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Face a face com o sobrenatural. Baseado na série de Meg Cabot, 'A Mediadora'.
 
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Deu-se inicio de mais um semestre na cidadezinha de Carmel. Misterios estão sendo, pouco a pouco, revelados e segredos antes bem guardados, estão começando a vir a tona. Bruxos, Mediadores e Fantasmas se encontraram, chocando-se uns com os outros, e sem conseguir evitar os ligigos, as paixões avassaladoras, o ódio ou o amor. E agora? Que escolha você fará?

Bem vindo ao jogo!
Big Brother Carmel
- CALENDÁRIO -


Dia on:
11 de Setembro
Clima: Levemente fresco em Carmel. Algumas nuvens começam a nublar o céu; uma ameaça delicada à uma chuva vindoura.
Horário: Noite.

OFF: Favor finalizar suas ações até o dia 14 de setembro. A partir daí, poderão postar livremente na categoria Big Brother Carmel. Ps.: Só poderão postar os personagens que receberam uma mp da Admnistração.
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Agradecimentos à Meg Cabot, por ceder-nos a maravilhosa série de livros 'A Mediadora', e aos players e jogadores do board.

Proibida a Cópia total ou parcial.
Obrigada.

 

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Hannibal Hoew
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Hannibal Hoew


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MensagemAssunto: • trust me ;   • trust me ; EmptySex Nov 14, 2008 11:38 pm

; Uma série de filmes do Morgan Freeman, coca gelada, muitos travesseiros e balinha de uva verde. Foram os incríveis acontecimentos que sucederam o almoço daquela tarde nublada. Não seria exagero dizer que depois da macarronada improvisada com o restante do Hoew eu me vi em um estado total de tédio crônico, o que fazia a mente perigosa viajar a lugares não muito seguros da minha imaginação fértil. Me concentrei em relaxar. Afundar no monte de travesseiros sobre o tapete empoeirado do sótão e assistir TV até que o sono viesse e levasse com ele as lembranças daquela manhã incomum. Era o que eu queria na verdade... Acordar e ter a certeza que Débora Mancuso não passava de um sonho. Mas nem tudo é como a gente quer que seja. No fundo eu sabia que quando acordasse ela continuaria na minha cabeça, pregada como uma tatuagem, marcada a fogo na minha mente... Ela e aquela bendita caneta voadora. Mas que seja. Eu bem que tentei bancar o bom moço, o genti... Mas Carmel não estava pronta para o meu novo eu, sendo assim, eu bem que poderia continuar com o velho eu mesmo. A fama de brigão, de marrento, aquela fama sedutora que me cercava nunca tinha de fato me incomodado. Mas incomodava tio Robert e só eu sei o quanto ele me incomoda com isso. Falando em Tio Robert, foi ele que escancarou a porta do sótão iniciando um sermão sobre a responsabilidade que eu nunca tive e como sempre, com todo o ar aparentemente intelectual, se queixando da bagunça. Bagunça... O que eram algumas garrafas, alguns maços de cigarros, pacotes de biscoitos e algumas roupas espalhadas pelo chão? Titio era tão vaidoso. Me lembro que ignorei as queixas com um ‘uhum’ desleixado e só prestei a devida atenção na parte do ‘esteja lá em baixo em 5 minutos’. Ótimo, agora eu era o motorista da família...
; Por mais difícil que seja de acreditar, estava com pouco ânimo de abrir discussões e apenas cedi às exigências de meu adorado padrinho. Puxei um casaco verde esmeralda do cabideiro e desci o lance de escadas para a sala de estar, onde aliás, algumas senhoras faladeiras já se encontravam reunidas em torno de uma mesa de chá. Me limitei a acenar e saí de encontro a tio Robert ao estacionamento, onde montamos no carro e começamos com toda o tedioso passeio. O que aconteceu a seguir não merece muitas descrições. Tio Robert estava enrolado com documentos bancários, os negócios da família de um modo geral e me usou como motorista durante as duas horas que se seguiram. Uma previsível maratona de extress que acabou somente quando voltamos para casa. A mansão estava vazia, calado, como estive na maior parte do tempo em que passei com tio Rob, eu entrei e fui logo para o sótão, decidido a continuar com os filmes do Morgan Freeman e substituir as cocas por chá gelado sabor limão. È, minha vida costumava ser mais agitada, verdade, mas no momento eu preferia me entregar ao tédio e tentar esquecer a idéia paranóica de querer ser gentil. Não daria certo mesmo.
; Subi todos os exaustivos lances de escada, liguei a TV e me joguei em cima do sofá cama abandonado perto da janela. Fiquei saboreando o silêncio durante alguns segundos quando me veio á cabeça a idéia de rever os rapazes da antiga, com quem costumava invadir propriedades e pichar muros. Era bem divertido comprar bebida escondido e ficar no píer até de madrugada seduzindo garotas com seus truques de mágica que as faziam sorrir e perguntar com aquela voz manhosa que as garotas de Carmel faziam quando queriam se mostrar: ‘uau, como vc faz isso?’ Para todas elas eu apenas sorria e erguia as sobrancelhas, aquelas graçinhas mal imaginavam o quão longa aquela história era. Retomar a antiga vida não era a idéia inicial, planejava apenas não passar a noite na frente de uma TV, assim, levantei e fui na direção do telefone, acho. De qualquer forma, meus planos inciais estiverma longe de serem concretizados. Assim que me aproximei do aparelho preto, uma luz vermelha chamou minha atenção. A frase: ‘nova mensagem’ piscava frenéticamete na tela do aparelho telefônico, ela pedia eufóricamente para ser ouvida. E foi. Não nego que algo dentro do meu estômago revirou quando uma voizinha doce, angelical, decidida, orgulhosa e visivelmente arrependida veio do aparelho. Instintivamente senti meu rosto ficar mais leve um sorriso se abri de orelha a orelha... Ora, ora, ora...
; Se ela pretendia inventar alguma desculpa tola para ficar bem na fita ou dizer para eu ficar bem longe dela pelo resto da minha vida, eu não fazia idéia, mas o que importava era que aquela garotinha prepotente, aquela filhinha de papai mimada e arrogante estava deixando o orgulho de lado e voltando atrás. Era impressão minha ou eu ouvi a palavra desculpa ali no meio? Bom, preciso mencionar que quando o recado acabou eu coloquei de novo. Uma voz calma, como quem se rendia de vez, parecia um pouco amargurada, provavelmente gastou longs horas de seu tempo pensando no assunto e principalmente pensando se mandava ou não aquela mensagem. A mensagem era recheada de pausas, suspiros longos e por vezes Débora perdia a voz, mas eu nem me importei... A imagem dela procurando o nome Hoew na lista telefônica me divertia demais para me importar com outras coisas. Em fim... Eu poderia muito bem deixar aquela garotinha me esperando no penhasco, como castigo por ter me deixado falando só. Ninguém deixa Hannibal Hoew falando só, ainda mais quando ele está fazendo um... favor? Por outro lado... Podia ir e completar minha diversão a vendo se desculpar. A segunda opção era bem mais deliciosa do que eu conseguia admitir, eu até que queria segurar as mãos dela, sentir aquele perfume de novo e ver aqueles olhos me analisando. Mas eu queria mesmo era ver a senhorita Mancuso com o rabinho entre as pernas, isso eu adoraria ver. Balancei a cabeça, falando comigo mesmo como aquelas madrinhas solteironas fazem quando estão nervosas e depois de alguns minutos sai do sótão de novo, só que dessa vez para um passeio bem mais... legal, se é que podemos usar esse termo.
; Saltei então até penhaco. Literalmente. Em alguns minutos eu já caminhava entre as árvores compridas e alcançava o topo onde esperava encontrá-la. E não foi diferente. Com as mãos no bolso eu fui andando na direção da garotinha bonitinha que marcou a minha manhã de forma tão diferente. Me aproximei dela com passos leves, ela não notara minha presença até que eu mesmo me anunciei.
- Existem muitos Hoew na lista telefônica Mancuso. É em geral uma família bem extensa. Deve ter tido um trabalho considerável. Em fim... – fiz uma breve pausa enquanto cruzava os braços e efirmava os pés no chão. – Sentiu tantas saudades que não pôde esperar até amanhã? Diga... O que você quer?
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Debora Mancuso
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Debora Mancuso


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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptySáb Nov 15, 2008 5:28 pm

Eu me odeio, eu me odeio, eu me odeio.

