Carmel ou não-Carmel? Eis a questão! [c.l.o.s.e.d.]

Londres - NY - San Francisco.

Sabe o que é isso?

Eu te digo... MUITO tempo de viagem... O bastante pra deixar qualquer um morto de cansaço. Mas não eu, isso eu já digo. Primeiro porque primeira classe é outra história. Segundo porque, obviamente, eu não fiz a viagem direto. E terceiro porque bem, eu tenho bastante energia pra conseguir dar conta disso tudo, ficar esperando meu primo me buscar no aeroporto e ainda por cima (e ele pode contar com isso) dar uma voltinha pela cidade depois. Quer dizer, são dez horas da manhã, pra que eu ia querer perder um dia inteiro descansando de algo que nem me deixou tão cansada assim? E assim eu conheço a cidade o mais rápido possível e o mais rápido possível eu vou me adaptar ao novo ambiente.

O único problema é que eu não sabia se ia reconhecer meu primo... A última vez que eu o vi ele devia ter uns 8 anos de idade, o que quer dizer que eu tinha 10, e além da minha memória ser péssima, eu sei que eu mudei bastante, imagino que ele também tenha. Mas minha tia disse que ia ser fácil reconhecer o Seth e que ele já estaria me esperando quando eu chegasse o que era totalmente mentira, sabe? Vai ver americanos realmente não tinham o mesmo senso de pontualidade que nós ingleses, mas o fato é que eu estava esperando. E eu não sabia a cara do meu primo! Acho bom ele ter uma desculpa aceitável. Ou pelo menos ter amigos bonitos da minha idade.

Eu confesso que essas´últimas semanas me fizeram pensar. Primeiro, começa com a notícia de que eu tinha que servir de motorista particular para minha prima Ann. Lógico que eu esperneei, mas minha mãe tem lá suas manias de me fazer sempre obedecê-la. E ainda mais, Sam me vem com a notícia de que a noiva do seu primo vem morar aqui, e precisa também dar uma de guia turistico.

Mas o mais impressionante, é que o primo dela, e a tal noiva, havia sido um casamento arranjado. Eu não tinha a menor idéia de que isso ainda existia, mas, pelo jeito, era a coisa que estava fazendo. Eu hein.

O fato foi que agora estávamos nós 3 (Eu, Sam, e Juliet, a tal noiva lá do primo dela) indo até o aeroporto, encontrar uma prima que eu tinha quase certeza que não me lembrava mais como ela seria.

Peguei uma cartolia e escrevi: ANN- AQUI!

Muito lindo! E vamos lá....servir de guias para primas e noivas...

Ô mundo...

Não vem ao caso agora, mas eu não entendo porque meu pai quer tanto que eu me "misture" com a família dele. Ele não faz isso... Por que eu deveria? Mas o fato é que um dos irmãos dele apareceu na porta de casa outro dia e, yay, uma nova família cheia de tios e primos entrou na minha vida. (Nossa vida, melhor dizendo, mesmo que meu pai não admita). Mas o fato é mesmo que eu tenha esses tios e primos e tudo mais, e meu pai fale que seria interessante se eu convivesse com eles, eu não faço questão nenhuma, porque, assim como meu pai, eu não vejo problemas em me relacionar com humanos normais. Quer dizer, eu passei 17 anos achando que era um deles! E eu estava namorando, talvez? saindo com um. E os Good viam problemas nesse tipo de coisa.

Por isso quando meu primo, Paris (a única pessoa da família com a qual eu conseguia ter o mínimo de o que se poderia chamar de relacionamento, e o único bruxo além do meu pai e da Cori, com quem eu conversava bem) de passagem lá por casa me falou[strike], não muito animado, preciso ressaltar,[/s] que haviam arranjado uma noiva pra ele, isso não me chocou muito. O que chocou foi o fato de que ela vinha da Itália (!) especialmente pra isso. Paris fingia que não ligava muito, mas, duh, claro que alguém liga quando o obrigam a casar com alguém que ele não conhece, não é mais o século XV. O outro fato que me chocou foi que a noiva, Juliet (engraçado né? Eu achei), iria ficar hospedada lá em casa. E claro, eu ia ser a "guia" da pobrezinha. Sério, eu tinha dó dela. O Paris é ótimo e tudo mais, mas ainda é um Good (tá, eu também sou) e ainda é um casamento arranjado que a fez sair da Itáli (!). E eu também não gostava nada que isso provavelmente iria atrapalhar meu relacionamento com o Seth que estava indo muito bem obrigada, mas também não precisava de desculpas pra dar errado.

