda mais com patricinhas mimadas e metidas. Para ser sincero, sempre duvidou que elas tivessem um bom papo. Hora de provar sua tese...


- Desculpe-me, mas quem te educou? O maníaco do parque?


- Se o nome dele for Robert Hoew... Sim. – Respondeu em um tom debochado. Hanni abriu um sorriso imenso, fazendo um flash com o sorriso brilhante e um tanto maroto. Ele não se dava por vencido tão facilmente. E não pôde negar que imaginar Tio Robert com todo aquele ar intelectual foi bem interessante. Interessante mesmo. Não mais interessante que o modo como a garota o respondeu. É ela não tinha medo de se expressar, tinha personalidade forte, um gênio um pouco complicado de se lidar... Era uma menina bem curiosa. Parecia de fato ter mais do que a fachada de menina da torcida, de garota previsível. Era raro uma garota daquele porte despertar tanto interesse em Hannibal. Geralmente não via muita graça nas garotinhas mimadas e populares dali. Geralmente elas só conseguia entretê-lo por cinco minutos e depois voltavam a ser aberrações da natureza, totalmente idiotas e desmioladas. Só via uma única graça nelas... Mas isso realmente não vinha ao caso. O que importa de fato é que suas regras e preferências também tinham exceções. Não precisava citar que estava mais surpreso consigo mesmo do que com a garota. Ele sentia uma pequena necessidade de olhar pra ela, um olhar concentrado demais para uma mera desconhecida, para uma garota boba em outras palavras. Mas a relação ali era totalmente “profissional”, uma troca de favores. Ele a ajudaria com o lance da levitação e ela, ainda sem saber, o ajudaria a melhorar sua imagem naquela cidade idiota. Pelo menos, isso era o que ele passou a repetir a si mesmo nos próximos segundos. Era ajudar a menina e pronto. Nada mais. Repetia isso com tanta freqüência, como se quisesse se convencer daquilo. Mas não sabia ao certo se estava funcionando.


– Como você bem viu, eu sou Débora Mancuso. E sim, posso te ajudar a achar o caminho.


Cerrou os olhos e balançou a cabeça. Ora, ora, era uma garota generosa no fim das contas, aquilo facilitaria muito as coisas para ele. Não pretendia estender a conversa mais que o necessário, mas insistia que precisava bolar o clima para dizer: “então, dês de quando vc levita canetas?” se dissesse ali, na sala de aula, a garota iria correr dele como uma louca. E de fato, aquele não era o clima ideal. O que menos queria era a menina fugindo dele pelos corredores, aí sim que achariam que ele é um marginal rebelde e perigoso. Precisava se esforçar para ser simpático.

- Imaginei que sim... – Disse erguendo a sobrancelha. Não podia controlar, era um pouco mais forte do que ele. – vai facilitar muito a minha vida Debinha. completou sorrindo novamente, um sorriso meio amarelo, meio gaiato. – Obrigado. – agradeceu. Ele tinha um talento especial para ser cretino, isso era inquestionável. Colocou a mão nos bolsos e apertou os olhos. Mancuso, Mancuso... Ela não tinha o sobre-nome de nenhuma das seis famílias o que era ainda mais estranho. Que ela era do meio, ele não tinha dúvidas. Ou era adotada e tinha o nome da família de criação ou então a família deveria viver no anonimato, mas o que quer que seja, não importava no momento. O que importava era que precisava dar um jeitinho naquilo. A garota se levantou, era baixinha e um pouco frágil. Por alguns segundos despertou em Hanni aquele instinto protetor inexistente. Que merda era aquela mesmo? Ele balançou a cabeça. O que ela tinha de bonita tinha de chata e novamente... Era uma troca de favores.


– Creio que já ouvi falar no seu nome, mas não estou muito a par de todos os rumores. Se você definir “voltinha” eu posso considerar.


Aquele jeitinho insuportavelmente superior. Hanni deu meia volta e observou ela sair andando na frente. Ela pisava forte, ia rápido. Era orgulhosa, tinha necessidade de mostrar que tinha o controle sobre si mesma, e pensa ela que tinha também o controle da situação, mas estava totalmente enganada. Se divertiu em imaginar a cara dela quando soubesse que ele podia fazer o dobro de tudo aquilo o que ela fazia. Riu e balançou a cabeça de imaginar a cara da garota quando ouvisse a palavra “bruxa”. Seria bem interessante bancar o Rubeo Hadrid, conseguiu pensar em mil e uma piadas. Se aproveitar da inocência da menina daria boas histórias. Mas deixe isso para depois. Foi andando atrás dela, passos descontraídos como sempre. Ela era orgulhosa e ele também, aquilo seria bem complicado.


- Deve ter ouvido, as pessoas por aqui gostam de falar da vida alheia. – disse em um falso tom de reprovação. Tinha suas vantagens viver em uma cidade pequena, todo mundo sabia da vida de todo mundo e aquilo sempre o divertia. – Mas então, definir voltinha? Eu preciso mesmo? Que mente poluída Debinha, o que acha que seria a voltinha? Acha que iria atacar você em algum corredor? – disse em tom irônico e balançando a cabeça. Pensou de fato que não era nada daquilo, mais ainda assim era mais forte que ele.. – Não é má idéia, mas eu pensei em um café, uma coca... Me mostra os armários, eu guardo essas coisas e vamos beber alguma coisa, andar por aí. Eu te conto sobre os rumores já que você não sabe sobre eles. Ta curiosa é? – supôs com um tom malicioso abrindo um sorriso convencido. Sim, gostava de ser chato, inconveniente talvez. Se divertia com tudo aquilo. Como dito antes, era difícil abandonar os maus hábitos. Já estava ao lado dela e ainda recebia os mesmos olhares de antes. – Eu adianto pra você chatinha. Digamos que eu não seja muito querido por aqui, e o motivo não é por eu ser mais bonito que a maioria dos outros estudantes. – disse enquanto abaixava as sobrancelhas e olhava para a garota com um ar divertido. Estava se assustando com seu bom humor e a capacidade de fazer piadinhas irritantes logo tão cedo e em uma plena segunda-feira. Deveria estar de mau humor e mandando todo mundo ir se foder, mas estava calmo e preso nos encantos da patricinha. Pelo menos era ela bonita, isso não podia negar...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQui Out 16, 2008 2:19 am

Seria extremamente anormal de minha parte dizer que o olhar que aquele misterioso rapaz me fazia sentir-se... invadida? Era assim que eu me sentia. Aqueles olhos intensos e enormes pareciam possuir algum fio de aço ou imã que me ligava diretamente a eles. Minhas emoções variavam de momento para momento. Em eu segundo eu o achava tremendamente desagradável e enxerido, mas em outro eu o achava terrivelmente sensual e atraente. Sinceramente, o que era aquilo? Desculpe cortar o seu barato, mas não estamos em nenhum filme de Hollywood! Não estamos em nenhuma cena de filme de romance! Na realidade, julgando por toda a sucessão de acontecimentos que vinham me perseguindo, toda essa aura me fazia sentir-se dentro de um verdadeiro filme trash de terror. E eu era a mocinha indefesa que era perseguida pelo maníaco do Parke.
Okay, é um pouco estúpido demais colocar eu e Hannibal no papel dos personagens principais. Não que ele não me lembre um lobo mau pronto para atacar os três porquinhos, mas eu definitivamente não sou indefesa. Certo, eu posso parecer indefesa, mas lembra do ditado que diz que nem tudo que reluz é ouro? Exato. Surpreender é um de meus passa-tempos favoritos, apesar de eu não ter habito de fazê-lo.

Depois que eu havia dito que o ajudaria a achar os armários [ mesmo desconfiando de que ele sabia onde estes ficavam ], Hannibal apertou um pouco os olhos como se estivesse pensativo, e depois balançou a cabeça. Eu sei disso porque ainda não havia conseguido desviar os olhos dele. Eu tentava, acredite; mas a linha de aço que prendia nossos rostos um de frente para o outro não permitia que eu olhasse para o lado oposto ou procurasse qualquer outra coisa obtusa para fazer.
Ele disse que eu iria facilitar muito a vida dele em ajudar. Quase rolei os olhos com a fala, mas decidi por não fazer nenhum comentário. Eu estava louca para sair dali mesmo...

Quando finalmente saí, não parava de imaginar o que será que Hannibal pensava enquanto me olhava. Por que, oh, eu tinha certeza de que ele não deixaria de me olhar. Aliás, eu quase podia sentir seu olhar penetrante cravado em minhas costas. Eu desejava virar e fitá-lo, mas resisti e continuei indo em frente. Quando alcancei a porta, ele, repentinamente, posicionou-se ao meu lado. Eu não olhei diretamente para ele, mas, julgando por minha visão periférica, ele mantinha aquele sorriso presunçoso nos lábios.
- Deve ter ouvido, as pessoas por aqui gostam de falar da vida alheia. – Ele balbuciou, com uma pontada de censura na voz. Ele era um idiota em pensar que em uma cidade como Carmel não haveria a costumeira rede de fofocas que insistem em assolar as “pequenas” cidades. Bem, Carmel não era exatamente tão pequena, mas também não possuía nenhum Impire State Building no centro.
Ele não me deu tempo para fazer, afinal. Aliás, ele estava tagarelando bastante para um novato que não falara com absolutamente ninguém nas primeiras aulas. Tanto que eu mau havia notado-o realmente. Se o tivesse feito, duvido que passaria todo o tempo discutindo a possibilidade de eu ser uma doente mental, mas é melhor abstrair essa parte incômoda. - Mas então, definir voltinha? Eu preciso mesmo? Que mente poluída Debinha, o que acha que seria a voltinha? Acha que iria atacar você em algum corredor?

Sou completamente contra a violência corporal, mas se aquele cara me chamasse de Debinha mais uma vez, não hesitaria muito em deslanchar meus livros na cabeça dele e sair rapidamente dali. Como uma pessoa conseguia ser tão irritante e ao mesmo tempo tão atrativa e... viciante!!? Definitivamente, todo esse papo de drogas, crack, maconha de maquiagem... estava subindo para o meu cérebro realmente. Se eu tinha uma mente poluída? Achei um pouco de graça disso, confesso
Contudo, ele novamente prosseguiu suas divagações sem me deixar responder concretamente. Quanto egocentrismo, Cristo!
Não é má idéia, mas eu pensei em um café, uma coca... Me mostra os armários, eu guardo essas coisas e vamos beber alguma coisa, andar por aí. Eu te conto sobre os rumores já que você não sabe sobre eles. Ta curiosa é? - Dessa vez não reprimi o ímpeto de rolar os olhos e soltar uma risada nasalada.