Porque, sabe como é, eu sou totalmente psicopata.
Kelly uma vez me disse que o terapeuta dela assegurou que, quando dizemos algo para nós mesmos e afirmamos algo para nós mesmo mais três vezes ou mais, nós fazemos com que essa coisa vire realidade.
E é, acho que eu estou fazendo isso agora. Afirmando que eu sou uma psicopata e que me odeio.
Eu acho que nasci com o cérebro virado ao contrario, sabe? Só isso poderia elucidar o fato de que eu tenho os meus lapsos de auto grau de alucinação. Como uma pessoa que tem dupla personalidade e não sabe controlar isso. Só que a diferença em mim é que a minha “dupla personalidade” está dentro de uma personalidade só, e isso acabou chocando as coisas reais com os meus delírios incorpóreos. O que não é uma coisa nada boa, é valido ressaltar. Na verdade eu afirmo com convção, que isso foi a pior praga que já me aconteceu. Não que minha vida seja cheia da pragas ou algo assim. Na realidade a minha vida é perfeita. Tenho tudo que eu quero, sou popular, sou linda e sou bem sucedida. O que mais eu poderia querer? Bem, talvez eu quisesse um pouco mais de atenção na família ou algo parecido, mas isso é basicamente superficial e não preciso realmente disso. Preciso? Er, não.

Aquele dia foi uma verdadeira batalha para mim. Será que eu não estava fragilidade o bastante? Será que eu precisava mesmo de fazer aquela maldita caneta levitar em plena sala de aula?
E é incrível como podemos estar errados com relação a algumas coisas. Eu, muito ingênua e tola, realmente pensei que ninguém havia visto esse meu pequeno showzinho de mágica. Ledo engano. Eu tivera platéia. E, mesmo que essa platéia tenha sido apenas uma pessoa, foi a pior de todas. Não a pior de todas as pessoas, a pior das platéias.
Pois veja bem, se tivesse sido o Justin a ver a ceninha de levitação, eu muito facilmente o persuadiria afirmando que não havia passado de uma ilusão de ótica ou algo assim. E também atribuiria à ressaca da noite anterior ou até mesmo ao Válium que eu sei que ele ingeria esporadicamente.
Mas se tratando do Roew as coisas mudavam conclusivamente de figura. Ele era argucioso, perspicaz e até astuto. Ele não era só imagem, isso eu sabia. E por mais que ele fosse insuportavelmente metido e até um cretino, eu não conseguia parar de pensar naquelas malditas mãos enormes envolvendo as minhas, ou aquele olhar incrivelmente profundo direcionado a mim. E pensar em como a sua presença me afetava me incomoda e me deixa a flor da pele. Tanto que ele me fez erra três vezes enquanto eu estava no treino de líderes de torcida. Não diretamente, é claro, já que ele nem ao menos estava lá. Mas é incrível as coisas que você consegue estragar quando não está concentrada o bastante. E eu quase iria estragando o pescoço de Tory na formação da pirâmide. Mas isso eu abstraio. E fato importante aqui é que aquela pessoinha prepotente e irritante não saia da minha cabeça. Talvez fosse algum tipo macabro de punição realizada pelo meu próprio subconsciente, com a finalidade de me fazer sentir pena dele. Mas ele definitivamente não merecia pena!
Sabe quem realmente mereceria? Eu! Sim, porquê tenho agido de forma tão doente e insana que isso assusta até a mim mesma! Imagina as outras pessoas de fora, o que será que não pensam...
Ainda mais depois de me verem com Ele.
Kelly passou a tarde inteira me aporrinhando e falando sobre como ele era lindo e sensual, e também me deu uns puxões de cabelo [metaforicamente, é óbvio. Nós duas sabemos que é terminante proibido estragar os nossos cabelos assim] por ter saído tão repentinamente de perto dele. Falou em como ele ficava ótimo naquela pose de bad boy e mais trocentas coisas sobre o Hoew, coisa que me deixava estressada e ao mesmo tempo eufórica. Porque eu sempre estava em um meio termo. Ele me deixava irritada mas ao mesmo tempo excitada. Alegre, mas ao mesmo tempo nostálgica. Droga, aquilo não era nada bom...

Depois do treino e de passar em uma lanchonete, fui pra casa carregando uma sacola enorme de todos os tipos possíveis de guloseimas e iguarias doces. Nem queria saber o que as meninas diriam se me pegasse ingerindo aquilo, mas dane-se. Eu realmente precisava de alguma glicose no sangue. Era relaxante e na havia nada melhor para curar o stress do que o chocolate! Subi correndo as escadas, sem nem cumprimentar ninguém, e entrei rapidamente em meu quarto. Dois segundos depois eu já estava me jogando em cima dos meus milhares de Puff’s coloridos e abrindo as embalagens de guloseimas.
Olhei para o teto estrelado do meu quarto [bem, foi uma idéia minha de quando tinha dez anos de idade pintar estrelinhas azuis no teto branco. Mas ainda hoje confesso que acho fofo e acabo sempre mandando repintarem as estrelas] enquanto mordia uma grande barra de chocolate branco e fazia uma careta pra mim mesma.
Na verdade acho que essa careta foi direcionada para todos os fatos e acontecimentos que vinham me cercando nos últimos dias.

Lembrete: Nunca ficar meditando no seu quarto enquanto ingere calorias. É basicamente fatal.
Primeiro comecei lembrando do tempo em que eu era normal. Saindo com os amigos [tudo bem que ainda faço isso, mas eu SEI que não sou mais normal, e isso basta para que eu aja como uma retardada] sem preocupação ou insegurança. Indo fazer compras com a minha mãe sem sentir medo de que eu fizesse algum cabide sair voando...
É, bons tempos. Mas e agora? Meu pai estava ainda mais distante e me evitando a todo momento. Sempre eu eu ia falar comigo ele arranjava algum jeito de sair pela tangente. Era como se ele realmente não quisesse falar comigo, ou pior, como se ele estivesse fugindo de mim. A pergunta é: Porquê? Será que ele não me amava? Será que eu era adotada?
Esse ultimo pensamento me fez derreter em lágrimas. E eu não me lembro da ultima vez em que havia chorado assim. O liquido brotava como se meu orifício ocular fosse uma cachoeira. E enquanto chorava, eu me entupia descontroladamente com jujubas, chocolate, manjares, balas, quitutes e tudo o que tinha direito. Se a faxineira entrasse ali naquele momento, iria pensar que eu estava me suicidando ou tendo algum ataque compulsivo. Mas aquilo era bastante compulsivo, devo observar. De qualquer forma, ser impulsiva não era uma surpresa para mim. Sempre o fui, só que geralmente não caio em lágrimas por ter cogitado na possibilidade de eu não ter o sangue do meu pai.
E isso parecia tão, mais tão ruim, mesmo que fosse uma suspeita, que eu me levantei de cima dos pufes e gritei. Eu gritei bem alto, como um desabafo.

- Debbie, querida! O que está acontecendo aí em cima? – Eu ouvi a voz aguda de minha mãe gritando do andar de baixo.
- Nada mãe! Foi só uma barata! – Eu gritei de volta, fazendo força para me controlar. Ainda ouvi minha mãe murmurar algo sobre como estava horrorizada em descobrir que a casa tinha baratas. Eu só chacoalhei fortemente a cabeça e tratei de me acalmar. Aquilo não passava de uma crise adolescente. E, quer saber? Talvez eu deva visitar o terapeuta de Kelly! Sim, isso é realmente uma boa idéia. Quem sabe isso tudo não seja um transtorno causado por... sei lá, por alguma coisa? Bastante plausível!

Me veio em mente que eu simplesmente precisava fazer algo. Ficar naquela mesmice, xingando a mim mesma de louca e insana já estava se tornando atordoante. Eu não podia ficar de “braços” cruzados e observando a minha saúde mental definhar pouco a pouco sendo eu nem sabia o que é que realmente estava acontecendo comigo.
E quando eu pensei nisso, a primeira coisa que me veio à mente foi Hannibal Hoew.

Eu tive de fazer alguns contatos para conseguir o numero dele. Na verdade eu só consegui algo depois de ligar para a Missão e persuadir a madre Enerstine a me doar o numero, pois meu pai precisava falar urgentemente com o Hoew responsável por Hannibal e que não possuíamos o numero. Como meu pai é um satisfatório doador da Missão, ela, mesmo que tenha ficado desconfiada, acabou me dando o numero.
Olhei para o telefone e suspirei. Eu tinha de fazer isso. Não acho que eu ligaria se Hannibal fosse qualquer um dos garotos da escola. Eu estava ligando porque, de alguma forma, eu sabia que ele poderia me explicar o que acontecia comigo. Bem, eu não tinha plena certeza, mas eu não iria descobrir nada se não arriscasse. E a pior parte é que eu, de um modo ou de outro, teria de pedir desculpas para ele. E mesmo que eu estivesse inegavelmente me sentindo péssima por ter deixado-o sozinho pela manhã, pedir desculpas não era o meu forte. Orgulho sim é o que eu tenho de sobra.
Mas aquilo tinha de ser feito.

