Can u give my jacket back, please? - restrito

Acho que era ali.

Ok, eu tinha certeza. Não só pelo fato de o número, rua e bairro estarem corretos, mas por causa do M encrustado no portão de ferro. M de Mastriani, só podia ser.

Eu estava torcendo para a Mel estar sozinha em casa. Quero dizer, ia ser um pouco, hã, estranho, se os pais dela estivessem lá. Quer dizer, eu parecia um candidato a namorado ou qualquer coisa assim. E o girassol em minhas mão, oculta atrás de minhas costas, não ajudava muito.

Ah, eu passei numa floricultura ali perto, e achei que seria gentil, hm, dar algo à Mel. Tanto pelo fato de ter empurrado-a acidentalmente daquela rocha quanto por, hm, aquela morena ter salvado a minha vida.

Sabe como é, eu não sou de ser servo de alguém pela eternidade por essa pessoa não ter permitido que eu morresse e tudo mais. Mas acho que devo alguma coisa à ela.

Nem que seja um girassol solitário(porque eu estava sem dinheiro pra comprar um buquê).

Enfim, eu apertei a campainha e esperei. A vontade de fugir dali me invadiu por completo. O que eu ia falar se não fosse ela que atendeu? Onde eu fui amarrar meu burro....

Um cara que aparentava ter uns 18 anos atendeu a porta e olhou para mim de cima a baixo. Tinha os mesmos olhos azuis da Mel, e era um pouco mais alto que eu - Hm....a Antonella está aí? - Perguntei, nervoso. Ele olhou para dentro da casa - MEEEEL! VISITA PRA VOCÊ! - Berrou o garoto. E claro, voltou a me examinar com os olhos.

Oh-o.

Meus irmãos são idiotas.

E, francamente, coitada da Wendy. Quero dizer, ela namora Luigi, meu irmão mais velho, e ele não é nenhum cavalheiro.

Não como...

Não acredito que pensei nisso!

E por falar nele... Onde será que ele estava? Quero dizer, eu quase morri de tanto correr pra chegar em casa a tempo, levei uma bronca por ter chegado tão tarde (do meu pai. Mamãe nem ligou. Papai tem uma coisa de “jantar em família”, e “Almoço de Domingo” também) e ele nem apareceu.

Não que eu esteja triste com isso, é só que eu não quero ficar com a jaqueta dele.

É, acho que é isso.

Só pode ser isso.

- Mel, quer jogar? – vi a cabeça de Lorenzo despontando no meu sótão, um sorriso bobão de vitória estampado no rosto bronzeado de surfe. – Ganhei de Michael três vezes consecutivas. – ele se gabou, escancarando o sorriso.

Eu rolei os olhos e larguei a revista que eu lia.

- Michael consegue ser pior do que você? – zombei, me levantando da minha cama de casal (ser a única menina tem suas vantagens) e passando por Enzo com um rompante. – Você vai chorar, Rupert. – o chamei pelo nome do meio, como todos nós fazíamos no meio de uma competição.

Menos a mim. Todos me chamam de Mel, então, quando competimos, eu viro “Antonella”.

O que me irrita profundamente.

- Ah, cala essa boca e joga, Antonella. – ele rosnou, arremessando o joystick do Wii para mim.



Eu estava com cinco voltas de vantagem, e Michael (eu já havia vencido Lorenzo quatro vezes, até que ele se cansou e falou para o amigo tentar) já estava suando com o esforço.

Eu ri quando ultrapassei a linha de chegada.

- Alguém mais quer tentar? – ironizei, enquanto Michael dava dez dólares para Enzo, emburrado, e Vitorio olhava para mim, orgulhoso.

- MEEEEEL! – ouvi a voz de Luigi vinda da porta principal. Eu nem tinha visto que ele tinha saído da sala.

Nem tinha ouvido a campainha tocando.

- VISITA PRA VOCÊ! – ele continua.

- NÃO PRECISA GRITAR, SEU RETARDADO! – repliquei, certa de que era um de meus amigos, como Hugh, que adorava vir almoçar na minha casa aos domingos. Larguei o joystick no sofá, e Enzo foi correndo para pegar.

- Bobão. – digo, mostrando a língua para ele.

Não me preocupei que meu pai ouvisse. Ele que encrenca com isso, e ele estava no nosso restaurante, mas ia chegar para o almoço.

Meu pai e os almoços de domingo...

- Quem é? – perguntei, chegando à porta.

Para ver um Edward relativamente pálido do outro lado.

- Quem é ele? – ouvi meu irmão perguntar.

Então, engoli em seco.

Eu estava totalmente nervoso, suando frio e engolindo em seco.

Mas eu tinha uma razão para isso tudo. É sério, ele parecia que ia me fuzilar com os olhos. Vontade não faltou pra fugir dali, mas como costumava dizer meu tio, "Isso não é coisa de macho". Hmpf. Até parece. Ele é um atrasado, isso sim. Igualdade entre os sexos chegou, sr. Julianno Turner.

