Talking about male restrooms. [Fe-cha-do]

Eu não sou de fazer drama. Ou encenações. Na verdade, eu era demasiadamente irritadiça para perder meu tempo com isso, porém, eu tive que sair do parque, naquela hora. Eu não imaginava como isso poderia ficar. Eu não sabia se podia controlar a mediação como eu supostamente controlava a bruxaria, quer dizer, eu sabia que não podia controlar o outro ''dom'', mas eu não sabia se isso iria influenciar na parcela bruxa que havia em mim.

E além do mais eu havia perdido meu livro de 500 dólares.

Sim, 1742 páginas e 500 dólares. E havia ficado no parque. No parque junto de uma areia suja e da grama com bichinhos. A essa hora deviam estar comendo as preciosas páginas do meu livro. Maldita hora que eu havia tido a brilhante idéia de ter feito isso.

E ainda havia o Shawn. Eu o havia deixado no parque, sem ao menos dar nenhuma explicação. Eu só esperava que não o visse de novo mentira!, porque ele certamente estaria com a certeza de que eu era louca. E com razão.

O fato é que eu decidi respirar fundo, e, no dia da faculdade, encarei a biblioteca fantasmagórica de novo. Eu havia passado o final de semana sem ter nenhuma manifestação de seres do além, então, acho que isso poderia ter passado.

Doce Ilusão.

Tinha duas horas que eu estava sentada, estudando, quando eu senti o frio. Eu já sabia o que poderia acontecer. Esperava vozes, sussuros, mas não o que eu vi.

Alguém.

Meus olhos não acreditavam enquanto eu via um vulto azulado bem na minha frente, materializado. Saí correndo da biblioteca, enquanto abria a primeira porta que estava em minha frente, e, com algo inconsciente, usei da minha bruxaria para trancá-la. Me enconstei na porta, tentando respirar, enquanto não acreditava naquilo.

Eu não acreditava que estava fazendo isso. Tipo, cavar em parques no meio da noite ou tarde, se infiltrar em aquariums ou museus, isso não é problema comigo. Mas retirar o décimo quarto azulejo da terceira cabine de um banheiro masculino da universidade de Carmel...aí já é demais. É um banheiro, man! E por mais que me falem que limpam isso, vendo essas manchas no chão, fica meio difícil de acreditar.

E por que cargas d’água estou fazendo isso? Bom, primeiramente: eu vejo fantasmas. Segundo: estou com medo de voltar para casa de mãos vazias. Não por causa do fantasma...está bem, é por causa do fantasma. Ele é um homem gordo, velho e pesado, e eu não gostaria que ele se rebelasse contra mim, já que não posso usar o meu charme com ele.

Comecei a raspar o rejunte com a chave, na esperança de assim fazer um buraco e retirar o azulejo dali. Isso ia demorar, meu. Fique nisso por uns cinco segundos quando finalmente o azulejo caiu sozinho no chão. Legal, cacos de azulejo voaram em todas direções e agora não daria para colocá-lo de volta no lugar. Not my fault. A intenção é que conta. Lá no buraco, enrolado em um paninho estava o chaveiro que eu deveria enviar para o filho do sujeito. Sweet.

Estava colocando o pacotinho no meu bolso quando escutei a porta bater e se trancar. Será que eles têm alguma política contra tirar azulejos do banheiro? Ou pior, eles filmam aqui dentro? Quanta falta de privacidade, cara. Saí da cabine com as mãos para o alto. Meu pai não ficaria nada feliz se eu fosse preso por um de seus ex-colegas.

Foi aí que eu vi quem era. Como era o nome dela mesmo? Aquele que fugiu de mim no parque e esqueceu aquele livro enorme...ah, Allegra. Ela estava encostada na porta, com a respiração forte e meio pálida, mas ainda sim, bonita.Deus, ela estava bonita. Abaixei meus braços e comecei a encará-la. Quando ela abriu os olhos dei um tchauzinho e sorri.

