Maybe...?

Eu não vou voltar

Essas palavras martelavam em minha mente, e, a cada vez que eu pensava nelas, e o tempo passava,mais reais

elas ficavam. Fazia um hora [ou teria sido mais?] que James adentrou no meu quarto, para a minha surpresa. Por

um instante, eu tive a sensação de que tudo poderia ficar bem de novo, por um flash de segundo eu tive a

lembrança de tudo o que havia acontecido e achava que iríamos voltar a ser como antes. Mas assim que eu vi a

expressão em seu rosto eu sabia que nada iria ser mais como outrora.

Sua face estava dura, inexpressiva, e, no momento em que o vi, depois de passado o susto inicial, eu sabia para o

que ele estava ali. Ele não precisou falar nada, assim que meus olhos se encontraram com os dele, minhas

lágrimas começaram a cair vertiginosamente, por um momento eu achei que tivesse visto uma expressão em seu

rosto, mas logo ficou impassível de novo.

Eu vim aqui para dizer que eu vou embora, e não voltarei mais, ficarei longe de sua vida, srtª Victoria

A cada vez que eu pensava nisso, uma pressão se abatia sobre meu peito. Eu podia aguentar ficar sem ele, mas

sabendo que ele estava ali, na praia, eu ficava sossegada, sabia que ele estava próximo, perto, e que, algum dia,

nos falaríamos de novo, podíamos resolver tudo, mas agora...agora as coisas haviam mudado, eu não tinha mais

ele próximo, eu sabia que agora era para sempre...

Eu passei o resto do dia no meu quarto, sem pensar ou raciocinar direito, as lágrias não cessavam, e eu temia que aquele sentimento de vazio não fosse parar nunca, ao contrário, parecia só piorar com o passar das horas. Quando eu ainda estava naquele estado, a campanhia tocou, e logo eu lembrei que tinha marcado um filme com Gregory..

Greg...era dele que eu precisava naquela hora. Em questão de pouco tempo Greg se tornou o meu melhor amigo, a pessoa que eu queria estar sempre perto, e, naquele hora, era o único que eu queria ver. Estava sozinha em casa, meus pais e minha irmã foram passar o final de semana em Rhode Island.

Eu tentei disfarçar o máximo que podia minhas lágrimas, antes de descer e abrir a porta, ficando um pouco mais feliz ao vê-lo.

-Greg...- falei, prestes a chorar novamente

Victoria Hewson havia me chamado para assistir um filme na casa dela. Ok, parece bem adolescente estar contando os minutos para algo do tipo, mas era simplesmente isso que eu estava fazendo. Não era nada extraordinário o convite; Victoria e eu estávamos passando muito tempo juntos ultimamente. Ela era uma pessoa ainda melhor do que eu imaginava e nós passávamos bons momentos juntos. Eu sabia que o que sentia por ela ultrapassava um pouco a amizade, mas não deixava que isso influenciasse nada. Aquela relação era diferente de qualquer outra, porque não tinha segredos. Eu era mediador, ela era mediadora. Pela primeira vez, eu tinha uma presença constante na minha vida de uma pessoa que sabia o que eu era desde o início. Significava bastante.

Como um amigo em ascenção, eu também sabia de todo o drama pessoal dela com James Vandervoot. E como um bom amigo, eu ouvia e aconselhava, sem nunca deixar que os meus sentimentos afetassem esses conselhos. Era difícil, mas eu me virava. Alguns dias eram mais difíceis que outros. Mas em alguns dias, nós conversávamos e ríamos e parecia não existir um James. E era por esses dias que eu aguentava firme durante os outros.

Aquele dia poderia ser um desses. Sem empecilhos. Só eu e ela assistindo um filme, rindo e criticando os erros de cena. Foi aí que eu toquei a campainha e dei de cara com uma Victoria com o rosto vermelho e os olhos cheios de lágrimas. Eu conhecia aquela expressão.