O que significa que seria até aceitável que eu largasse a margarida na mão do cara e sair correndo. Mas ainda seria falta de educação, e eu não preciso que as pessoas achem que eu sou mais esquisito ainda do que já pareço. Não preciso mesmo.

Enfim, voltemos ao que interessa. Uma Melissa totalmente surpresa por ter me visto ali(ou pelo menos parecia. Mas as sombrancelhas arqueadas e os olhos esbugalhados concerteza significavam alguma coisa) apareceu a porta.

- Quem é ele? - Foi a indagação do moreno. Ele poderia ser duas coisas, e as das seriam ruins a) Um namorado ciumento b) Um irmão superprotetor

E do jeito que ele me olhava, não dava para distinguir muito entre as duas coisas, sabe como é.

Até eu me tocar que devia me apresentar, levou um tempinho. Tempo demais - Ah, hm...sou E-Edward - Falei, tropeçando nas palavras, enquanto passava a mão que não estava ocupada com a flor no pescoço. Idiota, idiota, idiota. Você é um rato ou um homem, Edward?

Não preciso dizer que quando fico nervoso demais minha magia fica, ah, um poooouco fora de controle. Ok, admito, muito fora de controle. A culpa não é minha oras! Nascer bruxo não foi uma opção. A culpa foi de minha mãe, que mesmo sabendo que papai era "especial" teve um filho com ele. Ou seja, o dia ensolarado virar uma tempestade cheia de raios e uma ventania de fazer cair àrvores em segundos não era mera coincidência.

Me lembrem de pedir para mamãe me amarrar ao pé da cama da próxima vez que eu resolver sair de casa. Para conter o possível estrago que farei, comigo e com os outros.

Contando empurrá-las de rochedos. Essas coisas.

Luigi podia ser bem assustador quando queria.

Principalmente na primeira vez que ele via meus amigos. Eu não sei o motivo, Luigi nunca ia com a cara deles na primeira vez que o via.

Sem exceções.

O coitado do Edward parecia apavorado com meu irmão mais velho. E, vamos concordar, Luigi era jogador de futebol americano.

Era, tipo assim, a obrigação dele ser assustador.

- Ah, hm, sou E-Edward. – ele gaguejou fofamente, botando a mão atrás do pescoço.

- Ei, Luigi, ele é meu amigo. – falei, tentando enxotar meu irmão para a sala. – Acho que Enzo vai querer jogar uma partida com você. – incentivei, indo calmamente entre ele e Edward.

Meu irmão rosnou algo inaudível e voltou para sala, exigindo que Vitorio pusesse o jogo para três jogadores.

Eu o acompanhei com o olhar, quase suspirando de alívio. Luigi era superprotetor em relação a mim, e ficava assim com todos meus amigos, no início.

- Desculpa por isso. – falei para Edward. De repente, parecia que ia chover. Quero dizer, o sol se escondeu atrás de nuvens carregadas, do nada. – Ele esqueceu de tomar o remédio. – tentei brincar sorrindo. – Entra, antes que comece a chover. – pedi, escancarando a porta e exibindo o hall de entrada.

Mel tentou fazer o cara sair dali - Ei, Luigi, ele é meu amigo. Acho que Enzo vai querer jogar uma partida com você – Ah, Luigi...e isso não respondia as minhas indagações. Quero dizer, se ele era um namorado ou irmão. Mas afinal, porque diabos eu estava preocupado com isso?

- Desculpa por isso – A morena virou-se para mim – Ele esqueceu de tomar o remédio – Ergui as sombrancelhas, confuso. Se aquilo era uma tentativa de quebrar o gelo, não tinha dado certo – Entra, antes que comece a chover – Mel abriu a porta totalmente, enquanto as primeiras gotas de água começavam a molhar a calçada.

Entrei no cômodo, e, enquanto ela fechava a entrada, tirei a mão das costas e mostrei a flor que carregava comigo, estendendo-a para a garota - Ah...bem. Vi em uma floricultura aqui perto e achei que gostaria - Ela ficou surpresa com o meu gesto. Ah, gerei a reação esperada.

Spoiler:

A chuva que, aparentemente, surgira do nada, estava mais forte.

Edward entrou, o rosto ainda consideravelmente pálido, e tirou algo das costas.

Um girassol

- Ah... bem. Vi em uma floricultura aqui perto e achei que gostaria. – ele disse, sem jeito, enquanto eu sentia meus olhos faiscarem de surpresa.

- É lindo! – respondi, sorrindo. – Obrigada. – agradeci, e, para minha surpresa, senti meu rosto pegando fogo. – Ãnh, eu vou botar na água. – disse, tentando não ser muito clichê. – Quer vir? – perguntei, indicando a cozinha com o queixo.

E, por falar em cozinha, o almoço já devia estar quase pronto, porque o cheiro que saía de lá de dentro era delicioso.