- Mente poluída? – Achei um pouco de graça disso, confesso – Não creio que tenha que mais do que você. Mas saiba que eu possuo uma boa noção de defesa pessoal contra aprendizes de Maníacos do Parque, ouviu? – Ah, eu estava brincando, mas isso não queria dizer que eu realmente não possuísse a noção de defesa. Apesar de soar muito perigoso e incógnito, ele não parecia ameaçador. Não para mim, pelo menos. Continuei andando e agora estávamos quase no corredor dos armários – Eu prefiro café, obrigada – Coca-cola só se fosse diet, em todo caso. - e passear é sempre um ato bem vindo, apesar de que as companhias costumam influenciar. – completei. Sobre o comentário sobre o fato de eu estar curiosa, SIM eu estava. E odiava o fato de que isso parecia estar estampado na minha cara. Bem, curiosidade é uma peculiaridade minha que pode chegar a ser taxada de defeito e eu não nego. Mas apesar de estar exultando de excitação em estar ao lado de Hannibal [um desconhecido com um ar bastante perigoso, diga-se de passagem], eu não gostava que ele soubesse me “ler” daquele jeito.
- Não, não estou curiosa – tentei negar, mas ele apenas sorriu.

- Eu adianto pra você chatinha. Digamos que eu não seja muito querido por aqui, e o motivo não é por eu ser mais bonito que a maioria dos outros estudantes. – Seria pecado dizer que achei fofo quando ele baixou as sobrancelhas e me olhou de um jeito completamente jovial? É, seria. Mas sim, ele foi fofo.

- Oh, meus sinceros pêsames - Dissimulei um pouco de drama, mas com uma pontada de humor.

Nunca abandonava sua postura superior [nem eu, desconfio], mas agora ele parecia um pouco mais... agradável? Bem, não era pra tanto, mas eu começava a sentir-me a vontade com ele.

E talvez aquilo não fosse algo tão bom...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQui Out 16, 2008 2:58 pm

Dês de pequeno era um garoto calado, fechado e como sempre, seletivo. Carmel não era uma novidade, fato. Nasceu ali e tinha lá seus motivos para crer que também morreria por aquelas bandas. Estaria sempre preso aos Hoew, de uma forma ou de outra, e a idéia de ter uma ‘vida própria’ já tinha sido excluída fazia alguns anos. Talvez fosse aquele o motivo de ser tão racional de vez enquando. Tinha um pé preso na realidade, não sonhava e talvez aquele também fosse o motivo para ser um garoto tão... Problemático, devo dizer, no melhor sentido da coisa. Se é que a coisa tinha algum sentido bom. Sempre se achou superior a Carmel, a Junípero Serra e em geral a cada patricinha medíocre que havia por ali. Passou a vida debochando das pessoas ‘normais’ a sua volta. Nem precisava dizer que estar ali, andando pelos corredores ao lado de Débora Mancuso, contrariava totalmente seus princípios. Estava dando mais uma pancada de motivos para falarem a seu respeito.
Hanny Não fazia esforço para ser ‘popular’ assim como também não fazia questão de ser. Talvez o fato de ter uma BMW M6 conversível na garagem e ser um garoto totalmente desenrascado atraísse uma legião de admiradores interesseiros. Fora assim em Nova York e em Carmel não era muito diferente. A verdade era que por mais que se envolver com humanos fosse o modo mais fácil de tirar as atenções de si e do seu pequeno problema com magia, não gostava muito de se relacionar com eles. E no entanto estava com aquela garota. AQUELA. Aquela que ele não se lembrava na infância mais que parecia conhecê-la a um bom tempo. Ela fazia coisas levitarem, verdade, mas ainda era uma humana, e nada do que levitasse ou fizesse parecia mudar aquilo.
Mas se todas as humanas fossem encantadoras daquele jeito, era algo que Hannibal podia considerar perfeitamente. Talvez o que mais chamava sua atenção na garota não fosse os cabelos castanhos longos, o perfume que vinha dela, o jeito como andava, falava e até aquilo que vestia. Não que isso não o ‘agradava’ pois talvez agradasse um pouco mais do que deveria, mas o que de fato chamava sua atenção era o que vinha por dentro. Era um dos poucos bruxos que podia compreender a mente humana tão ‘perfeitamente’. Podia sentir sensações, compreender situações... Era algo que não entendia muito bem. Tudo o que sabia era que a garota era por um lado enigmática e por outro tão... Completamente Decifrável.
- Mente poluída? Não creio que tenha mais do que você. Mas saiba que eu possuo uma boa noção de defesa pessoal contra aprendizes de Maníacos do Parque, ouviu?
Hannibal riu. Era a primeira garota que o chamava de maníaco do parque e aquilo o divertia. Então Débora Mancuso sabia se defender? Ele realmente duvidou daquilo por alguns instantes. Ela não parecia bem o tipo de menina ameaçadora, não toda arrumada, com unhas feitinhas e com aquele rosto angelical. Ele abriu um sorriso de canto. Por mais excelente que ela fosse em ‘defesa pessoal’ ela não tinha muita chance com ele, não que pretendesse machucá-la. Aquilo nem sequer passara por sua cabeça. Além do mais, por mais impulsivo e descontrolado que fosse às vezes, duvidava que pudesse fazer mal a ela. Na verdade, começava a sentir o contrário. Mas isso realmente não vem ao caso. O que importa mesmo era que Hannibal ainda não conseguia parar de olhá-la daquela forma intensa de antes. Faltava alguma coisa, ele só não sabia o que.
- Jura? Que pena... Então a possibilidade de te atacar está fora de cogitação. – brincou. – Pode conviver com isso? – disse com uma voz meio rouca. A ‘brincadeira’ começava a ficar mais interessante do que ele previu. Se perguntou se ela era sempre tão ‘comunicativa’ ou parte daquilo se devia ao fato de estar por fora dos boatos. As pessoas em geral aumentavam muito. Tudo bem que ele era responsável por muitos comerciantes pintarem seus estabelecimentos com mais freqüência e que acabava por manchar o nome de Carmel com atos de vandalismos por ali. Foi o responsável por desencaminhar alguns jovens, por enlouquecer alguns guardas noturnos. Mas fora isso, nada que fosse digno de maior atenção. O fato era que as pessoas aumentavam... O colocavam como um... Maníaco do parque. No fim das contas, talvez ela não estivesse não fora do assunto assim.
- Eu prefiro café, obrigada. E passear é sempre um ato bem vindo, apesar de que as companhias costumam influenciar.

Abaixou os olhos e sorriu. Influenciavam? Ela era tão facilmente influenciável assim? Tentou decifrá-la novamente. Parecia tão forte e tão frágil ao mesmo tempo. Pensou então se poderia mesmo influenciá-la e em que sentido ela tinha dito aquilo. Olhou para a garota novamente e de novo seus olhos pareceram pregar nela como plástico e superbonder se grudam.

- Costumam é? – disse arqueando a sobrancelha. – Então eu te influencio guria? – pensou por alguns segundos. – isso não é muito bom pra você. – e talvez não fosse mesmo. Hanni podia despertar naqueles a sua volta tanto as melhores como as piores coisas. Se perguntou se conseguia despertar algo naquela garota assim como ela despertava pequenas coisas nele, como por exemplo, um interesse inexplicável. Totalmente inexplicável.
- Não, não estou curiosa
Hannibal abriu um sorriso. Não precisava dizer nada, o seu olhar penetrante na menina já dizia muita coisa: ‘Será que não?’. Hannibal era observador o bastante e uma aula de história toda a observando fora o bastante para ‘sacar’ pequenos hábitos. Ela era meia obcecada por sua aparência. Ela não precisava estar toda arrumada para estar bonita para as pessoas ao seu redor. Ser bonita era algo natural, espontâneo. Ainda assim ela era daquelas meninas que não viviam sem um espelho a tiracolo, um problema de auto aceitação? Não; estava mais para uma mania, uma vaidade exagerada. Ela não se via muito bem ao que parecia. Não se conhecia bem o bastante, era o que Hannibal achava até então. Ele também não a conhecia. Se não tivesse visto a garota levitar aquela caneta era seria só mais uma estudante de Junípero Serra, mas ela tinha levitado e a possibilidade dela ser uma ‘bruxa’ (uma linda bruxa por sinal) o deixou realmente interessado. Tanto que lá estava ele, usando um armário como desculpa para se aproximar.
Adiantou para a garota alguns pontos do boato. Mas se limitou a dizer que ela o ajudaria a concertar aquele pequeno erro na cabeça dos habitantes da cidade. Ainda não era o momento certo para elevar a conversa a este nível. Não seria muito legal levar uma bolsada e a ver saindo correndo por aí.
- Oh, meus sinceros pêsames
- Obrigada. Mas eu posso lidar com isso. Nem tudo é como a gente quer. – olhou mais forte para a garota com um sorriso gaiato estampado no rosto. Duvidava que ela achasse interessante levitar coisas por aí, até porque nem tinha controle disso. O primeiro sinal sempre era a negação. Ela mentia para si mesma, tanto que até caía nas próprias mentiras. Ele sorriu ao pensar naquilo. Não era nada fácil. Não seria fácil ajudar aquela moçinha, toda vez que pensava nela, via uma garota meia louca, meia neurótica, e talvez nem tivesse motivo para tanto. Mas via aquilo e sempre que pensava em parar no meio do caminho, hesitava. E com razão. Um corredor visivelmente movimentado não seria o melhor lugar para falar do assunto. Talvez a escola não fosse. Mas onde mais a veria a não ser ali?
Foram andando pelos corredores da escola. No caminho, casais melosos, grupos de skatistas idiotas, nerds do clube de matemática e garotas metidas. Passaram alguns minutos em silêncio e tentando não olhar para a garota mais que o necessário. Quanto mais olhava, mais queria olhar. Estava começando a se sentir esquisito com aquele clima ‘tenso’. Por fim chegaram aos armários. Olhou o seu número em uma pequena chave dourada e os dois caminharam até lá, ainda em silêncio. Abriu o armário, jogou a mochila ali dentro e o fechou em seguida. Colocou as mãos no bolso e então olhou para a garota Mancuso.
- Não me lembro de você aqui em Carmel... – O que era estranho, deveria se lembrar dela. Geralmente guardava as pessoas mais bonitas em algum lugar ali dentro da cabeça. Mas não se lembrava do nome, do rosto, de nada que estivesse relacionado com Débora Mancuso. – Uma pena que não me lembre... – disse em voz baixa, como se estivesse falando consigo mesmo, pensando um pouco mais alto do que deveria. Talvez se lembrasse de algo, por menor que fosse, seria mais fácil ajudá-la com aquele pequeno problema. Ainda não sabia bem como dizer a palavra bruxa sem ouvir uma risada em resposta. Maldita J.k Rowling. – Mas bom, me fale algo sobre você guria. Devora canetas sempre que está nervosa? Melhor... Sai pra tomar café com desconhecidos com muita freqüência? E se eu for mesmo um maníaco do parque? Já pensou nisso?
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptySáb Out 18, 2008 1:27 am

- Jura? Que pena... Então a possibilidade de te atacar está fora de cogitação. Pode conviver com isso? – Lembrei das palavras dele enquanto caminhávamos. Realmente, ele era prepotente demais! Somente rolei os olhos para o comentário. Não senti vontade de responder, por incrível que pareça. Não estava nos meus melhores dias, sabe? A possibilidade de ele ganhar várias respostas decepcionantes [para ele, é claro] eram bastante consideráveis. Mas me limitei, contudo, a continuar andando. Tudo bem que eu estava começando a me deixar influenciar por aquela voz meio rouca e fascinante, mas mesmo assim eu não ia me render. Isso eu nunca fazia e esperava realmente que ele estivesse consciente disto.
Tudo era um joguinho de palavras. Respostas sarcásticas e perguntas irônicas. Até onde isso ia dar? Bem, eu não fazia idéia, mas não iria abrir mão daquilo por enquanto. Porque, por mais que eu tivesse ganas de pular no pescoço dele e estrangula-lo, eu também tinha de me agarra-lo e... bem, creio que não é muito aconselhável descrever aqui os meus desejos mais profundos e... oh, esqueça.
De qualquer forma, a presença dele ali era marcante. Não é como se ele conseguisse passar despercebido por algum lugar, sabe? Ainda mais julgando por toda a fama de bad boy que ele parecia possuir. Me perguntei o que ele havia feito para conseguir este titulo. Porque, sabe como é, em todo boato há uma verdade.

