Megan Sade Moore Bruxos
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| Assunto: Quem chega, chega... Mas onde? {[Aberto]} Dom Set 20, 2009 12:34 am | |
| “Desde a minha primeira mocidade, até hoje, sempre senti arder por um amor muito elevado e nobre. Ao narrá-lo, posso despertar a impressão de que ele foi mais ardente do que o devera, tendo em vista a minha posição na sociedade. Entretanto, fui elogiada por pessoas que eram discretas, e que tomaram conhecimento dos fatos. Só devo admitir que ele não foi dedicado a uma só pessoa, mas sim a várias da espécie deles.
Embora tivesse adquirido fama por causa desse amor, mesmo assim, sofri demais por tê-lo alimentado. É verdade que não sofri em razão de crueldade do ser amado. Padeci por via do muito amor concebido em espírito, em razão de uma angústia desproporcionada. Esta angústia não me permitia ficar dentro dos limites convenientes; e, por causa disto, trazia-me, freqüentemente, mais desgosto do que o razoável. Para tais desgostos, muita paz e elogiável consolo me deram os raciocínios de algum amigo; tanto isso é verdade, que estou finalmente convicta de que foi em virtude desse raciocínio que não sucumbi.
Àquele que determinou, por lei irrevogável, infinito que é, que tenham fim todas as coisas terrenais, aprouve, contudo, que o meu amor, mais ardente do que outro qualquer, por si mesmo reduzisse a própria intensidade, com o simples passar do tempo. Era amor que nenhuma força de argumentação, nem conselho, nem de vergonha, nem sequer de perigo, tinha podido vencer, e muito menos dissipar. Sim, mas por vontade minha teve um fim. De si este amor apenas me deixou, no espírito, o prazer que a paixão costuma ofertar à pessoa que, velejando, não imerge demais nos pélagos sombrios. Tendo-se tornado penoso, e já que se dissipou, aquele amor apenas deixou em mim uma sensação de prazer – acho eu.
Mesmo assim, terminado embora o sofrer, nem por essa razão se esfumou a lembrança dos benefícios recebidos daqueles aos quais minhas inquietudes fizeram, injustamente, sofrer. Nem essa lembrança se apagará em tempo algum, ao que suponho, senão com a morte.
Os homens podem não saber, escondido em nós, mulheres, em nosso delicado seio, as chamas do amor. Eles só fazem questão de ignorar isso e ficam com o resto. Essas chamas ocultas possuem mais força do que ostentamos; e disso só sabem os poucos que tiveram o privilégio de experimentá-las. Nós mulheres, constrangidas por nossos desejos, pelos caprichos e ordens que nos são dadas, e em uma hora só, nutrimos pensamentos vários, e que nem sempre são alegres – só não se dão o trabalho de notar.
Já os homens, sentindo-se acuados pela melancolia ou pelo desânimo, acham inúmeras maneiras de aliviar-se, ou de entreter-se, e é numa dessas que sobra... Enfim. Se o quiserem, não lhe faltam ocupações, cada uma com uma força distinta de prender, no todo ou parcialmente, o pensamento, afastando-o da preocupação mais penosa, mesmo que não seja senão por curto espaço de tempo. Depois deste interregno, de um modo ou de outro, ou chega o consolo, ou se torna melhor o sofrer.
É por isso que homens e mulheres são tão distintos, onde as mulheres são infinitamente melhores e superiores. Porém estão me convencendo que meu modo de pensar sobre, nós, as mulheres e como pensamos no geral, vem se tornando, de fato, errôneo ao extremo. Só posso afirmar que no fim, a única lição que tirei disso tudo é que não acredito mais que o prazer, conselho e exemplo sejam obtidos sem sofrer-se aborrecimentos. Não posso negar que é uma ótima lição.