Spoiler:

- É lindo! Obrigada – Os lábios da morena formavam um lindo sorriso. E era impressão minha ou ela estava ficando...quente? Uma cor muito parecida com a do tomate tomou conta do rosto de Mel. Eu me limitei a dar uma risadinha e fingir que não tinha percebido. O nervosismo que me preenchia segundos antes resolveu deixar minha mente, e como em um passe de mágica, o sol voltou a brilhar lá fora.

Bom, era magia mesmo. Mas ninguém além de mim sabia.

– Quer vir? – Ela apontou a cozinha, de onde notei que saía um cheiro muito, muito bom. E assustadoramente familiar. Aquilo era...canelone de queijo? Fala sério, eu não sentia o aroma daquilo desde que saí de Pisa. Tratei de controlar a minha gula e respondi, com cara de quem estava indeciso em aceitar o convite - Ah, não sei... - Oras, a quem estou tentando enganar! Eu salivava só de ouvir o nome daquela comida! - Pode ser - Terminei com um sorriso.

Ela me puxou pela mão e, bem, para se chegar à cozinha, teríamos que passar pela sala. Haviam três garotos sentados no sofá de couro branco, com os olhos vidrados na televisão, enquanto cada um segurava um volante no ar. Puder identificar um deles como Luigi, ao seu lado um garoto que parecia ter mais ou menos minha idade, parecido com o moreno ao seu lado, e consequentemente, com a garota que estava segurando minha mão. O outro devia ser um amigo deste, pois tinha os cabelos ruivos e era sardento.

Eu estava começando a achar que tinha me metido onde não devia. Luigi devia ser um irmão, e Lorenzo(eu o identifiquei pelo apelido, certo?) também. E pelo que eu havia visto antes, eles não eram muito receptivos.

Ou seja, assim que coloquei o pé dentro do cômodo, dois pares de olhos azuis se fincaram em mim e me encararam como se eu fosse algo nojento no prato deles.

Talvez eu fosse mesmo.

O sorriso dele era lindo. E eu não pude deixar de sorrir depois de vê-lo fazer o mesmo, e o conduzi até a cozinha.

O problema? Meus irmãos mais velhos – onde Vitorio estava? – estavam na sala. E, para chegarmos a cozinha, precisaríamos passar pela sala.

Eu não estava com medo. Quero dizer, Edward parecia. Mas ele não conhecia meus irmãos tão bem quanto eu, e eu sabia que eles só queriam assustá-lo.

Típico dos Bobões Mastriani.

Nós já estávamos na metade do caminho até a cozinha, quando ouvi o estúpido do meu irmão do meio falar:

― Não vai apresentar seu amigo, Antonella?

Devo dizer que o sangue meio que ferveu nas minhas veias. Eu não gostei nada da ênfase nojenta dele na palavra “amigo”, e menos ainda de ser chamada pelo meu primeiro nome.

Trinquei a mandíbula. Eles não me deixariam em paz (se é que alguma vez já me deixaram) enquanto eu desencanasse e apresentasse Edward na boa.

― Esse é o Edward ― disse na forma mais casual que pude. Me soou muito bem, e, pelo visto, aos meus irmãos também. ― Edward, esses são Luigi e Lorenzo, meus patéticos irmãos mais velhos ― murmurei, para que só ele ouvisse. ― E Michael, amigo de Enzo. Mamãe já acabou com o almoço? ― perguntei, a ninguém em particular, levando Edward mais perto da cozinha e o mais longe possível de meus delicados irmãos.

Ah, como eu queria matá-los...

Ela já tinha me arrastado até a metade do percurso quando o garoto do meio se virou para Mel - Não vai apresentar seu amigo, Antonella? - Ele deu um ênfase estranho à palavra amigo, e eu podia jurar, com um toque de sarcasmo. Olhei para ela e sua face estava retesada, olhado para os caras como se fosse fazê-los virar pó com um olhar. Garotas sabem fazer esse olhar de "Cala a boca ou te fuzilo" muito bem, sabe. Chega a assustar.

Ela resolveu relaxar, e, antes que eu pudesse abrir a boca, a morena falou por mim - Esse é o Edward - Com um tom meio, hã, falso de tranquilidade. Logo se inclinou para o lado e disse, de modo que só eu pudesse ouvir - Edward, esses são Luigi e Lorenzo, meus patéticos irmãos mais velhos. E Michael, amigo de Enzo - Eu já imaginava. Por algum motivo estranho, fiquei aliviado por nenhum deles ser namorado de Mel ou coisa assim.

A morena acabou de me guiar até a cozinha, onde o aroma de queijo se intensificou. Uma mulher de longos cabelos castanhos estava com um avental amarrado à cintura, de frente para a pia, derramando queijo derretido sobre a massa ainda quente. Ela se virou, notando a nossa presença lá.