Ele quase engasgou, rindo, quando eu contei tudo isso pra ele, e depois de passar por todo "mas casamentos arranjados?" e mais risadas da parte dele, ele acrescentou que a prima dele também vinha pra cidade, diretamente de Londres (!), pra estudar, e ele também havia sido o escolhido da família pra ficar de babá (provavelmente pela proximidade de idade né? Quer dizer, duvido que os irmãos dele iam ser uma boa companhia pra uma garota de 19 anos, nesse sentido). Então ele deu a idéia de matarmos dois coelhos com uma cajadada, levarmos as duas pelo Grand Tour de Carmel juntas, assim passamos tempo juntos e, quem sabe, elas não ficam amiguinhas, resolvam se virar sozinhas juntas e... Bem, nós ficamos juntos e sozinhos. Eu não tinha lá muita certeza, a Juliet havia chegado mais cedo e parecia muito, muito, bastante tímida, ela mal falou duas palavras... A prima do Seth chegaria no dia seguinte, então nós resolvemos que pior não podia ficar e pelo menos não iríamos passar por isso sozinhos.

Quando sugeri isso a Juliet ela concordou, com um sorriso, e eu admito, ela parece ser simpática, apesar de tímida, e eu senti apenas mais pena dela... Ela não parecia nada feliz, mas não é como se isso pudesse ser da minha conta...

Então agora estamos chegando ao aeroporto pra buscar a prima do Seth e fazer o imensamente esperado (not) Grand Tour de Carmel. Eu não estava exatamente ansiosa pra isso, no entanto...

Ok, então...

Eu já estava QUASE cansada de esperar, quando ouvi pessoas rindo e apontando pra um lugar. E aí eu vi aquilo. Aquilo sendo uma placa de cartolina branca escrito com caneta esferográfica azul "ANN - AQUI" numa letra de quem parecia estar em alfabetização e escrevendo com a mão errada (ou o pé ou a boca...) sendo segurada por um rapaz que OBVIAMENTE era meu primo. Quer dizer, dava pra saber que nós éramos parentes, e ele parecia... Entediado...

Estava acompanhado de duas garotas que eu não fazia idéia de quem fossem, uma loirinha que estava parada um pouco atrás dele, conversando com uma outra garota um pouco mais velha, aparentemente, e morena, que parecia estar com alguma dificuldade de entender o que ela falava (a loirinha falava, eu quero dizer).

Antes que mais alguém apontasse praquela "obra de arte", eu me dirigi até eles.

- Oi, eu sou a Ann... - Disse abaixando a placa, nada discretamente. - E você é o Seth... Nossa, tem quanto tempo que a gente não se vê? Uns dez anos? Eu não teria reconhecido você mesmo... E quem são essas duas? Quer dizer, eu não me lembro de ter uma prima loira e dessa idade... E nem uma morena dessa idade, pra ser sincera, mas não é como se eu tivesse uma boa memória, pra falar a verdade. - Disse, deixando minha boca emitir sons sem que meu cérebro pudesse processá-los. - Então, as minhas malas estão ali. - Eu apontei, esperando que ele fosse buscá-las.

Oi, eu sou a Ann... - E você é o Seth... Nossa, tem quanto tempo que a gente não se vê? Uns dez anos? Eu não teria reconhecido você mesmo... E quem são essas duas? Quer dizer, eu não me lembro de ter uma prima loira e dessa idade... E nem uma morena dessa idade, pra ser sincera, mas não é como se eu tivesse uma boa memória, pra falar a verdade.

Como ela fala! Sim, ela fala...e muito, e fala umas coisas muito nada a ver também, na verdade, eu ia começar a responder, quando ela, docemente, apontou para suas malas.

Então, as minhas malas estão ali.

Tá, e eu com isso?

...
...
...
...
...
...


AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!

Ela quer que eu vá pegá-las.....bem, espero que ela não olhe para minha cara e pense que eu sou alguém que vai se dignar a carregar suas malas. Arqueei a sobrancelha para ela, enquanto chamei o rapaz para carregar as malas até o carro.

