Shut the hell up! [restrito]

Era até irônico.

Uma Semana do Sobrenatural em Carmel, quero dizer.

Porque, hum, muitas coisas estranhas já aconteciam aqui por natureza, sabe?

Exemplo: meu melhor amigo ser um bruxo.

Mas, anyway, até que poderia ser interessante. Eu liguei para Edward para perguntar se ele queria ir comigo até lá, para vermos se alguma coisa que tinha lá era interessante.

Ele concordou. Acho que ainda estava tentando compensar pela última vez que fui na casa dele.

Avisei a mamãe que estava saindo, e ela reclamou, alguma coisa sobre “ninguém mais fica em casa”, e eu ri.

Era verdade, afinal de contas. Nós quatro quase vivíamos na rua, e praticamente só íamos em casa para comer e dormir.

Esperei por Edward no lugar marcado e ele não demorou muito a chegar.

Andamos calmamente, Ed – quase – sem conseguir tropeçar no caminho, e eu rindo dele, que ficava da cor de uma lata de coca.

Assim que chegamos ao lugar onde deveria ser a tal Semana do Sobrenatural, eu automaticamente fui para a Sala da Inquisição. Foi hilário ver a careta de desaprovação de Edward quando eu o arrastei até lá, comentando, aos sussurros, sobre como aquela parte da História – apesar de ser triste e horrenda – era interessante.

Zanzamos por algum tempo pelas barraquinhas que estavam espalhadas por todo o campo, e eu comprei algumas coisinhas cravejadas de pedrinhas que alguns ciganos vendiam por ali, e até parei para ler minha sorte – coisa pela qual Edward rolou os olhos.

Era inacreditável que ele sendo um bruxo fosse tão cético.

Eu gargalhei quando ele cruzou os braços na frente do peito, e brinquei com ele, que corou de novo.

Ele rolou os olhos enquanto o lembrava que a próxima exibição – que acontecia de hora em hora – ia começar.

É claro que ele protestou.

- Edward, isso é história. – eu disse, justificando o meu interesse, enquanto meu amigo rolava os olhos. – E deveria ser importante para você saber, já que ninguém te “ensinou” toda esse negócio de bruxaria. – falei essa última parte no pé do seu ouvido, baixinho, para que ninguém ouvisse, e desenhando aspas com os dedos.

Algumas coisas são simplesmente oportunas. Como essa Semana do Sobrenatural. Oportunas demais, considerando o quanto essa cidade é realmente sobrenatural e que a maioria das pessoas nem mesmo sabem disso. Meu pai havia me falado outro dia sobre isso, sobre o número de Mediadores em Carmel estarem aumentando demais. E o de bruxos, ele tinha uma teoria para isso, mas não quis dividir. O objetivo dele era meramente me advertir, porque, historicamente, mediadores e bruxos não se davam bem, e isso o assustava. De qualquer forma, que alguém tivesse decidido fazer essa semana, juntando coisas de mediadores (como o cemitério para caçar fantasmas) e de bruxos (como a sala da inquisição) parecia oportuno demais. No entanto, eu não poderia perder a oportunidade de ver quão certa era a visão dessa pessoa sobre pessoas como eu. Eu era relativamente nova na história da bruxaria e nos feitiços, mas meu pai é o melhor professor que você poderia imaginar. E modéstia à parte, eu sou uma excelente aluna.

Com essa idéia em mente, eu liguei para Seth, chamando ele para ir comigo. Ele aceitou, o que me deixou aliviada, desde o dia que nos perdemos na estrada as coisas estavam meio... Estranhas, lentamente voltando ao normal, mas ainda estranhas, talvez por eu ter usado magia direito pela primeira vez que o contei o que eu era, e mesmo que ele estivesse levando a coisa toda muito melhor do que qualquer outro levaria, devia ser muito estranho pensar que sua namorada era um aborto da natureza. Eu só ficava feliz que ele estivesse se acostumando com a idéia, e as coisas estavam voltando ao normal.