Não estou exagerando quando digo que ela era somente uma versão mais velha de Mel. Os mesmos olhos azuis(que por sinal toda a família compartilhava esta marca), o mesmo sorriso, a mesma forma de se movimentar, tudo.

- Antonella, quantas vezes já não lhe disse para me avisar quando traz alguém para almoçar em casa? - Ralhou com a filha. Então, se virou para mim e deu um sorriso - Ah, olá querido. Sou Natalie, mãe da Melissa. Você é...? - Disse, enquanto tirava o avental xadrez - Edward, sra. Mastriani - Falei, me sentindo esquisito naquela situação. Parecia até que eu e Mel estávamos....não, o que é isso!

Eles me deixariam em paz.

Ao menos, era o que eu esperava. E, de qualquer forma, eles nunca implicavam com alguém “novo” por mais de uma semana.

Assim que entramos na graande cozinha praticamente industrial ― o fogão era, pelo menos ― minha mãe se virou para nós, me dirigindo um olhar não muito gentil.

- Antonella ― oie, nome do meio, por favoooooor! ―, quantas vezes já não lhe disse para me avisar quando traz alguém para almoçar em casa? ― perguntou ela.

Eu respondo: nunca. Mamãe deve ter dito isso porque... Ah, eu não sei o motivo.

Então, ela se virou para Edward:

- Ah, olá querido ― abriu um sorriso, enquanto eu abafava um sorriso. Mamãe devia estar pensando que Edward era, tipo assim, meu - gemido - namorado para tratá-lo tão bem assim. Não que ela trate meus amigos mal. – Sou Natalie, mãe de Melissa. – ela prosseguiu, e perguntou o nome dele.

Edward prontamente respondeu, meio envergonhado com a situação toda.

Eu acho que até eu estava meio corada.

- Então, Edward, quer ficar para almoçar? – perguntei gentilmente, tentando não cair na gargalhada ao usar as palavras “Edward” e “almoçar” na mesma frase.

Deu pra sentir meu rosto ficando quente, e, provavelmente, em questão de segundos minhas maçãs do rosto estariam com um bonito tom de vermelho.

- Então, Edward, quer ficar para almoçar? – Mel virou-se para mim, parecendo reprimir uma risada, enquanto mordia o lábio.

Almoçar? Engoli em seco. É claro que o cheiro dos canelones era tentador para mim - para quem não seria? - mas eu via várias coisas que provavelmente não seriam muito agradáveis para mim, entre elas o fato de que eu seria observado e monitorado constantemente pelos irmãos da morena, o que aumentava em 500% a chance de uma verdadeira catástrofe ocorrer na mesa dos Mastriani.

- Eu tenho escolha? - Inquiri a ela, que balançou a cabeça negativamente. Suspirei fundo e dei um sorriso forçado.

Ia ser legal se Edward ficasse para almoçar.

Isso se meus irmãos dessem uma folga pra ele. Mas, com meu pai a mesa, duvido que eles implicariam com meu amigo.

Porque era isso que Edward era, meu amigo.

- Eu tenho escolha? – ele perguntou, quando eu o convidei para almoçar.

Troquei um olhar travesso com minha mãe, que nos observava nem um pouco discretamente.

E neguei com a cabeça, ainda me segurando para não rir. Ele seu um suspiro pesado, e concordou com a cabeça.

Eu abri meu melhor sorriso.

- Que bom! – disse, apertando a mão dele. – Vamos até lá em cima, pra eu devolver seu casaco. – anunciei, conduzindo-o até as escadas da cozinha.

Apontei o girassol para minha mãe, antes de subir, que o pôs num jarro com água, ainda sorrindo, como se dissesse: “Minha filha arranjou um namorado!”

Eca.

- Que bom! – Ela apertou mais ainda minha mão. Se meus metacarpos já não estivessem quebrados, estavam perto, muito perto. Para uma garota de dezesseis anos, Mel tem uma força surpreendente. Fiz uma careta de dor, que ela não pareceu perceber - Vamos até lá em cima, pra eu devolver seu casaco - Continuou a morena, me guiando até uma escada no canto da cozinha.

Os degraus levavam à um corredor largo, de paredes cor creme, com, ah, 5 portas, se não me engano. Ela me levou até a terceira à esquerda. Ao abrí-la, surpresa! Mais uma escada, dessa vez em um metal escuro, de espiral.

Os degraus negros davam em um lugar totalmente escuro, onde eu não conseguia enxergar nada além de um centímetro do meu nariz.

A morena, que ainda me puxava pela mão, tateou a parede em busca do interruptor. Eu continuei andando, e, do nada, tropecei em algo macio, caindo com tudo no carpete. Ah, ficaria tudo bem se o meu imã interior para acidentes não interferisse nas pessoas à minha volta, mas a realidade não é essa. Infelizmente.