-Bem, essa é a Sam, minha....minha...namorada- me abstenho de comentários sobre essa frase.--E essa é ´prima dela, Juliet- e eu espero que vocês fiquem bem amigas e nos deixem em paz.

Essa Ann realmente fala. E muito. É quase uma verborragia, mas eu acho que talvez, TALVEZ, ela não seja sempre assim. Não sei, eu não a conheço mesmo... Ela perguntou quem éramos eu a Juliet e Seth respondeu (depois de "cuidar" das malas dela.)

-Bem, essa é a Sam, minha....minha...namorada. E essa é ´prima dela, Juliet

Eu tive que conter meu sorriso, que seria meio idiota, antes de me virar para a prima dele.

- É, desculpa virmos assim sem avisar, mas a Juliet aqui também veio de fora, da Itália na verdade. Então nós pensamos que seria uma bom modo de aclimatar vocês duas. - Sorri simpaticamente e enquanto caminhávamos de volta ao carro, segurei Seth pela mão, ficando um pouco pra trás e cochichei no seu ouvido. - Então eu sou a sua... sua... namorada? - Disse, imitando o modo como ele havia falado com uma risada. - Obrigada por avisar. - Dei um beijo leve na bochecha dele.

Então eu sou a sua... sua... namorada?- ela falou isso me imitando, enquanto andávamos até o carro.

-Bem, eu pensei que você ia gostar da notícia, mas se não quiser ser, é só me avisar...- falei, usando o mesmo tom debochado.

Obrigada por avisar. - ela falou, me beijando na bochecha, enquando eu olhava para ela. Com um gesto rápido, eu a peguei, e encarei seus olhos, enquanto nos distanciávamos das garotas que agora já estavam vários passos a nossa frente. Dei um beijo de leve em seus lábios.

-Você não sabe o quanto isso é novo para mim, Sam...- falei, agora mais sério. -Não brinco quando digo que você é a única garota a quem eu já nomeei de minha namorada.- disse, ainda a fitando nos olhos.-E saiba também que você é a única garota que merece esse título.- falei, contemplando-a, que agora parecia bem supresa com tudo isso.

Então, eu cheguei até perto das garotas, e a entreguei minhas chaves do carro, dando-as especificamente para a Juliet, já que eu não tinha tanta certeza se minha prima tinha o que era necessário para dirigir o meu amorzinho, e pelo menos a Juliet aparentava ser bem responsável.

Disse para elas duas que iria para casa de Sam, depois, mas que agora iríamos andar um pouco. Ambas entenderam, e ainda tive que aguentar piadinhas de Ann. Realmente ela era da família.

-Vamos? - falei, com a intenção de levá-la até o parque, ou mesmo até o penhasco, um dos lugares mais bonitos em Carmel.

E então...enfim, sós.

Eu não estava exatamente esperando que o Seth parasse e me beijasse quando beijei a bochecha dele, ainda mais me olhando daquele jeito. Eu que era a bruxa e ele que me enfeitiçava. Então eu só fiquei ali parada, sem reação enquanto ele falava.

-Você não sabe o quanto isso é novo para mim, Sam... Não brinco quando digo que você é a única garota a quem eu já nomeei de minha namorada.- Ele mantinha aquele olhar penetrante sobre mim e eu continuava ali parada idiotamente. -E saiba também que você é a única garota que merece esse título.-

Claro, eu devo ter ficado bem idiota, porque ele voltou a andar e entregou a chave do carro pra Juliet. Talvez ele planejasse me acordar fazendo uma caminhada até Carmel, mas eu ainda não havia conseguido parar pra raciocinar enquanto ele falava com as garotas para irem para a minha casa para ficarmos sozinhos por uns instantes.

-Vamos? - Eu só acordei quando me dei conta disso.

Calma. O aeroporto não fica em San Francisco?????

-Uhm... Seth... Você pretende andar até Carmel? -

-Uhm... Seth... Você pretende andar até Carmel? -

Eu olhei para ela, levantando uma sobrancelha:

-Claro que sim, você por acaso não trouxe seus Rebook's?

Ela me olhou assustada, enquanto eu ria sem parar.

Peguei-a, passando meu braço pelo seu pescoço, enquanto a guiava para um táxi.

--Para o penhasco, por favor

Eu e a tal da Juliet seguimos em frente, depois da aparente declaração do meu primo, nós duas achamos que seria legal dar pros dois uma distância de privacidade e não precisei nem olhar pra trás pra seber que eles iriam aproveitar, então eu tentei puxar papo com a Juliet.

