Oh, isn't this alarming?

Eu ainda não havia conseguido superar toda essa história de ser bruxa e de haverem outros bruxos em Carmel, como Corinne, a menina do penhasco havia me contado. Aparentemente eram vários. E aparentemente... Estavam se reunindo por uma questão estranha que eu não fazia questão nenhuma de entender. Eu só queria ser normal. Então foi por isso que quando minha mãe me gritou um: "SAM É O SETH!" eu corri para atender o telefone. Ele era a única coisa mais ou menos normal na minha vida nesse momento. Considerando que não era exatamente normal, mas pelo menos não envolvia nada relacionado à magia.

- Alô? - Atendi meio ofegante e escutei ele rir do outro lado. Obviamente ele ia ter idéias totalmente erradas, mas eu não estava nem um pouco aí pra isso no momento.

- Então, Sam... Já que nós estamos em uma... Trégua... E hoje é sábado... Você não quer sair? Ir num cinema, comer um lanche, uma coisa assim... - Ele perguntou, ainda rindo um pouco.

- Claro... Em nome da trégua, seria um prazer sair com você, se você se comportar. - Ele deu um outra risada, dessa vez irônica e combinou de me pegar às sete para irmos ao cinema.

Eu preciso admitir que fiquei nervosa. Eu já havia saído com garotos antes, é óbvio, mas nunca ninguém como ele... E eu falo isso em vários sentidos. Nunca ninguém que havia se aproximado de mim primeiro por causa da música ou alguém que fosse... Talentoso como ele. E nunca alguém com uma personalidade tão conflitante com a minha. É, conflitante é uma boa palavra, eu acho.

Ah, e eu também nunca havia saído com ninguém tendo consciência de que era uma bruxa e que meu pai havia mentido pra mim e tudo mais. Então eu tinha todos os motivos do mundo para ficar nervosa e eu fiquei. Meu pai teve que lançar um feitiço bloqueando meus poderes temporariamente porque eu ficava... Parando o tempo frequentemente, afetando só a mamãe, porque aparentemente isso não afeta bruxos e tudo mais. E preciso admitir, o fato de saber que eu estava sob um feitiço me deixava ainda mais nervosa.

Eu me arrumei rápido demais, (na percepção da minha mãe, claro, na minha percepção e do meu pai eu demorei muito tempo), optando por um visual mais casual... Ele havia dito cinema e lanche, então eu não precisava me arrumar muito. Precisava? Troquei de roupa umas várias vezes até me decidir por uma batinha e uma bermuda jeans acompanhados de uma sapatilha fofa que eu adorava e me dei por satisfeita.

Infelizmente, eu só tive que ficar tempo demais esperando, mas era minha culpa né? Porque assim que deram sete horas a campainha tocou. Eu gritei aos meus pais que ia abrir e sair, mas claro que não adiantou, eles queriam dar uma olhada no garoto que ia levar a filha deles pra sair, então ainda tive que esperar algumas perguntas de pais zelosos até eles se decidirem se iam ou não com a cara do Seth (minha mãe definitivamente foi, meu pai por outro lado...) e só então nós ficamos sozinhos. Pela primeira vez no que parecia muito tempo.

- Uhm... Então... Seu carro? - Eu perguntei, meio sem graça apontando para o carro na direção do qual ele andava (e eu seguia). Bem, o carro podia ser do pai dele vai saber... E além do que... Eu não fazia idéia do que falar.

Sentado no meu quarto, olhando para o teto, me deu um insight!.. Por que não convidar a Sam para sair? Acho que depois do que aconteceu lá, ela estava sem raiva de mim, então, podia convidá-la sem medo de levar outro murro.

Eu então falei com ela, que aceitou o convite. Me arrumei na hora certa, vesti uma calça jeans, e uma blusa listrada, que, modéstia a parte, ficava muito bem em mim. Na hora acertada, toquei a campanhia da porta, e vi Sam, que estava muito bonita, vestindo uma roupa causal, mas eu acertava com o lugar para onde iríamos.

Então saímos da casa dela.