Depois do comentário que fiz sobre o fato de as companhias influenciavam, ele perguntou se me influenciava e disse que isso não era muito bom para mim. Respondi a ele que eu sabia disso. Disse também que talvez eu não precisasse passar tanto tempo em companhia dele a ponto de ser influenciada. Ele não abandonava aquele sorriso ladino do rosto [e eu gostava bastante desse sorriso, apesar de tudo] e eu creio que também não abandonava meu ar maroto. Apesar de estar completamente desvairada com toda essa psicopatologia louca de levitar objetos, eu ainda era Debbie Mancuso, sabe? Eu ainda era marota.
E também havia o olhar dele; que parecia ainda estar costurado a mim. Não é segredo que atenção é algo que me deixa eufórica, mas todos aqueles olhares cortantes e intensos estavam me... desconcertando? Não, não é para tanto, mas digamos apenas que eu estava achando o comportamento dele um tanto quanto peculiar. Estranho seria uma palavra bastante cabível, creio eu. Mas não era um estranho ruim. Na realidade a presença dele ali estava me deixando agitada demais e... com calor. Ok, me condene por isso, mas ele não era exatamente o cara que passa despercebido, sabe? Além da aura meio intensa e absorvente que parecia não abandoná-lo, ele era bem gostoso, sabe? Então meça a quantidade de calor que eu irradiava.

O sorriso dele cresceu um metro quando eu afirmei que não estava curiosa com relação aos rumores que falavam dele. Uma mentira cabeluda, é evidente. Mas nem por isso eu ficaria dando mole para ele. Bem, eu não tenho nada contra a garotas que dão mole para alguns garotos. Quem nunca fez isso? Vem a calhar quando se precisa de algo ou.. sei lá, apenas por diversão.
Mas aquele, surpreendentemente, não era o caso. Por mais que ele me irritasse, eu queria ficar perto dele. Eu queria senti-lo. Mas, por mais extraordinário que pareça, eu não desejava a parte física dele. Ah, tudo bem, eu desejava. Mas não tanto quando a parte interna. Parecia mais forte que eu... parecia um filme de Hollywood para ser mais precisa.
A todo momento que eu olhava para ele, ele também estava fazendo o mesmo, parecendo concentrado; como se estivesse me analisando. Fiquei curiosa quando a isso. O que será que ele pensava de mim? Porque ser

Para minha surpresa, ele começou a falar dos boatos que espalhavam dele. Não muita coisa. Na verdade ele só me deixou curiosa quanto mais um bocado de coisas, mas depois me disse apenas que eu o ajudaria a concertar alguns pequenos erros que haviam na cabeça dos morados de Carmel. Eu franzi a sobrancelha de um jeito que pode ter parecido cômico, mas eu não achei muita graça.
Desencanei e disse a mim mesma que depois iria tirar mais alguma coisa dele. Mais tarde.
Dei os pêsames a ele e, posteriormente, me fez rir com sua resposta igualmente sarcástica. Pelo menos parte dela.
- Obrigada. Mas eu posso lidar com isso. Nem tudo é como a gente quer. – O sorriso dele me intrigou desta vez. Era enigmático e ele parecia estar curtindo alguma piada pessoal. Mas como Deus não me deu dons de ler mentes e sim de fazer coisas estranhas e inexplicáveis, eu me limitei a, novamente, franzir o cenho.
- Realmente. Nem tudo. Por outro lado, há coisas que temos mais não queremos. – Eu balbuciei mais para mim mesma do que para ele. Ele não respondeu e apenas se limitou a olhar para frente.
Finalmente chegamos ao longo corredor onde ficavam os armários. Lá se pode encontrar de tudo. Turminha de skatistas meio drogados, garotas gordas, magricelas e góticas; casais se amassando, os rapazes do time de futebol se batendo e nerds falando sobre alguma coisa que ninguém entendia. E todos pareciam olhar somente para um ângulo. Nós. Aparentemente, a atenção de todos estava sendo exclusivamente nossa naquele dia, mas eu não me sobressaltei com o fato. Ouvi até alguns cochichos, mas simplesmente continuei andando.
Quando chegamos até nossos respectivos armários [que, acredite se quiser, ficavam um de frente para o outro!] guardamos nossas coisas. Fiz isso tão rapidamente que, quando ele virou para mim com as mãos nos bolsos, eu já estava pronta para encarar o intervalo.

- Não me lembro de você aqui em Carmel... – Ele disse, puxando um novo assunto. Ouvi ele balbuciar algo, mas não consegui discernir realmente o que era.
- Mas bom, me fale algo sobre você guria. Devora canetas sempre que está nervosa? Melhor... Sai pra tomar café com desconhecidos com muita freqüência? E se eu for mesmo um maníaco do parque? Já pensou nisso?

- Não, não devoro as canetas. Apenas a tampa delas. – pisquei ingenuamente. Depois dei de ombros e o encarei – -Não com tanta freqüência, apesar de que existam muitos maníacos por aqui e que eu sempre acabe atraindo eles de alguma forma – a verdade dessa frase me pegou de surpresa. Eu sempre acabava despertando a atenção os caras mais... estranhos? Bem, eu costumo chamar a atenção de todos, mas alguns em especial se sobressaiam. - E se fosse o maníaco do parque creio que teria me agarrado naqueles corredores por qual passamos, lembra?
Olhei para ele sem quebrar o contato visual. Eu não queria parar de olhá-lo nunca, mas como toda coisa boa tem um final trágico...

- Hey Debbie. O que você está fazendo com esse individuo aí? Ele não é uma boa influencia para você. – Ouvi a voz de Jason Hill no meu ouvido. Ele estava atrás de mim e falava entre dentes. Como se estivesse realmente irritado. Mas eu sabia que ele só estava com ciúmes pelo fato de eu estar conversando com o aluno novo. Ainda mais depois de eu ter dado um chute no traseiro dele depois de ele fez tudo errado na minha primeira noite.
Suspirei e virei para ele, pronta para insultá-lo ou fazer qualquer coisa que o fizesse ir logo embora dali.
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptySáb Out 18, 2008 10:40 pm