Depois de andar pelo quarto de um lado para o outro, meditando se deveria mesmo ligar, decidi que sim. Pulei em minha cama king-size e me deixei afundar sobre os grandes travesseiros de pena de ganso que minha mãe sempre fez questão de ostentar em casa. Por fim, disquei o numero vagarosamente, com o coração batendo forte. Quem será que atenderia. E se fosse ele mesmo? Eu iria travar ou algo do gênero?
Acabei não fazendo nada disso, porque ele não atendeu, afinal. Ninguém atendeu. Eu acho que fiquei um pouco aliviada com isso, mas ainda tinha de deixar uma mensagem.
E lá vamos nós...

- Er... Hannibal, eu... Eu só queria pedir desculpas pelo meu comportamento mais cedo na escola. Sei que não foi nada gentil e... Bem, eu também gostaria de convida-lo a ir até o Penhasco hoje meia-noite. Er... eu gostaria que você fosse. Estarei lá, de qualquer forma. Até mais...

Idiota! Idiota! Idiota!
Era isso o que eu realmente tinha parecido. Uma idiota completa! Ele com certeza iria pensar que eu estava cheia de paixão por ele e me arrastando aos seus pés. Bem, pelo menos eu acho. Só não gostei de minhas próprias palavras. Contudo elas já estavam ditas e eu não iria ligar de novo reparando alguma coisa. Já estava feito. Agora era só esperar a hora de ir até o local de encontro e ver o que acontecia.

Assim eu fiz. Saí cedo de casa. Coloquei um vestido meio curto e esvoaçante, de cor esverdeada. Calcei uma sandália baixa. Nada de salto aquele dia. Maquiagem leve e cabelos soltos. Eu estava pronta. Peguei meu carro e fui dar uma “volta” pela cidade enquanto não chegava a hora. Passei por todos os pontos turísticos, fiz o trajeto da praia até o Penhasco cerca de seis vezes seguidas para, por fim, parar. Ainda faltava cerca de meia hora para a meia noite, mas eu não iria mais entrar em processo de rotação dentro do carro.
Lá fora o vento era muito forte, como sempre costumava ser, aliás. Peguei um casaco de lã e coloquei por cima do vestido. Estacionei o carro perto de uma pedra grande que tinha uma placa qualquer e fui até perto do fim do penhasco, que era um verdadeiro abismo de cerca de cem metros de altura. Havia, entretanto, uma cerca de segurança.
Coloquei as mãos nesta e fechei os olhos, sentindo o vento no meu rosto e cabelos.
Tentei não pensar em nada de muito peso. Eu não queria voltar a me desmanchar em lagrimas. Não ali, sendo que, pouco a pouco, a presença de Hannibal ficava eminente.
Quando dei por mim eu só estava ouvindo a voz dele. E foi tão reconfortante que eu praticamente não percebi o que ele havia falado. Somente as ultimas palavras. Me virei rapidamente e o encarei.

- Sentiu tantas saudades que não pôde esperar até amanhã? Diga... O que você quer?

A frieza dele me pegou um pouco desprevenida. Eu realmente não esperava por aquelas palavras. Tudo bem que eu não estava procurando nele um ombro amigo, mas também seria menos grosseiro da parte dele me tratar com um pouco mais de... Bem, não sei. Só sei que ele percebeu o meu olhar desapontado. Mas talvez ele estivesse aborrecido pelo meu comportamento na escola. Hello, eu tinha pedido desculpas!

- Eu preciso conversar contigo. Eu só... – E então uma bola de golf se alojou no meu peito e eu simplesmente não conseguia falar nada.
E não creio que ele estava preparado para o meu estouro. Porque eu simplesmente explodi em lágrimas pela segunda vez no dia e saí correndo até ele para, em seguida, abraça-lo. Com força.
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptyDom Nov 16, 2008 9:36 pm

; PÊREPÊ ; Se a situação já estava tensa, ficou muito mais quando Debinha começou a chorar, o que aliás partiu o meu coração em pedaçinhos. Nunca gostei de ver ninguém chorar, inclusive garotas. Não gostava nem um pouco de todo esse lado fragilizado e sensível que eu tinha, na verdade o achava um tanto gay quando comparado com o restante da personalidade. De uma forma ou de outra, não tinha como ficar com a armadura impenetrável todo o tempo. Ora ou outra determinadas situações como aquela, me derretiam de vez. Me senti um pouco severo quando ela pousou a cabeça no meu peito e procurou ali um tipo diferente de conforto. Um conforto que talvez eu não pudesse dar. O que importa no momento, no entanto é que além de surpreso eu fiquei completamente imobilizado com o abraço inexperado. Não sou uma pessoa de muito tato, diga-se de passagem, fui pego com a guarda baixa e por mais que quisesse mesmo apertá-la e fazer as lágrimas cessarem, me senti um tanto incapaz de fazê-lo. Tem coisas que são mais difíceis de esquecer, e o que se passou naquele penhasco certamente é uma das coisas que o Hannibal aqui levará consigo durante um bom tempo. No fim das contas fazer gentilezas não é tão desagradável assim...

A abracei de volta, o rosto meio sem expressão, uma cara de bobo que felizmente ela não podia ver; as mãos frias um pouco sem ação. Parte de mim preferia não a tocar demais, tinha pra mim que pouca aproximação deixaria tudo mais fácil. Por outro lado, ficar longe é que parecia ser impossível. Não sabia muito bem o que fazer mas sabia que aquela menina não estava bem e duvidava muito que minha presença a fizesse sentir o contrário. Ela podia ligar para qualquer pessoa e mesmo assim tinha ligado para mim. Por algum motivo que não sei bem, me senti ligeiramente honrado por isso. Mas é, isso não vem ao caso no momento. Seria uma noite longa e quanto mais rápido ela começasse... melhor.

Peguei nos ombros cuidadosamente e de forma gentil a afastei alguns centimetros, de modo que pudesse ver o rosto recheado de lágrimas. Abaixei os olhos, pensando no que fazer a seguir e então me toquei de que precisava dizer algo... Algo que fosse um pouco mais consistente e menos idiota do que: 'não chore' ou 'não fique assim'. Algo que não a fizesse se sentir pior. Eu definitivamente não era bom nisso, mas paciência...

- Tudo bem, tudo bem... Eu tô aqui. - como se isso fosse grande coisa, mas é, apesar de ter sido ignorado no intervalo eu estava ali. Apesar de ter deixado a idéia de gentileza pra lá eu ainda estava ali, então... Se ela abandora todo o orgulho, eu estenderia uma bandeira branca. Havia coisas mais importantes no momento. Ainda segurando nos ombros delicados da garota eu a conduzi até uma pedra onde a garota pudesse se sentar e eu esperava que se acalmasse também. Ela se sentou um pouco trêmula, com algumas lágrimas ainda escorrendo pelo rosto e eu abaixei para que pudessemos ficar na mesma altura. Como uma demonstração de afeto descontrola, enxuguei as lágrimas que rolavam pelo rosto dela e abri um sorrisinho gentil. Que diabos, o que estava acontecendo comigo afinal? - Eu vou te ajudar... Mas precisa confiar em mim, certo? Não precisa responder se não quiser... Faz só sim ou não com a cabeça se achar melhor. - abri um sorriso torto. Eu não tinha a menor idéia do que dizer ou por onde começar. Talvez eu devesse passar alguma segurança a ela, não sei bem... Só sei que me sentei ali no chão e encarei débora com suavidade, eu precisava continuar calmo e simpático... – Olha você não está tão só quanto pensa. Todo mundo tem problemas... Até mesmo problemas como os seus. O que acha? Que é uma anomalia da natureza? Um E.T? um X-Man? – balancei a cabeça com um sorriso nos lábios. – Você só é... Diferente. Existem pessoas diferentes por aí, isso é natural. Se todo mundo fosse igual não teria muita graça. Eu também sou diferente Mancuso... Não sei se notou mais sou bem mais bonito que a maioria dos garotos por aqui, não concorda comigo? Ser diferente é bom, não ia gostar de ser sem graça como o pessoal daqui... Abrindo exceções é claro. – a conversa não era exatamente sobre aquele assunto específico, mas eu não conseguia falar sério por tanto tempo, fazer piadinhas era minha marca registrada fazia um tempo e além do mais, não cistava deixar o clima menos tenso. Dei um tempo para que ela se manifestasse e em seguida tirei a mecha de cabelo que caía pelo rosto. Fala sério, acho que era merecedor de um pouco mais de confiança... Não podia ser tão ameaçador ou duvidoso assim. – Por que não me conta o que tanto te preocupa?