- Uhm... Então... Seu carro?

Eu olhei para o meu bebê, eu havia ganho o carro tinha apenas duas semanas, meus pais haviam me dado por causa dos meus rendimentos, e por conta de, nas palavras deles, ''eu ser um filho exemplar'', eu havia escolhido pessoalmente a cor, e tudo. Era o
carro que eu queria.

-É o meu bebê...ao lado dele, só meus instrumentos musicais.- falei, brincando, enquanto ela entrava no carro, e eu, como um bom cavalheiro, fiz questão de abrir a porta.

A levei para o Freddy's, um lugar que vendia os melhores hambúrgueres de Carmel, e depois, poderíamos ir ao cinema. O lugar era como um point hype da cidade, cheio de gente, após sentarmos, depois de alguns minutos em pé, olhei para ela.

-Então...melhorou depois daquela vez?- falei , enquanto o garçom chegava com o cardápio.

Ele respondeu a minha pergunta sobre o carro e eu dei uma risadinha em resposta, entrando no carro (e ele havia segurado a porta para mim) silenciosamente. Era meio desconfortável pensar que eu estava sob a porcaria de um feitiço e toda vez que eu olhava para ele, só conseguia pensar que ele era... Normal. Coisa que eu nunca havia sido...

Eu simplesmente não conseguia focar minha mente naquele momento, focar nele, nas palavras dele... Então a ida até a lanchonete foi meio... Forçada... Não que eu ache que ele tenha notado, mas... Eu me senti assim.

-Então...melhorou depois daquela vez?

Ele perguntou, enquanto recebíamos os cardápios e eu admito que demorei um pouco a me tocar que ele estava falando comigo. O encarei como se estivesse saindo de um transe e respondi.

- Oh... Ahm... Melhore... Ah, bem... Eu acho que estou... Sob controle agora... - Disse desviando os olhos para o cardápio, me sentindo nervosa comigo mesma, eu não estava agindo corretamente. - Uhm... Descansada, você sabe... - Voltei a encará-lo, mordendo meu lábio inferior. - Mas o que você sugere? Esse cardápio tem tantas opções que eu fico meio tonta. - Dei um sorriso, tentando suavizar o ambiente... Mesmo que fosse só eu quem sentisse o peso no ar.

Oh... Ahm... Melhore... Ah, bem... Eu acho que estou... Sob controle agora... - Uhm... Descansada, você sabe... - Mas o que você sugere? Esse cardápio tem tantas opções que eu fico meio tonta.

Eu olhei curiosamente para ela, levantando uma sobrancelha arqueada. Bem, pelo jeito ela não estava tão bem assim, estava meio..aérea, distraída.

-Bem, eu realmente acho que você fica tonta com muitas coisas..- falei, rindo.

-Aconselho o nº9 aqui, com milk-shake, que tal?- olhei para ela.

-Bem, e aí? O que me contas de novo? Fazendo muitas músicas no piano
?

Eu nao ia dizer a ela a quantidade de músicas que estava fazendo esses dias, realmente não ia..

-Bem, eu realmente acho que você fica tonta com muitas coisas..- Ele observou dando uma risada agradável que eu acabei acompanhando.

- Bem, eu tenho motivos para ficar tonta... Por favor... Eu mal consigo ler as descrições de tantos sanduíches... Fala que se fosse sua primeira vez você não ficaria tonto também? - Eu disse, fingindo de ofendida, mas rindo em seguida.

-Aconselho o nº9 aqui, com milk-shake, que tal?-

- Eu vou aceitar o seu conselho, então... Não é nada muito monstruoso é? - Perguntei lendo a descrição no cardápio, que me parecia aceitável.

Então fizemos nossos pedidos e mais uma vez eu consegui voltar aos meus pensamentos nada legais enquanto o observava me observar. Eu queria tanto... Tanto ser como ele... Normal... Sem crises familiares...

-Bem, e aí? O que me contas de novo? Fazendo muitas músicas no piano?