Antes que ela começasse a falar qualquer coisa, eu comecei:

- Olha se eu puder ajudar, o porte ilegal de armas foi, durante décadas, apenas uma contravenção penal. Em vista da crescente criminalidade violenta, foi editada a "Lei de Armas de Fogo", que tornou essa conduta um crime, cominando pena de detenção de um a dois anos e multa, mas vê-se que importantes alterações foram realizadas. Primeiramente, a lei não pune apenas o porte ilegal de arma de fogo, mas também de acessórios e munições. Além disso, a pena foi aumentada de 1 a 2 anos para de 2 a 4 anos. Assim, o crime deixa de ser considerado de menor potencial ofensivo. – vendo sua cara de espanto e confusão, dei de ombros e emendei – Você esqueceu seu livro. No parque. Aquele dia. – cruzei os braços e olhei ao redor. Eu tenho certeza absoluta que entrei no banheiro certo.

Eu não sabia como meu sistema nervoso havia entrado em frangalhos daquele jeito, para eu entrar [e fazer explodir] o trinco da porta voar a uma distância considerável. Ao menos, no entanto, eu estava longe daquele fantasma, e sozinha, felizmente, eu poderia surtar ali, até voltar ao domínio dos meus atos. Porém eu estava redondamente enganada, como estava acontecendo sempre naqueles dias.

Antes mesmo que eu pudesse voltar a mim, eu senti a porta de um dos banheiros se abrindo [ah é, eu notava agora que estava em um banheiro], e, para a minha surpresa considerável, o ''alguém'' que saia do banheiro, era nada mais nada menos que o rapaz que eu havia conhecido no parque, dias antes.

Situação bizarra: eu, ele, banheiro, porta quebrada, fantasma.

Incrível.

Antes que eu pudesse colocar meus caóticos pensamentos em ordem, ele então falou antes que eu pudesse sequer abrir a boca para tentar explicar certas coisas.

Olha se eu puder ajudar, o porte ilegal de armas foi, durante décadas, apenas uma contravenção penal. Em vista da crescente criminalidade violenta, foi editada a "Lei de Armas de Fogo", que tornou essa conduta um crime, cominando pena de detenção de um a dois anos e multa, mas vê-se que importantes alterações foram realizadas. Primeiramente, a lei não pune apenas o porte ilegal de arma de fogo, mas também de acessórios e munições. Além disso, a pena foi aumentada de 1 a 2 anos para de 2 a 4 anos. Assim, o crime deixa de ser considerado de menor potencial ofensivo./i]

Eu estava com a boca aberta. Uma expressão de [i]WhataaFuck? em meus olhos. Será que eu estava sonhando? Porque aquilo era muito bizarro, até mesmo para minha vida. Ele deve ter, logicamente, notado que eu estava completamente sem entender nada, e então falou, explicando.

Você esqueceu seu livro. No parque. Aquele dia.. Uma luzinha se acendeu em minha mente.

Então ele olhou ao redor. E eu fiz o mesmo. Estava no banheiro masculino, caramba!. Tanto lugar para entrar, e eu logo resolvo me trancar no banheiro masculino. Nessa horas eu pergunto: O que diabos eu fiz para merecer isso? Senti que devia algum tipo de explicação. Me ergui, um pouco mais calma.

-Ah certo, o livro...você o leu, então...- ''ok, isso foi sem nexo'', pensei, enquanto meus olhos varriam o chão procurando pelo trinco, para tentar, de algum modo, escondê-lo, porém, ele estava atrás de Shawn, e eu tinha que tentar despistá-lo. - Ah bem, eu entrei aqui me....ahn...escondendo do Craig... isso, do Craig. Ele pode ser bem insistente, sabe?- eu sou péssima com mentiras.

-Ah certo, o livro...você o leu, então... – ela parecia meio perturbada. Seria porque eu e ela estávamos juntos num mesmo banheiro? Vai saber, as mulheres são estranhas. Coloquei as mãos nos bolsos e esperei enquanto ela percorria o chão nojento do banheiro com os olhos. – Ah bem, eu entrei aqui me....ahn...escondendo do Craig... isso, do Craig. Ele pode ser bem insistente, sabe? - fui até a pia e comecei a lavar as mãos. Eu não sei por que eu fiz isso, mas parecia a melhor coisa para se fazer naquele momento. Apertei umas dez vezes o negócio de sabonete liquido e abri a torneira.