OFF: baah, post horrível ;~ hoje foi um dia problemático, então perdooem-me ;\
no próximo faço algo mais aceitáveel x__X . kissuuus ;*
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptyTer Nov 25, 2008 5:55 pm

Não estava sendo nem um pouco fácil para mim, acredite. Por mais que aquilo pudesse parecer um ‘dom’ para a maioria das pessoas [se bem que duvido veementemente que a “maioria” possua esse tipo de anormalidade involuntariamente incumbida a mim.], para mim era plenamente uma maldição. Não mais do que isso.
Eu, definitivamente, não estava disposta a arriscar toda a minha popularidade e deixar de ser cool por causa daquilo. Algo que realmente não deveria ter se manifestado em mim. Algo que não me fizesse pensar em mim mesma como um monstro meio psicomaniaco. E, terminantemente, algo que não fizesse meu mundo girar de cabeça para baixo e,consequentemente, me causasse tantas revira-voltas mentais.
Mesmo sem saber exatamente do que se tratava poder realizar coisas estranhas, eu já tinha tomado a minha decisão quanto a isso. Eu não gostava daquilo e nem pretendia gostar posteriormente. O que meus pais diriam sobre isso? Sem duvida alguma eu iria começar com os psicólogos. Aquelas pessoas com aparência culta e óculos de armação de metal logo logo iriam fazer parte do meu cotidiano. Entretanto, aquilo continuaria. E então? Então viriam os psiquiatras. Eles, tal como os psicólogos, iriam me cercar, fazendo perguntas idiotas e, obviamente, encarando de forma cética todo o meu relato de como posso levitar objetos. E, por fim, o hospital psiquiátrico. Depois de passar por exames que analisarão minuciosamente o meu cérebro, chegarão a conclusão de que eu não sou doente física, mas sim mental. Eu seria internada em uma clinica para pessoas mentalmente desordenadas [leia-se retardadas] e não vestiria nada além daqueles vestidos horripilantes que dão para os pirados, aqueles mocassins de algodão horrendos e eu não comeria nada além de mingau de aveia com batatas assadas dia após dia. Sem contar que seria frequentemente inusitada por aqueles lesados nojentos... Ewww!

De repente me dei conta de que havia projetado toda uma linha futurística que consistia em algo que não me agradava nada, fato. Mas ainda assim era somente no que eu conseguia pensar. Minha mente era povoada, exclusivamente, por pensamentos nada bonitos para a minha vida posterior às descobertas insanas que eu havia feito sobre mim mesma. Na realidade não havia muitas descobertas. Somente especulações e, pior ainda, conjecturas sobre algo que eu definitivamente não fazia a menor idéia do que era. Tudo o que eu sabia é que eu odiava aquilo Eu odiava.

E por essa e infinitas razões, eu chorei copiosamente na camiseta de malha macia de que Hannibal usava. E o que eu sabia sobre ele? Tecnicamente nada. Além de seu nome, o que eu havia descoberto sobre aquele homem era que ele possuía um certo ar superior que era definitivamente merecido; sarcástico, rebelde, intenso, provocador... E o que mais? Creio que adjetivos não caibam de maneira correta quando se trata de descreve-lo. E, de todas as formas, ele conseguia me atrair para ele. Metafórica e literalmente. Mesmo que eu sentisse vontade de soca-lo as vezes, também tinha vontade de abraça-lo e...
Bem, isso acabei por fazer. Sua camiseta já estava consideravelmente molhada por minhas lagrimas [que pensei serem incessantes] quando ele finalmente me abraçou. Colocou seus braços irresistivelmente fortes em volta de meu corpo e me abraçou. Acho que ele não sabia o que falar. Bem, eu confesso que aquela era uma cena bastante atípica. E se ele estivesse me achando uma ridícula? Eu realmente deveria ter escolhido aquele vestido? De alguma forma creio que aquela roupa só me deixava mais vulnerável e me fazia parecer uma donzela em perigo. Não gosto nem um pouco de dar essa impressão. Na realidade não demonstro fraqueza com qualquer um e não costumo faze-lo. Mas, diante de toda aquela perturbação em que me vi envolta, eu sabia que não conseguiria engolir tudo e simplesmente ignorar. Eu tinha que por tudo para fora. E eu sabia que teria de ser com ele.

Após alguns momentos ele pegou delicadamente em meus ombros e me afastou levemente, como se quisesse me olhar. Devolvi o olhar a ele, que parecia um pouco perdido e consideravelmente sem ação. Era estranho vê-lo assim. Desde que o havia conhecido [e, acredite, isso denotava pouquíssimo tempo], ele sempre mantivera aquela postura invulnerável, decidida e forte. Vê-lo daquele jeito, e comigo era... Bem, eu podia me acostumar com aquilo.

- Tudo bem, tudo bem... Eu tô aqui.

Meus olhos, que nessa hora haviam cessado um pouco de derramar lagrimas, voltaram-se a se encher delas e eu fiz uma cara de choro que tinha certeza que beirava a infantilidade. Tudo bem, eu admitia que era mimada e até um pouco dramática, mas eu tinha dito a mim mesma que evitaria parecer tão fragilizada perto dele. Mas não, lá estava eu, chorando como um bebê e, ainda por cima, agindo como um. Simplesmente péssimo...

Enquanto segurava em meus ombros, Hannibal me conduziu delicadamente até a uma pedra que serviu de banco. Me sentei, enquanto sentia meu corpo tremular levemente. Me obriguei a parar de chorar, mas meus canais lagrimais pareciam não querer me obedecer. Por mais que agora a minha explosão já estivesse passado e meu choro não passasse de soluços e lagrimas finas escorrendo por meu rosto, eu ainda queria parecer um pouco mais forte. Olhei para Hannibal e constatei que ele parecia... aflito. Não parei para tentar ler sua expressão, mas gostei quando ele estendeu a mão e, com um sorriso gentil, limpou as lagrimas que caiam do meu rosto. Tentei rir de volta, mas tudo o que consegui realizar foi um soluço. Era melhor eu continuar calada por hora.

- Eu vou te ajudar... Mas precisa confiar em mim, certo? Não precisa responder se não quiser... Faz só sim ou não com a cabeça se achar melhor. – Ele parecia estar lendo a minha mente. Aquilo me deu um rápido frio no estomago. Olhei para ele e anuí com a cabeça. Era bom daquela forma. Era ótimo.

Olha você não está tão só quanto pensa. Todo mundo tem problemas... Até mesmo problemas como os seus. O que acha? Que é uma anomalia da natureza? Um E.T? um X-Man? – Ele sorria. Mas eu realmente não gostei muito de ouvir a palavra E.T. Porque era TOTALMENTE o que eu pensava que era. Uma alienada total. Respirei fundo e observei um canto qualquer da vista estonteante da praia abaixo de nós – Você só é... Diferente. Existem pessoas diferentes por aí, isso é natural. Se todo mundo fosse igual não teria muita graça. Eu também sou diferente Mancuso... – Nesse momento meu peito se sobressaltou. Ele também era.. diferente? Ele era igual a mim? Bem, as palavras seguintes não me deram nem um pouco de certeza quando a isso. – Não sei se notou mais sou bem mais bonito que a maioria dos garotos por aqui, não concorda comigo? Ser diferente é bom, não ia gostar de ser sem graça como o pessoal daqui... Abrindo exceções é claro.

Aquelas afirmações dele me deixaram um pouco... estranha. Talvez um pouco decepcionada. Na realidade o fato é que eu não esperava mais de suas piadinhas. Eu riria bastante de todas elas em qualquer outro momento, mas naquela hora eu não estava nada bem. Aquilo era mais grave para mim do que ele pensava que era. Eu queria que ele me explicasse o que acontecia comigo. Eu queria que ele largasse o orgulho e me mostrasse como fazer aquilo parar. E aquele comportamento fazia minha confiança se esvair um pouco. Era involuntário. Eu sabia que ele só queria que eu parasse de chorar e desse alguns sorrisos. Mas era realmente involuntário.

