Sweet Pepper [aberto e]

"Então, chegamos." pensei comigo mesmo, rindo um pouco ao lembrar do caminho até o horário nobre. Um gostinho de diversão ameaçava minha língua, indo e vontando em direção à minha garganta, pura expectativa. Não fiz nada pelo prêmio, não era esse meu foco, o que mais queria era uma pequena fatia dessa enorme pizza dos 15 minutos de fama. Todos querem.

O que faria se ganhasse então?
Nada que não faria se perdesse. Sairia rindo, com grandes coisas para contar. E os bônus seriam de minha avó, claro.

Mas devem entender que não sou esse 'nice guy' que as vezes acabo parecendo. Eu sou um patife categórico esperando para acontecer. As garotas gostam disso.
E os garotos também.

Sentado naquele espaço exagerado, estava com a cabeça apoiada na mala, sem pressa alguma de ver o interior da casa, teria bastante tempo para isso. Tudo que queria agora era uma pitadinha doce de um boa pimenta, se é que me entendem.

Todos estavam muito eufóricos, muito animados. Compreensível, eu mesmo estava. Meu peito arqueava com a violência de socos, o ar mal passava pelas vias respiratórias. A sensação da adrenalina jorrando no sangue e do pensar em 'então, o que farei agora?'. Não estava lá para passar batido, afinal. As pessoas deveriam lembrar de mim. Eu não deixaria de cumprir essas metas.

Um sorriso singelo surgiu.
Mentalmente, risquei um calêndário imaginário: Primeiro dia.

Nós temos cinco sentidos, todos propensos a estímulos. Estímulos positivos e estímulos negativos. Estando eu olhando para o nada, meu primeiro sentido a ser estimulado foi a audição, em seguida o tato. O som do impacto, da água, e então seu toque. Instintivamente olhei para aquela direção. Alguém estava aproveitando um mergulho.

Franzi o cenho, esperando que o alguém emergisse. Quando ocorreu, minha visão também foi estimulada: Lábios acentuados, feições suaves, olhar delicado: uma mulher – ou seria uma garota? -, doce e sutil como tinha de ser. Logo me aprumei, para melhor encará-la. Foi quando minha audição também foi estimulada.

-E aí?

Comigo mesmo pensei: “E aí” não é uma frase. Mas não tive a afronta de lhe falar. Preferi lhe sorrir com requinte enquanto, rapidamente, meu cérebro trabalhava para emitir uma resposta – Hey – respondi, com um tom animado.

Acredito que encarei a moça por mais algum tempo, antes de decidir que seria de bom tom puxar algum assunto. Cocei meu queixo desprovido de barba.

- Me chamo Elliot. – O mais básico dos mais básicos cumprimentos à primeira vista. – E você?

Sorri, ameno, brincando com a esfera metálica do meu piercing. – Dominique, e?... hm. – Era um convite muito tentador, principalmente para mim. E porque não, afinal? Dei de ombros, rindo baixo, enquanto desfazia os laços dos meus cadarços. Em um instante, já estava fazendo companhia à moça.

Emergi, assoprando água. Realmente, ela estava quente.

Nadava de costas, aproveitando o efeito relaxante que uma boa água aquecida trás a qualquer um. Era quase uma massagem.

- Então... – Comecei, quebrando um breve silêncio. – Se divertindo nos primeiros minutos de confinamento?

Sorri ao perceber que usava o mesmo tom que uma vez fora o que afastou de Mary Ann de mim. Poderia até mesmo chamar Domenique de princesa, como antes fazia com Mary, mas acredito não ser capaz. Não. Dependendo dos rumos que aquele confinamento tomariam, eu tinha outros planos para as bonecas da casa.

Eu ainda podia sentir claramente a euforia tatuada em mim me deixar um pouco sem rumo. Logo que entrei na casa, fazendo estardalhaço, já fui fuçando tudo, vendo todas as partes da casa, o jardim, a cozinha, os quartos... Passei voando pela sala e quase trombei com uma menina bem bonita que estava passando pelo caminho. É, ela deve ter pensado que sou um demente louco por fama. Er... eu sou. Mas ainda assim, man, eu queria ter uma boa impressão. O problema é que eu nunca conseguia, algo sempre acontecia para que as pessoas me vissem pela primeira vez em uma situação embaraçosa. Já me acostumei com isso, que vá pro inferno.