Nunca foi de se ‘misturar’ com humanos. Quando digo nunca, quero dizer nunca mesmo. Claro que vivendo no meio deles, hora ou outra era preciso deixar o egocentrismo, a superioridade e o orgulho de lado. Mas é bem verdade que nunca se ‘interessou’ de verdade pela espécie em geral. Era tão... Comuns. Estava mais que claro que Débora não era comum, que não era humana para ser um pouco mais específico. Mas isso de forma alguma justificava todo o repentino interesse por ela. O interesse, o apreço, o cuidado e uma pancada de outros sentimentos que sentia pela jovem a cada novo minuto. Garotas, sempre foi muito preciso em relação a elas. Na verdade, se tratando de frieza, sarcasmo e indiferença, isso sempre foi com todo mundo, com as garotas inclusive. Era aquela vontade incontrolável de ser superior. Mas com aquela garotinha irritante, era tudo um pouco diferente. Não era sarcástico por desprezo, não era indiferente por frieza... Não era tão calculista quanto costumava ser. Era simplesmente divertido ser si mesmo, mas por causas completamente distintas. A companhia daquela patricinha fútil o agradava, era como BIS, não se consegue comer um só. Quanto mais ela falava mais queria ouvir a voz dela. Quanto mais a olhava, sentia ainda mais vontade de olhar e assim ia até que se pegasse duelando com seus próprios princípios. O que ainda não tinha acontecido, mas na verdade, não demoraria muito. O que diabos estava acontecendo com ele? Não faço a menor idéia, tudo o que eu sei é que Hannibal achava divertindo estar com ela. Um papo estranho, não seriam muitos os que compreenderiam a graça daquilo, nem ele mesmo compreendia na verdade, porém e nem pretendia por enquanto. Por ele, o papo ligeiramente incomum prosseguiria. Mas é, ainda tentava se convencer que era tudo realmente profissional. Ou pelo menos, Quase isso.
Um ‘pequeno’ plano ainda se desenrolava em sua cabeça. Tentava o examinar de todos os ângulos possíveis e começava a se perguntar se ele era de fato tão exato e simples quanto parecia anteriormente. Mas é, não era. Ajudar a garota poderia ser bem mais difícil do que pensou a princípio. Ela não aceitaria o fato de ser uma ‘bruxa’ tão facilmente. Ninguém aceitaria. Começava também a achar a tarefa meio cansativa, tomaria muito de seu tempo e de sua energia, mas seria o bastante para ter menos tempo livre. Sabe como é, cabeça vazia é oficina do diabo. Tédio não é uma palavra que aprecia. Por outro lado, a idéia de usá-la para melhorar a imagem não era uma forma muito bacana de se iniciar uma relação, relação profissional é claro. Mas em fim, o que começava errado, terminava errado. E sabia disso muito bem, bem mesmo. O que importa de fato era que por um motivo meio óbvio o seu plano pareceu completamente falho e inapropriado. Criativo, mas inapropriado. Talvez não fosse tão ruim ser visto como o garoto problema de Carmel, poderia tirar vantagens daquilo.
Se não tinha mais plano, porque afinal de contas ajudaria aquela garota? Generosidade? E quem se importa com generosidade? Era no fim das contas Hannibal Hoew, não fazia o tipo moçinho de filmes, sempre foi o oposto. Nada de ajudar senhoras a atravessar a rua ou coisa parecida. Interpretem como quiser, mas procurava fazer aquilo que o beneficiava. Ajudar aquela garotinha não ia o ajudar em nada, para ser sincero, Hanni começava a achar aquilo meio arriscado. Ela o atraía em todos os sentidos possíveis, não era muito fácil admitir aquilo para si mesmo, mas era a verdade. Facilitaria muito as coisas pro seu lado se desse meia volta e saísse da frente daquela garota. Mas não queria bem aquilo. Podia continuar naquele papo maluco o resto do dia se fosse preciso. Um pequeno jogo formado olhares penetrantes, sorrisos, sarcasmos e piadinhas. A conhecia há pouco mais de dez minutos, e por incrível que pareça, a conversa rendia... Podia jurar que a conhecia por mais tempo, sentia-se meio a vontade com ela. Só esperava mesmo que não ficasse um pouco a vontade demais.
- Não, não devoro as canetas. Apenas a tampa delas.
- Menos mal – caçoou abrindo um sorriso de canto. Ficar a observando por toda uma aula de história foi bem útil para entender um pouco das manias. Manias apaixonantes por sinal. Débora deu uma piscada ao dizer aquilo, uma piscada marota. Daria uma bela foto, verdade. Se limitou a responder de forma curta. Ainda estava ‘pensativo’ demais em suas novas reflexões.
- Não com tanta freqüência, apesar de que existam muitos maníacos por aqui e que eu sempre acabe atraindo eles de alguma forma
- Guria... – começou – Atrair um maníaco e aceitar tomar café com ele são duas coisas um pouquinho distintas. – disse arqueando a sobrancelha. Do modo como ‘falou’ era visível uma certa superioridade. A menina era um imã que atraía os garotos mais incomuns. Era algo contraditório já que o mais esperado seria dar o fora em todos eles. No entanto ali estava ela, indo tomar café com o mais incomum de todos. Sim, não eram apenas rumores e não era só o comportamento. Era MESMO o mais diferente de todos. Aquilo era FATO.
- E se fosse o maníaco do parque creio que teria me agarrado naqueles corredores por qual passamos, lembra?
- Em plena luz do dia? – debochou de forma divertida. Passou a mão no queixo e abriu um sorrisinho de canto. O jogo era de fato interessante. – Eu costumo ser um pouco mais discreto em minhas ações criminosas Srta. Mancuso. Mas acredite, em um beco escuro você não me escapa... – Disse abrindo um sorriso um pouco maior que o normal. Era o que diziam por aí, toda brincadeira tinha um fundo de verdade. E esta pequena brincadeira no caso, tinha um imenso de verdade. Do mesmo modo que apreciava a presença da garota, começava a ficar meio incomodado com a mesma. Não era um garoto impulsivo, não mesmo. Geralmente pensava um pouquinho demais antes de tomar determinadas atitudes. No caso, ficar acompanhado de Mancuso por muito tempo poderia comprometer um pouco seu auto-controle. Por essa razão, respirou fundo, sabia ser discreto quando queria. Falando em auto controle, tinha que se controlar para não sair deformando a cara de cada aluno imbecil dali, a começar pelo garoto que se aproximou de Débora alguns instantes depois. É, ele pôde ouvir tudo o que o garoto disse, claro, poderia ouvir ainda que estivesse do outro lado da escola, bastaria apenas se concentrar naquela voizinha de baitola que ele tinha. Era por essas e outras que achava Carmel tão medíocre e os humanos tão toscos. Seus olhos no entanto continuavam cravados na garota, desviaram somente para fitar de forma curiosa o garoto cujo nome ele realmente não tinha o menor interesse em saber. Antes que a garota pudesse responder, o que ela parecia realmente não ter vontade de fazer, Hanni desencostou do armário e cruzou os braços. Olhou o rapaz com todo o desprezo que podia concentrar em seu olhar, e olha que era muito e abriu um sorriso. Um sorriso que misturava desdém e debocha. – O indivíduo aqui vai levar a dona Mancuso pra tomar café. Algum problema? – perguntou com um tom possessivo na voz. Que otário... – Acho que não. – respondeu para si mesmo abrindo um sorriso meio sarcástico. Quem era aquele ‘fedelho’ para OUSAR contrariar Hannibal Hoew? Ele não ousaria... Não mesmo. Virou-se então para Débora novamente, seus olhos novamente prenderam nela. – Então, como é? Vem ou não vem? Podemos procurar algum beco no caminho – disse abrindo um sorriso de canto e abaixando os olhos. Virou-se lentamente e foi andando devagar para o outro lado, em uma velocidade, claro, que a garota pudesse alcançar sem muito esforço. – É café da manhã guria, não almoço. Ande logo... – encerrou. Quem diabos era aquele garoto? Namorado dela? Não podia ser... Não mesmo. Que ele era má companhia, isso era claro. Hannibal era o tipo certo de pessoa errada, mas com certeza, com os milhares de defeitos, dava de mil em um previsível mauricinho. Virou-se lentamente para dar tchauzinho ao rapaz e presenteá-lo com um sorriso. Ainda se esbarrariam algumas vezes por aí... E como esbarrariam... Carmel era pequena, e Junípero Serra menor ainda.


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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQua Out 22, 2008 10:48 pm

Eu devo ter algum imã para problemas. Sim, deve ser isso. Um imã interno para problemas e má sorte.
De que outro modo eu explicaria toda a sucessão de acontecimentos bizarros que vinham me acontecendo? E eu não estou falando somente de fazer a cadeira da sala de jantar levitar, ou fazer meu lápis sair voando ou coisa assim. Eu estou falando do fato de que as coisas começavam, irrefutavelmente, a dar errado para mim.
O que mais de noventa por cento das pessoas da escola Junípero Serra achavam, era que eu tinha o QI de um camarão, só ligava para a aparência [bem, er, eu realmente ligo muito para a minha aparência. Mas não penso somente nisso, certo? Talvez eu pense um pouco demais, mas não somente nisto!] e que minha vida era perfeita. Ledo engano. Na realidade as coisas não estão nada fáceis para mim, se é que me entende.
Primeiro, minha casa estava um caos. Meus pais brigando o tempo inteiro. Minha mãe reclamando do fato de meu pai trabalhar demais, e ele fazendo ‘birra’ porque ela nunca está em casa quando ele está. Creio que, apesar de eu ver meu pai com menos freqüência do que vejo minha mãe, tenho mais contato com ele do que com ela. Mesmo que eu tenha um pouco dos dois [a parte que herdei está mais exteriorada, como você percebe] e a parte que puxei de meu pai é, sem duvida, interna. Apesar de querer muito saber sobre a família de meu pai, tenho poucas informações sobre esta. Digo, meu pai sempre foi bem deslocado de todos os seus laços familiares, para além de que ele perdeu seus pais quando ainda era um jovenzinho. Talvez o coitado tenha algum trauma que o impeça de falar sobre sua família sem que tenha algum ataque apopléctico ou algo do gênero. Eu até já tentei muito tocar no assunto, mas ele sempre acaba desviando o assunto para outra coisa. Realmente... deve ter sido algum trauma.

Bem, continuando a minha lista de coisas nada legais que estavam acontecendo comigo, estava Justin Hill. Tudo bem que ele era um gato e tudo mais, contudo ele SIM tinha o QI equivalente a o de um camarão. Quando começamos a namorar era ótimo. Mas aí vieram todas as complicações. A possessividade e a agressividade. Bem, nenhuma das coisas me incomoda tanto. Homens possessivos me excitam, mas quando começam a me proibir de fazer as coisas que gosto [como ser líder de torcida. Alô-ô, eu nasci para isso!] e me limitar, me sinto enjaulada e simplesmente não consigo levar para frente!
E dependendo da forma como a agressividade é aplicada, não é tão ruim, se você entende do que eu falo. Mas nada do que Justin fez eu gostei. Ele é patético, mas se conseguisse manter a língua dentro da boca de uma garota só, quem sabe eu não lhe daria outra chance?
Mas, bem... isso era impossível de acontecer. Por mais que ele fizesse questão de me seguir por todos os cantos e adorar fazer ceninhas estúpidas, eu sabia que ele nunca foi e nem nunca seria monogâmico. Sinceramente, as vezes sinto muita vontade de deslanchar um soco nas fuças de alguns caras por aqui. Todos pensam que são os tais e que podem pegar todas e blá, blá, blá. E isso nem seria tão ruim se eles não ficassem espalhando para deus e o mundo; só para se gabarem e aumentarem seus status de “pegadores”. Oh, isso definitivamente me irrita!
- Guria... Atrair um maníaco e aceitar tomar café com ele são duas coisas um pouquinho distintas.
Cruzei os braços e o encarei diretamente nos olhos.
- A é? E o que você acha que eu faço com os maníacos que me abordam? Hn? – Continuei encarando-o, mas com uma ponta de sarcasmo na voz. Era quase imperceptível, mas eu sabia que ele havia notado-o. Uma de suas sobrancelhas estava erguida; sujeitando-o a aparentar certa superioridade. – E você se acha um maníaco superior, então? – Dessa eu quase gargalhei. Não que eu duvidasse que ele fosse um tanto quanto superior e diferente da maioria de garotos que eu havia conhecido em toda a minha vida. Mas o modo em que empreguei a frase faria qualquer um rir. Aquela conversa era claramente um joguinho; mas não deixava de ser divertida.
Depois que eu mencionei sobre ele não ter me atacado nos corredores onde havíamos passado, ele perguntou de maneira brincalhona.
- Em plena luz do dia? – Me segurei para não rir. – Eu costumo ser um pouco mais discreto em minhas ações criminosas Srta. Mancuso. Mas acredite, em um beco escuro você não me escapa... – Certo, essa outra frase havia me pegado de surpresa. Meu riso cessou e me tornei um pouco mais serena. Talvez até internamente constrangida, mas isso não atingiu minha parte interna. Eu apenas lhe lancei um olhar reprovador, como se estivesse repreendendo uma criança que acabou de aprontar alguma.
- Tsc, tsc... você devia ver como eu posso ser resistente, Hoew. – Eu iria falar mais, contudo fomos interrompidos pelo inconveniente Justin Hill.
Eu já estava perdendo a paciência com esse garoto. Mas que filho da mãe! Não podia me deixar em paz? Dessa vez eu iria falar umas poucas e boas para ele.
Bem, pelo menos era o meu intuito. Não pude falar tecnicamente nada pois, para minha surpresa, Hannibal falou por mim. E falou muito bem, devo admitir.