Os homens confundem muito a palavra “mulher” com a “objeto”, atribuindo-lhes a mesma função, e assim, tratando-os de forma idêntica. Engano deles pensarem que o único objeto ali são as “mulheres”, mas eles não precisam ficar sabendo disso, não suportariam como nós suportamos tamanha verdade e outras duas palavras que não constam no dicionário deles: honestidade e sinceridade – o que sobra no vocabulário daquelas que podem ostentar o título de “mulher”. Já a mais conhecia entre eles é a palavra “covardia”. Vamos deixar essa inconveniente verdade de lado, pois hoje a noite ainda não terminou e um novo dia mal começou”.Megan não tinha sido muito feliz no último relacionamento! Um ano, sete meses, treze dias e vinte e três horas de namoro – sim, ela parou para contar depois do choque. “Incompatibilidade de gêneros”, essa foi a desculpa que o crápula deu antes de finalizá-la com um “Hasta la vista” no maior clima último capítulo de novela mexicana. É até constrangedor ser “chutada” dessa maneira por um cara – desculpe-me Megan, mas essa é a verdade – que até dias atrás buscaria a Lua se ela pedisse. Ficou alguns minutos estática até processar a informação e tentar entender o porquê da atitude tão repentina – isso enquanto ele já se afastava. Só tenho que deixar claro que não derramou uma só lágrima por isso – estou falando da Megan mesmo.
O alto moreno espanhol de olhos encantadores agiu desta forma depois da garota comunicar sua ida aos Estados Unidos da América – Megan queria se livrar da família por uns meses, tentar digerir a informação de que sua própria mãe tinha tentado assassiná-la. Talvez ele tivesse enjoado do comportamento instável dela? Mas não teria motivos para ter sido tão frio e objetivo, tendo, após a última frase, dado meia-volta sem esboçar nenhum arrependimento ou qualquer outro sentimento e sumido em meio à paisagem bucólica que presenciara aquele momento. Aquela mesma paisagem fora testemunha de tantos encontros e momentos de ardorosas manifestações de paixão e desejo. Ele até tinha recepcionado-a com um carinhoso beijo de “boas-vindas” antes da notícia. FINGIDO! Bem, acho que não importa mais agora, e nem Megan acha que importa.
No mesmo dia, munida de uma guitarra, uma mochila, muita atitude e dinheiro – muito dinheiro – a garota decidiu antecipar sua ida. No lugar da guitarra apenas um bilhete que deixou em consideração ao pai dizendo que em breve ele teria notícias. A última lembrança que tinha era a de que andava por uma escura rua e que escutava fortes passos que ecoavam por toda parte e... Mais nada. Olhou para o alto, era uma linda noite de Lua Cheia; céu estrelado e brisa suave. É, de suave só mesmo a brisa; sua cabeça doía como se tivesse sido atingida em cheio por algo muito pesado... BINGO! A dor a fez levar a mão à cabeça. Ainda tonta – não se sabe se pela pancada ou outra coisa – olhava para mesma mão e pouco podia-se ver, mas o cheiro de sangue era forte e evidenciava sua presença.
– MARAVILHA! – seu brado ecoou por toda redondeza. Teve forças só para sentar-se; olhou em volta e a única coisa que conseguiu localizar foi sua guitarra e dois velhos livros. Sua mochila fora levada, assim como seus documentos, mas não seu dinheiro, este estava no fundo falso daquele que não era um livro e sim uma bela imitação.
– Legal, agora sou uma ninguém em lugar nenhum – depois que sua vista tinha se acostumado com a escuridão notou que não estava apenas em “lugar nenhum” e sim em um buraco, “uma cova em lugar nenhum”... Isso fazia a maior diferença. Ela era espaçosa e relativamente profunda. – Oh, que gracinha... Por que não terminou o serviço e jogou terra por cima? - olhou no relógio, fazia quase dois dias desde a última vez que olhara para ele. Mas como isso seria possível? Bem, uma coisa de cada vez; a garota precisava primeiro pensar numa forma rápida e eficiente de sair dali o mais rápido possível e só depois descobrir onde, como e o porquê de estar ali. E ainda descobrir porque levaram a mochila e não o resto. Aquilo não era um simples assalto – essa era a única conclusão que podia tirar daquela situação no momento.O que vestia na ocasião? | |
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