Deu um pulo rápido no quarto. Ele era bem bonito e era enorme. Tinha umas trocentas camas. Um lado do quarto camas cor-de-rosa e do outro azul escuras. Ficar junto com os caras com uma colcha de macho ou ficar junto das meninas com uma colcha de bicha?

Cor-de-rosa!!!

Joguei minha mala em cima da cama que ficava bem no meio das demais camas femininas e me sentei. Tirei meu tênis, minha calça e minha –shirt. Procurei alguma coisa que fosse mais leve, que me fizesse me sentir a vontade. Afinal, eu ia ficar um bom tempo ali, cara. Tinha que fazer de tudo pra me adaptar o melhor possível. Summer, em um ato que achei a cara dela, me doou seu ursinho mais especial pra trazer comigo. Ela é mesmo muito linda. Provavelmente vou acabar com todos os caras que chegarem perto dela até que ela complete seus trinta anos de idade. Em fim... eu trouxe o tal do Sr Coelho pra fazer a vontade dela. Ele estava bem em cima da mala, então tirei-o e o coloquei no travesseiro. Provavelmente ela estaria me assistindo agora. Isso se mamãe não tivesse a colocado pra dormir, mas como ela consegue tudo o que quer, eu duvido. Comecei a rir, pensando sobre o fato de eu estar sendo vigiado o tempo inteiro ali. Eu estava de coeca e não é como se me importasse, cara. Mas achei melhor vestir algo logo.

Vesti um shorts bem leve, azul escuro e saí do quarto, deixando para arrumar toda a bagunça depois. Eu estava risonho, tava feliz. Que posso fazer, man? Fui na cozinha e abri a geladeira. Uau. Soltei um assovio e peguei um refrigerante de lá. Comida de graça, meeeeeeeu, que paraíso! Saí pela porta que dava para o jardim e avistei a piscina enorme e borbulhantes que ali descansava. E como se não fosse pouco, tinha uma beldade de biquíni dentro dela. Demorou menos que cinco segundos para que eu corresse e pulasse dentro dela. Literalmente. Pingos voaram por todos os lados, mas você se importou? Porque eu definitivamente não. E acho que nem a beldade da piscina. Levantei do mergulho e passei a mão no rosto, rindo.

- E aí, pessoal – acenei – Sou o David. – meio despreocupado, nadei até a borda lateral da piscina e sentei, observando tudo.

E o jogo tinha começado! Bem, eu não sabia exatamente o que esperar daquilo tudo. Acompanhar reality-shows não era muito a minha cara, mas participar de um deveria ser bem diferente. Eu entrei na casa – um grande “UAU” para a casa, falando nisso – e fui na direção dos quartos, para guardar as minhas bolsas.

Para a minha surpresa, só havia um quarto. Tá bom, o quarto era do tamanho da minha casa, mas mesmo assim. Eu não estava acostumado a dividir meu quarto – para não falar “meu território” – com meninas. O único ser do sexo feminino que cruzava a quarta porta a direita no segundo andar da minha casa era a minha mãe.

E ela não fazia isso quando podia evitar.

Suspirei, arremessando minha sacola numa das camas azuis, que ficava em frente a uma rosa ocupada por uma garota (já que a outra seria claramente usada por um menino. Só posso constatar que as intenções dele não eram as mais puras de todas), e fui para o lado de fora, onde parecia estar tendo uma confraternização de todos os meus futuros colegas de casa. Eu sorri e passei as mãos pelos cabelos enquanto a menina que tinha se apresentado como Amanda (muito linda, por sinal, e não me era estranha. Já devo tê-la visto na escola, ou algo assim) pulou na piscina. A de olhos violeta (também muito gata – eu estava começando a gostar daquele lugar) era Dominique, mas gostava de ser chamada de Demi. O guri que ela apontou, tinha o cabelo muito escuro e a pele muito branca, e seu nome era Elliot. O loiro ao lado dela era David, e a morena de cabelos castanhos-avermelhados ao meu lado era Fleur.

- Eu sou o Michael. – disse, sorrindo de lado. Depois me virei para Amanda. – Isso vai soar ridículo, mas eu não conheço você de algum lugar?

Demi, Amanda, Fleur... Tinha capotado a ido pro paraíso, cara. Eu não lembrava e nem fazia questão de lembrar o nome dos meninos. Não que eu fosse antisocial, sei lá. Eu só estava muito embargado com aquelas peles variando de morena para de branco algodão. Os olhos variando de violeta para verdes. E os corpos entrando em contato com a água e ficando molhados e...