Não notei como minha expressão havia ficado séria até que o olhei de relance e vi o olhar um pouco desconcertado. Talvez novamente aflito. Ele se inclinou e tirou uma mecha de cabelo que cair por entre os meus olhos. Aquele gesto me fez aprecia-lo. Muito.
- No meu caso, ser diferente é ser anormal – eu falei. Minha voz era fraca; praticamente um murmúrio.
Depois de um momento ele voltou a falar.

Por que não me conta o que tanto te preocupa?

Respirei muito fundo e voltei a encarar as ondas se quebrando nas pedras abaixo de nós. Um vento frio passou por nossos corpos, fazendo com que meus poros se eriçassem e eu apertasse o casaco em volta de mim mesma. Aquela era uma pergunta que eu, definitivamente, não teria coragem de responder encarando-o. Então a vista era o bastante por hora.

- Er... Eu não tenho agido de maneira normal. Eu... tenho realizado coisas estranhas e sem explicação. – agora olhe para ele – e SEI que pareço ser uma alienada louca e talvez esteja realmente ficando ruim da cabeça, mas eu também sei que faço essas coisas! É um impasse. Simplesmente não sei se tudo é coisa da minha cabeça, ou se me apego a realidade a admito que sou uma anormal. – Minha voz continuava sendo um sussurro. Um sussurro lamentoso e que criava um nó insuportável na minha garganta. Era difícil falar disso, mas também abrandava uma boa parte da pressão em mim.

E só de saber, apenas saber, que ele estava ali perto de mim, meu corpo já relaxava e eu sentia alivio e uma sensação agradável que eu, provavelmente, nunca sentiria com Justin.
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptyQui Nov 27, 2008 11:51 am

Não era bom conselheiro, mas me considerava um bom ouvinte. Minha pouco interessante história de vida já falava por si só... Por mais que eu tentasse, não entendia, não conseguia sentir nem um terço de toda a dor que ela parecia sentir. Pra mim ter os supostos dons que ela loucamente renegava era uma espécie de... Benção? Essa não é a palavra certa, mas sempre apreciei minha origem. Sempre tive orgulho dela. Assim, era difícil vê-la como uma maldição ou algo ruim. Mas eu não a culpava... Dadas as circunstâncias, era normal ou aceitável que pensasse assim. De qualquer forma, eu tinha uma batalha difícil pela frente. Não seria nada fácil mudar as crenças fúteis ou mostrar o lado positivo da coisa. Mas eu pensaria em algo...
Minha piadinha não teve o efeito desejado, pudera, nem sempre eu acertava a bola na caçapa, mas o silêncio ou o choro da menina foram o bastante para tentar ficar sério de novo. Seriedade era um ponto forte em mim, era assim que eu me portava em reuniões de família, reuniões toscas da espécie, castigos, sermões e por aí vai... A lista é extensa. O que importa é que quando Débora começou com o que ‘deveria’ ser uma explicação coerente, eu assumi uma forma séria, faces duras e um olhar intenso. Enquanto ela se expressava da maneira que conseguia, evitando olhar pra mim, eu fitava as faces dela, tentando parecer compreensivo ou novamente tentando passar confiança. Eu não tinha certeza se confiava nela, mas queria que ela confiasse em mim. Garoto complexo, eu sei... Mas o fato de chorar nos meus ombros não me fazia esquecer o enigma que ela ainda era pra mim.
O fato de ela evitar me olhar dizia muito. Parecia se sentir envergonhada pelo choro intenso, talvez constrangida com a minha presença... Nada que não fizesse sentido. Eu não era mesmo muito amigável, nunca fui. Me sentia estranho sentadinho no chão de um penhasco secando as lágrimas de alguém. É uma imagem que prefiro apagar da minha mente, isso nunca fez parte da minha natureza. No entanto, era o mínimo que podia fazer, acho... Ela falou, falou, falou... Mas pra ser sincero, não disse nada. Nada que eu já não soubesse, nada que explicasse alguma coisa, nada que me desse argumentos para ir em frente. Ela parecia mesmo ser o tipo que gostava de complicar as coisas simples. Se falasse: ‘EU LEVITO COISAS E NÃO SEI POR QUE’ teria facilitado a minha vida. Tentei me solidarizar com a confusão dela, mas não queria mesmo embromar, a idéia era ir direto ao ponto.
- Você não é anormal... – era tudo o que eu poderia dizer, pra início de conversa. Não sabia como reagir naquele tipo de situação e a seriedade não ajudava muito. Assim, optei por abandoná-la. – Como disse você só é diferente. – Abri um meio sorriso, mostrando os dentes na tentativa inútil de descontrair toda a tensão que se formou entre nós dois. – Ouça... É normal ter medo daquilo que não conhecemos. Se ‘isso’ for coisa da sua cabeça, eu também serei, concorda? Se não tivesse feito ‘aquilo’ jamais teria me conhecido. E se fosse tudo coisa da sua cabeça... Não sentiria isso. – estiquei o dedo o toquei as bochechas da menina, abrindo um sorriso. – ou, isso... – apertei suas bochechas rosadas pelo frio, sorrindo novamente. – ou isso aqui... – apertei o nariz delicado e balancei a cabeça dela. É não conseguia ser sério perto daquela garota. Desisto.
- Nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser, e que não correspondem necessariamente à fantasia. – Sim, se ela se empenhasse em ler as ‘entrelinhas’ saberia que critiquei o seu modo de levar a vida, de ver a vida, de viver a vida. Ela era quase que completamente o tipo de pessoa com quem eu jamais teria um contato maior, ou me importaria em ajudar. Mas eu estava ali. Falar o que penso sempre fez parte da minha personalidade, e não seria agora que não diria. No entanto, eu era sutil... – Você está agindo normal. Mas pra você é mais difícil, eu entendo. Só precisa acreditar em tudo aquilo o que subestimou, de tudo aquilo o que suas crenças limitaram. Eu vou te ajudar, vou te responder todas as suas perguntas. Eu posso fazer isso... Como disse, não está tão só como pensa, Mancuso. – Antes das respostas, eu precisava das perguntas, fato. Levantei, coloquei as mãos no bolso e fiquei a observá-la.
- Deu sorte. Além de lindo eu sou inteligente também... – era inevitável abrir um sorriso. Respirei fundo, pensando em um modo de começar a dizer TUDO o que eu tinha pra dizer. Só esperava mesmo que aquilo não fosse uma perda de tempo. - Vejamos.. Mesmo antes de oficializada a Inquisição, a mesma já se fazia presente em pleno tumulto da Idade Média, para Oeste através da Europa marchavam os chamados “demônios da heresia” arrebanhando adeptos e, segundo a Igreja Romana perturbando a Ordem. Mas... Muitos desses heréticos eram simples clérigos e bem-intencionados que desejavam reformar o que consideravam excessivo dentro da Igreja, desejam a volta à piedade humilde de Jesus e seus discípulos, enquanto o Vaticano cercado de uma Pompa Imperial, tamanho poder político e “poder espiritual” gastava energia envolvendo-se em intrigas da corte. Isso é o que os livros de história contam. Digamos que a arrogância e a superioridade humana, mais o tempo que se passou, acabaram por omitir certos fatos. A história em si, é um pouco mais medonha mais sobrenatural... Mais inacreditável. Mas não vamos entrar em tantos detalhes...
“Haveria um tempo em que qualquer bispo católico, no lugar de deter-se para salvar vidas, estaria enviando centenas delas para a morte. Mas... Até mesmo os clérigos não eram poupados, muitos eram acusados de envolvimentos com práticas ocultas mais elevadas, todo o costume que fugisse da tradição da Igreja era comparado à heresia. Época na qual “reinava” a ignorância, poucos eram os que sabiam ler e escrever, privilégios de alguns ricos, nobres, escalões da igreja e certamente clérigos, sendo assim um clérigo era capaz de ler os antigos livros de magia que circulavam sutilmente entre os chamados heréticos. E esses heréticos, como deve saber, eram caçados como animais, torturados até a morte e seus corpos eram estendidos em praça pública para servir de exemplo. Qualquer prática, cultura ou ideal que fosse contra os mandamentos da igreja, eram considerados bruxaria. Isso, claro, incluía até mesmo velhas parteiras. Mas o que os livros não contam é a verdadeira bruxaria. Cá entre nós... Velhos sábios e parteiras não despertariam tanto ódio, tanto medo, tanta guerra. Não resistiriam tanto a uma caçada...”
Devia estar óbvio que eu adorava falar sobre aquilo. Como já disse, me orgulhava das minhas origens e aquela história em especial, me fascinava. Ela deveria achar um tédio e não achar o ponto de tudo aquilo. Mas ela entenderia em breve... Era algo que precisava ser dito.
- A tortura e o temor distorciam a verdade, vizinhos acusavam-se mutuamente, cristãos denunciavam companheiros de religião, crianças testemunhavam contra os próprios pais, era família contra família, esposas delatavam seus maridos, camponeses voltavam-se contra seus senhores, foi um reinado de horror, no qual eram forçados a delatar uns aos outros. Inocentes perderam suas vidas do modo mais cruel possível. Eram leis, proibições, torturas... Os intitulados ‘bruxos’, eram perseguidos violentamente e começaram a fugir, se esconder, viver uma vida nas sombras. Grande parte dos documentos desses tribunais se perdeu e o número verdadeiro de todos esses assassinatos jurídicos nunca será revelado. De qualquer modo, tratou-se de uma experiência sombria, horrível e vergonhosa para a civilização e para o cristianismo. Mas o que nos importa de fato, Mancuso, é que esses bruxos fugidos conseguiram sair do caos. Naquela época eles ainda eram estranhos, não conseguiam se esconder, ainda estavam apavorados, suas fontes de riqueza foram reduzidas a pó e estavam em pouco número. Com o passar do tempo conseguiram omitir sua verdadeira identidade. Criaram pactos sigilosos e hesitavam em viver em comunidade com medo de atrair atenção. Esses bruxos por fim chegaram à América...
Abri um sorriso gentil. Acho que tinha falado demais, no entanto, tinha resumido toda a história de um jeito claro e de fácil compreensão, eu acho. Aquilo bastaria por hora. Observei o redor, onde tudo o que se via era uma escuridão tensa. Enquanto resumia a história, um tempo considerável deveria ter passado e não encontrei vestígios de curiosidade nas faces de Débora. Acho que ela ainda estava procurando o sentido de tudo aquilo. Ora, ela não poderia ser tão desprovida de massa cinzenta assim... Estava tudo tão óbvio agora.
- Acho que sabemos onde isso nos coloca. Digamos apenas que esses bruxos eram dotados de dons sobrenaturais diversos. Conseguiram por fim se livrar do carma da perseguição e viver no anonimato. Hoje, se espalham pelas mais diversas partes do mundo, mas existe apenas um lugar em que o número de criaturas mágicas é maior... E estamos nele agora. Carmel, Califórnia, Estados Unidos; Acho que está começando a entender...
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptySáb Jan 03, 2009 12:13 am

