11 de setembro - 22:16 pm < Começo >

– O que você espera desse programa, senhor Webber?
- Bem, eu espero o melhor. Que seja inesquecível. É uma aventura pra mim.
- Entrou nessa pra vencer?
- Tá de brincadeira?
- E sua família? Te apoiou na descisão sobre entrar em um Reality Show?
- Ah, minha mãe só foi saber agora, mas acho que tá tudo bem. Por via das duvidas, acho melhor levar o prémio pra casa. HAHA! Mãe, sabe que te amo, né?
- Obrigado Sr Webber, boa sorte no jogo!
- AEEEEEEE, SUMMY, TORÇA POR MIM MANINHA! \O/




11 de Setembro - 11:30h

O barulho quase ensurdecedor das pessoas gritando do lado de fora da casa não parava de fazer meu coração bater meio desgovernado. Eu estava muito doido, cara. Muito doido mesmo. Havia bebido pelo menos umas seis doses de tequila e mais algumas das trocentas que eles nos ofereceram antes das câmeras começarem a gravar. E era algo que eu tinha que lembrar de agradecer porque, cara, álcool no sangue sempre me faz relaxar. Pelo menos foi o que eu imaginei até que todo mundo começou a gritar quando Peter chamou os onze nomes. E um desses nomes foi o meu. Eu tava nervoso, cara, não tem como negar. Não demonstrei, claro. Até porque gatinhas do mundo inteiro iriam me assistir. Tudo bem que não dá pra fingir o tempo inteiro, ainda mais quando se é tão transparente quanto eu. Mas pelo menos uma boa impressão inicial eu queria causar.

Eu não parava de gritar junto com todo mundo. Eu e as dez pessoas restantes estávamos obviamente muito eufóricos. E isso se acentuou e muito quando as portam se abriram e nós entramos para dentro dos limites da casa. Era lá que eu ficaria, se deus ajudasse, os dois meses seguintes. Se Deus não ajudasse, eu iria ser eliminado. Mas qual é, man, o premio no final era mais que satisfatório. Eu tinha que ganhar. Tá, eu confesso que não tinha mandado o meu vídeo de esportes radicais pro programa só por causa da grana. Era mais como... diversão. Aquilo era irado, era divertido demais. Eu não podia perder. Que chances teriam de haver outro programa do gênero em Carmel, a capital do fim do mundo? Eu ainda nem conseguia acreditar que Peter Seacrest, o apresentador de reality shows mais famoso do mundo, estava pisando o mesmo chão que eu.

Meio correndo e meio pulando, eu acenei pra galera uma ultima vez e desapareci por entre as portas luminosas da casa.

Quando me contaram eu achei que fosse sacanagem, pra ser sincero. Olhe, eu me inscrevi porque perdi uma aposta com os meninos do colégio. Eu nem queria ir, mas a oportunidade de faturar uma grana alta sem fazer esforço, só sendo eu mesmo, era meio que indispensável. Eu poderia usar o dinheiro reformando minha casa, comprando todos os jogos de videogueimes que o homem já ouviu falar, e até doar um pouco para a caridade – mamãe se asseguraria dessa última parte.

A coisa é que eu nunca sequer imaginei que entraria, e lá estava eu, quase à meia-noite, entrando na casa, meu coração martelando no peito, e a mala lotada pesando em minha mão. Eu respirei fundo e rumei na direção da entrada, logo depois dos repórteres terem me enchido de perguntas sobre minhas expectativas. Eu não me lembro do que tinha respondido; eu estava anestesiado, aquilo tudo era para mim, um sonho.

Tinha minhas dúvidas sobre se seria o ganhador ou não, mas o que eu esperava era, ao menos, me divertir e fazer bons amigos. Como todos os participantes eram de Carmel, essa possibilidade era bem mais possível se fosse um reality show nacional. Só sei que eu apertei a alça da mala com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos e, sorrindo, eu entrei na casa em que esperava ficar, ao menos, um mês e meio.