Sabe aquele dia em que o tédio realmente consegue te deixar para baixo e tudo o que você quer é um pouco de agito que uma cidadezinha do tamanho de um ovo, igual a Carmel, não consegue te oferecer. Pois é... eu estava tendo um dia desses. Pleno sábado, não havia nenhuma opção de balada decente para ir de noite e nem a internet estava me mantendo ocupada ou distraída o suficiente para não me importar com isso. Eu era uma pessoa totalmente urbanóide e estava louca para sair com uma galera, ou então pelo menos ter alguma coisa que fazer. Nessa minha maré de desânimo levantei da cama, mais cedo do que faria normalmente num sábado e isso estava começando a se tornar preocupante. Até minha mãe comentou alguma coisa na mesa do café da manhã que ainda estava posta. Normalmente eu costumava levantar quase perto do meio dia por que na sexta feira depois da aula na faculdade eu gostava de ir até um barzinho com a galera para agitar um pouco, mas isso era em Houston e agora estávamos no fim de mundo. Mas minha mãe pareceu gostar da idéia. Luzia, a emprega rescém contratada estava com a mangueira ligada em algum lugar fora da casa cantarolando alguma coisa em espanhol. Eu tinha gostado dela logo de cara, era uma senhora muito gente boa.
Mas então, nessa história toda de desânimo acabei decidindo sair de casa. Logo de manhã, dar uma volta à pé mesmo (caramba, vocês não tem noção do quanto isso é raríssimo). Isso realmente era falta do que fazer. Se no começo a natureza tinha me deixado fascinada não demorou muito para que eu estivesse implorando por um pouco de concreto e civilidade. Resumindo, coloquei um shorts curto, uma regata branca e um par de tênis confortáveis, e é claro o meu inseparável MP4. Eu acho que todo esse ar puro estava começando a afetar o meu discernimento sabe. Por que... desde quando eu costumo sair para caminhar? Nunquinha!
Sei que no final das contas eu andei bem uma meia hora ouvindo a Carrie Underwood cantar e acompanhando sem me importar que alguém fosse ouvir. Nunca ninguém tinha reclamado da minha voz. Acabei chegando até um penhasco. Eu não fazia idéia que por aqui tinha um lugar desses. Dava para ver o mar se estendendo até o horizonte. Sorte que só um lado era íngreme e o outro era bem acessível. Fiquei alí sentada ouvindo música, sentindo o vento balançar meus cabelos que estavam soltos e desciam até o meio das costas. Por mais que eu estivesse entediada o lugar tinha conseguido me animar um pouco. Queria ver até quando ia conseguir ficar alí.