Ele perguntou de repente, me tirando novamente dos meus pensamentos. O piano... Eu não tocava num piano há dias... Meus dedos reclamavam, mas assim que eu sentava no banco... Eu não conseguia me concentrar.

- Não... - Suspirei, desviando o olhar dele para o teto. - Eu não consigo... Me concentrar. A última vez que toquei foi na sua casa... - Respondi, brincando com uma mecha de cabelo.

Não... - Eu não consigo... Me concentrar. A última vez que toquei foi na sua casa...

-Realmente vejo que você está com problemas para se concentrar...- disse, num tom meio irritado.

Veja bem, estávamos num encontro, ela devia estar se divertindo, ou ao menos prestando atençao, mas parecia que ela não queria estar aqui, ou algo do gênero.

Bem, eu nunca fui conhecido por minha paciência invejável, nem de perto, e também não sou de guardar as coisas, por isso, já fui logo dizendo.

-Sam, veja bem, se você não quiser estar aqui, ou sair comigo, pode me dizer

- Realmente vejo que você está com problemas para se concentrar...

Ele falou soando irritado. E ok, ele tinha um motivo pra estar assim... Eu não estava sendo exatamente uma boa companhia. Eu havia aceitado isso para distrair a minha cabeça de tudo, é verdade, mas também porque eu sentia alguma coisa por ele... Eu não podia estragar tudo, podia? Desviei meu rosto e ele continuou a falar.

-Sam, veja bem, se você não quiser estar aqui, ou sair comigo, pode me dizer.

- Eu quero estar aqui, Seth. Eu quero. E eu quero sair com você... É só... Que muita coisa aconteceu e eu não consigo tirar isso da minha cabeça... - Respirei fundo antes de continuar. - Eu acho que só preciso... De processar... Tudo que aconteceu. - Eu enrolei uma mecha de cabelo no dedo. - Mas eu vou tentar me concentrar... Não quero ficar pensando nesses dramas... Eu quero estar aqui com você.

- Eu quero estar aqui, Seth. Eu quero. E eu quero sair com você... É só... Que muita coisa aconteceu e eu não consigo tirar isso da minha cabeça... -- Eu acho que só preciso... De processar... Tudo que aconteceu. - Mas eu vou tentar me concentrar... Não quero ficar pensando nesses dramas... Eu quero estar aqui com você

Eu não pude de esboçar um sorriso com a sua última frase. Ao menos, estávamos aqui pelos mesmos motivos.

Então eu peguei minha mão, e coloquei sobre a dela.

-Bem, se você quiser falar sobre isso, ou qualquer coisa..

Eu fiquei olhando fixamente em seus olhos, enquanto via seu rosto enrubescer de um modo suave e bonito.

Peguei a minha outra mão, e coloquei em seu pescoço, puxando-a levemente para perto de mim quando...

-Aqui estão seus pedidos

Olhei furioso para o garçom, que parecia ter ingerido alguma coisa ilícita, pois não estava nem ligando para o que acontecia ao seu redor, com seus fones de ouvido que tocavam um hard rock bem...hard.

-Bom apetite, então..- falei, frustado, mas sem deixar de rir pela situação inusitada.

Ele deu um sorriso leve com o que eu falei e colocou a mão sobre a minha.

-Bem, se você quiser falar sobre isso, ou qualquer coisa..

Ele disse, olhando bem nos meus olhos e eu não consegui formar nenhuma sentença. Minha mente vagando entre o modo como ele me olhava, intensamente e o fato de que eu nunca ia poder contar pra ele o que estava me incomodando de verdade. E então ele se aproximou mais, e eu sabia que ele ia me beijar novamente quando os nossos pedidos chegaram, e eu notei que estava segurando a respiração.

-Bom apetite, então. - Ele disse com uma risada meio frustrada e se virou para seu prato.

Eu fiz o mesmo, tentando botar meus pensamentos em ordem, enquanto brincava com a batata frita. Respirei profundamente, notando que ele estava ficando incomodado com o silêncio de novo. Eu não podia nem iria deixar ele me dar um fora assim por nada... Eu queria estar ali com ele e queria poder contar tudo. Mas eu simplesmente não podia.