- O indivíduo aqui vai levar a dona Mancuso pra tomar café. Algum problema? – Só a primeira frase que ele falou insinuava que nós íamos a algum encontro romântico ou algo do tipo. E não que íamos apenas conversar ou continuar com nossos joguinhos; tanto faz. Mas a coisa que mais chamou atenção ali foi o tom de voz de Hannibal. Era possessivo, mas também poderoso e assustador. Vi Justin dar um passo para trás, inseguro. Balbuciou alguma coisa como “vai de f**** novato” e depois lançou um olhar enojado para o Hoew. Eu não estava gostando nada daquilo, mas não tive que me preocupar tanto. Hannibal não alongou muito a conversa, de modo que logo estava me chamando impacientemente para segui-lo e ir logo tomar o café.
Era incrível como ele conseguia ser dissimulado.
Então, como é? Vem ou não vem? Podemos procurar algum beco no caminho. – Eu ainda estava um tanto quanto embasbacada com a atitude dele em afrontar Justin [o mais temido da escola e toda a ladainha] para que participasse da piadinha interna de Hannibal. Quer dizer, sobre o beco e tudo mais. Eu sabia que ele estava só brincando [tinha de estar].
Justin me encarou com ultraje e, antes de sair, me puxou com força e sussurrou “Nos vemos outra hora...” no meu ouvido. Eu o larguei rapidamente e lhe lancei um olhar de desprezo. Depois que Hannibal lhe lançou um “tchausinho” sarcástico, ele bufou de raiva, girou os calcanhares e foi-se.

Fiquei ali parada por alguns momentos; um pouco abobalhada com o desentendimento.
Não sabia o que Hannibal estava pensando, mas realmente queria saber.
Quando ele falou novamente, eu pude saber que ele não estava muito confortável com relação a Justin.
- É café da manhã guria, não almoço. Ande logo... – Certo, agora iria descontar o mau-humor em mim? Aliás, desde quando ele estava mau humorado? Há segundos atrás estávamos praticamente gargalhando, sabe? Deus, vai entender os homens!

- Hey, calma, tá bem? Ainda temos tempo. E não adiante se alegar porque aqui não tem becos. – Tentei fazer uma piadinha, mas não sabia se iria funcionar muito bem, de modo que voltássemos à conversa anterior. – Não ligue para Justin. Ele é só alguém com quem eu... er.. deixa para lá. – Olhei para frente e tendei ignorar o olhar dele, que tinha voltado a se cravar em mim. E seria um pouco mais confortável andar ao lado dele se ele não parecesse me despir com os olhos. Eu até faria o mesmo com ele, mas se eu o fizesse, acabaríamos em uma situação ruim demais para um colégio de freiras. Então somente tentei ignorar toda aquela eletrização que nos percorria e segui em direção à cantina da escola, que ficava ao ar livre.
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyDom Out 26, 2008 11:30 am

E você se acha um maníaco superior, então? –

- É lógico;

Sim, eu poderia descrever Carmel em uma só palavra: tédio. Saber que eu morreria naquele fim de mundo me dava nos nervos, fato. Perdi a conta das inúmeras vezes em que desejei dar o fora. Livrar-me da pressão familiar, das regras severas e tudo mais que aquela cidadezinha representava. Se enganou quem disse que ser um rapaz dotado de magia era fácil. Podia ser bom, mas fácil, não mesmo. E digo isso porque eu sou um rapaz, cujo ‘poder’ surgiu ainda cedo; eu cresci vendo, presenciando e fazendo magia. E, no entanto, ainda não tinha me acostumado com a idéia de ser diferente. Era complicado esquecer isso quando se conseguia fugir do trânsito matinal; e como? Deixo isso para sua imaginação fértil. O fato é que dês de o meu retorno para aquela bosta de cidade, Débora Mancuso era a primeira coisa que me interessava de verdade. Ela não era mesmo o tipo de pessoa que me atraía; não psicológica e socialmente falando. Pertencia a outro mundo, o mundo onde a estética era um pouquinho mais importante do que a coragem, o autocontrole a esperteza, valores que já no meu mundo sempre foram peças chaves para permanecer vivo. Sim, tio Robert sempre foi bem severo ao ditar regras. Ou você seguida de acordo com o pacto, ou você era severamente punido. E é, eu fui punido diversas vezes. Perco a conta de quantas horas passei de cara pra parede, proibido de praticar magia ou o castigo mais recente, passar um tempo fora, deixar Carmel em paz por um ano. Este último, porém, não chamaria de castigo, mas sim de presente. Meu mundo sempre foi complexo, quantas vezes um bruxo não acordou desejando ser normal? Isso não acontece com freqüência, em geral faço o tipo que superestima a espécie, mas como qualquer ser ‘anormal’, eu sinto saudade do que nunca tive. O futebol, a educação física, as festas, a quebra dos limites. Queria poder sair dos meus limites, mas pensar em quantas pessoas poderiam sair machucadas com isso, não é muito agradável. Regras? Já quebrei muitas. Procure pela letra H pichada nos muros de Carmel e terá uma prova concreta disso. Mas apesar dos meus surtos repentinos de rebeldia, sou a peça do quebra-cabeça. Eles não seriam os mesmos sem mim. O que seria do guarda de polícia sem minhas bagunças? Da escola sem minhas confusões e brigas? O que seria das garotas sem o meu sorriso irônico e debochado? O que seria dos garotos sem alguém três vezes superior a eles? Ah... Estar nesse lugar não era tão ruim. Estar ao lado daquela garotinha me fazia repensar as coisas. Voltando ao X da questão, não era o tipo de garota que me atraía psicológica e socialmente, mas já fisicamente, não posso dizer muito a respeito. Menininha estranha...

A mesma menina que, aliás, era de um mundo totalmente oposto do meu. Por enquanto. Ela podia se embebedar e fazer loucuras, armar confusões e não ser punida mais que o necessário. Podia namorar quem quisesse, apesar de ser visível que não fazia boas escolhas, até porque, se o tal garoto loiro e medroso fora algum ‘ex’ ou quem sabe até um ‘ficantezinho’, ela seria ainda mais estranha do que eu presumi inicialmente. Falando em Mancuso, ela parecia um pouquinho surpresa em relação à minha suposta educação ao me comunicar com o metrossexualafeminado, de quem ela, aliás, parecia ser bem íntima. O que ela esperava afinal? Que eu batesse nele? Bom, por um motivo que eu ainda não sei qual, vontade não me faltou, mas o estrago seria cem vezes maior do que o de um soco normal. Não era um jeito bom de melhorar minha imagem por aquelas bandas. Mas é eu não fui mesmo com a cara do sujeito.


-Hey, calma, ta bem? Ainda temos tempo. E não adiante se alegar porque aqui não tem becos.

Virei os olhos para olhar Mancuso. Eu não era tão novato quanto ela parecia estar pensando. Nasci por ali, sei de cada esquina, cada rua. E é, uma pena que não tenha becos, fato, mas ele poderia muito bem ser substituído por aquelas ruas mais desertas. Carmel era uma cidade fantasma (literalmente), nada de interessante acontecia por aquelas bandas. Qualquer esquina poderia ser convidativa para o que naquele momento em especial passou por minha cabeça. Jesus. Balancei a cabeça para tirar a idéia pecaminosa da minha mente terrivelmente mundana e tentei manter uma suposta descrição ao abrir um sorriso de canto. Eu sempre soube fingir bem...


- Eu sei... –disse em um tom decepcionado. – É por isso que eu não segui profissão Debinha;

Dobramos um corredor. A parte mais movimentada da escola eu diria. O pátio onde os acontecimentos mais cômicos da escolinha aconteciam. As rixas, os micos, as confusões em geral. Nunca me misturei mais que o necessário com as pessoas mais ‘chamativas’ (até o momento, aliás), mas sempre gostei de admirar os apuros micosos nos quais as criaturas se metiam. Assim que chegamos ao local, um do lado do outro, diga-se de passagem, muitos dos olhares de desaprovação e curiosidade caíram em Débora e depois, pousaram em mim. Ali permaneceram até que chegássemos à fila da lanchonete. Sussurros do tipo: ‘o que eles estão fazendo juntos?’ me intrigaram, confesso. Não me incomodavam, somente, intrigavam. Sabe lá por que mas eu gostei de ser visto ao lado dela.

Não ligue para Justin. Ele é só alguém com quem eu... er.. deixa para lá.



Olhei pra ela. Alguém com quem...? Ergui a sobrancelha novamente. É, sempre fui um sujeito curioso, mas também sempre fui dono de uma intuição muito grande. Meu poder de dedução não costumava falhar. É, ela já deu uns pegas no sujeito e a julgar pelo tom de voz, não parecia se orgulhar muito disso. Mas pudera, o garoto não parecia ser muito esperto. Os neurônios foram substituídos pelos músculos. É, eu sou privilegiado por ter as duas coisas. Mas meus atributos não vem ao caso no momento. O que importa era que imaginar os dois juntos fez meu estômago revirar. Que sem graça. Ela caiu alguns pontos em meu conceito, mas logo subiu quando ela tentou desviar meu olhar. Abri um sorriso e tratei de fazer um favor a ela; desviei meu olhar, observando de forma desinteressada a fila a minha frente. Então o nome do carinha era Justin? Até nome de boiola ele tinha, era cômico demais.

- Tá bom; -disse, tentando aliás, ser o mais desinteressado possível. Talvez fosse menos chato demonstrar o interesse que eu tinha em relação á vida pessoal da jovem. Até porque, quem disse que eu queria ter todo aquele interesse? Pessoas, não se esqueçam... É tudo totalmente profissional.

A fila andou um pouco, pegamos o café e fomos falando pouco até chegarmos a um banco no corredor mais vazio do colégio. Sem que ela notasse, tratei de respirar fundo. Ou agora, ou nunca. Sentei de forma meio desligada e dei um gole no café. Não gostava muito comer ou beber de manhã, mas no fim das contas era por uma causa nobre. Abri um sorriso gentil e com um gesto sinalizei para que ela sentasse a meu lado. Assim que a garota o fez, deixei meu olhar cair nela novamente, mas dessa vez de forma menos desconcertante. Precisava de uma desculpa ou de algum assunto para fazer a pergunta que até então não se calava na minha cabeça. Vamos Hannibal, você chegou até aqui, vamos adiante...