No horário marcado ele passou em casa pra me buscar e nós fomos para o tal lugar. Eu já havia visto a programação e minha primeira escolha, óbvia, era a Sala da Inquisição. As interpretações dada à história seriam com certeza interessantes, coisa que foi um pouco difícil de enfiar na cabeça do Seth, mas eu consegui com um pouco de charme feminino pra cima dele. Mesmo assim, ele parecia menos interessado em assistir a encenação do que em analisar as informações sobre feitiços e poções, volta e meia me fazendo perguntas, como se eu fosse algum tipo de expert em bruxaria. Não, esse é meu pai.

- Seth, eu quero ver a encenação. Vamos? - Eu segurei uma mão dele entre as minhas, tentando puxar ele de uma poção, ou imitação de poção, sei lá, mas tá aí uma pessoa difícil de puxar. Ele me fez uma pergunta e eu olhei ao redor. O lugar estava vazio, eu via apenas um outro casal por ali, a questão é que eu esperava, sinceramente, que eles não tivessem escutando.

Como assim uma tal de Semana do Sobrenatural? Como se eu não tivesse passado por coisas sobrenaturais demais por esses dias, ainda Carmel me inventa essas comemorações estranhas. Tipo assim, tem gente que comemora os santos, os heróis, e essa maldita cidadezinha com nome de doce comemora.... ÍNDIOS MACUMBEIROS!...ok, ok, talvez eu devesse ter mais respeito com os índios mac...bruxos, vai eles costuram meu nome na boca de um sapo né?

Bem, eu não estava no melhor dos humores para ver essas comemorações bizarras, mas, como eu e Sam estávamos meio ''assim-assim'', depois do incidente no post de gasolina, então resolvi que o melhor a fazer era irmos juntos para os macumbeiros índios, ou sei lá o que mais.

Eu passei para pegar Sam, e, devo dizer que me surpreendi como a coisa estava realmente bem-feita. Eu praticamente implorei para que fôssemos caçar uns fantasmas primeiro, mas, devo dizer que Sam foi intolerável em ceder a escolha,e lá fomos para a Sala de Inquisição.

Eu de meia em meia hora perguntava para Sam se tais poções e feitiçõs realmente funcionavam, mas Sam apenas dava de ombros e dizia que não sabia....Pff...

Seth, eu quero ver a encenação. Vamos?

-Ah Sam, que droga, não er graça ser uma bruxa se não sabe o feitiço para fazer o nariz do Jeff crescer- ela me olho como se eu tivesse falado a pior coisa do mundo.

Aí eu olhei ao redor: hey, o treco estava vazio, então....

....então que o eco aumentava minha voz o bastante para que as únicas pessoas no local além de nós e das bruxinhas da barraca pudessem ouvir...

Ouch?

You are young and so am I
And this is wrong
But who am I to judge?
You feel like heaven when we touch
I guess for me this is enough*

Ahm?

Ah, celular...CELULAR?

Augh. Cadê, cadê, cadê....ACHEI!

O que foi meio difícil, na bagunça que estava meu amado quarto. Sabe como é, meias, calças, camisas e cuecas... e etc....

Calling - Mel

- Hm, alo? - minha voz saiu sonolenta, e não era para menos. Ah, vamos, quem é que acorda antes da uma da tarde em sábados? Só os loucos madrugadores.
- Ed, tá tendo uma Semana do Sobrenatural aqui em Carmel e... - Semana do Sobrenatural? Aw, era só o que me faltava
- Mel eu...
- Ah, vaaamos vai.
Então eu lembrei que ela ainda devia estar com a bochecha dolorida desde a última vez que a morena veio aqui.
- Ok, ok. Daqui a meia-hora, na praça principal.