Sabe como eu sabia que tinha alguma coisa errada? Um, eu não conhecia nenhum Craig, e olha que eu conheço quase todo mundo dessa cidade. Dois, ela estava pálida e com a voz desafinada e finalmente três, Allegra estava com a cara apavorada e ela não é o tipo de garota que se apavora com qualquer coisa. Ou pelo menos assim penso eu.

Comecei a puxar o papel pra secar as mãos e olhei para ela com as sobrancelhas franzidas. – Craig? Craig Williams, o zelador? – cheguei mais perto dela e olhei em seus olhos – Ele fez alguma coisa com você? Alguma coisa que não deveria fazer? – tentei parecer bravo e valente. Só parecer, porque eu sabia que mesmo que ela dissesse que sim, eu não teria que bater em ninguém, já que Craig Williams, o zelador, não existia.

Joguei o papel no lixo e cheguei mais perto de Allegra – Se ele fez qualquer coisa com você, pode me contar, Allegra. Talvez a gente possa procurar alguma solução naquele seu livro enorme que por acaso está comigo. – de preferência lá em casa, com filmes de zombies e WAR.

Eu estava desesperada para contar alguma coisa que mostrasse, de uma forma normal, porque eu estava daquele jeito. Claro que a única saída foi mentir, e esperar que ele fosse embora o mais rápido possível. Eu comentei alguma coisa, que parecia ser bem racional, sobre alguém me perseguindo, e, logicamente, seria uma dessas histórias que um rapaz não queria saber de mais detalhes, e com certeza, deixaria a menina problemática de lado, certo? ERRADO. De novo.

Craig? Craig Williams, o zelador?- eu me surpreendi quando ele disse isso. Olhei para ele, tentando saber o que fazer -Ele fez alguma coisa com você? Alguma coisa que não deveria fazer? - eu não sabia o que dizer. Quem era esse Craig Williams/ E por que raios Shawn se importava? Ele, além do mais, estava se aproximando de mim, e isso deixava minha respiração ainda mais ofegante, se isso pudesse ser possível.

e ele fez qualquer coisa com você, pode me contar, Allegra. Talvez a gente possa procurar alguma solução naquele seu livro enorme que por acaso está comigo. - ele estava perto demais agora. Me desvencilhei dele, tentando respirar, enquanto me virar para a porta.

- É, é, foi o Craig, mas acho que ele não vai mais fazer coisas nenhuma...é...isso, pois é...ele...bem, não precisa fazer nada, obrigada e....- e quando eu tentei abrir a porta, idiotamente, me lembrei de um detalhe importante, que eu tinha esquecido:

Eu havia quebrado o trinco da porta, que, por sua vez, estava longe demais.

IDIOTA!!!!

- É, é, foi o Craig, mas acho que ele não vai mais fazer coisas nenhuma...é...isso, pois é...ele...bem, não precisa fazer nada, obrigada e... - ela tentou se afastar e abrir a porta do banheiro. Ah, sério? Eu estava fedendo ou o quê? Por que ela tinha que sair correndo dali mais uma vez? Estava pensando nisso quando, finalmente, algo me atingiu. Não literalmente.

Por que é que ela estava mentindo? Porque até onde eu sei, não existe nenhum Craig Williams nessa universidade. E se eu fosse, hipoteticamente, até o cara tirar satisfação? Ela deixaria eu quebrar a cara do sujeito sem mais nem menos? Cara, será que ela tem problemas? Não que eu me importe, tipo...eu vejo e falo com fantasmas, então ela ter alguns parafusos a menos não seria nenhum problema.

Ela ficou parada em frente a porta por alguns segundos, encarando o espaço que deveria ter uma maçaneta. Fui para o outro lado do banheiro e me encostei na parede com os braços cruzados. – Acho que para abrir essa porta você vai precisar daquela maçaneta, ali. – apontei para o chão e fiquei esperando sua reação.

Ela parecia bem desconfortável com toda situação e aposto que ela daria qualquer coisa para dar o fora daqui. Mas sabe? Dessa vez ela teria que me dizer tchau. Ninguém só sai correndo do nada na direção oposta de um carrinho de sorvetes. Qual é?! Será que eu peguei muito pesado na história de intolerância à lactose?

Acho que para abrir essa porta você vai precisar daquela maçaneta, ali.