- Então, me fale um pouco de você ‘Debbie’. –dei ênfase no Debbie, nome que o tal boiolinha chamou-a a alguns minutos atrás no corredor.– Mora aqui há quanto tempo? Qual a origem de sua família? Ficou com o baitolinha por muito tempo? –comecei em um tom de voz curioso e calmo.– Gosta de filmes? Qual é o seu favorito? E esportes? Curte? E a sua banda favorita, é qual? – as perguntas eram na verdade muitas.– É alérgica a alguma coisa? Costuma ficar doente com muita freqüência? –abri um sorriso meio gigante e em um momento impulsivo peguei a mão pequena da menina e coloquei sobre a minha, que aliás, davam duas da dela. Ok, as perguntas todas tinham um propósito. Eu queria mesmo saber dela, saber um pouquinho de ãhn... Tudo? Mas é, eu estava mesmo interessado. Contudo, o motivo para todas as perguntas era ter uma certa liberdade para perguntar o que de fato me incomodava. Se é que liberdade era a palavra adequada. O que quer que fosse, lá estava eu tomando fôlego e me aproximando de forma sutil.– Eu quero saber tudo. Posso acreditar que me contará a verdade? – abri um sorriso atencioso e controlei a mão para que essa não voasse nos cabelos da garota. Aqueles velhos impulsos de sempre. 'E des de quando você faz canetas voarem?' ela não me contaria as coisas sem ter uma confiança em mim, o que perguntara até então fora bem básico. Nada de muito assustador, apenas curiosidade. Mas pela razão que você bem deve saber qual... Eu precisava de mais, precisava de ' confiança ' – Não confia em mim? Posso até parecer, mas não sou o maníaco do parque... – dei o meu melhor olhar manipulador e persuasivo. Era uma pergunta tola já que eu a conhecia por pouquíssimo tempo, mas tinha esperanças de receber uma resposta positiva.
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQua Nov 05, 2008 7:55 am

Nota mental de assassinar Justin depois...
Uh, eu tinha de arranjar um jeito de faze-lo sair do meu pé. Eu não fazia a mínima idéia de como conseguiria esse milagre, mas eu realmente precisava fazer com que ele sumisse. Aliás, o final se semana logo chegaria, e eu ouvi dizer que o corpo docente do Colégio estará realizando uma festa de boas vindas. E a ultima pessoa com quem eu queria encontrar nessa festa era Justin.
Involuntariamente, me perguntei se Hannibal sabia dessa festa. Ou melhor, me perguntei se ele iria nessa festa. Mesmo sem querer, eu torci que sim. Mas só por um segundo. No segundo seguinte eu já estava torcendo que ele fosse fazer qualquer coisa que ele fazia sempre [e que lhe trazia a “boa” fama] e que eu tivesse algum tempo para pensar sobre a minha anormalidade evidente. Bem, não tão evidente assim, graças a Deus. Afinal, creio que até agora ninguém me viu fazendo qualquer coisa sobrenatural e as pessoas para quem eu contei não contam, porque elas nem ao menos acreditaram em mim.
De qualquer forma, eu teria de sabotar Justin. Envergonha-lo em publico não adianta. Já tentei inúmeras vezes. Mas quem sabe Hannibal não me ajudaria com isso?
Não, talvez a ajuda dele seja perigosa demais. Não só para Justin, mas para mim também... É melhor esquecer.

Dei uma olhadela para ele e me lembrei de quando ele rolou os olhos e disse que não se profissionalizava em ser maníaco porque sabia que ali não tinha becos.
Até que os olhos dele eram bonitos. Tipo, eu ainda não havia conseguido chegar à alguma conclusão definitiva sobre a cor, mas ainda assim seus olhos eram profundos, marcantes e... bem... eram os mesmos olhos que, por incrível que pareça, me deixava desconcertada. Aliás, depois da historinha do beco, um brilho um tanto quanto sugestivo faiscou nos olhos dele. Realmente, nem me atrevi a imaginar no que ele estava pensando. Pela conversa que nós havíamos tido, não era nada puro. Mas como Carmel não é lá uma metrópole [na verdade é completamente parada] me admiro que não seja a sede de algum bando maníaco. Bem, isso é algo de que deveríamos nos orgulhar. E é a parte boa de a cidade ser pequenina. A parte ruim é que boatos correm muito rápido e, na maioria dos casos, eles vão muito além da realidade.

A cantina do Colégio era um lugar onde os boatos sempre rolaram soltos, ressalto. Lá é onde os rumores começam e também ganham repercussão. Eu mesma já participei muito desse tipo de coisa. Zoar os outros, falar coisas sem sentido, rir de idiotices. É até legal.
O fato é que eu tenho estado um pouco alheia a tudo nesses últimos tempos. E é obvio que isso se dá ao fato de eu estar me sentindo meio estranha. E, segundo todos, agindo de forma estranha também. Mas eu só precisava de tempo. Um tempo para mim mesma ou sei lá o que faça tudo voltar ao normal.

Quando eu e Hannibal colocamos o pé para a área externa para pegar nossos lanches na cantina, foi como se, repentinamente, estivéssemos fantasiados de coelhinho da páscoa ou algo do gênero. Não, mesmo se estivéssemos mesmo fantasiados, ainda assim não chamaríamos tanta atenção do que chamamos quando nos colocamos na fila. As pessoas nos olhavam com incredulidade; como se a ultima coisa que fossem imaginar era eu andando com o aluno rebelde. Mas não como se elas estivessem decepcionadas. Eu sei que aqueles olhares eram de pura inveja. Tanto de mim quanto de Hannibal. Porque é inegável o fato de que ele exerce uma presença forte sobre qualquer um ao redor. Isso causa suspiro nas meninas e raiva nos meninos. Claro que é mais ou menos o que acontece comigo, só que no meu caso quem suspiram são os meninos. E com esse muito tempo estudando ali, eu aprendi que não é muito bom ir distribuindo caretas para todos. Eu havia conquistado meu carisma. Só espero não perde-lo por andar com Hannibal. Não que isso importe para mim, agora. Importaria se fosse outro alguém, mas, de maneira estranha, eu só queria continuar perto dele e da segurança que ele emanava. Se bem que, da mesma forma que ele emitia segurança para mim, ele transmitia um tipo de ‘ameaça’ para as outras pessoas.

Depois do meu comentário sobre Justin, Hannibal ergueu uma sobrancelha. Por um momento eu vi um interesse irrefutável em seus olhos, mas então ele apenas murmurou um ‘Tá bom’, como se não se importasse muito. Era melhor assim mesmo. A ultima coisa que eu queria era Justin e Hannibal se enfrentando por aí. Mesmo que eu não tivesse absolutamente nada com este ultimo. Aliás, porque eu estava me importando mesmo?

A fila andou rapidamente. Ou foi vagarosamente? Bem, eu não tenho muita certesa. As vezes os tempo voava quando eu estava perto de Hannibal, mas outras vezes o tempo se arrastava lentamente. E falo como se nós passássemos muito tempo juntos. Nem parecia que havíamos nos conhecido há minutos atrás. Uh, bem bizarro... mas quem se importa?
Peguei meu café e ele também. Andamos até um banco vazio que ficava mais afastado [desconfio que foi deliberada essa decisão de se afastar; tanto da minha parte quanto dele]. Até então havíamos permanecido em silencio. Sem conversar muito ou voltar aos joguinhos perigosos e sugestivos de palavras.

Meus nervos tremularam quando eu me deparei com o sorriso gentil que ele me endereçou logo após ter sentado no banco. Ele sinalizou para que eu sentasse ao seu lado e tomou um gole do café. Eu engoli em seco e tentei ignorar o primeiro sorriso realmente gentil e genuíno que ele me deixava ver. Ele não parecia do tipo que ficasse distribuindo sorrisos por aí. Pelo menos esse era o primeiro que eu via. Gostei disso.
Me coloquei ao lado dele e também tomei um gole do meu café. Estava quente e um pouco amargo; do jeito que eu gosto.
Mas afirmo convictamente que não estava preparada para o turbilhão de perguntas que ele me lançou. Não parava nem para respirar. Perguntou sobre se eu morava em Carmel a muito tempo, se eu gostava de filme, qual era o meu favorito e também se eu gostava de esportes. E dentro de dez segundos já havia me perguntado se qual era a origem da minha família, se eu era alérgica a alguma coisa e até se eu ficava doente com muita freqüência. Olha, eu estou a costumada que as pessoas fiquem curiosas ao meu respeito, mas aquilo definitivamente era um exagero! Um exagero que eu adorei, confesso. E até responderia se ele me deixasse falar.

- Wow. – Falei, depois de ele ter finalmente parado de falar. E sabe aquele tremular no peito que senti quando ele me sorriu? Senti o triplo quando ele pegou a minha mão e colocou na dele. Ele tem aquele tipo de mão bonita, enorme e musculosa; mas não necessariamente calejada. E certo, eu tenho alguma fixação por mãos, mas isso não vem ao caso no momento. Olhei para ele por um segundo, e depois desviei minha atenção para as nossas mãos juntas. – Acho que você está passando de Maníaco do Parque para Detetive disfarçado! – Eu sorri. Sorri pelo sorriso anterior dele, e também sorri por nossas mãos. Aliás, parecia que ele havia encontrado algo em minha mão, pois não parava de pegar nela. E a sensação era ótima. – Mas quer realmente saber se eu fico doente? – Era um piada.

- Eu quero saber tudo. Posso acreditar que me contará a verdade? – Ele respondeu e logo mandou outra pergunta. Uau. – Não confia em mim? Posso até parecer, mas não sou o maníaco do parque...

- Quanto a isso... sim. Você pode confiar. Mas quer saber? Eu nem me lembro mais da metade das perguntas que você fez. – Fiz uma careta e depois dei um sorriso. – E não seja bobo. Você está mais para Maníaco dos corredores vazios do Colégio Juípero Serra. – Pisquei. Ele me olhava atenciosamente e, repentinamente, eu me senti muito bem.
Meditei sobre realmente confinar nele. Será que eu confiava?
Eu só sabia que sentia que nos conhecíamos a mais tempo do que aparente. Fiquei séria por um momento.

- De qualquer forma, vou fingir que você não é nenhum tipo de maníaco. Do contrario, como poderia confiar? – Voltei a sorrir – E sim, eu adoro esportes. Dança, principalmente. Não costumo ficar doente, tenho alergia a nozes, sou louca por filmes, fiquei com Justin – frizei o nome ‘Justin’, ignorando a insinuação de Hannibal – por dois meses e não sei quase nada sobre a origem de minha família. Pelo menos pela parte do meu pai.

Bem, as perguntas não tinham nada importante, então eu creio que podia responde-las sem muita hesitação. Pelo menos era o que eu achava...
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyQua Nov 05, 2008 5:10 pm

Uma atividade aparentemente comum parecia tornar-se extraordinária a cada segundo que se passava. Alguns dos velhos moradores de Carmel, as criaturas dotadas de magia principalmente, sabiam bem sobre a pessoa que Hannibal Hoew era. Eu, inclusive. Tenho uma imagem bem clara sobre mim mesmo, me conheço o bastante para estranhar meu próprio comportamento com Débora. Conversar pelos corredores de Junípero Serra com alguém que não fazia parte de meu mundo (ainda) não era uma atividade rotineira, no entanto, acabava por se tornar uma aventura deliciosamente divertida. Procurava vivenciar aquilo com muita clareza, afinal de contas, ela tinha um poder estranhamente peculiar sobre o meu modo de pensar, mas parecia não ter conhecimento disso. Ainda bem. Me considero um garoto forte demais para ser vencido ou dominado por dotes e artimanhas femininas embora confesso que estas sejam tão poderosas quando truques telepáticos. Se não mais. De qualquer forma, minha frieza sempre deixou muito a desejar. Estou longe de ser carinhoso, atencioso, bondoso ou fiel, interpretem como quiserem, o fato é que não sou uma companhia tão perfeita como posso aparentar inicialmente mas sempre soube compensar minha falta de tato ou carinho de outras formas tão apreciadas quanto.