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Eu corria feito louco pelas ruas daquela minúscula cidade, olhando no relógio a cada 5 segundos. Estava quase atrasado, e como de costume, tropeçei nos meus próprios pés e caí com tudo no chão, á metros dela, que se segurou pra não rir. O rubor inundou meu rosto, e ela não se aguentou mais. Eu ri junto, sabia o quanto era engraçado para os de fora.

Limpei a maior parte da poeira dos meus jeans, mas não adiantou muito, de forma que eu fiquei com uma mancha marrom em cada um dos joelhos até chegarmos no lugar da tal Semana do Sobrenatural.

Que, se você for pensar, é bem irônico, dado a quantidade de fênomenos estranhos que vem acontecendo aqui. E com estranhos, eu quero dizer eu.

Era de se esperar que Mel já tivesse visto muitos eventos extraordinários por esses dias, mas parece que não, de modo que ela estava com um sorriso no rosto ao nos dirigirmos para a Sala da Inquisição.

Agora, me digam, tem coisa mais besta do que tentarem queimar um bruxo?

Acho que não.

Porque, se você for analisar bem, quem morria nas fogueiras não eram bruxos de verdade. Talvez uns manés praticantes de Wicca, mas não bruxos. Porque os reais trataram de se mudar rapidinho, com suas identidades em jogo. E teletransporte existe.

Ela quase me deu uma aula de História quando passamos a observar o que lá se encontrava. O que é completamente inútil quando se sabe a verdade. Passamos a maior parte do tempo nas barraquinhas, onde Mel leu a sua sorte e a minha também. Rolei os olhos, entediado. Aquilo era besteira pura. Cruzei os braços em um gesto de impaciência e ela apertou minha bochecha, dizendo-me para não ficar emburradinho. Senti minha face ficar quente e a morena reprimiu uma risadinha.

Me pegou pelo braço - oi, corrente elétrica - e me arrastou até o lugar onde seriam encenadas as queimadas de bruxas. Coisa mais inútil de se fazer.

- Mel, isso é...inútil. E muito chato também - virei os olhos para cima.

- Edward, isso é história. E deveria ser importante para você saber, já que ninguém te “ensinou” toda esse negócio de bruxaria – ela retrucou, a última parte com um sussuro que me fez arrepiar deliciosamente, enquanto riscava aspas no ar.

- Sabe, não acho que as pessoas vão querer me enfiar numa fogueira tão cedo - justifiquei. Ela estava pronta para responder quando ouvimos algo que...ah, não se escuta todo dia.

- Ah Sam, que droga, não er graça ser uma bruxa se não sabe o feitiço para fazer o nariz do Jeff crescer - uma voz masculina falou, ecoando pelas paredes do lugar.

Tá, essa me pegou...outros bruxos aqui? Achei que os Good, ou qualquer outra família bruxa tivessem se extinguido.

Parece que não.

Wow.

Será que eu tinha ouvido direito?

- Edward... – chamei ele, engolindo em seco, meus olhos um pouco arregalados e apertando sua mão contra a minha.

Meu Deus, não acredito que fiquei tão surpresa por descobrir que existem outros bruxos. Era totalmente estúpido acreditar que só havia um.

Que se dane. Só sei que eu fiquei bastante surpresa quando o guri moreno do outro lado da sala (ele e a menina loirinha que estava com ele [e que era, aparentemente, uma bruxa] eram os únicos na exibição além de mim e Edward) disse:

- Ah Sam, que droga, não tem graça ser uma bruxa se não sabe o feitiço para fazer o nariz do Jeff crescer – ele reclamou, e posso dizer que a menina (Samantha, parecia) o olhou feio.

Claro. Ele tinha totalmente revelado pra gente o que ela era.

Se eu estivesse no lugar dela, já tinha dado um soco no ombro dele, mas isso não vem ao caso. Eu olhei para meu amigo, ainda perplexo, e perguntei baixinho:

- Você não quer ir falar com ela? – sugeri. Eu estava dando um tiro no escuro; a menina podia totalmente ser uma humana normal, e Edward se revelar à toa.