Alguma coisa ruim em mim estava prestes a acontecer. Porque quando eu sentia a minha auto-estima abaixar, alguma coisa estava muito errada. Não que a coisa ‘errada’ em questão fosse algum tipo de mistério para mim. Eu sabia exatamente o que era, já que isso não abandonava a minha mente já remoída um momento sequer. Não é como se eu pudesse simplesmente esquecer o fato de que eu era uma... uma... por Deus, o que eu sou? Já atribuí uma quantidade tão homérica de adjetivos parvos para mim mesma que já não consigo pensar em outro que não seja repetitivo como: Retardada mental ou alucinada. Mas eu não precisava ficar piorando as coisas com isso. Aliás, as coisas já estavam ruim demais para piorar. Eu tinha que, pelo menos, tentar fazer meu cérebro parar de borbulhar loucamente e, principalmente, pensar com clareza, agindo como alguém que tem bom-senso e lógica.

Bem, isso não deu certo. Desde cedo, eu nunca consegui controlar muito bem a minha própria mente. Minha mãe sempre diz que, quando eu era menina, tinha uma imaginação de ouro! Fértil demais até para uma garotinha. Mas o fato é que eu sempre tive uma mente exercitada e completamente indomável. Talvez isso tenha sido influenciado pela biblioteca gigante de meu pai. Ou talvez meu gosto pela leitura é que foi uma conseqüência de minha mente viajante. O fato interessante é que poucas pessoas sabem desse gosto. A maioria pensa que eu sou mais uma patricinha fútil que não tem nada na mente e que não pensa em nada mais se não na cor do seu esmalte. Bem, eu tenho que confessar que não vivo sem meus esmaltes ma-va-vi-lho-sos e os desleixados que me perdoem, mas a boa aparência é fundamental! Entretanto, há muito mais que isso em mim. Poucas pessoas que eu tive o prazer de conhecer, descobriram como eu realmente sou. Estou pouco me lixando para o que todos dizem sobre mim. A realidade é que todos querem ser eu. Elas morrem de inveja e Eles morrem de desejo. Não posso fazer nada quanto a isso. Além do mais, além de meio alucinada por levitar coisas, eu não quero ser uma nerd!

Olhei para minhas mãos, procurando qualquer pretexto para não mostrar para Hannibal as minhas lagrimas ridículas e minha expressão amedrontada. E sim, eu estava amedrontada. Eu não sabia o que estava havendo comigo e deixei isso claro quando comentei a ele o que estava acontecendo. Bem, pelo menos eu tentei contar, mas na realidade creio que não tenha sido tão clara como pretendia. Contudo, o Hoew era um rapaz inteligente e sabia exatamente o que eu queria dizer. Aliás, estava estampado na cara dele que ele sabia o que estava havendo. O brilho de interesse no olhar dele deixava isso claro. Ele não demorou para responder aos meus dizeres.


- Você não é anormal... Como disse você só é diferente. – Nessa hora ele abriu um meio sorriso. Mas eu ainda não estava pronta para simplesmente sorrir. Eu até tentei, mas a tentativa foi inútil e eu fiz uma leve careta. Ele, evidentemente, não desistiu e continuou. – Ouça... É normal ter medo daquilo que não conhecemos. Se ‘isso’ for coisa da sua cabeça, eu também serei, concorda? Se não tivesse feito ‘aquilo’ jamais teria me conhecido. – Uau, aquilo me colocou para pensar. Porque ele estava certo, é claro. E como seria se eu não houvesse o conhecido? A mesma chatice de sempre? Eu ainda estaria pensando na possibilidade de reatar o namoro com Justin, provavelmente... Mas, será que tudo não seria compensado com o fato de que eu não seria uma alucinada completa? Eu quase me dispersei, mas as palavras dele e, principalmente, seus gestos, fizeram minha atenção prender-se concretamente ali. – E se fosse tudo coisa da sua cabeça... Não sentiria isso. – Ele moveu sua mão até as minhas bochechas e fez um carinho leve, mas que fez meu rosto queimar. Ele sorriu. Sorriu daquela forma genuína que eu adorava, completamente desprovido de sarcasmo ou orgulho. E ele não parou por aí. – ou, isso... – ele apertou minhas bochechas dessa vez, como se eu fosse uma criancinha. Prendi o riso. – ou isso aqui... – Agora eu não consegui não rir. Ele apertou delicadamente o meu nariz, balançando a minha cabeça. Soltei uma risada baixa, ainda um pouco afetada pelo choro e também por eu ainda não ter parado soluçar. Ele riu comigo, talvez um pouco aliviado por meu ataque de choro ter ido embora. Por hora.
- Nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser, e que não correspondem necessariamente à fantasia. Você está agindo normal. Mas pra você é mais difícil, eu entendo. Só precisa acreditar em tudo aquilo o que subestimou, de tudo aquilo o que suas crenças limitaram. Eu vou te ajudar, vou te responder todas as suas perguntas. Eu posso fazer isso... Como disse, não está tão só como pensa, Mancuso.

Preciso dizer que quase pulei nos braços dele e voltei a chorar, como fizera assim que ele havia chegado ao penhasco? Confesso que eu sou demasiadamente dengosa as vezes. Sou um tanto quanto dramática e mimada, não escondo isso. Quando estou fragilizada com qualquer coisa, só basta um carinho ou algumas palavras bonitas para que eu me entregue aos mimos e derreta completamente. Afinal, eu sou feminina. Sou uma mulher que precisa de cuidados. E as palavras dele foram tremendamente confortadoras para mim. Eu assenti com a cabeça, sorrindo levemente para ele. Ainda estava soluçando e meus olhos estavam cheios d’agua, mas eu já estava bem melhor. Pelo menos eu acho.