Meu rosto ficou em chamas assim que notei a posição em que, hã, tínhamos caído. A morena estava com os braços no meu peito, as pernas em cima das minhas e nossos lábios, a centímetros de distância. Eu tinha certeza de que ela podia ouvir meu coração batendo descompassadamente, à milhões, assim como eu podia sentir a respiração de Mel em minha face.

Essa cena tinha tudo para ter sido tirada de um filme romântico e meloso, com hm, a exceção de que nós dois éramos apenas amigos.

Só amigos.

Meu sótão é meu espaço.

Não posso dizer que tudo é minimamente organizado; quero dizer, não é uma bagunça gigantesca – eu sou, de fato, a mais organizada da família – mas tudo tem uma certa ordem: os livros num canto, a escrivaninha noutro...

E, claro, um pôster de Crepúsculo pendurado no teto, acima da cama.

Mas esse é o único indício que a série tem no meu quarto, excluindo-se os quatro volumes da série.

E o sótão é grande: eu tenho minha própria TV, meu PS2, meu computador e minha gatinha tem um lugar especialmente dela lá. Mamãe apelidou meu quarto carinhosamente de “Torre”. Se você viu o filme O Diário da Princesa, você entende a piadinha. E, além de tudo, tem o meu banheiro.

Mas, ainda dentro do meu quarto, tem uma escadinha que dá para o telhado, ou melhor, uma parte plana do telhado, que nunca entendi o motivo de estar ali. Mas, se você não me achar em nenhuma parte da casa, provavelmente me achará ali. Nenhum dos meus amigos conhecem aquele lugar. Eu gosto de ficar lá sozinha, ouvindo música ou lendo.

Enfim, eu subi com Edward até o sótão, para devolver a ele o casaco, e, o que já estou achando que é normal, ele caiu.

Até aí tudo bem. O problema é que ele me levou junto. O que, pensando agora, ele está fazendo com freqüência demais.

E eu caí em cima dele.

E pude sentir cada batida do coração dele, já que minhas mãos estavam em seu peito, e minhas pernas entre as dele.

Eu fiquei agradecida por ainda não ter conseguido ligar as luzes, porque eu estava mais vermelha do que uma coisa muito vermelha.

Nossas respirações se juntavam, e nossos lábios estavam tão perto que seu me aproximasse mais um pouco dele, estaríamos nos beijando.

Meu coração batia desesperado, e, por um instante, eu queria beijá-lo. Mordi o lábio e resisti ao impulso, me afastando dele.

Me levantei rapidamente, ainda vermelha e liguei a luz.

Ajudando-o a se levantar, perguntei:

- Você está bem?

Sinceramente? Se eu ficasse naquela posição por mais alguns míseros segundos, eu não me responsabilizaria por meus atos.

Quero dizer, para um cara, até que eu sou bem contido. Mas, naquele momento, com o perfume da Mel invadindo minhas narinas, fui tomado pela vontade completamente insana de beijar seu lábios, à um movimento de distância, de tocar seu rosto quente, de envolve-la com meus braços.

Argh, foco Edward!

Ela interrompeu o contato físico e se levantou em um pulo, ligando a luz. A claridade inundou o quarto e eu pude ver o mesmo rubor que se apresentava em minhas bochechas na face da morena - Você está bem? - Falou Mel, enquanto estendia a mão para me ajudar a levantar. Acenei que sim com a cabeça e me dispus a observar o quarto.

Meus olhos se detiveram em um pôster gigante colado no teto, exatamente em cima da cama. Um garoto de cabelos cor de broze e olhos dourados, com a pele muito pálida, surgia atrás de uma garota de cabelos castanhos, a segurando pelo braço. Sob os dois, a palavra "Crepúsculo" se destacava, espelhada.

- Uau - Murmurei, ainda olhando para o pôster, muito parecido com aqueles que há em cinemas, de filmes em exibição. Rolei os olhos pelo resto do quarto. Ela tinha uma generosa prateleira de livros e...logo ao lado, um escadinha que não devia ter mais do que 5 degraus, dando para uma porta pequena. A janela ao lado denunciava que ali não era o banheiro - Mel...para onde dá aquela porta? - Apontei a mesma, olhando para a morena.

Ele ficou meio embasbacado. Eu não sei por que. Sinceramente, meu quarto não é muito diferente dos das minhas poucas amigas.

Edward encarou o pôster no teto do meu quarto e eu corei um pouco mais, por ter um Edward no meu teto – ok, não era o mesmo Edward, mas, enfim...

- Uau. – ouvi-o murmurar, os olhos ainda no grande cartaz acima da minha cama.

Oi, hora de ficar vermelha!

- Legal, né? Ganhei de presente assim que o filme lançou. – protelei, indo me sentar na cama. Edward passava os olhos pelo meu sótão, curioso, até que parou num certo ponto.

E eu sabia exatamente onde era.

Os olhos dele estavam presos num canto de uma das paredes – logo depois das prateleiras de livros. A porta, pequena, e toda decorada com tons de rosa – dá uma folga, eu tinha cinco anos! – não tinha maçaneta, só um puxador.