Ele disse , e não parecia nenhum pouco surtado ao ver que misteriosamente o trinco da porta havia quebrado, e eu pensei comigo mesma de que talvez eu estivesse fazendo tempestade em um copo d'água. Ainda de costa, me recompus, e tentei voltar ao meu normal.

Respirei fundo, enquanto me aproximava dele.

- É bem, e agora? Como iremos sair daqui? Creio que aquela janela esteja fechada a tantos anos que não tem como abrir- falei, olhando para a janela, a única que havia, de um tamanho mínimo- - Ah não ser que preferia ficar no banheiro comigo- falei, cínica, enquanto sorria de lado, e ia lavar meu rosto, mas, por dentro, com medo de que alguma coisa a mais saísse do controle, e do que eu iria dizer para Shawn.

E ainda tinha a história do tal Craig, que, se realmente existisse, estaria levando fama à tóa, pobre coitado.

Ela respirou fundo e começou a andar na minha direção. Espera aí, não era eu que era tratado como se tivesse lepra? O que ela estava fazendo vindo em minha direção? – É bem, e agora? Como iremos sair daqui? Creio que aquela janela esteja fechada a tantos anos que não tem como abrir. – Ela olhou pensativa para a janela mais horrível e nojenta do mundo e suspirou. Ela ficava linda quando fazia essa cara de te-desprezo-e-não-quero-ficar-na-sua-presença. – Ah não ser que preferia ficar no banheiro comigo – ela faz isso de propósito, não?

Enquanto ela lavava o rosto, eu mexia no chaveiro dentro do meu bolso, o motivo pelo qual estava nesse banheiro trancado com Allegra. Obrigado, obrigado Deus ou qualquer energia cósmica. Desencostei da parede e peguei a maçaneta, ou o que restou dela. Tentei colocar de novo na porta, mas sem sucesso. Eu podia sentir os olhos dela nas minhas costas, e tenho certeza de que estava pensando “Nossa, como o Shawn é calmo e talvez o homem mais lindo que eu já vi na face da terra.”

- Allegra, eu preferiria ficar preso no zoológico de Carmel para sempre desde que você estivesse lá comigo. Claro que não na jaula dos rinocerontes. Odeio rinocerontes. –mentira me virei e sorri. Joguei a maçaneta no chão e continuei – Não vai levar muito tempo até alguém querer usar o banheiro. E enquanto esse alguém não chega, você pode me contar por que mentiu sobre Craig Williams, o zelador. – Fiquei ali parado, no meio do banheiro, esperando por uma resposta de uma Allegra incrédula.

Certo, uma coisa que eu tinha que colocar em xeque: Shawn se saía bem sobre pressão. Porque era eu quem estava surtando sobre ficar presa no banheiro masculino e , gente, banheiros masculinos não são um dos melhores lugares para você ficar, creia em mim quando digo que é um ambiente totalmente hostil. Quando eu acabei de lavar emu rosto, Shawn estava na porta, tentando arranjar um jeito de colocar no trinco de volta no lugar, e me pergunto que tipo de possoa carrega artefatos assim no bolso quando vai ao banheiro.

- Allegra, eu preferiria ficar preso no zoológico de Carmel para sempre desde que você estivesse lá comigo. Claro que não na jaula dos rinocerontes. Odeio rinocerontes. - eu fiquei, confesso, um pouco surpresa com o que ele havia falado, ou, talvez, seja mais uma daquelas coisas que os meninos falam, apenas por insitinto, por isso, eu não deveria ter ficado vermelha quando ele acabou de pronunciar aquelas palavras.

Não vai levar muito tempo até alguém querer usar o banheiro. E enquanto esse alguém não chega, você pode me contar por que mentiu sobre Craig Williams, o zelador.- eu não preciso dizer que minha boca havia caído. POis havia. E muito.

Ok, Shawn era muito mais observador do que eu pensava. Suspirei, enquanto pegava papel higiênico, e forrava um lugar para que eu sentasse, enquanto via o olhar dele em mim. Suspirei mais uma vez.

- Não existe nenhum Craig Williams, o zelador, não é? Já imaginava...- disse- -Eu menti porque a verdade é muito bizarra, até mesmo para mim, Shawn- falei, descrente.