Mas eu não acreditava realmente nisso. O brilho que eu vi nos olhos dela foi... diferente. E, ao mesmo tempo, totalmente igual ao brilho presente nos olhos do meu amigo toda vez que eu o pego fazendo bruxarias.

Ouvi Edward engolir em seco ao meu lado e apertei sua mão o mais leve que podia, para mostrar apoio.

- Ah Sam, que droga, não tem graça ser uma bruxa se não sabe o feitiço para fazer o nariz do Jeff crescer

Nessas horas teria sido uma boa que eu pudesse ter parado o tempo. Por que é que essas coisas nunca aconteciam quando eu queria. Porque, sinceramente, a situação era toda propícia pra que isso tivesse acontecido. E normalmente nem precisava de tanto. Só que Seth ainda piscava me encarando com aquela cara infelizmente super fofa de quem sabe que fez algo errado e o casalzinho que estava ali também me encarava. Oh, surprise, surprise. A procissão estranha no entanto estava estranhamente parada e foi quando a realização me ocorreu. Eu estava tocando Seth, ainda tinha uma de suas mãos entre as minhas, o que provavelmente causava algum tipo de impedimento que meu feitço o atingisse, e eu já sabia que essa minha pequena explosão de magia descontrolada não funcionava com bruxos, e o casal também estava de mãos dadas. O que só poderia querer dizer que um deles era bruxo. Uh-oh.

Assim que essa realização me bateu demorou milésimos de segundo para que a procissão voltasse a se mover e eu soltasse a mão de Seth, o empurrando para um lugar onde eu pudesse observar o casalzinho melhor. Então, ok, eu havia me exposto. Por meros segundos e pra no mínimo um bruxo. Grande coisa, um bruxo não vai estranhar de ver outro bruxo, vai? Talvez só seja um daqueles ubber conservadores, tipo a Diaba da Lindsay, e decida que eliminar meu namorado por saber de mais seja necessário. Só de pensar nisso, meu estômago embrulhava e eu tinha vontade de sair correndo mesmo com o Seth, mas eu não podia ser tão óbvia assim. E vai, quais as chances de um garoto e uma garota mais ou menos da minha idade serem ubber conservadores e tentarem matar ele? Tá, não são exatamente baixas. Urgh.

- Ok, vamos fingir que nada aconteceu, por enquanto... - Eu sussurrei para Seth, voltando a segurar sua mão. - Eu tenho a impressão que pelo menos um deles é bruxo também, só que não sei quais as intenções deles, ou se eles notaram mesmo... Mas por favor. Você pode ficar quieto, Seth? Até alguma coisa acontecer? - Eu não podia falar com ele que eu estava com medo por ele. Aí sim ele se afastava. E eu não precisava arrumar problemas com a família doida do meu pai por ter exposto a magia graças ao meu namorado humano também.

Ai, mas que droga, porque diabos eu fui nascer assim?

Ok, eu achava totalmente non-sense que a Sam quisesse ver a tal sala de Inquisição, afinal, bruxas tinham morrido ali, né? E não creio que ela ficasse interessada com a idéia de ir até um lugar onde fazia uma admiração a uma época que queimasse bruxas, sendo a Sam uma delas! Por isso que eu digo que cabeça de mulher é uma coisa que ninguém entende, e Sam personifica isso.

Mas eu nunca esperava que a besteira que eu falei fosse causar [s] aquilo [/s].

E de repente, por um tempo ínfimo (olha, eu sei essa palavra), o tempo parou. Tipo, foi algo como um piscar de olhos, mas realmente aconteceu!