- Mel... para onde dá aquela porta? – perguntou, curioso, apontando-a e olhando para mim.

Eu balancei meus pés na cama, fazendo-os roçar no carpete lilás, nervosa. Afinal, aquele era o meu lugar especial. Mordi o lábio e tomei uma decisão.

Saltei da cama, resoluta, e agarrei Edward – mais suavemente, dessa vez – pela mão, e o levei ates os degraus.

Empurrei a pequena porta – pequena, mas que nós dois conseguimos passar fácil – e me esgueirei até o telhado, indicando um lugar ao meu lado para Edward se sentar.

- É aqui que a porta dá. – anunciei, feliz, apontando a vista magnífica que tínhamos de Carmel daquele ponto da minha casa.

Assim que terminei de formular a pergunta, o olhar que ela me lançou era de pânico, sem motivo aparente. Mordeu o lábio, provavelmente decidindo se me mostrava ou não o que havia por de trás do portal. Eu estava começando a achar que ela escondia um alien lá dentro, quando a morena enlaçou sua mão na minha - porque ela insiste em ter contato físico? Isso não facilita as coisas pro meu lado - e me puxou até a porta rosa.

Tudo o que vi a partir daí foi o sol quente do meio-dia por todo o vale de Carmel. A casa de Mel ficava em uma das colinas da cidade, e, de lá, a vista era espetacular. A minha mandíbula despencou ao ver aquilo, e, quando olhei para a garota ao meu lado, ela sorria. A morena seguiu um pouco mais a frente, se sentando na beira do telhado, com os pés balançando perigosamente no ar.

- É aqui que a porta dá - O sorriso ainda se mantia no rosto dela quando anunciou o óbvio. Ainda embasbacado com a vista, sentei ao lado de Mel, retribuindo o sorriso radiante que ela me dava - Hm... - Murmurei, com um tom de entendido - Então foi por isso - Ressaltei a última palavra, enquanto apontava a cidade lá embaixo com o queixo - ...Que quis ficar no sotão? - Era uma pergunta retórica, ela sabia, e tudo o que fez só foi aumentar seu sorriso de dentes brilhantes.

Eu olhei para baixo, o jardim dos Mastriani à...hm...no mínimo, 5 metros abaixo de nós. Engoli em seco. Ainda mantia os pés firmes nas telhas marrons, os braços contornando minhas pernas. Sim, é humilhante admitir, mas eu tenho uma fobia, ainda que leve, de altura. Assim, não me sentia completamente seguro de soltar os pés, por nada. Foi diferente quando pulei das rochas. Eu estava salvando alguém. Ou pensava que estava. Tanto faz.

Edward tinha medo de altura.

Me controlei para não gargalhar da ironia ao vê-lo abraçando os joelhos depois que se sentara ao meu lado no telhado.

- É. O sótão é o lugar mais legal da casa, e era perfeito para ser meu quarto. – tentei explicar, dando de ombros.

Encarei um pouco mais a vista parcial que tínhamos da cidade, sentindo o sol quente sobre minha cabeça. Suspirei. Aquela não era a melhor hora para ficar ali em cima: o sol estava quente de mais, e nós poderíamos acabar passando mal.

Bem na hora que iria sugerir a Ed que entrássemos, a voz da minha mãe veio do segundo andar, ao pé da escada.

- Mel, Edward, o almoço está pronto!

Spoiler:

Outch. Ela tinha percebido o meu medo de altura, e eu logo notei. A morena levou a mão a boca quase que imediatamente, tentando reprimir um risinho. Não posso culpá-la. Era mesmo engraçado um cara de 16 anos ter medo de colocar os pés para fora do telhado.

E quando eu pensava que não podia ficar pior, meu estômago soltou um ronco muito, muito alto, e completamente vergonhoso. Eu queria enfiar minha cara em um buraco assim que Mel começou a rir, mas acabei relaxando e ri junto.

- Mel, Edward, o almoço está pronto! - A voz que eu conhecia à pouco tempo vinha de não muito longe, e a proposta era muito tentadora. Quando fui me levantar, tive a infeliz idéia de apoiar as mãos no telhado, que, ao sol forte do meio dia, estava fervendo. Retirei-as imediatamente, levantando num pulo, e ajudei a garota a se por de pé.

Quando estávamos a ponto de passar na pequena porta, olhei para o vale, meio relutante em deixar aquela vista maravilhosa para trás. Mel fez sinal para mim entrar e eu a segui. Foi um milagre dos céus eu ter conseguido chegar à cozinha sem tropeçar nas escadas. Porque, sabe como é, eu tenho sérios problemas com andar sem esbarrar em nada, e tudo mais.

Os Mastriani já estavam sentados em volta da mesa quando chegamos lá. Os olhos do pai da morena se cravaram em mim e não desgrudaram, mesmo quando começamos a comer. Ai de mim.