Ela deu um longo suspiro. Ahá! Então Craig Williams não existia mesmo. Eu estava apostando alto, pois não tinha tanta certeza sobre sua existência há alguns minutos antes. Vai que o cara realmente existia? Williams e Craig são nomes bem comuns na América. Ela começou a puxar um bolo de papel higiênico de uma cabine, dobrou, afofou e finalmente se sentou. Esperta, ela. Seria muito idiota alguém se sentar naquele chão. Sabe qual outro motivo que me fez pensar que nosso amigo Craig não existe? O zelador nunca deixaria o chão do banheiro masculino se transformar nisso.

- Não existe nenhum Craig Williams, o zelador, não é? Já imaginava... Eu menti porque a verdade é muito bizarra, até mesmo para mim, Shawn. – Ela estava suspirando demais, não parecia ser algo muito típico de Allegra, pelo menos pelo pouco que eu a conheço. Ela ficou de cabeça baixa, olhando para uma mancha suspeita no chão.

Me aproximei e me agachei bem em sua frente. Procurei seus olhos e não havia nenhuma lágrima, graças a Deus! Eu nunca sei o que fazer quando uma pessoa está mal ou chorando. Tipo, o que é que eu poderia falar? Eu até a deixaria sozinha se ela quisesse, mas o mais longe que eu chegaria era a última cabine perto da porta.

- Ah, qual é, Allegra? Não é como se você fosse como aquele menininho do filme: “Eu vejo gente morta.” – fiz uma cara boba e infantil e fiquei olhando para ela. – Você não vai falar a fala do Bruce Willis? Tudo bem, eu falo: ”Com que freqüência?” “Todo tempo.” – Sorri e coloquei a mão em seu ombro. – E mesmo que fosse, eu ainda seria seu amigo. – Às vezes eu realmente acho que passo do ponto...Eu poderia ter interpretado a cena TÃO melhor.

Ok, era muito difícil de admitir, mas eu confesso que estava gostando da presença de Shawn Hill. Bem, isso, certamente, se devia ao fato de que ao menos eu estava deixando de transparecer toda aquela agonia, o que fazia com que eu me forçasse a não pensar naquilo. O que era uma coisa boa.

Eu me sentei no chão, enquanto ficava fitando o mesmo, e foi quando Shawn veio ao meu encontro. Parecia um pouco sem noção do que fazer, mas então, falou:

- Ah, qual é, Allegra? Não é como se você fosse como aquele menininho do filme: “Eu vejo gente morta. - eu ergui a sobrancelha, enquanto engolia seco, sabe, era exatamente isso que estava acontecendo tá, certo, a diferença é que eu não via realmente, ou ao menos, nitidamente, e não era um garotinho fofo como o Joel , então, sem que eu saísse do meu ''mini-estado de choque'', ele continuou.

ocê não vai falar a fala do Bruce Willis? Tudo bem, eu falo: ”Com que freqüência?” “Todo tempo.”- ele colocou a mão em meu ombro- E mesmo que fosse, eu ainda seria seu amigo. - eu olhei para a mão dele em meu ombro, e logo depois fixamente para ele.

- E se isso fosse verdadade, Hill? Espera, não, e se além de eu ver ''gente morta'', eu ainda fosse detentora de outro tipo de ''dom'', e seu eu fosse uma bruxa?- eu falei aquilo com ênfase, e, ficamos nos olhando, sérios, por alguns segundos, até que eu risse amargurada. -Mas bem, eu não sou, né?

- E se isso fosse verdadade, Hill? Espera, não, e se além de eu ver ''gente morta'', eu ainda fosse detentora de outro tipo de ''dom'', e seu eu fosse uma bruxa? – Vai ser a coisa mais estranha o que eu vou dizer, mas eu fiquei sem ação. Sério, imagina se do nada a menina com quem você ficou preso no banheiro falasse que era uma bruxa, o que você faria? E o pior é que eu não sabia se era literalmente ou não. Ela poderia ser uma bruxa do tipo que ferra com as pessoas ou que só faz coisas ruins, sabe? O que eu acho que não, porque ela não parece esse tipo de pessoa. Então me resta a opção de que ela é uma bruxa, tipo...de verdade.