Ok, vamos fingir que nada aconteceu, por enquanto... - Eu tenho a impressão que pelo menos um deles é bruxo também, só que não sei quais as intenções deles, ou se eles notaram mesmo... Mas por favor. Você pode ficar quieto, Seth? Até alguma coisa acontecer? -

Ela falou, enquanto eu sentia que o outro casal estava se aproximando. EU sussurei no seu ouvido.

-Claro Sam, você que faz um feitiço e eu que sou o errado na história?- disse, esperando que alguma coisa acontecesse.

Uma coisa não muito séria, por favor!

Mel agarrou mais forte meu braço - aquilo ia deixar marcas - e sussurrou ao pé do meu ouvido (outra coisa que ela precisa parar de fazer. Esses arrepios ainda vão me matar), com uma voz receosa - Edward...você não quer ir falar com ela?

E, do nada, a procissão que estava para começar congelou. Como se tivessem petrificado o tempo naquele segundo.

Mas então porque diabos eu ainda estava vendo tudo?

Não, não podia ser reflexo bruxo. Sabe, eles só acontecem quando eu estou morto de vergonha/nervoso, e a situação não era bem essa. Apreensivo era a palavras certa. Talvez aquela garota não fosse uma bruxa. Talvez eles estivessem só brincando. Mas uma vozinha na minha cabeça me dizia que aquilo era verdade, que eu havia encontrado outra bruxa. Engoli em seco, e as mãos de Mel escorregaram para as minhas, entrelaçando os dedos nos meus. Quem via de fora podia pensar que éramos um casal de namorados. Mas aquilo era tão improvável para mim, tão distante, que eu procurava não pensar muito no assunto.

O tempo voltou a correr, e eu puxei a mão da Mel levemente, para nos aproximarmos. Era um risco, mas eu precisava corrê-lo.

- Claro Sam, você que faz um feitiço e eu que sou o errado na história? - A voz do garoto de cabelos negros ribombou mais uma vez em meus ouvidos. Pelas calças de Merlin, como ele falava alto! Sam devia estar com vontade de colocar um feitiço colante nos lábios do moreno. Seria a minha vontade se eu fosse namorada daquele cara...ew.

Que vontade de vomitar.

Apressei o passo e em alguns segundos estávamos frente à frente com o casal. Engoli em seco novamente. A garota tinha os cabelos longos, louro-arruivados, e tinha as mãos entrelaçadas com o rapaz bocudo. Respirei fundo, tomei coragem e falei.

- E-então, vo-você ta-ta-também é u-uma bru-bruxa?

Para quê! Tropeçei bonito nas palavras, e quando olhei para Mel, ela segurava um risinho. Senti minhas bochechas corarem. Abaixei a cara, e ouvi Mel repetir a pergunta, mas com uma voz clara e límpida, bem diferente do meu show gaguinho de segundos atrás.

- Claro Sam, você que faz um feitiço e eu que sou o errado na história?

É. É isso que eu ganho por me preocupar com ele. Uma enorme patada. Ergui uma sobrancelha para encará-lo, ignorando o outro casal, que parecia estar se recuperando.

- E quando as palavras "errado" saíram da minha boca, Seth? Eu só... - Não terminei a minha frase porque eu os senti parados perto de nós, há quanto tempo deveriam estar a ali? Eu não tinha idéia, mas pelas feições deles, o bastante para terem escutado mais do que eu gostaria. Lancei um último olhar irritada para Seth antes de analisar o casal.

Eles eram definitivamente mais novos, e o garoto parecia que ia vomitar a qualquer instante. Definitivamente ele era o bruxo. A garota parecia relaxada demais com a situação para saber que encontrar um bruxo por aí não é exatamente a melhor coisa do mundo. Não é como se nós pudéssemos sair por aí, dando tapinhas nas costas uns dos outros e perguntando se ele havia lido a última edição do Feitiço Semanal e o que ele achava de poções para curar gripe. Não, não rola. E os humanos não conseguem exatamente entender isso. Quer dizer, é só olhar como o Seth não consegue falar discretamente quando toca nesse assunto, como se fosse a coisa mais normal do mundo o que, realmente, seria muito melhor se fosse como as coisas realmente são.