Meu pai é bem assustador. Claro, eu e meus irmãos já estamos acostumados com ele e seu jeito “nem-tão-sensível” de ser.

Mas não Edward. Foi até um pouco engraçado vê-lo quando entramos na cozinha – a sala de jantar só é usada em ocasiões muito importantes – e ele olhou espantado para papai.

Tá legal, papai não é discreto. Acho que nenhum dos Mastriani são, para falar a verdade.

Lancei um olhar de súplica para o Sr. Pablo, que parou de encarar Edward.

Mas aí veio a pior parte: as perguntas.

Luigi, claro, tinha que ser o primeiro a falar.

- Então, Edward... - vi Ed levanar a cabeça ao meu lado, já corado.

Nota mental: matar Luigi assim que Edward passar pela porta da frente.

Eu encarei meu irmão mais velho com meu melhor olhar assassino e ele hesitou por um momento, mas então olhou para papai, vitorioso.

- Nem pense nisso. - fiz com os lábios, mas sem emitir som.

Ele abriu aquele sorriso estúpido de novo, e, juro por Deus, se ele fizesse aquilo de novo, eu voaria em seu pescoço.

- Como conheceu minha irmã? - prosseuguiu, e eu quase explodi de alívio. Aquela pergunta não era nada ao que eu pensara que ele perguntaria.

E eu não vou dizer no que pensei.

Eu senti o sangue invadindo as artérias do meu rosto. Vontade não faltava para eu cavar um buraco ali mesmo e me enterrar dentro dele, com direito à uma lapide do tipo "Aqui jaz um medroso". Voltei a me fazer aquela pergunta - você é um homem ou rato Edward? - e, infelizmente, estava chegando à conclusão de que a resposta seria a segunda opção.

Até aquele momento eu não tinha levantado a cabeça das minhas próprias pernas, de modo que tudo o que o restante das pessoas sentadas à mesa viam era só uma massa de cabelos castanhos. - Então, Edward... - Levantei a cabeça rapidamente, e meu rosto ficou mais vermelho ainda. Péssima idéia, Ed, péssima idéia. A voz vinha de perto, e era de um dos irmãos mais velhos de Mel. Não me pergunte qual deles, eu ainda os achava parecidos demais.

Ele hesitou por um momento, e, após olhar para o pai, voltou o par de azuis para mim - Como conheceu minha irmã? - A morena ao meu lado, que, por um motivo que eu desconhecia, havia estado tensa até aquele minuto, relaxou.

- Ahm...eu derrubei sorvete na blusa dela - Poupei-os dos detalhes mais sórdidos, incluindo a parte em que eu a derrubei daquelas rochas e me atirei atrás dela, quase me afogando. Era humilhação demais para um só dia.

Spoiler:

- Ahm, eu derrubei sorvete na blusa dela. – respondeu, dando de ombros e eu corei.

Por que não foi só isso. Tá, ele derrubou sorvete na minha blusa e me empurrou de um rochedo.

É, foi sem querer mas ele quase morreu.

- Então porque ela chegou toda molhada em casa? – perguntou Vittorio, confuso.

Eu suspirei. Vi era o mais novo de nós, não falara aquilo por maldade, mas mesmo assim que queria pular no pescoço dele.

Controle-se, Antonella, disse a vozinha sábia em minha cabeça e eu me acalmei.

- Eu caí no mar – sussurrei, audível o suficiente para todos ouvirem. Edward estava mais vermelho que sangue, e eu reprimi gargalhar.

Vamos admitir, era engraçado. Ali estavam meu pai e meus irmãos pensando que Edward era meu namorado.

Por Deus, desde que me entendo por gente eu tenho melhores amigos! Será que depois de todos esses anos eles ainda não se acostumaram com a ideia?

Parece que não.

- Então porque ela chegou toda molhada em casa? – o mais novo dos Mastriani perguntou, olhando inocentemente para Mel. Ela suspirou.

- Eu caí no mar – A morena sussurrou, mas todos no recinto poderiam ouvir suas palavras. Meu rosto ficou ainda mais vermelho, se é que isso era possível. Se só mais uma gota de sangue se dirigisse as artérias da minha cabeça, eu tinha certeza que ela explodiria, tipo aquela mulher, no fim de Saw III. Só que pior, porque o meu caso teria sido de combustão espontânea, e não um colar com balas de revólver que disparariam assim que o monitor de um assassino chegasse à 0.

Porque ela não caiu no mar. Eu a havia empurrado, ainda que sem querer. E fiz a besteira de ir atrás, bater a cabeça e desmaiar, só acordando depois, sobre a areia fofa da praia.

É esse tipo de coisa que você não fala pros pais da sua amiga.

A torneira da cozinha abriu sozinha e o pano de prato começou a se enrolar pela pia. Ai como eu odeio ter magia fora do meu controle. Para minha felicidade, ninguém notou, a não ser, é claro, o mister tomatão aqui.