Fiquei encarando-a com meu sorriso meio desfeito. Eu precisava de uma resposta boa, porque dependendo do que eu falasse, ela poderia tirar a própria vida! E eu não queria isso para ninguém, pois poderiam vir encher meu saco depois especialmente para Allegra. Antes que dissesse qualquer coisa, ela riu de um jeito estranho –Mas bem, eu não sou, né?

Me levantei e comecei a andar pelo banheiro. Não era uma coisa normal eu ficar sem fala, mas talvez seja o efeito “Allegra” na minha vida – Bom, eu diria que se você fosse uma bruxa e visse gente morta...você seria uma pessoa ferrada. – Parei em frente a porta do banheiro. Quando é que alguém vai se dar conta de que existem duas pessoas trancadas nessa joça? – Mas eu posso te garantir que você seria a bruxa mais bonita que eu já vi. – Me virei e dei uma piscada. Esse era o jeito como meu pai paquerava as mulheres. Eu sei, deprimente.

Caminhei até ela e estendi a mão para ajudá-la a se levantar. – Além do mais, os mortos nem sempre são maus. Um pouquinho insistentes, mas só isso. – Sorri mais uma vez, tentando lhe passar confiança. Eu não era de ficar sorrindo para todo mundo. São poucos que têm o prazer de ver minhas pérolas chamadas dentes, mas era tão fácil fazer isso com ela por perto. – Então...quer sair daqui ou o quê? – Fui até a porta e comecei a gritar por socorro. Nem sempre podemos contar com alguém louco para ir ao banheiro.

Eu poderia ter falado demais. Na verdade, eu tinha certeza ter falado demais, porém, eu sabia que isso era demais para qualquer pessoa, é coisa de contos-de-fadas, na verdade, então, sabia que ele não iria verificar a veracidade do que eu havia falado, na verdade, era tão fantasioso que às vezes nem realmente eu acreditava no que eu era. Shawn se levantou e começou a andar pelo banheiro, como se estivesse pensando . Ele então logo falou:

Bom, eu diria que se você fosse uma bruxa e visse gente morta...você seria uma pessoa ferrada.

Eu levantei minha sobrancelha. É,bem, era exatamente isso do que eu estava falando. Sim, eu sou uma pessoa que vê gente morta. Bem, ou ao menos está começando a ver, na verdade. E sou uma bruxa. Sempre fui uma bruxa. Bem, certamente isso era muito bizarro. Mas, hey, bem-vindo a minha vida.

Mas eu posso te garantir que você seria a bruxa mais bonita que eu já vi.

Ele se virou, dando uma piscada. Um gesto totalmente ''Don Juan'' pro meu gosto. Eu franzi a sobrancelha, enquanto dava língua para ele. Ele então se dirigiu até mim, e, me ajudando a levantar, continuou a conversa.

– Além do mais, os mortos nem sempre são maus. Um pouquinho insistentes, mas só isso

Certo. Isso foi estranho. Algo me dizia que ele não era apenas uma pessoa que dizia isso apenas por ver filmes de terror. Eu fiquei com uma pulga atrás da orelha e eu tinha medo, que, naquele banheiro, isso pudesse acontecer no sentido literal. Então, me arrisquei. Rapidamente, deixei minha mão um pouco mais tempo na dele, enquanto, de um gesto só, percorri sua memória. E o que eu vi foi um fantama. Um fantasma, e Shawn falava com ele. Era o que eu precisava.

Um Mediador. Era isso que ele era.

Aquilo me deixou cansada, às vezes usar os poderes faziam isso.

Então...quer sair daqui ou o quê?

Eu vi seus esforços para sair do banheiro, enquanto ria baixinho. Um mediador. Meu Deus, um outro como eu, ou ao menos parecido. Ele era um mediador. EU estava surpresa. Eu ri, enquanto o afastava da porta.

- Posso confiar em vocÊ? - ele me respondeu sem entender.- Se afasta... - falei, enquanto o afastava, e, em um estampido, a porta se abriu. Ele estava boquiaberto.- Não é só você que tem segredos, Hill - disse, enquanto saía do banheiro, e ele ainda continuava lá dentro.

-Vai ficar aí?

finalizado, beibe