Eu não precisei pedir que ele me explicasse direito o que estava acontecendo, ou o que ele queria dizer afirmando quando eu não estava só como pensava. E também o que ele queria dizer com crenças e subestimações. Minha cabeça borbulhou de respostas e, de repente, elas foram vagarosamente respondidas. Hannibal imergiu, repentinamente, em uma longa e interessantíssima linha do tempo; que começava dos primórdios medievais, meados e fim. Cada palavra que ele dizia me chocava, me fazia exultar, arregalar os olhos e soltar exclamações surpresas. Eu já havia lido algumas coisas sobre as quais ele falava. Herejes sendo executados por acusação de praticarem feitiçaria e pactos demoníacos. Chacinas criadas pela igreja Católica, massacres, guerras, fulgas...

- (...) Criaram pactos sigilosos e hesitavam em viver em comunidade com medo de atrair atenção. Esses bruxos por fim chegaram à América...

Senti minha cabeça rodar enquanto eu absorvia tanta informação. Porque eu consegui, facilmente, associar tudo o que ele falara, à realidade. Eu talvez parecesse um tanto quanto inexpressiva, mas por dentro minha cabeça girava. Toda aquela historia [que era, na verdade, um fato] foi vista, de repente, por mim de uma perspectiva extremamente diferente e muito mais interessante do que seria em qualquer aula de historia. Porque eu sabia, intrinsecamente, que estava indiretamente envolvida na historia daqueles supostos bruxos. Aliás, quando ele tocou nesta palavra, meu pulso acelerou e meu estomago revirou. Cerrei meus dentes, me forçando à violentamente a aceitar as coisas ditas por ele. Talvez inaceitáveis para qualquer outra pessoa, mas, de maneira estranha, completamente plausível para mim. Mesmo que não fosse nada calmante.

Um bom tempinho passou enquanto ele falava tudo, eu reparara. A lua estava plena e brilhante no céu, e o frio estava ficando cada vez mais intenso. Eu ainda não havia conseguido falar qualquer coisa. Levantei a cabeça e encarei Hannibal, sempre com aquele brilho ardente no olhar.

- Acho que sabemos onde isso nos coloca. Digamos apenas que esses bruxos eram dotados de dons sobrenaturais diversos. Conseguiram por fim se livrar do carma da perseguição e viver no anonimato. Hoje, se espalham pelas mais diversas partes do mundo, mas existe apenas um lugar em que o número de criaturas mágicas é maior... E estamos nele agora. Carmel, Califórnia, Estados Unidos; Acho que está começando a entender...


- Receio que sim. – consegui murmurar – Mas, deixe-me por isso em palavras concretas para ver se não sai idiota demais. Você está afirmando que nós somos bruxos com super-poderes? Olha, eu realmente acredito sobre os hereges. Mas não posso simplesmente crer que eu sou uma... feiticeira. Alô, século XXI! – Tudo saiu de forma estranha. Era um pouco macabro demais afirmar aquilo da maneira que eu expus. Talvez eu devesse filosofar um pouco ou até mesmo ser mais evasiva. Mas não consegui evitar em pensar em mim daquela forma. Hannibal respondeu e então eu me levantei bruscamente; repentinamente obstinada. – Hoew, isso não existe. Não é dessa forma! – Pelo menos era no que eu gostaria de acreditar. Gostaria.

Me virei e andei até a extremidade do Penhasco. O vento bateu forte e frio em meus cabelos e olhei vagarosamente lá para baixo. Era uma queda e tanto. E provavelmente só uma queda daquelas faria eu pensar claramente, de tão perturbada que estava a minha mente naquele momento.




(Off: Mals a demora, amorinha! Mas está aqui, finalmente, o post! >.< Huahuahuah)
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptySáb Jan 03, 2009 8:53 pm

; É um fato que se ela me deixasse, eu continuaria falando até o amanhecer do dia seguinte. Era um assunto que me fascinava e me manter longe das críticas pessoais sobre o assunto era como ser alcóolatra e recusar uma cervejinha gelada. Eu, crítico por natureza. Não concordava com tudo aquilo, verdade, mas acho que Débora já estava assustada o bastante com a relação entre fatos de séculos antes e fatos da atualidade. Me surpreendi com a reação inicial dela. Enquanto eu contava uma história que qualquer adolescente normal detestaria ouvir, ela acenava concentradamente e murmurava uma coisa ou outra que no momento não fui capaz de ouvir. Talvez a surpresa maior fosse porque independente do que ela fosse capaz de fazer, era difícil me livrar da idéia de que ela era uma líder de torcida egocêntrica. Talvez tinha a subestimado demais. Talvez... Mas o que mais me perturbava era que mesmo com todas as minhas opiniões pouco simpáticas em relação a ela e seu grupo de amigos, eu estava ali. Fato, eu estava ali inteiramente. Minha atenção dedicada a ela, meu tempo dedicado a ela, meu conhecimento passado a ela e para ela. Ela, ela, ela, ela... Era incrível como em tão pouco tempo aquela garota já destruíra grande parte da minha sanidade. E se eu fosse só um psicopata que tinha alucinações e imaginei aquela caneta voando pela sala de aula? Eu estava ali, quebrando as regras por uma mera possibilidade. Me perguntava de onde tinha saído aquela sensibilidade tola que me deixava tão preocupado com os sentimentos ou opiniões dela. De onde saíra aquela preocupação exagerada? e a paciência ou o extinto protetor que me tomava sempre quando ela estava por perto? Eram perguntas que eu era incapaz de responder, o que me incomodava ainda mais.
- Mas, deixe-me por isso em palavras concretas para ver se não sai idiota demais. Você está afirmando que nós somos bruxos com super-poderes? Olha, eu realmente acredito sobre os hereges. Mas não posso simplesmente crer que eu sou uma... feiticeira. Alô, século XXI!

Abri um sorriso despreocupado. A reação dela era melhor que a esperada. Em nenhum momento eu tinha usado o plural ou mencionada a mim mesmo como parte daquilo. Me espantou a certeza com a qual ela disse o 'NÓS'. Bom, com a história toda ficou um pouco mais fácil levar aquilo a diante. Pelo menos eu tinha uma base, por onde começar minha insistência chata. Eu não disse com todas as palavras que ELA era uma feiticeira ou bruxa o que deixava mais simples, significava que ela entendera a história e agora via as coisas pelas minhas perspectivas. Era complicado encontrar argumentos para explicar de forma mais detalhada ou quebrar estereótipos de bruxas com nariz grande e um caldeirão fumegante ou com uma varinha. Não sei como ela reagiria quando eu dissesse que a carta para Hogwarts chegaria em alguns meses...
- Tem razão. - eu disse com um tom calmo e coerente. - Deve então prefirir acreditar que é esquizofrênica, tem alucinações, delira, perde o contato com a realidade. Talvez sofra de disturbio bipolar avançado... Você sabe... Uma hora vive normalmente com suas amigas, sua família e em outra hora você fica transtornada achando que faz coisas anormais e então você surta. Quem sabe até eu não seja um amigo imaginário, fruto da sua imaginação, hã? Hmmm... Temos aqui uma explicação coerente para o século XXI. Eles vão internar você e te usar para testes o resto da vida, vão dizer que você é louca. É isso o que eles fazem meu amor, vão usar você pra ganhar dinheiro. Ah... a evolução, ela é fantástica não é? - o sarcasmo e a ironia em meu tom de voz eram incontroláveis. Falar sobre o mundo em que vivemos, o mundo desigual e injsuto, em geral tinha aquele efeito sobre mim.
– Hoew, isso não existe. Não é dessa forma!
Débora se levantou, obstinada, irritada. Provavelmente controlada por aquelas crenças tolas, por tudo o que a sociedade ensinou para ela. Era como reensinar a um homem de 80 anos a viver, sendo que ele já tinha vivido tudo. Ela se virou, saiu andando para a ponta do penhasco. Ela fitava o breu em baixo de si como se pretendesse saltar dali. 'Calminha', pensei, 'você é especial mas não é um pássaro'. Eu, claro, fui atrás dela. Desejava saber o que se passava na cabeça daquela garota. Por mais difícil que fosse me colocar no lugar dela, eu ainda achava tudo muito difícil, muito complexo. Não tinha muito tato, tudo era muito estranho pra mim. Era a primeira vez que me via naquele tipo de situação. Eu parei ao lado dela , coloquei as mãos no bolso e suspirei. Balancei a cabeça...
- Tudo bem, eu sou forte e sarado, mas não abusa. Nem sequer sabe o fim disso... Teria que pular pra te pegar e sinceramente... To com preguiça. - disse tentando me desculpar pelo sarcasmo anteriormente. Não sei bem porque me sentia tão culpado por ser tão sincero, mas a fragilidade dela me incomodava. Dei um passo para trás e a puxei comigo para longe da beirada. Coloquei-a de frente pra mim e pensei em palavras sensatas e apropriadas. - Vamos falar então sobre o século XXI se você prefere. É fácil acreditar que a TV, a internet e os brinquedos manufaturados estragaram a infância das crianças de hoje. Fácil acreditar que se olharmos ao nosso redor veremos só jovens alienados que não pensam no futuro, não tem garra, não tem projeto de vida. É fácil acreditar que pais matam seus próprios filhos, que ninguém tem mais respeito por nada e por ninguém. E fácil acreditar que enquanto você tem comida na sua mesa todos os dias, tem milhares de outras morrendo a cada minuto no mundo inteiro sem ter um pedaço de pão pra comer. É fácil acreditar na guerra, na miséria, na ignorância, na desigualdade social. As pessoas se matam por tão pouco, ninguém mais acredita em... em... Deus. Nossa geração se estraga em drogas, meninas de 14 anos ficam grávidas, assim, uma criança cuidando de outra. Não existe solidariedade, amor ao próximo. As pessoas só ligam pro dinheiro, pro poder... Sabe os estragos que uma guerra faz? Ela destrói a vida de pessoas, ela mata inocentes, ela separa famílias. E ainda assim, por uma disputa simples de poder, eles promovem a guerra. Falando em família... que significado a família tem, Débora? - minhas inceridade era incontrolável. - Por que é tão fácil acreditar em tudo isso, crer nesse mundo horrível e não acreditar que você é diferente? Que você é... Especial? Eu entendo que seja difícil, acha que eu me sinto bem no papel do Rubeo Hagrid? Acha que eu gosto de estar aqui destruindo tudo o que você 'acha' que sabe? tudo o que o seus pais passaram pra você? Eu sei que sou chato pra caramba... Mas essa não é minha vocação...
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MensagemAssunto: Re: • trust me ;   • trust me ; EmptyQua Fev 04, 2009 12:16 pm