- E-então, vo-você ta-ta-também é u-uma bru-bruxa?

O garoto falou primeiro, gaguejando muito, assim, mais que o normal. E eu juro que ouvi algo fazendo um "bum" baixo não muito distante dali. A garota, que parecia tentar não rir do... Namorado? Repetiu a pergunta sem toda a gagueira. O que pra mim só mostrava que realmente, humanos normais jamais vão saber o quanto isso é estranho para outros bruxos. Eu olhei ao meu redor, a procissão passava e ninguém parecia estar prestando atenção em nós.

- Uhm... - Olhei para o garoto. - E você também é um, não é? - Pressionei meus lábios, pensando no que falar, enquanto o garoto acenava com a cabeça em resposta. Ficamos em silêncio por mais um tempo enquanto eu voltava a analisar o casal. Ela era definitivamente humana e ele parecia tímido demais pra ser qualquer tipo de ameaça. Além do que, eu preciso admitir, agora que eles estavam perto e ele estava obviamente com um mal-estar tão grande quanto o meu, e a garota parecia estar achando aquilo tudo a coisa mais engraçada do mundo, eles até que pareciam simpático. - Samantha Good. - Sorri. - Quer dizer, eu sou Samantha. Good. - Ótimo, agora eu ia enrolar a língua também. - É. Uhm... Pensei em estender a mão, mas parecia uma coisa idiota. Então olhei ao nosso redor novamente, até que meus olhos pararam em Seth, morrendo de vontade de mandar ele falar alguma coisa. Quer dizer, AGORA era uma excelente ocasião pra ele abrir a boca.

Como assim o tempo parou? E como assim mais um bruxo? Ok, ok, as coisas em Carmel estão ficando um pouco mais esquisitas do que eu achava que poderiam ficar. Digo, eu sabia que existiam mais bruxos, pelo que Sam havia me dito sobre as coisas e tal, mas eu sinceramente não acreditava que eles pudessem estar por aí, tão perto, deveriam ser como um figurinha de baseball rara, ou sei lá o quê. Tipo aquelas coisas que você só vê uma vez na vida.

Mas não, não em Carmel, que, misteriosamente, passou da cidade mais pacata de universo para um abrigo de bruxos em potencial. Bem, acho que por mais que Sam houvesse me contado as histórias de bruxos e de sua família, isso tudo era um quanto tanto estranho para mim. O casal então chegou até nós, e o garoto (que tinha uma semelhança com alguém que eu conhecia, mas não sabia quem), começou a [s]vomitar[/s] falar:

- E-então, vo-você ta-ta-também é u-uma bru-bruxa?

Eu arqueei a sobrancelha.

Olhei para Sam que parecia meio apreensiva. Então voltei meus olhos para a garota que acompanhava o rapaz gago, e ela parecia ser a única que estava totalmente à vontade com tudo aquilo ali. Será que ela também era uma bruxa?Não, provavelmente não, especialmente depois que ela repitiu as palavras do rapaz e não se incluiu nelas (viu, às vezes posso ter um raciocínio rápido, benhê!). Ela parecia se diverir às custas do pobre gago coitado.

Foi então a vez de Sam falar alguma coisa

Uhm... - - E você também é um, não é? - Samantha Good. - Quer dizer, eu sou Samantha. Good. -

Será que a gagueira era algo contagioso? Seria melhor eu me apressar e cortar aquele clima todo gago que se instalava por ali.

-Bem, eu sou Seth Stone, o namorado da bruxinha aqui do lado- falei, acenando- -Nossa,tem tantos bruxos por aqui.....deve ser alguma coisa no ar- oi, era uma piadinha tá? Não tenho culpa se as pessoas não entederam ou a piada que era sem graça demais, talvez, mas eu nunca iria dizer isso, lógico!- falei, rindo, e esperando que os outros se apresentassem.