- Então... Itália... - Eu disse, tentando não fazer a coisa ficar desconfortável, mas convenhamos, é bem natural que fique quando duas pessoas que nunca se viram são simplesmente jogadas assim, no mundo.

Ainda mais estranho quando as pessoas que deveriam ser o elo de ligação entre as tais pessoas simplesmente decidem dar o fora, que foi exatamente o que meu primo fez, dando as chaves do carro dele pra Juliet, (.........................calma... ele não vai ME deixar dirigir? Tudo bem que na Inglaterra a mão é contrária mas...) falando que ele e Sam precisavam de tempo sozinhos.

- Ah, claro, vocês obviamente precisam discutir a posição... Quer dizer, a relação... - Eu disse numa risadinha irônica, aproveitando que a garota não iria me escutar mesmo e depois que ele se afastou me virei para Juliet. - Então... Você sabe o caminho pra Carmel?

-E agora?

Oh.
Isso é adorável.
O tipo de coisa que acontece comigo.
Eu dei uma risada e apontei pro aeroporto.

- Eles devem ter um mapa, não é? - Voltamos a andar em direção ao aeroporto e eu resolvi começar uma conversa. - Ah, bem, você tinha perguntado, eu sou da Inglaterra. Londres. E sim, já estive na Itália. Io parlo italiano. - Sorri para ela. - É um país bem legal... Adoro Florença, Veneza... Você é de onde exatamente?

- Eles devem ter um mapa, não é?

Certamente meus pensamentos não estava realmente em alguma ordem das coisas, como eu não pude pensar nisso antes? Aeroportos, mapas, taxistas. Algum dos três tinha que conter informações certas sobre o que devíamos fazer aquela hora.

- Voltamos a andar em direção ao aeroporto e então Ann começou a conversar.

Ah, bem, você tinha perguntado, eu sou da Inglaterra. Londres. E sim, já estive na Itália. Io parlo italiano. -É um país bem legal... Adoro Florença, Veneza... Você é de onde exatamente?

Eu olhei para ela, rindo também.

-Nápoles- falei para ela, e depois, completei rindo--Não, eu não sou de Verona.- enquanto isso, cheguei próxima a um taxista que me deu as coordenadas certas para chegarmos ao nosso destino, mas eu não estava realmente certa de que eu queria chegar em casa o mais rápido possível

Entramos no carro, e então foi a minah vez de conversarmos.

-Então, o que você está fazendo por aqui?- falei, dando a partida no carro, e seguindo em direção a Carmel [ou não]

-Nápoles-Ela respondeu enquanto procurávamos alguém para nos dar informação. -Não, eu não sou de Verona. - Eu admito que fiquei um tempo tentando entender o que isso tinha a ver... Tá, e daí que ela não é de Verona? Eu não sou de Oxford... Será que é um costume italiano falar as coisas assim? Aí minha ficha caiu, ela era italiana e chamava Juliet. E eu era inglesa e tinha lido Shakespeare. O fato de a ligação não ter sido imediata me deixou meio frustrada, então eu fiquei quieta um tempo, observando ela pegar as instruções com um motorista de táxi.

-Então, o que você está fazendo por aqui?

Ela perguntou enquanto voltávamos para o carro.

- Putz... Fugindo de um futuro como o seu eu acho... - Tentei segurar uma risadinha. - Meus pais só estavam pensando que eu me casasse, então eu resolvi ir morar com a minha tia rebelde pra estudar e dar a eles tempo de se acostumar com a idéia de que eu não vou casar enquanto eu não quiser. Não sei porque ela quer tanto isso, se ela fez e se deu mal... Na verdade isso de casar é coisa da minha mãe... Meu pai, por outro lado, só iria ficar feliz com isso se eu casasse com alguém que fosse tomar conta do banco pra ele... Mas isso não faz tanta diferença assim pra ele... Ele só não quer ter que vender a coisa... - Dei de ombros. - Então eu fugi, pra não ter que aguentar mais isso... Uma fuga avisada, mas uma fuga... Quer dizer, de jeito nenhum que eu vou achar alguém que eles aprovem aqui. - Dei uma risadinha. - O que talvez seja ainda melhor... Não que eu queira... Casar... Por enquanto, de qualquer modo, um dia talvez.