- Greg... - O que aquele fantasma tinha feito dessa vez??

Adotando uma expressão séria, que substituía a leve e descontraída que eu estava quando toquei a campainha, apenas fiquei em silêncio e dei alguns passos, entrando na casa e puxando ela para mim. Abracei-a, colocando um braço em volta da sua cintura e o outro afagando o cabelo dela, sua cabeça encostada em meu ombro. Senti lágrimas molharem a minha camisa. Respirei fundo. Eu estava tão cansado de limpar a sujeira dele. Não que me incomodasse consolá-la. O "trabalho" que eu tinha não me incomodava. Me incomodava vê-la chorar constantemente por causa dele. Se gostava dela como dizia que gostava, por que diabos a tratava dessa maneira?

- Vai ficar tudo bem, Vicky... Eu estou aqui. - Não que isso fosse de grande consolo para ela, quando ela chorava por outro cara. Mas tudo bem. Segurando levemente o rosto dela com as duas mãos, olhei-a por um instante e limpei com os polegares as lágrimas do seu rosto. Então puxei-a pela mão até o sofá e a fiz sentar, sentando-me ao seu lado. Olhei nos seus olhos, sério. - O que ele fez dessa vez?

Eu precisava de Greg ali, perto de mim, eu uma hora daquelas, muitas vezes eu pensava que estav sendo chato para ele, me conhecer justamente em uma hora daquelas, quando muitas vezes a única coisa que eu fazia era ficar me consolando, enquanto eu chorava por James. Mas estar com Greg ali era a única coisa que eu queria naquele momento, apesar de estar pensando de um modo egoísta, confesso.

Ele então me abraçou e naquele momento eu consegui me ver protegida, com ele eu sabia que as coisas, de um jeito ou de outro, iriam acabar dando certo, talvez. Porém, mesmo assim eu não podia evitar deixar de chorar por James, e pela aceitação de que eu nunca mais o veria, e não estava somente se tratando de nunca mais vê-lo, mas é que, eu não teria a certeza de que ele ainda estaria por aí. Ele era um fantasma, e tinha a hipótese de que ele poderia fazer a travessia a qualquer hora. E eu não estaria ali.

Vai ficar tudo bem, Vicky... Eu estou aqui.- ele me falou isso, enxugando minhas lágrimas, e eu sentia confiaança no que ele falava, era disso que eu estava falando, era disso que eu precisava. Se tinha alguém que eu precisava naquele momento, era dele, com ele as coisas eram diferentes, ele era a pessoa que eu queria sempre perto, e a nossa afinidade era algo muito mais além do que o fato de sermos dois mediadores. Ele então me levou até o sofá.

- O que ele fez dessa vez?- eu respirei fundo, a presença dele ali me fez ficar mais calma.

-Ele...ele...ele me disse que nunca mais vai volta, Greg....ele vai embora..- minha voz continuava embargada, mas consegui controlar o choro.--Acabou Greg...está tudo acabado, dessa vez não há mais o que fazer..- falei, contendo, sem muito sucesso, algumas lágrimas que teimavam em cair.

Então me afastei um pouco de Greg, e me deitei em seu colo, abraçando-o.

-Fique comigo, por favor...- disse eu--Me ajude a esquecer isso tudo, eu não quero me lembrar mais...-






[off: eu não sei que que raios aconteceu com a configuração do meu post de cima...sorry *_*]

Victoria respirou fundo diante da minha pergunta. Eu não gostava nem um pouco de vê-la daquela maneira e tinha até medo do que ela poderia responder.

- Ele...ele...ele me disse que nunca mais vai volta, Greg....ele vai embora... Acabou Greg...está tudo acabado, dessa vez não há mais o que fazer...