E Sam me jogou um olhar do tipo ''vamos-nos-ver-em-casa-quando-chegarmos"

Medo.

Um clima estranho pairava em toda a situação. E a mão da Mel enconstando na minha não ajudava.

- Uhm...E você também é um, não é? - perguntou a garota, olhando diretamente para mim. Fiz que sim com a cabeça. Não estava disposto à acrescentar mais um mico à minha coleção gigante, principalmente na seção "Gagueira Idiota". O silencio entre nós quatro era palpável. Um minuto se passou, até que a loira quebrou o gelo.

- Samantha Good. - ela sorriu - Quer dizer, eu sou Samantha. Good. - repetiu, um nervosismo aparente na voz. Espera. Eu escutei direito? Meus ouvidos não estão com, hã, cera demais? Ela disse GOOD?

Goof. Eu estava na frente de uma das minhas primas. Acho. Porém, preferi não declarar isso em voz alta. Estava receoso. Vai que eles resolvem que eu sou uma violação, um incesto? Ai de mim.

- Bem, eu sou Seth Stone, o namorado da bruxinha aqui do lado - do nada, o moreno que tinha as mãos atadas à Sam, falou, apontando para ela - Nossa,tem tantos bruxos por aqui.....deve ser alguma coisa no ar

Que...Esse cara tem problema, sério. Pensando bem, todas as pessoas normais tinham. Não entenderiam como pode ser...desastroso quando dois bruxos inimigos se veêm. Ou como isso é ruim para nós, tendo que controlar a magia e tudo mais. E a pior de todas: um segredo mortal. Poderiam matar com justa causa a pessoa para quem você contou. Por isso eu havia ficado tão apreensivo quando Mel quis se aproximar. Nunca se sabe.

- Ah. Edward Turner - falei, tentando não gaguejar. Felizmente, obtive sucesso. Nao sentia necessidade de mencionar que eu era um Good. Não queria ter vínculo algum com o resto das famílias bruxas daqui. Só me traria mais problemas.

Sorri.

Seth parecia estar engranado em uma de me fazer passar vergonha hoje. Provavelmente não era nem de propósito, mas caramba... O que eu havia feito de errado? Porque ele não podia simplesmente. Eu suspirei levemente enquanto os outros dois se apresentvam. O bruxo se chama Edward Turner e a garota ao lado dele se apresentou como Mel Mastriani.

- Puxa, que nome bonito! - Eu não me contive. Acho que o que quer que Seth tivesse havia passado parra mim, porque agora eu mesma estava me envergonhando. - Quer dizer... É diferente e soa legal... Uhm... É. - Balancei a cabeça e me virei para o bruxo. Turner. Não era nenhum sobrenome do qual meu pai houvesse falado, o que me fazia crer que ele havia herdado o gene de forma distante. - Puxa, você tem sorte de não ter nenhum DOS sobrenomes. Não fazer parte daquelas famílias confusas... - Suspirei. - Você pode até namorar com ela em paz, sem que sua tia maluca ache que sua namorada é uma ameaça. - Eu olhei de esguelha para Seth, apertando sua mão de leve, tentando fazer ele se lembrar "hey, eu estou aqui, não liga pra isso. Nada de mal vai acontecer agora" e murmurei um "sinto muito por ter surtado" pra ele. Não era realmente culpa dele que eu estivesse paranóica.. Mas sabe, eu acho que deveria ter ficado quieta. Porque quando eu encarei Edward e Mel eu tive medo que algo ali fosse explodir. Mais especificamente, o próprio Edward. Uhm? "Sabe Sam, talvez eles fossem só amigos." Uma vozinha que soava um pouco como a de Seth disse na minha cabeça. Oops.