Já que estamos falando de mim é preciso deixar claro que nunca fuitão transparente e portanto expressar de forma tão clara meus interesses e curiosidades nunca foram do meu feitio. Sempre apreciei determinadas características que por algum motivo não conseguiam se sobressair na companhia dela. Muitas características, aliás... Não era tão fechado como de costume, tão retraído. Nada de movimentos marginais, nada de atiçá-la para o perigo, nada de brincar com sentimentos embora jogos de sedução fossem bem atrativos. Gostava de olhá-la, tentando enxergar além de um físico enlouquecedor uma alma confusa. Apreciá-la de forma discreta, analisar suas características, sua fragilidade e ao mesmo tempo sua personalidade forte e indomável. E do nada, a vontade de tocá-la. As mãos eram tão delicadas, pequenas, macias. Via graça até nas unhas pintadas, nas pulseiras e em tudo mais que fizesse parte dela. Para ser mais clara, ELA, a menininha do papai, a popular... Ela, Débora Mancuso e tudo mais relacionado a ela despertavam uma curiosidade e um interesse fora do comum.

Não conseguia tirar as mãos da dela e as perguntas bobas eram do meu interesse sim. Podia parecer um pouco fútil de minha parte, um pouco exagerado, mas além de curiosidade, é fato que também tinha esperanças de ter algo em comum. Algum gosto, algum hobbie ou qualquer coisa por menor que fosse. Algo que talvez pudesse aproximá-los. Sabia bem que o fato de uma caneta sugestivamente voar para uma carteira sem nenhum esforço físico já os ligava de um modo desconcertante. Não podia perder o foco, aliás. A conversa era um tanto agradável mas assim que surgisse a oportunidade, era hora de abordá-la com o que me levara até ali, o que causara a aproximação. Fui treinado para crer que ‘nada acontece por acaso’, eu estava naquela sala por alguma razão. Talvez ela precisasse de ajuda, alguém para colocá-la no chamado mundo real, ainda que fazer coisas voarem fugisse um pouquinho do conceito da palavra realidade. Mas é, nem tudo era só ficção e ela em breve teria a consciência daquilo.

De maníaco do parque para detetive disfarçado, uma mudança bem... Mudada? Talvez não detetive, curioso eu era mesmo, não nego, mas preferia ser visto como uma espécie de alma caridosa que estava disposta ajudar a pobre garota perdida sem querer nada em troca. Sem pedir nada em troca, pois até onde os meus pensamentos impuros conseguiam ir, se ela quisesse me dar algo, eu estaria ali para receber de muito bom grado. Mas pedir, não, já tinha abandonado o meu plano arrogante e prepotente. Propor um acordo, uma troca de favores em vez de uma gentileza não era um bom modo de recomeçar a vida em Carmel. Pode parecer que não mas eu queria mesmo retirar a imagem de Bad Boy que colocaram em mim, mesmo tendo merecido essa imagem. Bom, isso não vem ao caso no momento. Deixe minha fama para uma outra ocasião, agora não é o momento para falar de mim. Não de mim...

Podiam parecer perguntas irrelevantes mas todas tinham seu devido grau de importância. Fiquei com aquela pulga atrás da orelha quando ela falou de sua família. Talvez os familiares não fossem demasiado presentes na vida da garota. Que paranóia, talvez eu mesmo estivesse vendo coisas, afinal, existe a possibilidade de eu mesmo ter levitado aquele troço. Bem sabia que não, eu tenho um domínio total sobre minha magia e a beleza dela não era uma distração grande o bastante para me fazer sair do controle. Não era não. Aliás, duvidava que tivesse uma distração grande o bastante. Se fossem de fato seres mágicos, como passei a questionar nos minutos que se passaram, poderiam viver no anonimato, talvez tivesse quebrado o pacto e portanto viviam foragidos, mas não era uma idéia muito brilhante. Se assim fosse os pais da garota certamente contariam, não era muito seguro esconder algo tão sério e ela não seria tola o bastante para fazer magia se tivesse conhecimento de seu sangue. Até porque, ela era popular, tinha uma vida não tão privada até onde eu podia perceber, não era natural se expor estando ‘foragida’. Se eu, que pouco vou a escola, acabei notando, alguém menos tolerante poderia ter visto...

- Quanto a isso... sim. Você pode confiar. Mas quer saber? Eu nem me lembro mais da metade das perguntas que você fez.– Ela fez uma careta e depois deu um sorrisos angelicais e um tanto marotos que deixavam as faces da menina ainda mais belas. Sorri junto com ela, um sorriso rápido e discreto, mas o bastante para deixá-la confortável para responder, se claro, assim achasse conveniente. Conhece a tal memória de elefante? Era bem a minha memória, podia fazer as perguntas todas novamente somente para vê-las respondidas. Mas em vez de me adiantar desnecessariamente, abaixei os olhos para observar o que ela observou durante algum tempo, as mãos entrelaçadas em cima do banco de pedra. Arqueei a sobrancelha com uma expressão segura e rocei os dedos delicadamente sobre os dela e de um modo amigável. Para ser mais exato, dificultei uma saída enlouquecida, é, eu esperava mesmo pelo pior... – E não seja bobo. Você está mais para Maníaco dos corredores vazios do Colégio Juípero Serra.

- Estou é? –disse enquanto voltava a olhá-la de forma doce. Abri um sorriso maior que o normal e balancei a cabeça.– E isso é ruim? Por que afinal de contas temos vários corredores desertos por aqui... Não conheço muito bem o conceito de maníaco, mas quando quiser me explicar... Fique a vontade. – ela piscou e eu instintivamente pisquei de volta. Uma parque minha queria mesmo continuar com as brincadeiras ou se não, deixá-las mais divertidas, mas a parte maior ainda não se quietava, era a mesma parte que queria desvendá-la, conhecê-la e ajudá-la.

- De qualquer forma, vou fingir que você não é nenhum tipo de maníaco. Do contrario, como poderia confiar? E sim, eu adoro esportes. Dança, principalmente. Não costumo ficar doente, tenho alergia a nozes, sou louca por filmes, fiquei com Justin– Ta bom, eu fiz a pergunta mas esperava um tom de desprezo ou remorso ao se referir ao afeminado do corredor a alguns minutos atrás. Que tinham tido algo foi meio claro quando ele se aproximou com aquele tom de posse que não combinava nada com a situação. Na verdade, acho que teria preferido uma mentirinha boba do tipo: ‘Justin? Éca!’ ou melhor ainda: ‘imagina, eu prefiro os Hoew’. Imaginar aquilo me fez sorrir de modo discreto e prepotente, mas é, o espelho me ajudava a ter doses pesadas e talvez até exageradas do chamado amor próprio e talvez até do próprio ego, mas era visível que eu superava o tal Justin. – por dois meses e não sei quase nada sobre a origem de minha família. Pelo menos pela parte do meu pai.

Dois meses era um tempo considerável para usar o termo namorar, no entanto, não questionei. Foquei principalmente na parte da família, que aliás, me deixou ainda mais intrigado. Então a parte da mãe ela conhecia? Se conhecia devia saber que ambos não eram tão esquisitos. Na casa de ‘bruxos’ a chamada bruxaria predominava e dizia isso por que afinal de contas, eu vivo em uma casa assim e posso afirmar com toda a certeza do mundo que essa é de longe uma casa sinistra, diferente, excêntrica e tudo isso é bem perceptível. Confesso que subestimei a garota, ela era uma senhorita inteligente, esses detalhes gritantes não passariam despercebidos.

- Ah é? – perguntei com um tom visivelmente interessado. A opção da família anônima ou fugitiva de repente ficou bem cabível. – Bom, sinto muito que não tenha contato com eles. Talvez seja melhor assim. Mas em fim, deixou muitas perguntas escaparem moçinha... Mas eu não tenho pressa. Como disse, quero saber tudo, mas essas podem esperar por enquanto. Sabe como é, quanto mais coisas o maníaco souber a respeito da vítima, mais fácil é para planejar o seqüestro. Tem alguma preferência por cativeiro? Consigo arranjar um sobradinho amarelo com flores na porta e TV a cabo se for de seu agrado. – abri um sorriso e balancei a cabeça enquanto ainda cuidava de carinhar as mãos dela. Era um consolo para não tocar nos cabelos da garota ou olhar demais para seus olhos. Uma magnífica distração. – No entanto, tem uma perguntinha que não pode esperar...

Sempre fui bom em fazer mistérios...


- Tenho alguns motivos para crer que somos um pouquinho mais parecidos do que pensei inicialmente, confesso. Eu subestimei você e além do mais não sei se sou um bom crítico. Mas como deve saber, meu interesse por você é maior do que armários escolares Mancuso. Tem algo que preciso ouvir de você e infelizmente não é uma pergunta tão anormal como deveria ser... Acho que já sabe do que eu estou falando... – meu tom era estável, calmo e eu tentava ao máximo passar uma confiança que poderia ser inexistente. Mas ainda assim eu tentava. Olhei para ela de modo a captar o menor sinal de susto ou mentira que viesse dali. A princípio, não notei nenhum nervosismo vindo dela, a garota continuava com as mãos nas minhas, cedendo e permitindo carinhos sem nenhum tipo de maldade. Continuava sentada a meu lado, tão perto que eu podia sentir a onda de eletricidade e o cheiro que vinha dela. Nunca fui galante o bastante para decorar cheiro de perfumes. Havia o cheiro de comida, cheiro de queimado, cheiro de mulher e o conhecido cheiro ruim. Falamos de aromas e odores uma outra ora... Agora o assunto é sério. – Há quanto tempo você levita canetas Debinha?
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptySáb Nov 08, 2008 11:11 pm

Por um breve momento eu olhei em volta. Toda a Missão é um lugar lindo. Sempre cheio de pássaros, um sol agradável, flores e aquele ar puro e aprazível. Eu gostava de estudar ali, e quase suspirei quando lembrei que logo deixaria o lugar. A Faculdade me esperava. A vontade do meu pai é que eu entrasse na Brown ou coisa assim. Eu não estava muito crente de que fosse aceita lá, mas ele sempre me disse que eu tenho mais potencial do que as pessoas imaginam. Bem, de certo modo eu tenho de concordar. A Imagem que teu possuo é de patricinha fútil que gasta cinco mil dólares por vestido. Bem, na verdade eu gosto isso e até mais; contudo, eu não sou apenas isto. Tenho um lado que não costumo revelar a ninguém e ultimamente esse lado estava se tornando mais e mais forte; a ponto de eu temer por mim mesma. E pela minha sanidade mental, é claro. O meu lado mais ‘obscuro’ e misterioso estava me mostrando coisas em que eu não me sentia confortável em acreditar. E estar na companhia de Hannibal, de algum modo que desconheço, só me fazia lembrar que as coisas não andavam nada bem comigo.
Mas isso tudo é uma questão interiorizada em mim. O que as pessoas vêem em mim continua a mesma coisa. Continuo me esforçando nos esportes e no grupo de líderes de torcida. Só me pergunto quando é que, por acidente, eu vou acabar levitando a Kelly. E quando isso acontecer, eu sei que o mundo vai desabar. E do pior jeito possível.
Entretanto, eu continuava tentando por em minha própria mente que tudo aquilo era uma peça pregada pelo meu subconsciente.