Respirei fundo, fechando os olhos por um instante e voltando a abri-los. Não podia dizer que estava exatamente triste com a notícia, mas não me fazia feliz vê-la sofrendo daquele jeito, ainda que significasse que Vandervoot havia ido embora de vez. Naquele instante tentei pensar no que aquilo significaria. Significaria que agora eu tinha uma chance? Sacudi a cabeça de leve, afastando aqueles pensamentos. Seria insensível da minha parte ficar pensando naquilo agora enquanto ela estava sofrendo tanto.

Victoria então se afastou um pouco, deitando com a cabeça em meu colo. Afaguei o cabelo dela, pensando na melhor coisa para dizer naquele momento.

- Fique comigo, por favor. Me ajude a esquecer isso tudo, eu não quero me lembrar mais...

Se ela soubesse o efeito que aquelas palavras poderiam ter em mim... Mas eu tinha certeza de que não significavam o que eu queria que significassem. Além do mais, aquele não era o momento. Mas é claro que naquele momento, eu tentaria ser para ela o amigo que ela precisava. Ela não precisava nem pedir. Me abaixando um pouco, dei um beijo na sua testa e continuei afagando o seu cabelo. Suspirei. O que eu poderia dizer para fazê-la se sentir melhor? Provavelmente nada o faria. Mas eu tinha que fazer alguma coisa.

- Não se preocupe. Eu não vou a lugar nenhum. - Dei uma pausa por alguns instantes, tentando escolher bem minhas palavras seguintes. - Eu sei que não parece agora, mas talvez tenha sido melhor assim. - Eu esperava que o que eu estava dizendo não piorasse as coisas. - Quer dizer... Eu já perdi a conta de quantas vezes eu te encontrei mal por causa dele. - Respirei fundo antes de arriscar a última frase. - Vale a pena ter por perto uma pessoa que te faz sofrer tanto? - Fiquei calado por um instante e logo me arrependi de ter dito isso. Aquele não era o momento, eu devia ter ficado quieto. Respirei fundo. - Desculpe, Vicky, eu não devia ter dito isso. Eu só... - Parei por um instante, depois continuando. - Eu sinto muito pelo que você está passando e estou aqui pra o que você precisar... Certo?

Não se preocupe. Eu não vou a lugar nenhum. - Eu sei que não parece agora, mas talvez tenha sido melhor assim. - Quer dizer... Eu já perdi a conta de quantas vezes eu te encontrei mal por causa dele. Vale a pena ter por perto uma pessoa que te faz sofrer tanto?

Eu podia repreender Greg por falar essas coisas que machucavam tanto, mas no meu íntimo eu sabia que ele estava certo. Eu havia derramado muitas lágrimas por James, eu havia sofrido muito por ele, e não sei se teria aguentado tudo isso sem a presença de Greg ao meu lado. Não podia dizer que as coisas estava tomando um rumo diferente, que eu estava esquecendo o James. Não, eu tinha a certeza de que eu nunca poderia esquecê-lo, ele seria uma parte da minha vida, mas, eu também tinha a convicção de que não poderia mais viver derramando lágrimas todas as vezes que houvesse uma menção a ele.

Desculpe, Vicky, eu não devia ter dito isso. Eu só... - Eu sinto muito pelo que você está passando e estou aqui pra o que você precisar... Certo?

Eu me sentia culpada por fazer Greg passar por aquilo comigo, e ter que enxugar minhas lágrimas e me fazer sorrir todas as vezes que estivesse pensando em James.

James havia ido embora. Ponto. Acabou. Eu tinha que colocar isso em minha mente agora, era uma nova página, não adiantaria eu ficar assim, não enquanto eu tivesse Greg em minha vida, ele não merecia ver isso todas as vezes.

-Não Greg...eu que tenho que pedir desculpas a você...eu fui muito egoísta tendo que fazer com que me aguentasse com todo esse meu drama...eu tenho que admitir que acabou- falei, segurando as lágrimas e olhando para Greg.-Eu quero começar de novo, eu não quero mais sofrer, Greg...eu quero virar essa página!- eu então abraçei intensamente, depois eu olhei em seus olhos-[color=LightPink]-E quero que você escreva essa nova página junto comigo[/color

Logo depois de ter dito aquela frase, eu me arrependi. Quer dizer, aquilo definitivamente não era o que ela queria ouvir. Era verdade, sim, mas poderia muito bem ter sido dita em outro momento, ou não ter sido dita realmente. A expressão dela me fez temer ter ido longe demais. Porém, para a minha surpresa, o que ela disse mostrava totalmente o contrário.