Tudo bem, suponhamos que eu esteja dando muita bola fora naquele momento, mas não era necessariamente de propósito, talvez, se eu fosse em algum analista, ou algo do gênero, poderiam afirmar que eu estava tentando levar aquela situação na brincadeira, ou na levianidade, simplesmente pela minha falta de tato em aceitar o que eu estava realmente pensando, ou seja, pela minha não aceitação em que coisas como aquelas e casos como aqueles realmente existiam...

AH DUDE, ISSO ME CANSOU!

Aquela não era a hora de raciocínios como esses, aliás, eu nem mesmo sem de onde veio isso. Suspirei voltando a prestar atenção na conversa.

...Mel Mastriani. Prazer em conhecer vocês.

Puxa, que nome bonito! - Quer dizer... É diferente e soa legal... Uhm... É. - - Puxa, você tem sorte de não ter nenhum DOS sobrenomes. Não fazer parte daquelas famílias confusas... -Você pode até namorar com ela em paz, sem que sua tia maluca ache que sua namorada é uma ameaça

Sammy apertou minha mão, e, eu, em contra partida, apertei-a de volta, puxando mais próxima mim, como se também pedisse desculpa pela minha falta de tato, que, jurei internamente, não mais fazer hoje, ao menos.

-Bem, então, o que você e sua namorada estão fazendo por essas bandas?

Mas pela reação deles, eu sabia que minha promessa havia ido por água abaixo.

- Mel Mastriani. Prazer em conhecer vocês. - falou ela, acenando e dando um belo sorriso.

E que sorriso...ok, concentre-se.

- Puxa, que nome bonito! Quer dizer... É diferente e soa legal... Uhm... É. - falou a menina, Samantha, tendo meio que um tipo de surto, o tom de voz baixando a cada palavra, até quase se transformar em um sussurro, a vergonha se sobressaindo na voz. Naquela hora, tive pena. Bem, eu sabia como era quando essas coisas aconteciam certo?

E não era nada legal.

Então, ela se virou para mim.

- Puxa, você tem sorte de não ter nenhum DOS sobrenomes. Não fazer parte daquelas famílias confusas... Você pode até namorar com ela em paz, sem que sua tia maluca ache que sua namorada é uma ameaça. - falou Sam, suspirando pesadamente.

Fiquei estático.

- Bem, então, o que você e sua namorada estão fazendo por essas bandas? - perguntou Seth, chegando mais perto da bruxa.

E foi nessa hora que eu começei a ter um ataque de tosse.

Porque eu e Mel não éramos namorado e namorada. Éramos amigo e amiga. E só. Eu acho. A possibilidade de hm, saírmos nos beijando por aí era quase nula.

Assim que o acesso passou - depois de muitos tapinhas nas costas por parte de minha amiga - tentei explicar a situação.

- Ah, eu e ela não somos...

E então aconteceu algo que eu não consigo explicar. Mel apertou minha mão com mais força - meus dedos nunca mais seriam os mesmos depois daquilo - deitou a cabeça no meu ombro e pôs a outra mão no meu ombro - Ah, é claaro. Vocês devem ter um azar danado. Quer dizer, pelo menos eu e Edward não enfrentamos esse tipo de obstáculo com nosso amor.

Anh? Alguem me fala o que DIABOS ela está fazendo?

Porque eu, hm, eu não sei.

- Er... Me desculpem. Eu meio que não resisti. Mas eu e Edward não estamos namorando, sabe?



uhm...
Isso é muito...
Constrangedor.

Eu tampei a minha boca com a mão tentando não rir ou soltar quinhentos pedidos de desculpas de uma vez. Mas seria totalmente pior ficar sem fazer nada.

- Puxa... Desculpem. É que vocês estavam de mãos dadas e parecem tão... Bem... Próximos... - Eu balancei a cabeça.

Não estava sendo um dia particularmente bom e tudo que eu mais queria era uma desculpa pra ficar muda o resto dele e não passar vergnha de novo.