Olhei as pessoas que ainda insistiam em encarar eu e Hannibal. Continuavam olhando com uma mistura de descrença, furor e inveja. Eu não fazia idéia de onde Kelly estava, mas eu tenho certeza de que ela estava imaginando coisas indistintas sobre o fato de eu estar sentada de mãos dadas com ele. E é claro que quando o intervalo acabasse ela iria me interrogar de forma ainda mais curiosa do que Hannibal. Só que eu não estava com saco para todas as perguntas de Kelly no momento. Ela que se virasse com o grupinho de adoradores dela [que, por um acaso, também era o meu]. Depois conversaríamos.
Enquanto eu e Hannibal conversávamos, um dos amigos de Justin passou em nossa frente e me lançou um olhar torto. Mas que se dane. Eu iria ligar o meu “foda-se” e fazer o que eu bem entendesse! Além do mais, Hannibal conseguia me fazer sentir-se segura. Ele tinha toda aquela aura perigosa, mas eu não conseguia sentir medo ou algum tipo de temor. Eu só queria ficar mais e mais perto dele, mesmo que ainda não estivesse admitido isso completamente para mim mesma, e eu sabia que ele era bem capaz de afugentar qualquer outro garoto daquela escola.

Além do mais... porque eu deveria me preocupar? Era bom me deparar com aqueles novos sorrisos do meu acompanhante. Eu mal o conhecia e já começava a enxergar coisas surpreendentes. Como a forma como ele se remoia quando ria demais. Ou então a forma como ele percebeu que eu adorei quando ele fez carinho na minha mão... e... What the Fuck... no que diabos eu estou pensando?

Logo que brinquei falando que ele parecia um maníaco dos corredores e não do parque, ele me lançou um olhar doce. Seu sorriso voltei a crescer e ele balançou a cabeça. Perguntou se isso era ruim, porque tínhamos muitos corredores desertor por ali. E sempre usando aquela sua linguagem sugestiva que fazia a minha mente virar!

Eu quase ergui uma sobrancelha quando ele fechou um pouco a cara com a menção de Justin. E também pelo fato de eu ter quase defendido ele. Ta, eu não defendi, mas dei a entender que não gostei que Hannibal o chamasse de baitola. Justin podia ser um safado completo, mas ainda assim era um doce comigo. Quando não estava tendo uma de suas crises de ciúme sem fundamento, é claro.
Mas logo depois Hannibal esboçou um sorriso discreto e malicioso para ninguém em especial. Me peguei desejando saber as coisas que se passavam na mente dele.

- Ah é? – Ele perguntou, me olhando interessado depois de eu ter falado sobre o fato de que não tenho muito conhecimento sobre a família de meu pai – Bom, sinto muito que não tenha contato com eles. Talvez seja melhor assim. Mas em fim, deixou muitas perguntas escaparem moçinha... Mas eu não tenho pressa. Como disse, quero saber tudo, mas essas podem esperar por enquanto. Sabe como é, quanto mais coisas o maníaco souber a respeito da vítima, mais fácil é para planejar o seqüestro. Tem alguma preferência por cativeiro? Consigo arranjar um sobradinho amarelo com flores na porta e TV a cabo se for de seu agrado. – Dessa vez eu não me contive. Joguei minha cabeça pra trás e dei uma leve gargalhada. E também simplesmente não podia ignorar o contato de sua pele na minha; mesmo que fosse apenas entre mãos. Era eletrizante e intenso. De repente desejei que ele me tocasse mais. Mas logo depois me repreendi pelo pensamento.
Eu ia responder seus comentários e perguntas com o bom-humor e sarcasmo de sempre, mas ele continuou falando.
No entanto, tem uma perguntinha que não pode esperar...
Ele fez uma pausa e eu mordi o lábio; realmente curiosa. Sim, confesso que sou um pouco mais curiosa que o normal, e isso vem desde o berço. Sem falar que a forma como ele falou foi misteriosa e atraente para mim. Olhei-o com atenção.

- Tenho alguns motivos para crer que somos um pouquinho mais parecidos do que pensei inicialmente, confesso. Eu subestimei você e além do mais não sei se sou um bom crítico. Mas como deve saber, meu interesse por você é maior do que armários escolares Mancuso.
O tom dele era agradável e ameno. Ouvi-lo confessar que estava interessado em mim emanou uma onda elétrica de agitação pelo meu corpo e eu quase sorri. Sentir suma mão na minha era inteiramente impossível de se ignorar.

- Tem algo que preciso ouvir de você e infelizmente não é uma pergunta tão anormal como deveria ser... Acho que já sabe do que eu estou falando...
Levei meu olhar, novamente, para as nossas mãos atadas. Não muito longe dali, eu podia ver Jason e seus amigos me olhando e secando como se suas vidas dependessem disso. Eu estava me sentindo bem ali e não me importava com parafernália nenhuma. Sem falar que o tom de voz de Hannibal era tão...

Há quanto tempo você levita canetas Debinha?

Eu senti meu rosto perdendo a cor. E também senti meu pulso acelerar e meu sangue começar a correr extremamente rápido pelas minhas veias. Meu corpo ficou momentaneamente paralisado e eu não obtive nem ao menos a coragem de olhar em seus olhos.
Porquê ele sabia. Ele sabia que eu podia fazer coisas horríveis.
Senti vergonha por um momento, mas também senti raiva e indignação. Não com ele, mas comigo mesma. Por ser alguém anormal. Uma verdadeira anomalia da natureza!
Oh, Deus, porque eu tive que ficar tão doente assim? Doente mentalmente, é claro. Eu, uma pessoa com tanto senso de ridículo e bom-senso. Me diga, PORQUÊ eu? Dentre todas as nerds idiotas que bem poderiam fazer papel de esquizofrênicas na frente de pessoas interessantes, logo eu tive que ser a aberração?

Ódio... muito ódio.

De repente a minha mão não estava mais sob a de Hannival. E tão repentinamente quando o primeira ação, eu me levantei do banco. Meu estomago revirou e eu até pensei que o café ingerido fosse voltar goela acima. Mas a única coisa que eu tinha em mente era que eu queria distancia, muita distancia, de Hannibal.
E foi isso o que eu fiz.

Realmente não sei se eu importava alguma coisa para ele ou se algo o parou, mas quando eu segui em frente numa corrida incessante, eu não o vi atrás de mim, apesar de ter ouvido-o chamar meu nome cerca de três vezes. Não me virei nem hesitei, entretanto. Eu não sabia como agir, nem o que falar e muito menos o que pensar. Eu só queria ir para longe. Eu só queria desaparecer por um tempo.
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MensagemAssunto: Re: What the hell is happening to me? [privado]   What the hell is happening to me? [privado] EmptyDom Nov 09, 2008 10:27 am

- OPA!
Digamos apenas que eu sou um rapaz esperto o bastante para prever toda aquela situação. Mas também, o que eu poderia esperar? Ela sem dúvida não diria datas ou agiria como se aquela fosse a coisa mais normal do mundo, até porque não era. O que eu queria, acho, era mostrar que aquilo também não era tão anormal quanto ela pensava que fosse. Bom, pra ser sincero, não consegui nem uma coisa nem outra. Ela estava bem calma nas perguntas anteriores, se me recordo bem pude até notar uma certa curiosidade entre os olhares tranqüilos que ela jogava em mim. Estava tudo indo bem. Muito bem. Tinha pra mim que passava confiança o bastante para que ela não se desesperasse, mas estava errado. A palavra ‘levitar’ deveria ser tida como um tabu ou coisa do tipo pois afinal de contas, assim que a disse a garota perdeu a cor, a expressão. Débora Mancuso ficou como uma estátua de cera, uma linda estátua de cera mas não olhou pra mim e tampouco se manifestou sobre a pergunta, ainda..

Aquilo só provou que sim, eu não estava imaginando coisas, ela tinha levitado aquela caneta e a julgar pelo comportamento que se seguiu, ela não gostava muito do fato de fazê-lo. Em um piscar de olhos minha mão estava longe, ela já estava de pé e saía bufando. OPA!. Ela saiu sem sequer dar um tchau ou inventar alguma desculpa e aquilo me deixou visivelmente desconfortável, mais ainda porque depois que ela se levantou todos os olhares caíram em mim. Diabos, grande maneira de concertar as coisas ou de melhorar a minha imagem. Agora estavam pensando que eu tinha feito alguma coisa para a garota. Deus, eu só posso mesmo ter grudado chiclete na cruz. Nunca fui muito paciente então tentei ignorar todos os sussuros que eu podia ouvir com tamanha perfeição e me concentrei na imagem de Débora se afastando e se perdendo dos meus olhos. Chamei o nome dela umas duas vezes enquanto me levantava devagar. Não obtive resposta, como já imaginava, mas bom, no fim das contas, o que eu tinha com isso? Eu ofereci gentilmente minha ajuda, se ela não o quis, azar. Uma pena, confesso que a idéia de passar mais tempo com ela me deixou meio elétrico, mas não aconteceria. Posso aceitar isso e meu coração continua aberto.

Ela por fim sumiu no meio da multidão, não podia fazer mais nada então apenas me virei e segui para a direção oposta. Ora, eu era o moçinho da historio, pela primeira vez na vida, mas era. Por essas e outras que fazer gentilezas não é comigo, talvez não seja muito bom nessa área. De uma forma ou de outra, o Hannibal gente fina ficou no banco, quando me levantei recuperei o sarcasmo e a ironia de sempre. O humor não estava lá essas coisas e a idéia de assistir a mais três aulas não era muito satisfatória. Virei em um corredor vazio onde não tinham olhares pesados ou curiosos em cima de mim. Encostei na parede, suspirei fundo e abrindo as duas mãos, as paredes ao meu redor começaram a se desfazer. Quando fechei os olhos algo em minha volta começou a rodopiar e quando os abri, estava eu na rua tranqüila de Carmel, dirigindo a BMW preta, meu xodó, a 60 por hora. Uma pista reta com a visão do mar a esquerda. Estava um tanto enjoado, aquele era o tipo de mágica que custava um tamanho esforço físico. Não a usava com freqüência, então, nada que uma boa soneca não resolvesse...

On - Go To: casa dos Hoew ;

- rp encerrada x)
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