- Não Greg...eu que tenho que pedir desculpas a você...eu fui muito egoísta tendo que fazer com que me aguentasse com todo esse meu drama...eu tenho que admitir que acabou.Eu quero começar de novo, eu não quero mais sofrer, Greg...eu quero virar essa página!- Ela então me abraçou com uma intensidade que eu realmente não esperava. - E quero que você escreva essa nova página junto comigo.

Naquele momento, fiquei estupefato e a única coisa que pude fazer foi olhar nos olhos dela. Aquela frase era tudo o que eu queria ouvir. Por outro lado, ela não tinha noção do efeito que aquelas palavras poderiam ter sobre mim. Talvez ela não quisesse dizer o que eu achava que ela queria. O que eu desejava que ela queria. Mas talvez - e só talvez - ela quisesse. E aquilo fez o meu coração bater mais forte. Quase sem piscar, coloquei uma mão no rosto dela, segurando a sua nuca e acariciando a sua bochecha com o polegar. Se eu não tivesse coragem de tomar uma atitude naquele momento não teria nunca mais. A simples figura dela me fazia tremer. Eu enfrentava o fantasma que fosse, mas uma moça bonita me fazia tremer na base.

Observando que não houve nenhuma reação da parte dela, deixei o cérebro desligar e apenas agi. Aproximei o meu rosto do dela, ainda segurando a sua nuca, até que nossos lábios se tocaram. Colocando a outra mão nas costas dela, puxei-a para mim suavemente. Durou uma eternidade e ao mesmo tempo pouco demais. Quando consegui de volta uma centelha de juízo, me afastei dela aos poucos.

- Eu... - disse baixo, sem saber o que dizer. Deveria me desculpar? Meu rosto lentamente recebia a coloração vermelho-berrante. Me afastei um pouco dela no sofá e cocei a cabeça, nervoso. - Eu provavelmente não deveria ter feito isso...

Enquanto eu desabafava tudo o que tinha na minha mente, senti que naquele momento algo havia mudado. Ele começou a olhar para mim, de um jeito completamente diferente do que estava antes, enquanto, gentilmente, começou a acariciar meu rosto. Meu rosto começou a esquentar, enquanto eu ficava fora de mim. Eu não fiz nada, eu não o afastei, eu não dei nenhum passo para trás. Apesar de tudo, talvez naquele momento eu não quisesse me afastar dele.

Meu coração começava a pulsar rapidamente, enquanto me dava conta do que estava acontecendo, contudo, eu estava inserida em um torpor mental, que não me deixava voltar à realidade da ação. Ele se aproximara de mim lentamente, e eu não estava esboçando nenhuma resistência, enquanto ele ficava mais perto.Nossos lábios se tocaram, e uma descarga de adrenalina perpassou todo o meu corpo, enquanto eu não estava pensando no que acontecia. Mas, de repente, parecia que Greg havia recobrado os pensamentos, pois ele nos afastava, enquanto tomava conta de seu rosto uma tonalidade vermelha, assim como eu.

Eu... - Eu provavelmente não deveria ter feito isso...

Eu fiquei por algum tempo calada. Ela ele. Era Greg. O meu melhor amigo, a pessoa que eu mais confiava no mundo. A pessoa que sabia tudo sobre mim, sem exceção de nada, aquela a quem eu podia contar sempre. A pessoa que eu sempre sonhei de James fosse.

Eu o olhei, sorrindo. E voltei para perto dele, tocando suavamente seus lábios com os meus.

-Ou talvez devesse...





rp finalizado