Ela reprimiu uma risada, os olhos alegres. Eu quase levei pro lado pessoal, até me lembrar, que, bem, devia ser mesmo engraçado ter ao lado de você um cara que o rosto parece um tomate, e daqueles bem maduros. Tentei relaxar, e o vermelho foi saindo de minha face, aos poucos. O restante do almoço passou sem que o episódio " cara escarlate " se repetisse. Ao nos levantarmos da mesa, me ofereci para lavar a louça, mas Natalie recusou, com tamanha relutância que achei estranho. A filha provavelmente havia confidenciado à mãe que eu tinha um talento especial para desastres.

Pensando bem, a mãe de Mel tinha razão em me afastar dos pratos e copos de vidro. Era arriscado demais deixar qualquer coisa quebrável em minhas mãos. Um segundo e tudo aquilo poderia virar uma montanha de caquinhos transparentes.

A morena voltou a tocar na minha mão (puxa, ela fazia MUITO isso) e me levou para fora. À aquela hora eu já estava com minha jaqueta em mãos - fazia calor demais para colocá-la sob minhas costas - e o par de azuis de Mel olhavam intensamente para mim. Não que eu não já estivesse ficando acostumado.

Eu estava me preparando para despedir quando a idéia insana de um abraço caloroso me veio em mente. "Nem tente Edward, ela vai estranhar. Vocês são SÓ amigos, seu inútil" Minha consciência berrava dentro do meu cérebro, mas eu resisti aos seus comandos e estendi meus braços para enlaçar o corpo da garota a minha frente. Ela ficou na ponta dos pés para que suas mãos conseguissem contornar meu pescoço - eu ainda era alto demais - e pousou a cabeça em meu peito.

- Obrigada por ter me convidado - Murmurei, mas tinha certeza de que ela tinha ouvido.

Foi engraçado.

Você deve me entender. Quero dizer, ali estava Ed, mais vermelho que uma lata de coca-cola, encarando todo o Clã Mastriani de uma vez só.

Eu meio que tinha que rir.

Graças a Deus o resto do almoço passou sem mais incidentes (lê-se: constrangimentos pela parte do meu pai e irmãos), só minha mãe que levantou uma vez para ir fechar a torneira que abriu, aparentemente, do nada.

Eu catuquei os canelonis no meu prato já sem fome, enrolando uma mecha de cabelo no indicador.

Admito: estava pensando sobre Edward, que comia com entusiasmo a pasta de mamãe. Era meio que estranho tê-lo ali, tão pouco tempo depois de conhecê-lo.

Suspirei. Tenho que admitir, era algo que eu estava fazendo muito ultimamente, e tirei os cotovelos da mesa. Levantei meus olhos e peguei minha mãe me encarando ternamente.

Ela abriu um meio sorriso, se virou para Edward por um segundo, e voltou a conversar com meu pai. Eu deslizei pela cadeira, envergonhada. Minha mãe ainda se virava com certa freqüência para mim e Edward, aquele sorriso ainda estampado no rosto.

Eu soltei o ar numa lufada. Eu sentia borboletas no estômago toda vez que pensava no moreno ao meu lado, e todas as vezes que nossas mãos se tocavam (ora por acidente, ora não), eu sentia uma corrente elétrica fluir entre nós.

Oh, não. Me diga que eu estou imaginando coisas.

Fechei meus olhos e inspirei fundo uma, duas, três vezes. Eu estava imaginando aquilo. Só podia ser.

Ah é? Então explica por que você nunca sentiu isso em tooooodos esses anos passados com garotos, falou a vozinha usualmente sábia em minha cabeça (acho melhor chamá-la de consciência) e eu quis socá-la.

Ela tinha que estar, tipo assim, sempre certa?!

Me ajeitei na cadeira e abri os olhos. Mamãe apontou para a mesa e eu ajudei a retirá-la. Dona Natalie tentou começar uma conversa comigo – sobre nosso convidado para o almoço, tenho certeza – mas desistiu assim que viu meu rosto pensativo.

Voltei para a mesa, e de repente percebi que estava na hora de Edward ir embora.

Droga, vazio no estômago. Minha imaginação está desperta demais.

Peguei Edward pela mão – oi, corrente elétrica –, e o levei até a porta.

Para minha surpresa, ele me abraçou.

Eu meio que fiquei sem reação, sabe? Eu estava em terreno desconhecido, agora. Estava completamente confusa. Quero dizer, Edward era bem legal, e eu adoraria tê-lo como amigo, mas o que era aquilo tudo? Borboletas no estômago, nervosa, correntes elétricas...

Suspirei, retribuindo o abraço, e apoiando minha cabeça em seu peito ouvi seus batimentos cardíacos.

- Obrigada por me convidar – ele murmurou, me causando arrepios.

- De nada – respondi, ainda sem me soltar do abraço.

Como era aquela frase?

Já que estou indo pro inferno mesmo, decidi fazer o serviço completo.