- O que você faria se descobrisse algo que sua família estava escondendo de você? - Eu perguntei, tentando tirar pelo menos parte daquilo que estava me incomodando de dentro de mim, observando ele me encarar entre curioso e frustrado.

- O que você faria se descobrisse algo que sua família estava escondendo de você?

Eu ergui minha sobrancelha. Talvez o problema dela fosse maior do que eu pensava.

-Bem, acho primeiro que você tem que ter certeza, afinal, talvez nem eles próprios saibam...e...se por acaso realmente estiverem escondido, pense que eles podem estar pensando que seria melhor pra você não saber...Quer dizer, na maioria das vezes eles fazem isso para o nosso bem...clichê, eu sei, mas... - respirei. -Bem, de qualquer modo, eu acho que você podia falar com eles...- falei, sincero.

-Mas, eu acho que a gente devia falar de outros assuntos...pelo menos por hoje, eu quero fazer com que você não pense em mais nada...- falei, rindo para ela

O que ele falou fazia sentido até certo ponto. Meu pai estava querendo me proteger e proteger a mamãe, mas ele não podia realmente esperar que eu não fosse como ele... Ou ele iria simplesmente ignorar tudo?

- Mas, eu acho que a gente devia falar de outros assuntos...pelo menos por hoje, eu quero fazer com que você não pense em mais nada... - Ele continuou, sorrindo e me tirando dos meus pensamentos novamente.

- Uhm... Em nada? Nada mesmo? - Eu dei um sorrisinho de lado, observando ele fazer o mesmo e se aproximar.

- Uhm... Em nada? Nada mesmo?

Vocês estão de prova, ela estava de acordo! Nada de tapas, murros ou escoriações dessa vez.

Me aproximei suavemente dela, enquanto a beijava. Nos desvencilhamos em câmera lenta, enquanto mantia o riso na face.

As horas passaram rapidamente, enquanto nos divertíamos. Era bastante fácil passar as horas perto dela, era muito boa essa sensação também...parece que agora havia achado uma pessoa que eu podia realmente ficar.E eu estava vendo que realmente ela estava sem pensar tanto no que a deixava preocupada.

Seth Stone, procure um médico.

Eu ri com meu próprio pensamento, enquanto a levava de carro, ouvindo Oasis no meio do caminho. Eu a deixei na porta de casa, com um beijo.

-Escuta, você....estava a fim de ir no baile comigo? A Homecoming...amanhã?

O resto da noite passou perfeitamente, principalmente depois que ele me beijou, eu admito. Foi mais fácil relaxar e me divertir e esquecer de tudo, com ele ali, ao meu lado, fazendo gracinhas, me fazendo rir... Eu nem podia lembrar o que estava me incomodando.

-Escuta, você....estava a fim de ir no baile comigo? A Homecoming...amanhã?

Ele perguntou, já na porta da minha casa. Pra ser sincera, eu não sou exatamente fã desses eventos sociais. Eu só ia em bailes e tudo mais com minhas amigas, em grupo para rir um pouco das pessoas que realmente queriam ir nos bailes e depois de uma hora nós já estávamos lá, nada tinha mais graça e a gente ia pra alguma festa anti-baile. Ou então pra casa de alguém terminar as fofocas.

Mas então eu nunca tive um... Seth Stone na minha vida. Ele era o tipo de pessoa que vai em bailes... E eu não ia deixar ele dando sopa. Não ia mesmo.

- Eu tenho que falar com meus pais... - Ou mais precisamente, convencer o meu pai que era legal me deixar ir, de preferência sem feitiço algum em cima de mim. É desconfortável e eu aposto que cansa ele. Mordi o lábio observando Seth segurar o riso - Não ria. As coisas já estão complicadas do jeito que estão... Mas se intenção conta, eu não quero te deixar dando sopa com todas aquelas líderes de torcida. - Respondi sinceramente. - Então eu até quero ir nesse baile com você, e saiba que isso é muito.