- Tudo bem, eu sou forte e sarado, mas não abusa. Nem sequer sabe o fim disso... Teria que pular pra te pegar e sinceramente... To com preguiça. – Eu ainda estava olhando para imensidão do penhasco quando ele soltou esse comentário. Sua voz, nesse momento, foi um tanto quanto mais amena, como se ele quisesse melhorar o clima entre nós. Eu sorri fracamente, mas ele ainda não podia ver meu rosto. Pela voz eu diria que ele havia se levantado e ido até perto de mim, mas fiquei feliz que ele não pudesse ver minhas faces absurdamente perturbadas naquele momento. Suspirei, fechei os olhos e os reabri, me forçando a encarar as coisas com uma mente mais aberta. Ainda parecia loucura. Ainda parecia alucinação. Ainda era impossível pra mim. Mas eu não podia negar ouvi-lo, saber o que tinha a dizer em prol da verdade de suas afirmações. Eu podia perceber que ele acreditava naquilo até o ultimo ato de seu ser, e eu seria hipócrita em afirmar que nenhum parte de mim oscilou e acreditou também. Só que a parte guiada pela razão; pela ciência, simplesmente se sobressaía.


Me surpreendi quando ele, um pouco hesitante, e enlaçou seus braços em volta de mim, me distanciando da extremidade do penhasco. Ele acreditava mesmo que eu seria capaz de pular de lá? É verdade que eu não estou em um estado psicológico muito saudável, mas não é para tanto. Entretanto, algo em mim gostou do toque dele, de saber que, apesar de um cretino, Hannibal se preocupava comigo. Ele me posicionou com seus braços fortes bem a frente dele, me fazendo encara-lo. Parecia concentrado em algo; talvez no que falar. Minhas suspeitas estavam certas. Ele logo deu inicio a isso. As palavras dele eram um tanto quanto perturbadoras para mim. De uma forma boa e ruim ao mesmo tempo; eu não soube definir. Falou sobre todas as atrocidades do século XXI, que eu acreditava ser tão sensato. As palavras dele eram realmente belas e isso me fez lembrar em meu pai e sua paixão pelo tema. Nesse momento, enquanto o ouvia, eu tive uma espécie de ‘clique’. Meu pai e... sua família misteriosa. Será que isso, de alguma forma, tinha relação com tudo o que o Hoew afirmava com tanto fervor? Eu já havia desistido de perguntar ao meu pai sobre a família dele, mas ele sempre saía do assunto; afirmando que seus pais haviam morrido e que não tinha irmãos e nem contato com o resto. Tão evasivo; misterioso. Pensando bem no assunto, toda essa historia de meu pai me pareceu inventada. Talvez não inventada, mas obstruída ou disfarçada por algo maior. Todas as palavras do rapaz a minha frente começaram a fazer sentido para mim. E como se eu tivesse pensado isso em voz alta, ele começou a falar sobre famílias.


- Falando em família... que significado a família tem, Débora? – continuei encarando-o, meus olhos captando a intensidade do que ele falava. Eu sabia que a pergunta era retórica, então não me dei o trabalho de responder. Entretanto, a indagação ficou retumbando na minha cabeça, me colocando para pensar sobre o assunto. – Por que é tão fácil acreditar em tudo isso, crer nesse mundo horrível e não acreditar que você é diferente? Que você é... Especial? Eu entendo que seja difícil, acha que eu me sinto bem no papel do Rubeo Hagrid? Acha que eu gosto de estar aqui destruindo tudo o que você 'acha' que sabe? tudo o que o seus pais passaram pra você? Eu sei que sou chato pra caramba... Mas essa não é minha vocação...

Era verdade. Ele era chato pra caramba. Ha, ha, mais ainda assim estava ali, me ajudando quando ninguém podia me ajudar. Naquele momento eu senti uma afeição forte por ele. Geralmente as emoções que ele me faziam sentir iam de um extremo ao outro em um milésimo de segundo. Mas aquela foi diferente e eu só me senti bem por ele estar ali, apesar de que a nossa conversa não era a mais normal de todas. Afinal, ele estava tentando me convencer de que eu era uma... Você sabe.

- Você não parece nada com o Rubeo Hagrid. Ainda bem. – Arrisquei fazer uma piadinha. Afinal, eu já estava cheia de parecer tão fragilizada. Eu não gostada que ele me visse assim. E ele era, de certo, uma exceção. Afinal, já usei muito de minhas artimanhas emocionais para conseguir o que eu quero. Já fui falsa e melodramática e eu ficava extremamente feliz quando alcançava algum objetivo através disso. Mas com ele não. Eu não gostava de parecer fraca perto dele. O pior é que eu já havia tido meu ataque de choro e não tinha como voltar atrás. O melhor é que o chororô tinha acabado e eu finalmente começava a me recompor, colocando minha cabeça no lugar; agindo de forma normal. Ou quase. Porque a parte descrente em mim havia diminuído esporadicamente. Ele era extremamente persuasivo, disso eu tinha certeza agora. Ele escolhia as palavras com esmero, fazendo com que elas adentrassem intrinsecamente em mim. – Ouça... Eu quero, realmente quero acreditar nisso. Mas você não espera que eu o faça hoje, não é? – Olhei bem para ele, procurando compreensão. – Talvez pareça simples e normal pra você, mas pra mim não. A violência, a loucura, marginalidade e todas as imperfeições do século XXI fazem parte de minha realidade e é muito mais fácil crer nisso do que em... em serem bruxos. – Hesitei um pouco na ultima frase, mas logo pigarreei e continuei – De uma coisa eu sei. É muito melhor ser o que você acredita que eu seja do que ser internada em um hospital psiquiátrico. – Dei uma risada em humor. Eu estava entre a cruz e a espada. Eu não queria ser louca, mas também não queria admitir que era uma bruxa. E, por Deus, só de pensar nisso eu já me sinto retardada!

Fiquei um momento só olhando para ele; com uma eletricidade surpreendente sendo transmitida entre nossos corpos, de um para o outro continuamente. Mais então eu quebrei o contato e dei um passo para longe. Dei outro e outro passo, até estar a uma distancia segura para conseguir pensar direito. Ele era enigmático demais. Aliás, intenso demais. Por sorte, era compreensivo o bastante para entender que eu precisava pensar sobre o assunto. Entretanto, observador o suficiente para perceber que parte de mim já acreditava nele. Sim, de fato. Eu só torcia para que isso não acabasse me levando, de vez, à loucura.
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