Foco, David! É, foco mesmo. Porque, uau, elas eram muito gatas. Mas não, não ia rolar de eu aprontar uma das minhas bem no primeiro dia. Ou iria? Do jeito que a confusão me adora, bem provável. Eu sorri para Amanda e acenei com a mão para ela. Assim fiz também com Fleur, que tinha feições doces, mas um brilho no olhar que me fez gostar dela. E Dominique... caralh%#@$ ela era um furacão. Eu já a tinha visto em ação. Na ultima vez ela começou a se agarrar com a Cadance Fox da escola numa festa do cabide e ficou todo mundo tão porre que realmente não sei se ela lembra de mim. Eu ia espaço pra descobrir disso, não é?

Nadei um pouquinho na água, observando o pessoal chegar.
- Bem, aqui eu acho que só conheço a Demi. De vista, claro. Ou melhor, de festa – pisquei pra ela e dei um sorriso maroto. A água quente me deu uma sensação boa no corpo, e nadei para mais perto dela. Não mau-intensionadamente (ou será que sim?), mas para olha-la mais de perto enquanto respondia sobre meu comentário.
Eu e meus novos colegas de casa começamos então a conversar. No começo o pessoal estava meio tímido, mas depois foram se soltando. Só faltava mais umas dosezinhas de um conhaque bacana e tudo iria melhorar. Mas o pessoal estava começando a ficar cansado. Fleur bocejou fortemente e eu a olhei, sorrindo levemente a ela.

- Tá com sono, pequena? – brinquei, me apoiando na beira da piscina. Forcei meus braços e me levantei, sentando em seguida lá mesmo, com os pés na água. Me virei para ela – De onde você é? – Ela respondeu. Sua voz era bonita. – Sou daqui mesmo. Sempre fui. – Dei um meio sorriso a ela e, chegando mais perto eu sussurrei em seu ouvido – Sabe, se estiver com sono pode inventar um pretexto pra ir dormir. – Eu falava como se fosse bem secreto. Ah, ninguém tava ouvindo mesmo. E parecia que eu estava lendo a mente dela – Quer ajuda?




(Off: Lore, me desculpe, mas tomei a liberdade de citar algumas ações da Fleur aí no post, viu? Espero que não se importe! Beijo.)

- Festa. Sim, esperamos ansiosos, hã? -Fiz um gesto que esperava concordancia, não que ela realmente precisasse demonstrar que concordava, isso seria redundante. Eu não aprovo redundancias.

Um a um e nem um pouco tímidamente, as pessoas foram simplesmente surgindo, o que era adorável, já que eu adorava pessoas.

Mentalizei os nomes -Dominique, David, Amanda, Fleur e Michael, certo? -, não gostaria de esquecê-los. Sou um tipo de garoto que presa pela boa educação. Além do mais, todos ali pareciam se achar importantes demais para atender à um "psiu", ou "hey você".

Então notei que havia ficado silêncioso. Eu, bem quieto, o próprio mestre da bagunça contendo-se diante da cidade toda. Mas não por muito tempo, babes. Ah, não mesmo.

com um sorriso sagaz, dei braçadas leves até a borda da piscina e, sem muito esforço, me levantei, saindo da mesma. A sensação de tecido molhado grudando no corpo era ligeiramente incomoda, mas era um preço bem razoável para estar em tão ilustre companhia, numa situação não menos que agradável.

Em pé, ali como um poste, anunciei em um tom para que todos me ouvissem. Vejam bem, eu não saí aos berros, só falei um pouco mais alto.

- Não sei quanto a vocês, mas eu quero uma boooa cerveja e um cigarrinho. Se mais alguém quiser... - Fiz um gesto para que tal alguém me acompanhasse e minha primeira parada foi a mala jogada no meio do caminho. Cerveja seria bom, mas o cigarro primeiro. Cigarro sempre cai bem. Ao encontrar o maço, ofereci um para quem estava perto após tomar um nos meus lábios. Não foi muito bom, porque estava todo molhado e acabei humedecendo o cigarro também, mas nicotina é nicotina, e o leve toque de cravo de um bom Black não tem preço. Depois disso, segui para dentro da casa e fui a caça da cozinha. Era bom que tivesse cervaja, babe.